Gustavo Schmitt
Inicialmente, havia uma consenso entre líderes de que os riscos da Covid-19 e a eventual violência dos atos poderia ajudar a fortalecer o discurso de Bolsonaro
O apoio do PT e de membros do PSOL às próximas manifestações
em defesa da democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro aprofundou
a divisão nos partidos de esquerda. Legendas como PSB, PDT, Rede, PCdoB
e Cidadania aconselharam as pessoas a não irem para as ruas por causa
da pandemia. Inicialmente, havia consenso entre líderes dos partidos de esquerda
sobre os riscos da Covid-19 e também de que a eventual violência dos
atos poderia ajudar a fortalecer o discurso de Bolsonaro sobre o uso
inclusive das Forças Armadas na repressão a atos futuros. [a maldita esquerda e o amaldiçoado perda total não se sustentam como oposição ao governo Bolsonaro;
aliás, existe tentativas de fazer oposição ao presidente da República - tentativas realizadas por grupos majoritariamente formado por inimigos do presidente = inimigos do Brasil = inimigos da liberdade e dos valores morais e patrióticos.
Não conseguirão prosperar - os brasileiros de bem já decretaram a morte política de tais grupos.]
O senador Jaques Wagner (PT-BA), vice líder no Senado, chegou a assinar
uma nota conjunta com outras siglas que não recomendavam a participação
nos atos. O PT, no entanto, divulgou uma nota posterior apoiando as
manifestações. O partido disse que Wagner não tinha conhecimento da
posição. Parlamentares afirmam que a legenda acabou cedendo à pressão de
movimentos sociais. O PT diz que não irá convocar pessoas e nem
participar formalmente, mas defende a legalidade dos atos e apenas
recomenda cuidados como a utilização de máscaras.
O presidente do PSB nacional, Carlos Siqueira, criticou a postura do PT: — É uma posição que me parece equivocada. Nesse momento temos que ter responsabilidade com a vida das pessoas — afirmou. Na tarde de ontem, o PSB divulgou nota com o alerta de que “não é hora de tomar as ruas” em razão da disseminação da Covid-19. O presidente do PDT, Carlos Lupi, foi no mesmo tom. — O PT tem suas posições. Mas a gente fica incoerente se incentiva as
manifestações ao mesmo tempo que cobra do Bolsonaro o respeito ao
isolamento social.
Uma das vozes mais contundentes na oposição a Bolsonaro, o governador
Flávio Dino (PCdoB-MA) também se disse contrário à presença em atos de
rua. — A nossa posição é de resistência democrática em relação ao governo,
mas sabemos que agora não é o momento adequado de ir para a rua — disse
Dino.
No PSOL, o ex-candidato à presidência Guilherme Boulos, que lidera o
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), anunciou participação nos
próximos atos na cidade de São Paulo. Boulos esteve inclusive na reunião
convocada ontem pela Polícia Militar com o objetivo de separar as
manifestações contra e a favor do presidente, inicialmente marcadas para
o mesmo dia. Durante a semana, o governador João Doria havia proibido a
realização de atos de espectros ideológicos diferentes em local e
horário idênticos, a fim de evitar confrontos. Até a noite, não havia
uma definição para o impasse.
À parte da política institucional, uma série de manifestos surgiu na
internet nos últimos dias em defesa da democracia. Pelo menos três deles
— o Basta!, formado por juristas, o Estamos Juntos e o Somos 70% —
também se opuseram à participação nos atos. — Respeitamos aqueles que vão às ruas, mas somos a favor do isolamento
social e obedecemos a ciência — diz Sergio Renault, um dos
representantes do Basta!. Há ainda um outro movimento formado por intelectuais, alguns deles da
USP, que tem divulgado um texto com um aviso para uma manifestação na
semana que vem. O grupo não tem lideranças, prefere o anonimato e diz
que foi criado para ajudar na organização de atos em defesa da
democracia.