Série de ataques deixa 19 mortos em Osasco, Barueri
e Itapevi, na Grande São Paulo
Polícia
trabalha com quatro hipóteses para onda de violência que deixou outras sete pessoas feridas
Uma
série de ataques em cidades da região oeste da Grande São Paulo deixou 19
pessoas mortas, na
noite de quinta-feira. Osasco foi o município com maior número de vítimas: 15. Outras três morreram em
Barueri e uma em Itapevi. Sete pessoas ficaram feridas nos ataques e
estão sendo atendidas em hospitais da região. Chegou a ser divulgado que o
total de mortos era de 20, mas o número foi revisto pela Secretaria de
Segurança Pública.
A Polícia Civil trabalha com pelo
menos quatro hipóteses para os ataques. Os corpos estão sendo levados para análise em São
Paulo para as causas do crime serem melhor investigadas. O policiamento nas
cidades foi reforçado. Segundo o secretário de Segurança Pública, Alexandre de
Moraes, os homicídios podem estar relacionados a guerra
entre traficantes de drogas, ao assassinato de
um policial militar, a morte de um guarda civil
na região na última semana ou podem não ter relação direta entre si. — Não
vamos descartar nenhuma hipótese. Vamos analisar todas as hipóteses para que
rapidamente possamos dar resposta a esses crimes bárbaros — disse o
secretário, durante coletiva de imprensa no início da tarde desta sexta-feira.
— Montamos uma força-tarefa com 50 investigadores e delegados para que esse
trabalho seja rápido.
O
governador Geraldo Alckmin (PSDB), que cancelou toda a sua agenda de hoje,
esteve na Delegacia Seccional de Osasco, onde estão concentradas as
investigações, um pouco antes das 15h acompanhado do secretário da Segurança
Pública, Alexandre de Moraes. Ele evitou comentar uma possível participação de
policiais militares ligados a grupos de extermínio nas mortes em série. - Não
devemos avançar em nada em relação à investigação para não prejudicar o
trabalho da polícia, que está sendo feito com presteza, rapidez, absoluta
segurança e perícia.
O
governador disse lamentar as mortes e classificou os ataques como "gravíssimos". Ele destacou o trabalho da força-tarefa que investiga os
assassinatos, composta por mais de 50 homens, entre policiais de vários
departamentos e peritos. Alckmin ainda destacou a ação da PM nas ruas de
municípios da região, "para garantir
segurança às famílias, aos moradores". - É gravíssimo, o número de mortos, de feridos. Enfim, há necessidade
de esclarecer a relação entre as mortes, as causas disso e a prisão dos
criminosos.
A possibilidade de o crime estar
ligado ao tráfico de drogas surgiu após o depoimento de testemunhas, segundo Moraes. De seis vítimas que já foram identificadas, cinco tinham
passagens pela polícia — uma
delas por tráfico. Vídeos gravados por câmeras de segurança mostram homens encapuzados entrando em um bar de Osasco e
perguntando quem tinha passagem pela polícia, o que definiria se a pessoa seria morta ou não. Embora testemunhas
tenham interpretado essa atitude como típica de policiais, o secretário
discordou: — Não seria lógico um policial fazer isso. Me parece típico de alguém
que quer se passar por policial militar.
Peritos encontraram cápsulas de
pistola 9mm, de uso restrito das Forças Armadas, de revólver 38 e pistola 380. A
participação de PMs no crime, porém, não está descartada.
Policiais poderiam
ter cometido os homicídios como
vingança pela morte do PM Ademilson Pereira de Oliveira, vítima de latrocínio
em um posto de gasolina em Osasco no último dia 7. A Polícia Civil de Osasco,
através do Setor de Homicídios, disse
ter esclarecido a morte dele. Foram identificados
dois suspeitos do crime: Thiago Santos de Almeida e Vagner Rodrigues. O assassinato de um guarda civil de Barueri,
ocorrida anteontem, também poderia ser um dos motivos da chacina.
Moraes
deve se reunir com as equipes responsáveis pela perícia nos corpos das vítimas
durante a tarde para saber se é possível descobrir se os ferimentos foram
causados pelas mesmas armas. Os técnicos devem analisar os projéteis recolhidos
em cada local para compará-los. Até o fim do dia, ele também deve se reunir com
a força-tarefa de delegados. Essa foi a sexta chacina
do ano em São Paulo. Três dessas ocorrências foram esclarecidas, segundo
Moraes.
REGIÃO
SOFRE COM VIOLÊNCIA
Foi a noite mais violenta do ano em São Paulo. Essas cidades vêm sofrendo
episódios constantes de violência. Na semana passada,
dois homens foram executados em Pirituba, na Zona Oeste de São Paulo. Policiais da Rondas Ostensivas Tobias de
Aguiar (Rota), a tropa de elite da
PM, são suspeitos de participar da execução, dos quais
14 foram transferidos na madrugada de quarta-feira para o presídio militar
Romão Gomes, na Zona Norte da capital paulista, após a Justiça Militar ter
decretado a prisão dos acusados. Os PMs estavam na Corregedoria da corporação,
na região central. Segundo o G1,
O grupo foi escoltado por carros da própria PM.
Eles alegam que os homens foram
mortos após fugirem de uma abordagem e trocarem tiros com a Rota em Pirituba. Mas uma testemunha disse que viu
a Rota abordar o carro das vítimas em Guarulhos (Grande SP), a mais de 30 km do
bairro. A Corregedoria pediu a prisão
por 30 dias por suspeita de execução. A
defesa alega que os policiais agiram dentro da lei.
Lojas estão
fechadas e policiamento foi reforçado nos locais dos ataques em série de
quinta-feira; moradores estão com medo