O jogo de Cunha
Ao impor uma sequência de derrotas e constrangimentos à presidente Dilma - incluindo a demissão de um ministro -, Eduardo Cunha emerge como o político mais poderoso do país.
Reportagem de VEJA mostra como o pragmático presidente da Câmara dos Deputados logrou ascender em Brasília: capacidade de trabalho, disciplina e conhecimento das regras do jogo.
O recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados emerge como uma força surpreendente, capaz de demitir ministro e imprimir derrotas acachapantes ao Planalto. Até onde ele quer chegar?
Ao exigir a saída do ministro da Educação, presidente da Câmara ganhou o apelido de 'primeiro-ministro' de seus colegas do PMDB
Ao anunciar no plenário da Câmara, impávido por trás dos óculos, que o ministro da Educação acabava de ser demitido, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, dirimiu qualquer dúvida sobre a relação existente entre o poder e o vácuo. Como na natureza, o primeiro abomina o segundo. Sendo assim, ao enfraquecimento do Poder Executivo, materializado na reprovação recorde da presidente Dilma Rousseff, sobreveio o imediato fortalecimento do Legislativo - embalado na figura até há pouco desconhecida de Cunha.
DISCIPLINA E OBSESSÃO – Tido como ambicioso e hábil, Eduardo Cunha
aproveita o vácuo aberto pela crise política: para amigos, ele não
chegou nem ao meio da escada(Pedro Ladeira/Folhapress)
Deputado Eduardo Cunha: amigos que o conhecem asseguram que sua subida ainda não está nem na metade; o senhor não precisa ceder, e nem deve, um milímetro para Dilma. Enfrente a soberana búlgara recebendo e mandando analisar todos os pedidos de impeachment contra Dilma
Eleito para o quarto mandato de deputado federal com 233 000 votos, Eduardo Cunha conquistou a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro, contra a vontade da petista. Desde então, ele vem impondo à presidente uma sequência de derrotas e constrangimentos. Quanto mais ela se fragiliza, mais ele exercita os músculos. Esse intercâmbio de poder ficou claro na semana passada. Cunha convocou Cid Gomes a prestar esclarecimentos na Casa por ter declarado que lá se encontravam "300 ou 400 achacadores".