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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

A autossuficiência em trigo – O Estado de S. Paulo

Opinião

Calor e seca ajudam a fazer do Cerrado um polo que pode duplicar a produção nacional

O Brasil está caminhando para tornar-se autossuficiente em trigo e até exportador do cereal. Nas últimas décadas, houve momentos em que, sustentado por pesquisas e estímulos, o rápido crescimento da produção do cereal, indispensável para a indústria de panificação e de massas, chegou a sugerir que o País deixaria de depender da importação do produto, principalmente da Argentina. Mudanças de políticas para a cadeia do trigo – produção, processamento, distribuição, comercialização –, no entanto, resultaram em drásticas quedas da produção após períodos de safras recordes. Desta vez, há elementos muito fortes que podem garantir crescimento rápido e contínuo da produção.

Novas áreas de cultivo, com características de solo e de clima adequadas à triticultura e com variedades adaptadas a essas condições e mais resistentes a pragas, já registram produção crescente, com produtividade acima da média nacional, e se mostram muito promissoras para a rápida expansão dessa cultura. No Cerrado, cerca de 200 mil hectares são utilizados para o cultivo do trigo com variedades desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). É de lá, como mostrou reportagem do Estado, que pode vir o grande salto da produção brasileira de trigo.

De acordo com o mais recente Acompanhamento da Safra Brasileira da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), relativo a outubro, 2.334 mil hectares foram cultivados com trigo, cuja produção é estimada em 6.833,7 mil toneladas. Na Região Centro-Oeste, diz o relatório, “a cultura tem se adaptado às condições de cerrado, principalmente após anos de investimentos e pesquisas no âmbito do melhoramento genético e no manejo do solo, da água e da planta”. Entre as áreas que demonstraram bom resultado nas últimas safras, a Embrapa cita Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, onde a produtividade tem sido acima de 3.000 quilos por hectare (a média da atual safra é de 2.927 kg/ha).

Já há algum tempo, a Embrapa vem prevendo que, com o desenvolvimento das pesquisas e a transferência de novos conhecimentos ao setor produtivo, o Brasil pode produzir trigo além de sua demanda doméstica. Neste ano, a Conab estima o consumo doméstico de trigo em 12.498,1 mil toneladas, e as importações devem alcançar 6.700 toneladas. Isso significa que, na atual safra, o Brasil produzirá pouco mais da metade do que consumirá. Nos últimos anos, a produção tem ficado muito próxima da metade do que o País consome.

A produção nacional de trigo oscilou muito nas últimas décadas. Em alguns momentos, como depois da segunda metade da década de 1970, o aumento se deveu em grande medida ao avanço das pesquisas (a Embrapa Trigo foi criada em 1974). Em outros, a medidas de proteção ao produto nacional decididas pelo governo.

Assim, em 1988, a produção nacional respondeu por 85,9% do consumo, de 6.678.9 mil toneladas, de acordo com estatísticas do IBGE. Foi a maior fatia que o produto nacional conquistou do consumo doméstico. Sete anos depois, como consequência da abertura de todo o segmento do trigo decidida pelo governo Collor, o produto nacional respondeu por apenas 19,8% do consumo nacional de 7.756,4 mil toneladas. Diante de novos riscos, o produtor nacional havia optado por outras culturas.

Agora, há condições técnicas, climáticas e econômicas muito sólidas, que tornam a triticultura mais livre de eventuais interferências do poder público. A meta é alcançar 1 milhão de hectares cultivados com trigo no Cerrado, área cinco vezes maior do que a utilizada na atual safra.

Variedades adaptadas ao clima e resistentes à brusone, doença comum na região, utilizadas com técnicas avançadas de manejo de cultura resultam em espécies mais tolerantes à seca e ao calor. No Sul, as chuvas podem coincidir com a colheita, o que resulta em perda de produtividade e qualidade. No Cerrado, a seca durante a colheita, o período de estiagem bem definido e o forte calor durante o dia reduzem o intervalo entre plantar e colher.

 Opinião - Notas & Informações - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Sementes misteriosas da China tem fungos, bactérias e possíveis pragas

A informação é do Ministério da Agricultura. O site do ministério não cita a China, embora os pacotes sejam identificados como oriundos de lá.

Até o momento do 'alerta' haviam sido registrados 258 pacotes não-solicitados de sementes em 24 estados e no Distrito Federal. Apenas Amazonas e Maranhão ainda não registraram as sementes misteriosas.

“Após análises laboratoriais, foi identificada a presença de ácaro vivo em uma amostra; de três fungos diferentes em 25 amostras; de bactéria em duas amostras; e possibilidade de pragas quarentenárias em quatro amostras (como plantas daninhas)”, alertou o ministério.

Cuidado!

Alerta dos EUA

Nos Estados Unidos, onde as investigações estão mais avançadas. Osama El-Lissy, um dos diretores do Departamento de Agricultura americano (USDA, em inglês), conta que já foram identificados 300 tipos de sementes. Segundo Osama, em sua maioria são plantas ornamentais, frutas, ervas daninhas, vegetais. Algumas estavam contaminadas com pragas, mas nada de muito preocupante.

Recebeu sementes misteriosas? Saiba o que fazer

O Ministério da Agricultura emitiu um alerta fitossanitário para que a população tenha cuidado e não abra pacotes com sementes não solicitadas, seja qual for o país de origem.

Caso você receba algum pacote suspeito, o ministério orienta a entrega do material para uma das unidades do Mapa em seu estado ou órgão estadual de defesa,

O pacote não deve ser aberto ou descartado no lixo, a fim de evitar o contato das sementes com solo e prejuízos para as áreas agrícolas e o meio ambiente.

Catraca Livre - Transcrito em 07 outubro 2020