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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Os efeitos do vacilo petista para o pacote fiscal



Na economia, medidas mexem com expectativas sobre volta de investimentos; na política, derrota significaria fracasso da articulação política
O comportamento vacilante do PT em relação ao ajuste fiscal pode ter impacto significativo no futuro do governo Dilma Rousseff, tanto do ponto de vista econômico como político. Economia, como bem se sabe, não é ciência exata, mas humana. E a aprovação das medidas de ajuste fiscal é importante, sobretudo, por mexer com um componente fundamental: as expectativas. O mercado, tão deprimido após os tempos de “pedaladas” e manobras, aguarda um sinal de que o dever de casa está sendo feito para acelerar investimentos. [só que para a corja petista o DEVER DE CASA é dificultar a vida do trabalhador.
Alegam que o seguro desemprego é fraudado por contratações simuladas e demissões com prazo certo – tudo bem. Investiguem e cadeia para os fraudadores.
Inaceitável é que em época de desemprego, inflação e recessão crescentes = ESTAGFLAÇÃO CRESCENTE = o governo crie dificuldades que complicam a vida do trabalhador desempregado, a dos pensionistas e outras categorias mais desfavorecidas;
Claro que são as categorias menos favorecidas as responsáveis pelo atual estado da economia, temos que concordar. Afinal, foram eles que possibilitaram que coisas como Lula e Dilma lograssem se tornar presidente da República.]

Não que a economia com a redução dos benefícios do ajuste seja secundária. O governo prevê poupar palpáveis R$ 18 bilhões anuais. Como os projetos vêm sendo tosados pelos acordos feitos com os parlamentares, o valor deverá ser menor, mas ainda alto. Há a parte que pode ser cortada no Orçamento, sem aval do Congresso. No entanto, o governo está de olho no que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vem chamando de “agenda além do ajuste”. O cenário sem o ajuste é ruim. Gastos excessivos do governo ajudam a pressionar a ciranda da inflação. Com inflação alta, o remédio do governo é elevar juros. Com juros altos, são punidos os consumidores que querem tomar crédito e as empresas que desejam investir. Fora o risco que o país corre de perder o selo internacional de bom pagador.  Na seara política, um revés equivaleria a uma derrota em casa em jogo decisivo. O recado da bancada petista a Dilma seria claro: entre acudir um governo trôpego e pôr em risco a relação com o seu eleitorado, tradicionalmente avesso à redução de benefícios trabalhistas, a maioria optaria por salvar a própria pele.  

Uma derrota também pregaria um rótulo de fracasso na estratégia de entregar a articulação política ao vice Michel Temer, o supertrunfo lançado por Dilma para debelar a crise. Curiosamente, não pelo desempenho em si do peemedebista, mas pela confusão no próprio quintal dilmista. Por que se desgastar com medidas tão impopulares, se nem os petistas as apoiam? Essa é a pergunta da vez no Congresso.

A História mostra que o ambiente de confusão política torna o Parlamento imprevisível. Além de desfigurar o ajuste, nesse mar revolto avança uma agenda conservadora que pode marcar a era PT em temas caros ao partido.

Por: Alan Gripp e Maria Fernanda Delmas – O Globo