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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A pregação de Bolsonaro contra o PT não teria rendido tanto não fosse a rejeição ao partido; esta, sim, foi subestimada na estratégia adotada

A pregação de Bolsonaro não teria prosperado se não se conectasse com o sentimento de milhões de pessoas que repudiam as ações do PT no poder, não é mesmo? Sim, dá para perguntar por que, então, esse eleitorado antipetista não escolheu opções, digamos, menos carnívoras do terreno da oposição, e elas existiam. Bem, a resposta é mais ou menos simples: a) porque dois desses candidatos, Gerado Alckmin e Henrique Meirelles, foram colocados na cota de “políticos tradicionais”, com partidos na mira da Lava Jato;
  b) porque não se acreditava que a outra opção antipetista, João Amoêdo, pudesse vencer um candidato do PT;
  c) porque Bolsonaro estava fazendo sua pregação nas redes contra a política tradicional e contra as esquerdas já fazia tempo. Sua postulação se traduziu numa guerra de valores: ele lidera o bem, em contraste com os adversários, o PT em particular, que simbolizam o mal.

Vemos agora uma corrida mais ou menos desesperada de Haddad, com o endosso do partido, para fazer um mea-culpa, ainda que leve, e para retirar da campanha as propostas mais espinhosas — outro erro cometido foi supor que um discurso mais radicalizado à esquerda seria eficaz. Era tudo o que Bolsonaro queria e esperava. Sim, senadora Gleisi: a guerra virtual teve papel importante.  

Mas o que definiu mesmo o resultado foi o PT não ter feito precocemente a autocrítica pra valer: hipótese em que poderia ter apoiado Ciro, por exemplo. Nada garante que fosse bem-sucedido em face da organização da tropa de Bolsonaro nas redes. Mas as chances, claro!, seriam muito maiores.
O PT tem de admitir ainda outra coisa: o rancor contra o partido é muito maior do que os companheiros imaginavam. E só vai arrefecer se Bolsonaro fizer um governo inepto.

Blog do Reinaldo Azevedo