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domingo, 25 de novembro de 2018

A cor da violência, no Brasil, é vermelha

As dezenas de milhares de mortes violentas no Brasil em 2016 representam um homicídio a cada oito minutos e meio

A taxa de homicídios no Brasil não é ruim. Ruim ela estava em 1996, ponto mais baixo da série histórica de 20 anos feita pelo Ipea . Mesmo assim, com quase 25 assassinatos por cem mil habitantes, já era altíssima. Hoje, já rompida a barreira das 30 mortes por cem mil, é necessário lançar mão de outros adjetivos. Indecente. Imoral. Bestial. Vergonhosa.  

A análise compartilhada pelo demógrafo alemão Simon Kuestenmacher comparando as taxas de homicídio nos estados brasileiros e americanos e nos países da União Europeia revela a cor da nossa violência: é vermelha, no tom sangue escuro, do jeito que ele fica após algum tempo sobre o asfalto. Quem já viu, não esquece.  Numa ponta da escala, a Áustria, com menos de um homicídio por cem mil habitantes. Na outra, Sergipe ostenta, impávido colosso da morte matada, quase 58 excluídos da vida por cem mil moradores. Dentro de uma Áustria cabem cinco Sergipes. Mas só em termos territoriais. 

[a presente matéria impõe dois comentários:
- primeiro,  por lançar mais uma pá de terra sobre o absurdo praticado pelos que defendem o famigerado 'estatuto do desarmamento', a pretexto de que a liberação da posse e porte de armas aumentará o número de mortes por arma de fogo - o exemplo de Lousiana, fala por si;
- e a pergunta que não quer calar: o que fundamenta a insistência da 'companheira' da vereadora Marielle assassinada juntamente com seu motorista Anderson em cobrar prioridade sobre a investigação daquele assassinato? 
isso em um país em que mais de 60.000 pessoas foram assassinadas em apenas um ano; A leitura da matéria publica em Época - "Tenho que levantar e fingir que ainda há esperança", diz Mônica Benício, viúva de Marielle;  

dúvidas: a reportagem linkada, não esclarece se a placa que está na foto mostrada na matéria é a clandestina ou se tornou oficial?

outra dúvida que levantamos,  movidos pelo interesse de bem informar: a reportagem de Época, em um trecho chama a 'companheira' da vereadora Marielle de 'viúva'; em outro parágrafo chama a vereadora de 'esposa' da arquiteta.
Nos parece meio contraditório até mesmo antagônicos (viúva da esposa?),  os termos usados no tratamento? 

- quando forem apresentados os números, será comprovado: do dia em que a vereadora e seu motorista foram mortos até hoje, morreram assassinadas no Brasil mais de 50.000 pessoas. Será que foram identificados os assassinos de pelo menos umas 500 vítimas?]

Quando o assunto é homicídio, o menor estado brasileiro engole uma Europa inteira.
O melhor estado do Brasil, São Paulo, ainda consegue ficar acima do pior estado americano, Lousiana. O estado dos EUA com menor taxa, New Hampshire, tem cerca de um homicídio por cem mil. Se o mais rico estado brasileiro baixar 10% por ano sua taxa de homicídios — um desafio que beira o impossível — levaria mais de 20 anos para chegar ao chamado “Estado Granito” americano, cuja divisa na bandeira vaticina: “Viva livre ou morra”. 

A vergonha da pátria estirada em berço esplêndido com um tiro no peito só não é maior porque o estudo mostrado por Kuestenmacher não desce às profundezas dos municípios. Aí, não tem para ninguém: Queimados (RJ), com quase 135 mortes por cem mil habitantes, ou Eunápolis (BA), com 124, explodem qualquer escala, estouram o ponteiro do assassinômetro. As 62.517 mortes violentas no Brasil em 2016 representam um homicídio a cada oito minutos e meio. Mais tempo do que o necessário para ler esse texto, certamente; menos, espero, do que levará para esquecer essa estatística aterradora.  


Época