Nesta quarta-feira, o presidente Michel Temer estará diante
do melhor e do pior do seu governo. Na política, responderá à segunda
denúncia de crime em três meses e usando as armas que usou da primeira
vez: políticas e recursos públicos. Na economia, o Banco Central deve
levar a 7,5% a taxa de juros que estava em 14,25% no começo do seu
governo. O acerto na economia não abona o erro no resto.
Como na primeira denúncia, o presidente tem usado o seu poder de
comando do país para socorrer-se dos apuros em que entrou. [em defesa da VERDADE, um dos principais compromissos do Blog Prontidão Total, chamamos a atenção para algo que não pode ser esquecido: nenhuma das acusações contra o presidente Temer foi devidamente provada, tanto com provas materiais quanto com depoimentos.
Um dos irmãos Batista, o bandido Joesley, atualmente encarcerado na Papuda, sem prazo para sair, acusa o presidente Temer de ser o destinatário de uma mala de dinheiro conduzida por Rodrigo Loures, só que até agora NADA DO AFIRMADO PELO TRAIDOR FOI PROVADO.
Assim por um principio elementar do direito, o aqui chamado 'apuros' do presidente Temer são apenas apuros decorrentes de acusações assacadas contra ele e NÃO PROVADAS.] No fim de
semana, um dos seus decretos perdoou 60% das multas ambientais das
empresas. E o que não foi perdoado poderá ser usado pelos empresários em
investimentos para recuperação ambiental. O temor é que eles acabem
usando os recursos que terão que pagar em projetos do seu interesse ou
que eles tenham mesmo que fazer para respeitar as leis ambientais. De
novo, o governo estará premiando quem desrespeitou a lei.
Em artigo intitulado “Riqueza Ambiental”, publicado na “Folha de
S.Paulo”, o presidente distorce o que acabou de acontecer e afirma que
assinou “a maior e mais inovadora iniciativa ambiental do governo”.
Desconto do valor de multas e dívidas de empresas sempre foi concedido.
Entra governo e sai governo. A atual administração reduziu e parcelou
dívidas previdenciárias do setor rural. Não há nada de inovador em dar
um desconto de 60% em multa ambiental. Usar os restantes 40% em projetos
ambientais também não é novo. “Tal volume de recursos, que não
dependerá do Tesouro Nacional, é uma verdadeira revolução no setor”,
escreveu Temer, em outro argumento sem sentido. Ora, se as multas fossem
pagas, os recursos, 100% deles, iriam para o setor público, ou seja,
para o Tesouro. Temer tenta dourar a pílula de mais uma concessão feita
pelo seu governo.
O momento mais estranho do artigo, contudo, é quando ele afirma que
seu governo tem uma lista extensa de realizações na área ambiental.
“Ampliamos áreas de reservas e parques nacionais…” O governo reduziu a
área da Floresta Nacional de Jamanxin. No mesmo decreto, ele ampliou uma
área de proteção ambiental com menor poder de proteção, mas o que se
perdeu na Flona perdido ficou.
O pior do toma-lá-dá-cá que o governo conduz para manter o presidente
no cargo foi o decreto que muda o conceito de trabalho escravo. O
presidente tem dito que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira,
negocia modificações no texto com a procuradora-geral da República,
Raquel Dodge. Se a procuradora-geral está nessa negociação com o ministro do
Trabalho acabará sendo usada mais uma vez. A primeira foi quando ela
aceitou encontrar-se com o presidente fora do expediente. Isso virou
argumento da defesa de Temer, para dizer que nada houve de errado quando
ele recebeu o empresário Joesley Batista fora de hora e agenda. Seria
“hábito” da sua gestão. Se ela aceitar agora fazer consertos numa
portaria sem conserto, acabará virando coautora de algo que deveria ser
simplesmente revogado.
Usando de forma desabrida as mais variadas moedas de troca o
presidente caminha para ter mais uma vitória na sua faina para
permanecer no poder. Na quarta-feira, ele terá os votos necessários para
ficar na cadeira. Seu governo, no entanto, permanecerá sendo um mandato
instável, impopular, e sujeito a novas surpresas como as que o levaram
às duas denúncias da PGR. [a popularidade do presidente, face do seu não interesse em ser candidato a qualquer cargo eletivo, tornou-se secundária;
as duas denúncias apresentadas pelo ex-procurador-geral Rodrigo 'enganot' não representaram nenhuma novidade, foram antecipadas pelo próprio denunciante e até apelidadas pelo seu autor de 'flechadas'.]
Na mesma quarta-feira, o Copom fará o nono corte na taxa de juros.
Ela começou a cair em outubro do ano passado, quando estava em 14,25% e
deve ir para 7,5%. Para se ter uma ideia de como mudou para melhor: há
uma ano a previsão do mercado financeiro era de que se chegaria ao fim
de 2017 com 11% de Selic. Nos últimos 12 meses, o custo de carregamento
da dívida brasileira caiu dois pontos percentuais segundo os dados
divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, de 12,5% para 10,5%, isso é uma
redução de R$ 80 bilhões, segundo a coluna publicada pelo jornalista
Ribamar Oliveira do “Valor”, citando estudo da Instituição Fiscal
Independente (IFI). Esse custo vai continuar caindo, porque é gradual o
repasse das novas taxas ao estoque da dívida. Os juros em queda mostram
os acertos da política econômica. Esses acertos, no entanto, não são um
salvo-conduto para o presidente tomar as decisões que tem tomado na
condução do país. [excelente matéria; seria um ótimo anexo de um Parecer a ser anexado a uma acusação contra o presidente Temer - tamanho o destaque dado aos fatos negativos que o presidente enfrenta no momento atual;
apresenta uma única falha: não cita nenhuma prova dos supostos malfeitos do presidente Temer.
Acusar o presidente Temer não é tarefa das mais difíceis, o complicado é provar, já que o ÔNUS DA PROVA sempre será cobrado do acusador.]
Fonte: Coluna da Miriam Leitão - O Globo
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terça-feira, 24 de outubro de 2017
O acerto não abona
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