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domingo, 27 de maio de 2018

‘Greve de caminhoneiros’. Onde?


O que houve foi uma doce parceria com os empresários do setor de transporte de cargas rodoviárias

De uma hora para outra, houve uma greve de caminhoneiros e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, tornou-se o responsável por dias de caos. Duas falsidades.

O que houve não foi uma greve de caminhoneiros, mas uma doce parceria com os empresários do setor de transporte de cargas rodoviárias. Diante dele, o governo capitulou. A repórter Míriam Leitão mostrou que só 30% dos caminhões pertencem a motoristas autônomos. Na outra ponta estão pequenas empresas subcontratadas e grandes transportadoras. Uma “greve de caminhoneiros” pressupõe greve de motoristas de caminhão. Isso nada tem a ver com estradas obstruídas.


Pedro Parente não provocou o caos. Desde sua posse na presidência da Petrobras, ele descontaminou-a do caos que recebeu. Na base dessa façanha esteve uma nova política de preços, acoplada ao valor do barril no mercado internacional. É assim que as coisas funcionam em muitos países do mundo. Se o preço do diesel salgou a operação do setor de transporte de cargas, o problema é dele, não de uma população que foi afetada pelo desabastecimento e agora pagará a conta. Os empresários sabiam muito bem o tamanho da confusão que provocariam.


O sujeito oculto da produção do caos foi o governo de Michel Temer. No seu modelito Davos, orgulhou-se da política racional de preços dos combustíveis. Já no modelito MDB-DEM-PP-PR-PPS, fez de conta que ela não teria custo político. Deveria ter provisionado um colchão financeiro para subsidiar a Petrobras, mas essa ideia era repelida pelos sábios da ekipekonômica. Diante do caos, descobriram que o colchão era necessário.


O governo tolerou a bagunça e associou-se ao atraso. A primeira reação de Temer deveria ter sido a responsabilização dos empresários, desmistificando a ideia de “greve dos caminhoneiros”. Bloqueou estrada? Reboco o caminhão, caso ele não pertença ao motorista. Queimou o talonário do policial que multou o veículo? Prendo-o. Só mudou o tom e exerceu a autoridade na sexta-feira, usando a força federal para desobstruir estradas.  [o Brasil dos que trabalham espera que o presidente Temer tenha aprendido com o locaute dos transportes que o combate a qualquer movimento paredista o governo  tem que começar jogando duro; 
primeiro passo só começar a negociar depois que os 'trabalhadores' voltarem ao trabalho; 
ter em conta que começar fazendo concessões sempre vai significar covardia e fortalecer os grevistas;
ainda nesta semana o governo vai ser testado se aprendeu a lição ou precisa repetir: os trabalhadores da Petrobras pretendem parar por três dias e além das exigências que podem até justificar uma greve - tipo manutenção do emprego, melhoria de salário - também exigem a demissão do presidente do Pedro Parente, retirada dos militares das instalações da Petrobras e outras exigências que não cuidam de assuntos que sejam de interesse  de empregados - pelo menos dos trabalhadores, dos sabotadores talvez seja; 
provavelmente, incluirão no pacote de exigências que o governo pague (  =   os contribuintes = nós) a parte que terão que pagar  para salvar o Petros - assaltado pelo PT e que tem um déficit de alguns bilhões - parte a ser coberta pelo governo e parte pelos empregados,  e estes não aceitam pagar a parte deles..... se tiverem êxito fica fácil imaginar quem vai pagar.]

Desde o primeiro momento tratou-se do caso com o gogó, deixando que o problema deslizasse para a Petrobras e seu presidente. Conseguiram piorar a discussão, beneficiando grupos de pressão, com o dinheiro dos outros.


A lição de Pedro Parente para os sábios

Na entrevista teatral e inútil que os ministros deram na quinta-feira, o doutor Carlos Marun defendeu a capitulação do governo diante da suposta greve dos caminhoneiros, referindo-se ao que denominou de “realidade brasileira”. Teve toda razão, mas essa realidade está aí há 518 anos. Em 2013, o prefeito Fernando Haddad aumentou as tarifas de ônibus e foi para um evento em Paris com o governador Geraldo Alckmin. Numa esticada noturna, cantaram “Trem das Onze”. Deu no que deu. O economista Edmar Bacha, conselheiro econômico do candidato Alckmin, cunhou a expressão Belíndia. Hoje se vê que os economistas belgas precisam aprender a viver com a realidade da Índia.


A política de preços da Petrobras estava certa. O que faltou foi combinar com os russos, com o setor de transporte de cargas rodoviárias, com as empresas e, finalmente, com os motoristas de caminhão. Faltou sobretudo acautelar-se. Perplexos, os belgas acordaram na Índia.


Pedro Parente foi satanizado até mesmo pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que o acusou de “arrogância” e pediu sua demissão. O senador Eunício de Oliveira (MDB-CE) seguiu na mesma linha, e o candidato a presidente Henrique Meirelles, corifeu do liberalismo de Temer, foi gloriosamente evasivo. Pedro Parente fez o que devia como presidente da Petrobras. Quem desafiou a “realidade brasileira" foram Temer, sua ekipekonômica e a claque belga que os aplaudia.

(...)

Bolsa Fiemg


A Federação das Indústrias do Rio diz que o fim da política fracassada de desonerações tributárias ameaçará 400 mil empregos.

Faltou-lhe sorte. No mesmo dia, a Federação das Indústrias de Minas Gerais anunciava que desempregou Eduardo Azeredo, seu consultor para assuntos internacionais, com um salário de R$ 25 mil mensais. Como se sabe, o ex-governador está na cadeia. A mesma FIEMG pagou R$ 2 milhões pelos serviços de consultoria do doutor Fernando Pimentel depois que ele deixou a prefeitura de Belo Horizonte, antes que assumisse o governo do estado.