Informações econômicas relevantes serão consideradas na reunião do Copom
O
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, classificou como “significativas” as mudanças das
previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em
relação à economia brasileira. O organismo
internacional revisou a projeção de retração
econômica de 1% para 3,5% neste ano. Para o
ano que vem, a
expectativa passou de crescimento de 2,3% para estagnação da economia. O FMI atribui a fatores não econômicos as razões
para a rápida e pronunciada deterioração das estimativas.
Após essa
forte mudança de cenário por causa da crise política e de confiança no governo,
Tombini divulgou uma nota à imprensa. Não é usual que um presidente do BC
publique um comunicado para comentar as previsões do FMI. “O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avalia como
significativas as revisões das projeções de crescimento para o Brasil em 2016 e
2017, realizadas pelo Fundo Monetário Internacional, e divulgadas hoje na
atualização do relatório ‘World Economic Outlook’”, diz o comunicado.
Na
curtíssima nota, Tombini ainda ressalta que
“todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do
Comitê de Política Monetária (Copom) são consideradas nas decisões do
colegiado”. O encontro da cúpula do BC começou nesta terça-feira. Amanhã, a diretoria divulgará a decisão em relação
à taxa básica de juros (Selic).
A
aposta dos analistas é que haja aumento dos juros que estão em 14,25% ao ano
porque as previsões para a inflação de 2016 já estão em 7%. A promessa do BC é deixar o
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro do teto da meta, que é 6,5%. No ano que vem, o objetivo é atingir o centro da meta
de 4,5%.
JUROS
FUTUROS CAEM
Após a
nota de Tombini, as taxas dos contratos de juros
futuros curtos recuavam com força e passavam a mostrar chances majoritárias de elevação de 0,25 ponto percentual na Selic
nesta semana. O
inesperado comentário reforçou o sentimento de que o Copom pode até deixar o
juro básico como está. — É no mínimo
estranho o BC soltar um comunicado como esse no primeiro dia da reunião do
Copom. Ainda acredito que a chance maior
é de subir os juros, mas não ficaria surpreso se vier manutenção — disse o
chefe da mesa de juros da corretora Icap, Arlindo Sá.
Segundo
cálculos da Reuters, os DIs, que até a véspera apontavam chances majoritárias
de elevação de 0,50 ponto percentual na Selic, passaram a mostrar aumento de
apenas 0,25 ponto, a 14,5%. — A
leitura é de que ou o BC mantém os juros, ou sobe pouco e culpa a fraqueza da
atividade — disse o operador da corretora Renascença Thiago Castellan
Castro.
O comunicado vem em um
momento de inflação de dois dígitos, apesar da profunda recessão econômica no
Brasil. Alguns
economistas vêm levantando dúvidas sobre a eficácia de aumentos de juros nessa
conjuntura, mas a maioria ainda vinha apostando em aumento de 0,50 pontos
percentual na Selic nesta semana, segundo a pesquisa Focus do BC e levantamento
da Reuters, entre outras razões devido às fortes sinalizações nesse sentido
dadas pelo próprio BC.
Na última
reunião do Copom, dois dos oito integrantes do
colegiado votaram por um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa.
A queda do dólar sobre
o real também contribuía para o recuo dos DIs, após dados fracos sobre o crescimento da China
alimentarem expectativas de estímulos na segunda maior economia do mundo. A recuperação dos preços do petróleo também
sustentava o apetite por risco nos mercados globais.
Fonte: O Globo