Brasileiros que desistem de procurar emprego também chegam ao maior número da série, iniciada em 2012
O percentual está acima dos 11,6% registrados nos três meses até
novembro. Projeção da Bloomberg para a taxa de desemprego era de 12,5%. Os números divulgados nesta sexta representam a entrada de 892 mil
pessoas na condição de desocupação, totalizando 13,1 milhões de
trabalhadores nessa situação no país.
"Metade dessa perda ocorreu no setor privado e a outra parte no setor
público. No privado, veio da indústria e construção; no público,
principalmente de atividades voltadas para a educação. Isso é normal
acontecer no início do ano", afirmou o coordenador de trabalho e
rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
No período até fevereiro, a população subutilizada –grupo que inclui
desocupados, quem trabalha menos de 40 horas semanais e os disponíveis
para trabalhar, mas que não conseguem procurar emprego– chegou ao pico
da série, iniciada em 2012, ao atingir 27,9 milhões de pessoas. Outro recorde foi o número de pessoas desalentadas –aquelas que desistem
de procurar emprego. Nesses três meses, 4,9 milhões de brasileiros se
encontravam nessa condição. "A pessoa vê toda hora na televisão notícias sobre crise política, crise
econômica, desemprego aumentando. Ela acaba se colocando na situação de
não procurar trabalho porque acha que não vai conseguir. Até porque
isso tem um custo, de transporte, impressão de currículo", afirmou
Azeredo.
O número de trabalhadores no setor privado com carteira assinada
permaneceu estável, enquanto os empregados sem carteira assinada caiu
4,8%, na comparação com o trimestre anterior –uma redução de 561 mil
pessoas nesse grupo. "O início do ano é marcado pela dispensa mesmo. Como o mercado se
encontra numa situação desfavorável, isso tende a se potencializar, com
baixa retenção de trabalhadores temporários e baixa efetivação." O rendimento médio mensal real também chegou ao seu patamar mais alto,
em R$ 2.285, em um aumento de R$ 35 em relação ao trimestre encerrado em
novembro. A principal explicação, segundo Azeredo, seria o aumento do
salário mínimo.
Arthur Cagliari - Folha de S. Paulo