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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Derrotas sofridas por Levy são mais relevantes do que a 'fritura' - Desequilíbrio da Petrobras piorou no terceiro trimestre

Aquela série de críticas que antecede a saída de algum ministro sempre acontece em Brasília. É a chamada fritura. A novidade, no caso de Joaquim Levy, é que as declarações são públicas. Mais importante do que esse processo, entretanto, é a sequência de derrotas que o ministro tem sofrido no governo.

O PT nunca escondeu que não gosta de Levy, deixou isso claro em notas e declarações. Os partidos da base também criticam. O ex-presidente Lula fez saber a vários interlocutores a sua insatisfação com o ministro e que gostaria de trocá-lo.

São críticas que normalmente confundem o remédio com a doença. Culpam Levy pelos problemas na economia criados no primeiro mandato. Foram eles que levaram à inflação e à recessão. O ministro agora está tentando resolvê-los.

Pior que a fritura é a série de fracassos de Levy dentro do governo. As ideias do ministro têm sido derrotadas. Ele, por exemplo, era contra apresentar a proposta de Orçamento de 2016 com déficit. Foi voto vencido e o Brasil acabou rebaixado. Levy tampouco queria fazer novos repasses ao BNDES para o crédito subsidiado a empresários, mas o governo decidiu aumentar a verba do Programa de Sustentação do Investimento.

É complicado o governo ficar com um ministro num momento de crise e não seguir o que ele pensa. Encontrar uma saída para a turbulência na economia é possível, mas o que diz Levy tem que ter força dentro do governo.

Desequilíbrio da Petrobras piorou no terceiro trimestre


O prejuízo de R$ 3,76 bi não foi o único número ruim do balanço da Petrobras. Investidores vão olhar para o desequilíbrio da petroleira, que piorou. Ela gerou menos caixa no terceiro trimestre e viu a dívida subir para R$ 506 bi.

A geração operacional de caixa, o Ebitda, ficou em R$ 15,5 bi entre julho e setembro, uma queda de 22% na comparação com o segundo trimestre. A demora da companhia em reajustar o preço da gasolina atrapalhou. O valor passou quase o trimestre inteiro defasado, dizem os especialistas. É a mesma política que ajudou a arruinar os cofres da Petrobras nos últimos anos. Só no final de setembro o preço dos derivados foi reajustado. 

Com a subida do dólar, a dívida bruta chegou a R$ 506 bilhões, alta de 44% de janeiro a setembro. O número é imenso por qualquer ângulo que se olhe, não importa o parâmetro. Os especialistas dizem que é o maior endividamento do mundo corporativo. É quase cinco vezes superior ao valor de mercado da companhia, que nesta quinta-feira valia R$ 110,7 bi. Descontando o caixa, a Petrobras tinha no final de setembro uma dívida líquida de R$ 402,3 bi. Usando toda sua geração operacional de caixa, a companhia demoraria 5,24 anos para quitar o que deve. Em outras grandes petroleiras, essa relação não passa de 2,5.

A perspectiva futura da companhia é delicada. Em 2016, vencem dívidas de R$ 50,2 bi. No ano seguinte, mais R$ 44,7 bi; em 2018, outros R$ 63,6 bi. A Petrobras terá que negociar dívidas de impressionantes R$ 89,2 bi em 2019. A administração de Aldemir Bendine precisa ser mais ágil para reequilibrar a empresa.

Por: Miriam Leitão e Marcelo Loureiro