O Globo
A FARSA
DO VOTO IMPRESSO
O
bolsonarismo serviu um aperitivo do plano para tumultuar a eleição de 2022. A
tropa do governo tentou mudar a Constituição e torrar R$ 2 bilhões para
ressuscitar o voto impresso. Ao constatar que seria derrotada, rasgou o
regimento da Câmara e melou a votação. A emenda
do voto impresso é examinada por uma comissão especial. O presidente e o
relator da proposta são bolsonaristas de carteirinha. Os dois se elegeram com
apoio de movimentos de ultradireita do Paraná. São investigados por ataques à
democracia e disseminação de fake news.
[o mais assustador é que o ilustre colunista sabe que não está apresentando um fato e sim uma narrativa. Assustador por mostrar que a mídia militante não tem o menor escrúpulo em manipular as ocorrências desde que gere uma narrativa contra o governo do capitão.
O ilustrado repórter, profundo conhecedor dos meandros da política brasileira, sabe que o voto impresso não deturpa o sistema eleitoral brasileiro, apenas fornece meios para eventuais fraudes serem detectadas. Nada mais. O sigilo do voto vai continuar - o que chamam de voto e que é apenas o registro do que o eleitor votar fica disponível para o eleitor por alguns segundos e depois se mistura a outros votos impressos em um recipiente lacrado, inviolável.
As urnas eletrônicas permanecerão, são de primeira geração, alguns países já usam urnas de terceira geração, e sendo acoplada uma impressora a urna o VOTO IMPRESSO estará criado - será aprovado antes de outubro próximo para vigorar nas eleições de 2002 - que trará várias melhorias para o Brasil, a começar pela reeleição do capitão.
O colunista sabe disso e sabe que todos sabem que ele sabe que não é o que ele escreveu, mas, mesmo assim, faz sua narrativa. Por falar em narrativa, é a forma educada que encontramos para chamar o que é apresentado ao leitor após a manipulação da notícia.]
Até
meados de junho, o governo controlava 23 das 34 cadeiras da comissão. O cenário
começou a mudar quando Jair Bolsonaro radicalizou as ameaças de golpe e a
cúpula das Forças Armadas atacou a CPI da Covid. Assustados
com a escalada autoritária, dirigentes de 11 partidos montaram um cordão
sanitário em defesa do sistema eleitoral. O movimento acabou com o domínio
bolsonarista na comissão. A emenda do voto impresso seria derrotada na sexta,
mas os governistas viraram a mesa.
Com o
adiamento, a votação ficou para agosto. O governo tentará usar o tempo extra
para pressionar deputados e estimular novas manifestações golpistas. A cruzada
contra o sistema eleitoral não deve se esgotar com a provável rejeição da
emenda. Bolsonaro continuará a repetir que só perde se as urnas forem
fraudadas. O capitão sabe que não precisa de maioria para promover uma baderna
em 2022. Basta contar com uma minoria radicalizada e armada. Se possível, com a
cumplicidade de generais.
Novilíngua bolsonarista O capitão não está sozinho nas agressões ao idioma. Seus aliados também gostam de torturar palavras par
a torcer seu significado. Alguns exemplos em voga na
capital:
Narrativa. Novo sinônimo de mentira. “Mais
uma narrativa!”, resmunga o senador Flávio Bolsonaro a cada denúncia contra o
governo do pai. [NARRATIVA: é a forma educada que encontramos para chamar o que é apresentado ao leitor após a manipulação da notícia.]
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Voto
auditável. Voto
impresso, instrumento de fraudes eleitorais desde os tempos do Império. O voto
eletrônico é mais seguro e já passa por dez etapas de auditoria. [VOTO IMPRESSO: o voto impresso não deturpa,não modifica o sistema eleitoral brasileiro, apenas fornece meios para eventuais fraudes serem detectadas. Nada
mais.
O sigilo do voto vai continuar - o que chamam de voto e que é
apenas o registro do que o eleitor votar fica disponível para o eleitor
por alguns segundos e depois se mistura a outros votos impressos em um
recipiente lacrado, inviolável.
As
urnas eletrônicas permanecerão, são de primeira geração, alguns
países já usam urnas de terceira geração, as nossas permanecerão as atuais, apenas será acoplada uma impressora a urna e o VOTO IMPRESSO estará criado - será aprovado
antes de outubro próximo para vigorar nas eleições de 2002 - que trará
várias melhorias para o Brasil, a começar pela reeleição do capitão.
Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo