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quinta-feira, 2 de março de 2023

Um livro de 2015 que poderia ser escrito amanhã.

Meu livro “A tomada do Brasil pelos maus brasileiros” foi publicado em 2015 e permanece atual em sua essência porque o Brasil tem, na instabilidade, talvez o mais estável atributo nacional. Estamos sempre roendo os mesmos ossos do ofício de ser brasileiros.

O livro estava esgotado há alguns anos. Recentemente, porém, o CEDET (cedet.com.br) decidiu reimprimi-lo e distribuí-lo através de sua vasta rede de bibliotecas e livrarias virtuais.

Folheando a obra nesta manhã de 01/03, passados mais de sete anos de sua edição original, percebi nela uma característica inédita, que ganha relevo sob a luz do tempo. O prefácio é do Olavo de Carvalho e a apresentação, do Rodrigo Constantino. À época, meus dois talentosos amigos estavam “de mal”, mas se encontraram na leitura e nas generosas reflexões que fizeram sobre o que leram.

Olavo diz: “Esta obra é fundamental porque estabiliza cinco anos de escritos de um dos pensadores mais originais e tenazes da cambaleante democracia brasileira. (...) nada escapa a Percival Puggina. Sorte nossa. Azar dos maus brasileiros”.

Constantino escreve: “Este livro é um chamado à reflexão e também à ação daqueles que desejam viver num mundo decente. Com isso, Puggina cumpre com maestria seu dever de cristão e o resultado é um deleite para todos aqueles que ainda não foram tragados pela imoralidade dos tempos modernos”.

Entre a publicação e a republicação, a titularidade do poder político trocou de mãos. Saiu o petismo, entrou Bolsonaro, passamos a conviver com as agruras causadas pelo messianismo do STF e a consequente volta do PT ao poder. E esse livro, fora minúcias, poderia ser escrito amanhã.

Autor: Percival Puggina

*        Disponível nas distribuidoras de CEDET ou buscado no Google.



quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A EMPERRADA INDICAÇÃO DE ANDRÉ MENDONÇA - Percival Puggina

Completou 90 dias, ontem, a indicação de André Mendonça para ocupar a cadeira vaga no STF. Cabe ao presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre, marcar data para que o candidato seja ouvido, em “sabatina”, pelos membros da Comissão.

Nunca houve algo assim, ao menos no meu horizonte de memória. Todas as indicações, inclusive as mais despropositadas pela inadequação e despreparo da pessoa à função, foram aprovadas após breves passeios dos indicados pelos gabinetes da Casa. As sabatinas eram indulgentes, os pré-requisitos desconsiderados e o notório saber substituído por notoriedades bem menos úteis à nação.

Assim, Lula e Dilma empacotaram uma dúzia de companheiros para o Supremo. Dos oito designados por Lula, cinco já se aposentaram. Dentre os cinco apontados por Dilma houve uma defecção por morte. Dos atuais, portanto, sete passaram pelo crivo ideológico de José Dirceu. Com essa orquestra, por si majoritária, afina-se, de uns tempos para cá, Gilmar Mendes (indicado por FHC) e com ela se perfilou, caneta em riste, Alexandre de Moraes (indicado por Michel Temer). É um autêntico rolo compressor que não se constrange com os malabarismos jurídicos e estripulias repressivas em curso na Casa.

Por outro lado, quem conhece o Congresso Nacional sabe que quando algo não tramita porque surgem “dificuldades”, “facilidades” estão à venda e a demora eleva o preço. Infelizmente, devemos ter ciência e consciência de ser assim que funciona o parlamento brasileiro. Não, leitor, não creia que os obstáculos enfrentados pelo indicado André Mendonça tenham algo a ver com más credenciais. É diante as boas que eles se levantam.

Pesa contra ele uma posição religiosa, a adesão a certos valores que vêm sendo combatidos dentro do STF, alguns dos quais fazem parte da preocupante “agenda internacional do Supremo”. 
Pesa contra ele ser indicado pelo presidente Bolsonaro, algo que, para muitos senadores de critérios rasos, é considerado vício de origem. Outros, sempre receosos do STF, veem a aprovação como algo que possa causar desagrado ao tal rolo compressor. [uma outra, pequena, insignificante pela pequenez que demonstra, não pode ser olvidada - o nome do senador que preside a CCJ tem se tornado presença constante na mídia - situação que não ocorria antes do travamento da indicação de André Mendonça.]

***

Há um laicismo militante segundo o qual a moral não pode influenciar o Direito e esse laicismo está bem sentado dentro do Supremo e do Congresso. Segundo ele, a única convicção que pode influenciar o Direito é a laicista, diagnóstico que não consigo fazer sem achar muito engraçado.

Desde meu modesto posto de observação, é exatamente essa concepção que permite aos poderes de Estado agir de um modo que põe a moral para fora pela mesma porta pela qual entram, soberanos, os interesses particulares, políticos e partidários de qualquer ordem. O desprezo a princípios e valores dos candidatos enche os plenários de indivíduos que os mesmos eleitores, se os conhecessem bem, não convidariam para jantar em casa.

Para mim, a resistência à indicação de André Mendonça se converteu em sua mais insigne credencial.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.