É
patética a tentativa do PT e de seus aliados na rede midiática
financiada pelo governo de confundir alhos com bugalhos, colocando na
mesma cesta os políticos financiados pelo dinheiro corrupto desviado da
Petrobras e outros, também financiados pela empreiteira UTC de Ricardo
Pessoa.Como
as doações foram feitas para políticos de vários partidos, querem
fingir que todos deveriam ser criminalizados ou absolvidos, o que é uma
besteira. Os políticos de qualquer partido que tiverem recebido dinheiro
do caixa 2 para suas campanhas eleitorais merecem punições da
legislação eleitoral.
Pode ser o caso do senador do PSDB Aloysio Nunes Ferreira, que nega
ter recebido R$ 200 mil em dinheiro, mas declarou R$ 300 mil de doações
da Constran, uma subsidiária da UTC. Como Aloysio na ocasião das doações
tinha nas pesquisas 2% de intenções de votos e estava em sétimo lugar
nas pesquisas para Senador em São Paulo, candidato por um partido de
oposição, as doações certamente só poderiam ser feitas por amizade, e
não por interesse em sua atuação. Em nota, ele atribuiu as doações à
amizade com um executivo da Constran.
Outro caso é o do deputado Júlio Delgado, do PSB, que teria recebido
R$ 150 mil da UTC para ajudar a melar a CPI da Petrobras. Além de se
sentir um otário, pois, segundo delação premiada do ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa o ex-presidente do PSDB já falecido,
Sérgio Guerra, teria recebido R$ 10 milhões para o mesmo fim, Delgado,
se ficar provado que agiu de má-fé nesse sentido, merece punição grave
da Câmara, até mesmo ser cassado por falta de decoro.
O fato de os dois pertencerem a partidos de oposição que aparecem na
lista não anula as acusações contra os petistas e os aliados do governo.
O que é preciso buscar é a razão por que candidatos receberam dinheiro
da empreiteira, legal ou ilegalmente. O caminho mais simples é
identificar quais políticos teriam condições de ajudar a UTC a ter
vantagens no governo petista ou, mais especificamente, na Petrobras. Certamente políticos de oposição não podem entrar nesta lista, o que
faz com que a seleção natural dos culpados por desvios de dinheiro dos
contratos da Petrobras e suas subsidiárias leve aos candidatos do PT e
dos aliados do governo.
Por isso, não tem a menor importância que a UTC tenha dado milhões de
reais para a campanha de Aécio Neves a presidente. É claro que o
interesse nesse caso era o de garantir simpatia, caso a oposição
vencesse as eleições. Aliás, essa distribuição de dinheiro sem critérios
programáticos é uma das correções que devem ser feitas na
regulamentação do financiamento privado das campanhas eleitorais. Não é
possível permitir que a mesma empresa doe para diversos partidos e
candidatos na mesma eleição.
A mesma lógica torta aparece para tentar desqualificar o processo do
Tribunal de Contas da União (TCU) contra a presidente Dilma. Na delação
premiada de Ricardo Pessoa, ele revelou que deu uma mesada de R$ 50 mil
ao filho do presidente daquele órgão Aroldo Cedraz para receber
informações privilegiadas sobre os processos que interessassem à
empreiteira. Ora, mesmo que se prove verdadeira a acusação, ela não invalida o
trabalho dos técnicos do TCU sobre as contas do governo Dilma, nem tem o
condão de desfazer as “pedaladas” fiscais e os crimes contra o
Orçamento realmente praticados.
Esse raciocínio de má-fé leva a que, no extremo, chegue-se à
inviabilização de um eventual processo de impeachment da presidente
Dilma por que há políticos notoriamente corruptos no Congresso. Talvez
seja mesmo esse o objetivo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa. Todos os corruptos, seja de que partido forem, merecem punições
de acordo com o que praticaram. Na corrupção da Petrobras, não há como retirar do PT a culpa
original, e dos partidos aliados do governo uma coautoria com direito a
altas somas. Basta lembrar que Ricardo Pessoa declarou em sua delação
premiada que o grupo do senador Fernando Collor recebeu nada menos que
R$ 20 milhões de comissão por uma obra na BR Distribuidora.
Fonte: Merval Pereira - O Globo
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domingo, 28 de junho de 2015
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