Estamos em plena campanha presidencial e até agora
nenhum dos candidatos deu o mais remoto sinal de que pretende apagar o incêndio
que está queimando o país
O Brasil
vive um desses momentos em que tudo parece acertado para “dar ruim”, como se
diz. A economia está doente ─ crescimento perto do nada, desemprego devastador,
falta de confiança na responsabilidade do governo, da oposição e de quem mais
está fazendo política, atraso apavorante no entendimento e na aplicação de
tecnologia. A educação caminha para garantir a permanência de milhões de
brasileiros na escuridão; suprime-se cada vez mais a transmissão de
conhecimento, substituída pela transmissão das crenças, dos desejos e da pura e
simples ignorância de professores e burocratas que mandam no ensino. Foi
eliminado no Brasil o trabalho livre: os cidadãos e as empresas são servos da
classe que transformou a máquina pública em sua propriedade particular e hoje,
na prática, trabalham apenas para sustentar o Estado. Não há mais
financiamento; há agiotagem. O Tesouro Nacional está quebrado.
Quando se
chega a esse nível de desastre, morre qualquer conversa de “política econômica”
─ e, mais ainda, a costumeira fraude de “discutir com a sociedade” as soluções
a tomar. Não tem de conversar nada, e muito menos perguntar para o doente qual
o tratamento que ele prefere. A única saída racional é apagar o incêndio que
está rolando aí, e para apagar o incêndio utiliza-se os meios conhecidos desde
sempre ─ como, por exemplo, jogar água em cima do fogo. Depois, quando não
houver mais risco de morte, talvez venha ao caso debater se o melhor é tratar a
economia assim ou assado. Mas o que se vê todos os dias no Brasil é a cegueira
coletiva diante do fogaréu. Discute-se fórmulas, em vez de se trazer o caminhão
pipa. Ou, então, não se discute coisa nenhuma a sério ─ só despejam mais
gasolina sobre as chamas.
Estamos
em plena campanha presidencial e até agora nenhum dos candidatos, seus partidos
e os sistemas que os apoiam deram o mais remoto sinal de que pretendem trazer
água para apagar o incêndio que está queimando o país. Ao contrário: falam de
tudo, menos disso. Estão diariamente na mídia, mostrando-se escandalizados e
indignados com os horrendos problemas à vista de todos, mas não lhes passa pela
cabeça comprometer-se com nenhuma das providências mais elementares, todas elas
conhecidas desde a Arca de Noé, para enfrentar a emergência. Pior: nem sequer
percebem que eles próprios, com a sua maneira de pensar e de praticar política,
fazem parte do problema, e não da solução.
Propor o que, então, se o problema são eles? Ninguém diz que não há nenhuma possibilidade, mas nenhuma mesmo, de se chegar a algum lugar enquanto o Brasil tiver, como tem no momento, mais de 700.000 funcionários públicos que jamais fizeram concurso para ocuparem seus cargos. Ninguém lembra que é inviável, simplesmente, um país onde o Senado tem uma gráfica própria. Ninguém percebe que é impossível melhorar alguma coisa enquanto o governo usar o dinheiro da população para manter no ar um canal de televisão que jamais saiu da casa dos 0% de audiência desde que existe.
Propor o que, então, se o problema são eles? Ninguém diz que não há nenhuma possibilidade, mas nenhuma mesmo, de se chegar a algum lugar enquanto o Brasil tiver, como tem no momento, mais de 700.000 funcionários públicos que jamais fizeram concurso para ocuparem seus cargos. Ninguém lembra que é inviável, simplesmente, um país onde o Senado tem uma gráfica própria. Ninguém percebe que é impossível melhorar alguma coisa enquanto o governo usar o dinheiro da população para manter no ar um canal de televisão que jamais saiu da casa dos 0% de audiência desde que existe.
O último
magnata a falar sobre “projeto econômico” foi o suposto candidato por
procuração do PT, Fernando Haddad ─ dos outros minions do ex-presidente
Lula é melhor nem dizer nada. As propostas de Haddad, em sua aparente função de
Guia Econômico da Esquerda Nacional, seriam ouvidas com algum interesse,
talvez, no tempo do faraó Ramsés II. De lá para cá, ele parece não ter
adquirido consciência de que surgiram economias modernas e que elas têm
elementos mínimos de funcionamento. Não é só que Haddad desconheça a existência
do capitalismo; o real problema é que desconhece o que vem acontecendo na
economia do mundo nos últimos dez anos. Sua grande ideia: usar o dinheiro das
reservas internacionais para “investir” e “criar empregos”. Por que não tentar
descobrir uma mina de ouro no semiárido do Nordeste? Por que não trazer
professores cubanos para melhorar o ensino da matemática? Por que não mandar
uma expedição à Marte?
O Brasil,
às vezes, parece que não tem conserto.