Em que
consiste o que chamei aqui de “esperteza de Fachin” e de “política da
toga”? Ora, Fachin, desta feita, apela à Segunda Turma. Agora, não
enviou o caso ao plenário. O mais provável é que os ministros declarem
prejudicado o pedido, uma vez que haveria o risco de uma câmara tomar
uma decisão contrária ao pleno do tribunal. Ainda que o recurso de agora
seja distinto, a fundamentação é a mesma. Não creio que uma maioria de
ministros na Segunda Turma votará a favor da soltura, havendo o peso de
uma decisão do pleno em sentido contrário.
Notem: ao
fazer o jogo de ora apelar ao pleno, ora apelar à turma, Fachin busca,
na verdade, romper seu isolamento no grupo e demonstrar que Lula está
preso com o apoio unânime, ou quase, dos ministros. Recorreu a um truque
quando quis ouvir os outros 10 e agora recorre a outro quando limita
o grupo a quatro. Nos dois casos, para manter Lula preso.
Quando 2ª turma votar pedido de soltura de Lula, país estará a meros 19 dias de data final para o registro de candidaturas; o PT insiste
Que fique o registro: quando a Segunda
Turma estiver decidindo, no dia 26 próximo, se Lula fica na cadeia ou
não, estar-se-á a meros 19 dias do fim do prazo para registro de
candidaturas. A orientação no PT não mudou: o candidato é o
ex-presidente, esteja ele preso ou solto. Até que o TSE não bata o
martelo negando o registro, assim será. O prazo final para a corte
eleitoral decidir quem disputa e quem não disputa é 17 de setembro. Lula
terá sua candidatura indeferida porque a legislação não oferece
alternativa. E se estará, então, a três semanas do primeiro turno, que
ocorre em 7 de outubro. Será que Lula tentará o milagre de fazer um
candidato em tempo tão curto ou escolherá o que hoje parece traçado,
embora muitos desconfiem: apoiar Ciro Gomes?
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