Mesmo que não desse certo, a Justiça ficaria mal, como ficou
Foi tudo
pensado e discutido à exaustão com a direção do partido, advogados de defesa de
Lula e com o próprio Lula. Começou quando, na
semana passada, por meio de um amigo comum, o desembargador Rogério Favreto
avisou ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS) que seria o responsável no fim de
semana pelo plantão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
[o lado bom da 'guerra ' desse domingo é que o plano
da corja lulopetista - especialmente da brilhante dupla que defende o
presidiário Lula, o casal Teixeira - de tentar obter a libertação do condenado durante uma das viagens de Temer, no mês
corrente, quando a presidente do STF assume a presidência da República e Dias Toffoli assume a do STF (caso a ministra Cármen Lúcia não concorde com o plano da defesa petista, poderá acumular as duas presidências) e conceda habeas corpus libertando o
presidiário candidato, ficou mais complicado.
Os caminhos para a defesa de Lula
mais uma vez "dar com os burros n'água" ficaram mais
largos.
Vejamos:
- Cármen
Lúcia acumula as duas presidências - caso não queira impedir a soltura de Lula, pode
não acumular, alegando algum impedimento tipo 'separação de poderes', mas, considerando
que ela mesmo já acumulou, este ano, por duas vezes e o ministro Lewandowski em
2014 também acumulou os dois encargos, fica dificil convencer da procedência de
qualquer alegação;
- Temer desiste de viajar - são viagens de menor importância e que podem ser perfeitamente canceladas.
Caso a ministra queira facilitar a vida de Lula e opte pela não acumulação e Temer não tenha a dignidade de desistir das viagens, desistência favorável ao Brasil, ficará 'esquisito' o ministro Toffoli se aproveitar de uma presidência interina para libertar um criminoso que está na prisão por decisão do Plenário do STF e que estará sujeira a ser revogada.]
Favreto e
Pimenta são amigos de longa data. O desembargador foi filiado ao PT durante
dezenove anos e fez sua carreira à sombra do partido. Conheceram-se em Porto
Alegre, Favreto como advogado, Pimenta como prefeito de Santa Maria e depois como
deputado estadual. Voltaram a se encontrar em Brasília – Favreto como assessor
de Lula presidente, Pimenta como deputado federal.
O aviso
da Favreto para Pimenta embutia a sugestão de que ele, como plantonista,
acataria um pedido de habeas corpus para soltar Lula.
Pimenta, primeiro, conversou a respeito com o deputado w.d., (PT-RJ).
Depois com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Os dois aprovaram a ideia. A
senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, foi consultada em seguida e,
de início, hesitou. Seria uma jogada arriscada. De todo
modo, segundo Gleisi, nada poderia ser feito sem que antes fossem ouvidos
alguns dos advogados que defendem Lula e naturalmente o encarcerado. Roberto Teixeira
e Cristiano Zanin, seu genro, deram seu aval à trama. Não se associariam a ela
porque são autores de outras ações que pedem a libertação de Lula e que
tramitam em tribunais superiores. Pegaria mal para eles. E duvidavam do sucesso
da trama.
Submetido
o assunto ao exame de Lula, primeiro ele disse não. Achava impossível que um
simples despacho de um desembargador de plantão fosse capaz de
tirá-lo da cadeia. Mas depois de horas de discussão com Gleisi e com
os advogados, acabou convencido de que pouco teria a perder. Se ficasse solto
por algumas horas, teria tempo para gravar vídeos a ser divulgados quando
voltasse a ser preso. De resto,
uma eventual soltura, mesmo que revogada depois do fim do plantão de Favreto,
serviria para desgastar a imagem da Justiça e reforçar a dele, de perseguido
por ela. Como é possível que a Justiça libere tantos condenados, mande para
prisão domiciliar tantos outros, e somente ele continue preso? – perguntou-se
Lula. É um falso argumento, esse, mas à história do golpe tentado pelo PT não
importa.
Meia hora
depois do início do plantão de Favreto na última sexta-feira, os três advogados protocolaram no tribunal o pedido de liberdade de Lula. No dia
seguinte, ficaram sabendo que Favreto aprontara seu despacho, mas que preferira
só enviá-lo à Polícia Federal no domingo de manhã cedo. Antes das 10 horas do
domingo, uma cópia do despacho foi levada em mãos para Lula.
A notícia
de que Lula seria solto só se tornou pública por volta do meio-dia. Àquela
altura, o contragolpe já estava em marcha. De férias em Portugal, o juiz Sergio Moro telefonou para a delegado da
Polícia Federal em Curitiba e disse que não era para soltar Lula. Acionou o
ministro Thompson Flores, presidente do tribunal, que por sua vez informou a
Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública, que Lula permaneceria preso.
O resto é
história conhecida.
Blog do Noblat - Veja
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