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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Prefiro que se vote em nome de Deus, da família e do papagaio à farsa do voto “em nome dos programas sociais”



E a razão é simples: quem se opôs ao impeachment alegando a defesa de benefícios sociais está ancorado numa mentira — eles acabariam com Temer — e numa fraude moral: sua existência justifica o crime

O que é a esquerda brasileira? Um cargo na mão e muitas ideias de jerico na cabeça. A Câmara dos Deputados aplicou neste domingo uma surra histórica em Luiz Inácio Lula da Silva: por 367 votos a 137, autorizou o Senado a abrir o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Ah, sim: ela também apanhou. Afinal, será a impichada.

Mas vamos ser claros: esta senhora é mera personagem incidental de uma farsa. Está lá como instrumento de uma máquina de gerar mistificações e renda para o partido e seus apaniguados. Não que ela desconheça o nome do que pratica. Não cometeu um, insisto, mas ao menos sete crimes de responsabilidade, devidamente caracterizados no Artigo 85 da Constituição. Sigamos.

O Congresso é o que é. Nem todos têm, e não pretendo advertir que isto é uma ironia, a envergadura teórica de uma Jandira Feghali (PCdoB-RJ); a honestidade intelectual de uma Maria do Rosário (PT-RS); a biografia recheada de muitos valores de um José Guimarães (PT-CE); a fineza argumentativa e certeira de um Jean Wyllys (PSOL-RJ); a capacidade de antever o futuro de um Chico Alencar (PSOL-RJ)… Nem todos podem arrostar com esses gigantes da moralidade, da ética, da coerência e do amor ao povo, não é mesmo?

Chegam-me textos os mais diversos, todos com aquela marca à esquerda, ironizando os parlamentares que votaram em favor do impeachment “em nome dos meus filhos, da minha mulher, do meu marido, de Deus etc.”. Mais um pouco, metiam o papagaio no meio.

A deputada Raquel Muniz (PSD-MG), por exemplo, disse “sim” ao impeachment de Dilma também em homenagem à administração do marido, Ruy Muniz (PSB-MG), que é prefeito de Montes Claros. O homem foi preso hoje pela Polícia Federal, na Operação “Máscaras da Sanidade II: Sabotadores da Saúde”. A PF tem se esmerado na poesia.

Vamos lá, admito: o Parlamento, ultimamente, não é o melhor lugar para evocar o nome da mãe ou dos filhos. Melhor deixá-los longe dali, muito especialmente daquela ala que frequenta à socapa o quarto de hotel onde Lula, o Fanfarrão decadente, despacha. Mas volto ao ponto.

Os esquerdistas acham que esse negócio de evocar a família ou Deus é um sinal indisfarçável de reacionarismo. Seria um sinal, na pena desses intelectuais de meia-tigela, de que o processo político está dando uma perigosíssima guinada à direitaBando de mistificadores e trapaceiros!

Começo por aí. Segundo o Datafolha, a Avenida Paulista reuniu neste domingo 250 mil pessoas — mais uma vez, uma das maiores manifestações da história no local. Em contraste, as esquerdas juntaram no Anhangabaú pouco mais de 40 mil.

A diferença de número é especialmente relevante porque os que se vestiam de verde e amarelo são cidadãos comuns, que não pertencem a partidos, sindicatos, ONGs, movimentos sociais. Não são, em suma, profissionais da causa. Os governistas, como é sabido, são funcionários não apenas de uma ideia, mas também da tal “máquina”. Adiante.

Já disse que prefiro que a família e Deus não se misturem com a política — a não ser na reafirmação de valores: aí, cada um na sua. São domínios distintos e prefiro conservar essa distinção. Mas há que reconhecer uma coisa: quando alguém evoca tais elementos, está atendendo a um chamamento que vem de fora, que vem da comunidade, que vem da rua, que vem, sim, do próprio círculo familiar.

Se o sujeito se vê compelido a fazer tal apelo, é porque há uma realidade que grita à sua volta: “impeachment!”; “fora Dilma!”; “com ela, não dá!”. Assim, ao fazer aquele preâmbulo, o parlamentar não deixa de estar prestando contas à comunidade: “Olhem aqui, quero deixar claro que votei contra Dilma!”.

É de honestidade que vamos tratar aqui? Vocês prestaram atenção às justificativas de voto das esquerdas e de alguns gatos-pingados que, vamos dizer assim, cederam aos apelos que Lula fez em quarto de hotel? Estavam lá para votar “pelo Bolsa Família”, “pelo ProUni”, “pelos milhões que saíram da pobreza” e farsas afins. [quando a esquerda faz menção aos ‘milhões que saíram da pobreza, não se refere a pessoas;
Se refere a dinheiro, reais, dólares que foram tirados aos milhões dos recursos destinados a redução da pobreza.] 

Estavam lá, em suma, para referendar a farsa de que um possível governo Michel Temer tem como eixo principal, como objetivo, como desiderato mesmo, extinguir ou reduzir o alcance dos programas sociais. Em seu pronunciamento nas redes sociais — aquele que não foi ao ar para evitar o panelaço —, Dilma insistiu nisso que Michel Temer chamou de “mentira rasteira”. Reeditava, assim, a campanha eleitoral de 2014.

Assim, por mais que eu recomende que os parlamentares mantenham Deus e a família a uma prudente distância de um simples voto, é evidente que evocá-los é muito mais honesto e menos trapaceiro do que votar contra o impeachment tendo como alegação uma mentira. O Brasil terá de passar por ajustes. Num eventual governo Michel Temer, eles serão feitos, e se poderá evitar o abismo. Se Dilma sobreviver, teremos apenas mais do mesmo e o caos como corolário inevitável. Sendo assim, os que foram lá dar seu voto em nome da manutenção dos programas sociais mentem sobre o presente e sobre o futuro.

E, obviamente, trata-se de uma hipocrisia asquerosa: a esquerda busca, mais uma vez, um motivo nobre para justificar o crime, como fez mundo e história afora. E, no caso brasileiro, com um pouco de cor local, justifica também a mamata.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
 

A última trincheira chavista



Para manter o sequestro, vale atirar no vice. É a bala de prata. Por que Temer é melhor que Dilma?
O Supremo Tribunal Federal partiu para o vale-tudo. A partir de agora, se o Brasil ficar em casa, vai ter golpe.

A democracia brasileira foi sequestrada há 13 anos e ficou refém de uma chantagem emocional. Qualquer abuso de poder, qualquer transgressão, qualquer crime passaram a ser indultados em tempo real por uma crença miserável: a de que o país havia chegado ao paraíso da justiça social após cinco séculos de opressão, e que não se podia tocar em Lula e no PT – sob o risco de o encanto se quebrar. Foi assim que floresceram o mensalão e o petrolão, numa boa.

Já no terceiro ano do sequestro, o homem-bomba Roberto Jefferson mostrou ao país o que os iluminados da justiça social estavam fazendo no escurinho. Aí o Brasil tomou uma providência drástica: mandou continuar o roubo. O próprio Lula ficou surpreso ao constatar que, apesar da revelação obscena do valerioduto, seus súditos caminharam alegremente para as urnas e sancionaram o esquema, dando-lhe a reeleição. Lula é inteligente, e entendeu o recado: agora eu posso tudo.

E fez de tudo. A Lava Jato veio mostrar o que parecia impensável: naquele momento em que Lula aparecia, contrito e cabisbaixo, pedindo desculpas à nação pelo mensalão, a turma do petrolão levava ao gabinete dele a negociata de Pasadena. Em plena chaga aberta do esquema de Marcos Valério, Dirceu, Delúbio e companhia, o governo do PT montava tranquilamente a compra de uma refinaria enferrujada que irrigaria de propinas a eleição de 2006. Definitivamente, inibição não é o problema desse pessoal.

Seguiu-se uma década de trampolinagens, que arrebentaram a maior empresa nacional e levaram o país à recessão profunda, mas o sequestro da democracia perdurou – o suficiente para garantir o quarto mandato consecutivo dos sequestradores. Quando Dilma foi reeleita no meio da orgia, toda lambuzada de petrolão, os meteorologistas da política decretaram: acabou a Lava Jato. As urnas calaram Sergio Moro.

Só que não. Como tem sido repetido neste espaço: Sergio Moro só é parável à bala. E foi assim que o país chegou à beira do impeachment, apesar de sua opinião pública frouxa, de sua oposição débil e da chantagem emocional do filho do Brasil – que não sabia de nada e não tinha nada, só um par de pedalinhos personalizados. Até no Congresso Nacional, que também esteve sequestrado todo esse tempo pelo exuberante caixa do Partido dos Trabalhadores, o vento virou. E onde foi que o vento não virou?

No Supremo Tribunal Federal.
A Corte máxima do país é a última cidadela dos malandros, o bastião final do parasitismo erudito, a derradeira trincheira do chavismo companheiro. Foi esse poder aparelhado que impediu até agora a abertura de investigação contra a arquissuspeita Dilma Rousseff, madrinha de Erenice, de Pasadena, de Mercadante, de Delcídio, das pedaladas, de Cerveró, de Edinho, das manobras obstrutivas à Lava Jato. A presidente que mandou o Bessias com um termo de posse ministerial para esconder o ex-presidente da polícia.

Em triangulações mágicas entre o procurador-geral, o ministro da Justiça e o ministro relator do petrolão no STF, essa presidente atolada num pântano de indícios e evidências se manteve olímpica: “Não há elementos para se investigar Dilma”.

No momento em que, apesar de todo esse eficiente circo mambembe, o impeachment amadurece, surge a bala de prata do supremo golpismo: pedir o impeachment de Michel Temer. Do mesmo jeitinho com que o STF blindou a companheira presidenta e alterou o rito do impeachment dela: metendo o pé na porta do Congresso Nacional. Se não é Teori, é Barroso, se não é Barroso, é Lewandowski o presidente certo na hora certa –, se Toffoli recua, surge Marco Aurélio (elemento surpresa). Dois anos de literatura da Lava Jato estampam, de forma cristalina, que o esquema é Lula, a preposta é Dilma e o arcabouço é o PT. Mas, para manter o sequestro, vale atirar no vice-presidente. É a bala de prata.

Aí o país abobado se pergunta por que Temer é melhor que Dilma. Deve ser por isso que Lula, na porta da cadeia, continua acreditando que repetirá o milagre do mensalão e sairá de novo nos braços do povo. Se o povo não falar grosso agora com os embusteiros do STF, demonstrará que merece Lula. Para sempre.

Fonte: Guilherme Fiuza