Na
economia, medidas mexem com expectativas sobre volta de investimentos; na política, derrota significaria
fracasso da articulação política
O comportamento vacilante do PT em
relação ao ajuste fiscal pode ter impacto significativo no futuro do
governo Dilma Rousseff, tanto do
ponto de vista econômico como político. Economia, como bem se sabe, não é
ciência exata, mas humana. E a aprovação das medidas de ajuste fiscal é
importante, sobretudo, por mexer com um componente fundamental: as expectativas. O mercado, tão
deprimido após os tempos de “pedaladas”
e manobras, aguarda um sinal de que o dever de casa está sendo feito para
acelerar investimentos. [só que
para a corja petista o DEVER DE CASA é dificultar a vida do trabalhador.
Alegam que o seguro desemprego é
fraudado por contratações simuladas e demissões com prazo certo – tudo bem. Investiguem e cadeia para os fraudadores.
Inaceitável é que em época de
desemprego, inflação e recessão crescentes = ESTAGFLAÇÃO CRESCENTE = o governo
crie dificuldades que complicam a vida do trabalhador desempregado, a dos
pensionistas e outras categorias mais desfavorecidas;
Claro que são as categorias menos
favorecidas as responsáveis pelo atual estado da economia, temos que concordar.
Afinal, foram eles que possibilitaram que coisas como Lula e Dilma lograssem se
tornar presidente da República.]
Não que a economia com a redução
dos benefícios do ajuste seja secundária. O governo prevê poupar palpáveis R$ 18 bilhões anuais.
Como os projetos vêm sendo tosados pelos acordos feitos com os parlamentares, o
valor deverá ser menor, mas ainda alto. Há a parte que pode ser cortada no
Orçamento, sem aval do Congresso. No entanto, o governo está de olho no que o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vem chamando de “agenda além do ajuste”. O cenário sem o ajuste é ruim. Gastos
excessivos do governo ajudam a pressionar a ciranda da inflação. Com inflação
alta, o remédio do governo é elevar juros. Com juros altos, são punidos os consumidores
que querem tomar crédito e as empresas que desejam investir. Fora o risco que o
país corre de perder o selo internacional de bom pagador. Na seara política, um revés equivaleria a uma derrota em casa
em jogo decisivo. O recado da bancada petista a Dilma seria
claro: entre acudir um governo trôpego e pôr em
risco a relação com o seu eleitorado,
tradicionalmente avesso à
redução de benefícios trabalhistas, a maioria optaria por salvar a própria
pele.
Uma derrota também pregaria um rótulo de fracasso
na estratégia de entregar a articulação política ao vice Michel Temer, o
supertrunfo lançado por Dilma para debelar a crise. Curiosamente, não pelo desempenho em si do peemedebista, mas pela confusão no próprio quintal
dilmista. Por
que se desgastar com medidas tão impopulares, se nem os petistas as apoiam? Essa é a pergunta da vez no Congresso.
A
História mostra que o ambiente de
confusão política torna o Parlamento imprevisível. Além de desfigurar o
ajuste, nesse mar revolto avança uma agenda conservadora que pode marcar a era
PT em temas caros ao partido.
Por: Alan Gripp e Maria Fernanda Delmas – O Globo
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