Processa-se praticamente em segredo, e sob a indiferença quase completa dos órgãos de comunicação, a pior agressão à liberdade de imprensa feita no Brasil por uma entidade oficial desde o fim da censura no governo militar. O autor do ataque é o senador Renan Calheiros, político com nove processos penais nas costas e hoje o herói da mídia nacional, desde que armou a “CPI da Covid”
com o duplo propósito de fazer guerra ao governo Bolsonaro e, juntando o
agradável ao útil, ocultar os verdadeiros crimes de corrupção cometidos
durante o combate à epidemia. [relator Calheiros!
o senhor tomado pelo desespero por não encontrar nada contra o presidente Bolsonaro, resolveu atacar a mídia?
senador o senhor tem muito a perder atacando a imprensa;
até agora a quase totalidade da mídia militante está do seu lado, minimizando ações da PF que o colocam em evidência, negativa, e maximizando eventuais atos de integrantes do Governo Federal que à primeira vista possam parecer ser ilícitos.
Agora relator, pense: o senhor contraria a imprensa e a maior parte da mídia militante resolve publicar, capítulo a capítulo, diariamente, o inteiro teor dos novo processos penais aos quais o senhor responde. Como vai ficar sua imagem? e a já manchada imagem da CPI? e a do vice-presidente da CPI, encrenqueiro e político sem projetos, mas ao que sabemos honesto?]
O senador, como se noticiou, fez um requerimento para quebrar o sigilo bancário da Rádio Jovem Pan, desde o ano de 2018, sob a alegação de que a emissora publica “fake news”
e, supostamente, se beneficia financeiramente disso – daí, pelo que deu
para entender, o pedido de quebra do sigilo. Na verdade, trata-se de um
ataque direto, grosseiro e mal-intencionado a um veículo de imprensa
que não fez absolutamente nada contra a lei; seu único crime é
recusar-se a aceitar a situação de submissão que a CPI de Renan e de
seus associados exige hoje da imprensa e dos jornalistas brasileiros.
De que forma a Jovem Pan poderia ter publicado notícias falsas sobre a covid em 2018, quando não havia covid nenhuma
em 2018? Mais ainda: quais são exatamente, uma por uma, essas notícias? E que raios as contas bancárias da rádio teriam a ver com “fake news”?
A
verdade é que nada disso tem qualquer contato, mesmo remoto, com a
realidade dos fatos.
É vingança pura e simples de um político
descontente com o noticiário publicado pela rádio sobre a CPI – uma voz
quase isolada no oceano de obediência a Renan que a mídia brasileira
adotou como regra de conduta desde a subida do senador ao papel de líder
da esquerda e da oposição brasileiras. Renan e seu grupo são hoje os
principais editores do noticiário político deste país.
Imagine-se,
por um minuto, o escândalo desesperado que estaria havendo no Brasil e
no mundo se o presidente Bolsonaro pedisse, por exemplo, a quebra do
sigilo bancário da Rede Globo, ou qualquer outro dos seus inimigos na
mídia.
Desde que está no Palácio do Planalto, e até agora, o presidente
não quis quebrar o sigilo bancário de ninguém, e muito menos de um órgão
de imprensa.
Mas Bolsonaro é acusado por uma entidade de monitoramento
de liberdades, em denúncia publicada recentemente com o completo aval da
mídia brasileira, de ter cometido “464” atos de agressão à imprensa e
aos jornalistas desde que tomou posse. Quais?
Nenhum que se compare ao
ataque do senador contra a Rádio Jovem Pan, com certeza?
Não há o menor
risco de que essa pergunta seja respondida um dia.