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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Costa Neto se nega a admitir vitória de Lula e aguarda auditoria dos militares

Presidente do PL também anunciou que o partido estará na oposição ao governo Lula e afirmou que Bolsonaro será o presidente de honra do partido

O presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, repetiu o gesto do filiado mais ilustre, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e não reconheceu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano. O dirigente partidário disse que a legenda não vai se posicionar sobre a lisura do pleito até a divulgação do relatório da fiscalização das Forças Armadas, previsto para ser entregue hoje pelo Ministério da Defesa ao Tribunal Superior Eleitoral.

Costa Neto também anunciou que o partido estará na oposição ao governo Lula. "O PL não renunciará as suas bandeiras e ideias. Será oposição ao futuro presidente", afirmou o chefe do partido. Apesar desse posicionamento, o presidente do PL disse que o partido pode apoiar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que assegura a continuidade do pagamento de R$ 600 para o Auxílio Brasil. "O PL será oposição ao novo governo, mas não será contra a PEC se ela for de interesse público", assegurou.

Sem apresentar provas de qualquer irregularidade nas urnas, Costa Neto mencionou o trabalho de verificação realizado pelas Forças Armadas. O Ministério da Defesa anunciou a entrega do documento para amanhã (hoje). "Vamos ter de esperar o relatório. Temos diversos questionamentos que fizemos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), vamos esperar essas respostas".

Perguntado sobre a lisura do primeiro turno, quando o PL elegeu as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado, o cacique disse não haver pontos a serem contestados. O presidente do PL afirmou que Jair Bolsonaro será o presidente de honra do partido e candidato à presidência em 2026. O dirigente reforçou a centralidade de Bolsonaro para o partido ao longo do próximo ciclo eleitoral. "Bolsonaro é nosso capitão, e nós vamos segui-lo aonde ele for". Disse que o presidente da República "só vai questionar o resultado se tiver algo real na mão". E adiantou que o chefe do Executivo, após deixar o cargo, vai viajar pelo país divulgando o programa do PL. "Ele aceitou bem a ideia de ajudar o partido, de correr o Brasil", relatou Costa Neto.

Em relação à disputa pelas presidências das duas Casas do Congresso, o presidente do PL anunciou apoio à recondução do deputado Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Câmara, mas condicionou ao apoio do PP de Lira ao candidato do PL à sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado Federal. Costa Neto argumentou que o PL tem o direito de pleitear o comando de uma das Casas. "Temos a maior bancada na Câmara e no Senado. Não é admissível que não tenhamos a Presidência de nenhuma das Casas", alegou.[inaceitável é que a presidência do Senado fique com o omisso Pacheco - CONFIRA: O ‘imenso talento’ de Pacheco - Revista Oeste;  o que impede o PL de presidir as duas Casas?]

"Golpismo"
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a declaração de Valdemar de não reconhecer o resultado eleitoral é "um absurdo". "É espantosa essa adesão a um discurso golpista", disse o senador, um dos principais aliados do presidente eleito. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), também criticou. "Eles participaram do jogo, do processo, se submeteram às urnas e, agora, querem questionar o resultado? Isso para mim só tem um nome, tentativa de golpismo", comentou, ao deixar ontem o CCBB. [esse senador, o 'estridente' deveria defender os interesses do seu estado - foi eleito para isso - e não ficar defendendo o criminoso eleito
a tal deputada é só verificar o passado dela e saber que andou bem próxima da cadeia - tanto que pretendia ser candidato ao Senado e optou pela Câmara = mais fácil de se eleger e conseguir um foro privilegiado.]

Os protestos contra o resultado das urnas também foram tema da entrevista de Valdemar Costa Neto. Ele declarou que o presidente Jair Bolsonaro apoia todas as manifestações que estiverem dentro da lei. "O nosso presidente quer que a gente prestigie todos que fizerem movimentos que podem ser feitos, dentro da lei", disse. No entendimento de Costa Neto, protestar "dentro da lei" significa não interromper vias de tráfego e restringir o direito de ir e vir das pessoas. Mas o dirigente partidário não incluiu no comentário os pedidos por intervenção militar feitos pelos apoiadores do presidente.[o ilustre jornalista esqueceu que pedidos feitos durante uma manifestação estão dentro dos limites da 'liberdade de expressão', ação que a Constituição permite.] "Fechar as estradas, fechar as ruas, o eleitor do PL não quer isso", declarou.

O cacique do PL vê esses movimentos contestadores das urnas, considerados "criminosos" pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, como uma força maior que o apoio ao presidente da República. "O bolsonarismo está maior que o próprio Bolsonaro, mas temos de trabalhar para que esse pessoal não atravesse o samba, não passe do limite", disse. Existe, no PL, a preocupação de uma possível falta de comando dos manifestantes simpáticos a Bolsonaro acampados na frente de unidades militares.

Política - Correio Braziliense


sábado, 24 de setembro de 2022

‘A vitória de Lula seria a falência moral do país’

Revista Oeste

O general da reserva falou sobre as mudanças geopolíticas pós-invasão russa à Ucrânia e a atuação da Defesa nas eleições 

Poucas pessoas têm o privilégio de descobrir a sua vocação logo cedo. O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva encaixa-se nesse grupo seleto. Desde pequeno, já queria seguir carreira militar. “Vim desse meio porque meu pai já servia ao país”, disse o homem com semblante sério, cabelos grisalhos e óculos cuja armação discreta faz com que as lentes quase desapareçam em seu rosto. O tom de voz suave adquire entonação bem diferente ao tratar de questões de Estado.

 General Luiz Eduardo Rocha Paiva | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

General Luiz Eduardo Rocha Paiva | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados 

A relação com a carreira militar também está impressa em sua certidão de nascimento: o general veio ao mundo em 7 de setembro de 1951, em Niterói (RJ). “Foram chamar o meu pai, e, quando ele chegou, por volta de 12 horas, minha mãe não havia me dado à luz”, lembrou o general. “Acho que eu estava esperando a hora da Independência (declarada às 16 horas e 30 minutos).”

Durante a trajetória acadêmica, Rocha Paiva acumulou vários títulos, entre eles, o de doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares pela Escola de Comando e Estado–Maior do Exército e de mestre em Aplicações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Na reserva desde 2007, especializou-se em geopolítica e estratégia militar. Entre outros assuntos, foram abordadas as mudanças no mundo no pós-invasão russa à Ucrânia, a atuação da Defesa nas eleições e as manifestações populares de 7 de Setembro.

Confira os principais trechos da entrevista.


Qual avaliação o senhor faz das manifestações de 7 de Setembro? Qual foi o recado das ruas?

Uma demonstração de patriotismo, de que o Hino Nacional e as cores da bandeira do Brasil são nossa identidade, e não a Internacional Socialista e o vermelho do PT.  
O recado que as ruas deram foi um protesto contra a velha liderança patrimonialista, fisiológica e corrupta do país. Essa elite ocupa grande parte dos Três Poderes e defende interesses que vão na contração do que deseja o país. Os brasileiros estão cansados disso. E esse establishment é combatido pelo atual governo, que tenta estabelecer uma nova forma de fazer política. A nação quer um Brasil democrata, com todas as liberdades garantidas, e uma Justiça que atenda aos interesses e aos anseios da população.
Em agosto de 2021, o então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, chamou a Defesa para fiscalizar o processo eleitoral. Como o senhor vê a atuação dos militares pouco mais de um ano depois do convite?

De uma forma positiva. A presença da Defesa traz credibilidade para o processo eleitoral, sobretudo num momento decisivo para o futuro do país. Os especialistas do Exército têm expertise em tecnologia, o que é bem importante. Precisa-se que sejam mais ouvidos pelo TSE, porque a Força tem muito conhecimento para dar. Em meio a tudo isso, um elemento que poderia ajudar ainda mais para a transparência das eleições seria o voto auditável. Não existe sistema 100% seguro. Quem garante esse tipo de afirmação está divulgando uma grande falácia.

Por falar em voto auditável, qual avaliação o senhor faz desse mecanismo?

Como cidadão, não confio na inviolabilidade das urnas eletrônicas e no processo de transmissão de votos. O comprovante impresso é um meio de assegurar mais credibilidade e transparência, porque ele materializa o voto. Para ter ideia, as barreiras “impenetráveis” do Pentágono já foram violadas no passado, assim como da CIA e da antiga KGB. Problemas semelhantes são registrados com frequência em computadores e aplicativos de celular. Por que esse tipo de coisa não aconteceria nas urnas? Não estou insinuando que seja algo patrocinado por alguém do TSE, mas é possível que venha de fora. Isso ocorre nos principais órgãos de Inteligência do mundo. Temos de resgatar a confiança do nosso processo eleitoral.

Como o senhor vê uma possível vitória do ex-presidente Lula?

Vai ser a falência moral do país. Não é possível votar em uma pessoa que se envolveu em corrupção e que foi julgada e condenada em três instâncias. Mesmo tendo sido “descondenado”, os crimes ocorreram, e as provas não vão desaparecer. Durante um pronunciamento, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, disse que a Lava Jato acabou por meras formalidades. Ele reconheceu, contudo, que os crimes cometidos por corruptos, além do dinheiro devolvido, existiram. Se Lula voltar ao Palácio do Planalto, será uma tristeza e uma lástima para o país.

(...)

Ao falar em crise entre os Poderes, discute-se o papel das Forças Armadas como o Poder Moderador. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

O Poder Moderador não existe de direito, mas de fato. Ele entra em ação em situações de anomia e convulsão social. Sua função é restaurar os Poderes, e não assumir um deles. Não vejo esse mecanismo sendo usado pelas Forças Armadas com a finalidade de tomar o comando. Se acontecer uma ruptura institucional e houver perda de autoridade de modo a provocar uma instabilidade social, aí, sim, os militares intervêm. No entanto, agirão para restabelecer o Poder, e não para ocupá-lo. De 1964 até agora, uma das medidas tomadas pelas próprias Forças Armadas foi afastar a política dos quartéis. Os militares fortaleceram o regime democrático. Isso tem de continuar assim.

(...)
Como a invasão da Ucrânia pela Rússia pode impactar a ordem global?

Vamos ter um mundo multipolar: de um lado, a Otan, liderada pelos Estados Unidos; do outro, a aliança russo-chinesa e seus satélites. Uma terceira força é a elite globalista, composta de multibilionários que procuram influenciar os Estados a seu bel-prazer, como o empresário e filantropo George Soros. Há alguns cenários nesse tabuleiro de xadrez.     A parceria entre o secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, e o presidente Vladimir Putin pode se abalar, caso o domínio da Sibéria (no leste da Rússia) seja reivindicado por um dos países. A outra possibilidade é a China e a Rússia continuarem avançando por sobre os países de modo a enfraquecer cada vez mais a Otan. Os EUA estão mais fragilizados sob Biden. A retirada norte-americana do Afeganistão foi humilhante. Em termos de autoridade global, os EUA ficaram mal na fita.

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Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste