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domingo, 1 de abril de 2018

Dez anos após CPI, milicianos reocupam e aterrorizam o Rio de Janeiro



Passados dez anos da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro --que indiciou mais de 200 pessoas--, esses grupos paramilitares ampliaram seu protagonismo no Estado. A investigação parlamentar apontou envolvimento de policiais, agentes penitenciários e bombeiros, além de políticos que os protegiam, e resultou na prisão de alguns dos seus principais chefes. A atividade criminosa, porém, continuou. 

Símbolo do Batman demarca território da milícia na zona oeste do Rio de Janeiro... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/04/01/apos-cpi-milicianos-reocupam-o-rio.htm?cmpid=copiaecola


Símbolo do Batman demarca território da milícia na zona oeste do Rio de Janeiro


Agora, esses grupos exibem publicamente a sua força, apesar de o tráfico de drogas dominar as atenções em razão dos constantes tiroteios.  Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI e até hoje circula com seguranças armados por causa das frequentes ameaças, as milícias já dominam território maior que o de traficantes. Dez anos depois da comissão, afirma ele, o desafio é monitorar os milicianos que foram presos e estão saindo. 

“A CPI citou mais de mil nomes, e todo o primeiro e o segundo escalões das milícias foi preso. Agora as pessoas estão saindo - e têm de sair mesmo, ninguém está propondo pena perpétua. Mas evidentemente elas precisam ser monitoradas. ”

Há uma semana, milicianos mataram cinco jovens de 16 a 19 anos, com tiros na cabeça, em Maricá, na região metropolitana. Os assassinos gritaram "aqui é milícia, vamos voltar" e fugiram.



Homens fortemente armados foram flagrados pela TV na comunidade Bateau Mouche após tiroteio
Homens fortemente armados foram flagrados pela TV na comunidade Bateau Mouche após tiroteio... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/04/01/apos-cpi-milicianos-reocupam-o-rio.htm?cmpid=copiaecola


Trata-se de uma prática comum entre milicianos: aterrorizar a população e, na sequência, cobrar por serviços, como a venda de gás de cozinha em botijões a preços extorsivos, comércio ilegal de sinal de internet e TV a cabo e exploração de agiotagem. Filmada de um helicóptero de TV na manhã seguinte à chacina, a ação de milicianos em Bateau Mouche e Chacrinha foi outra prova da ousadia. Armados com fuzis e pistolas, eles trocaram tiros com traficantes. Nas imagens, há homens com uniformes iguais ao da PM. A corporação investiga se eram policiais ou criminosos comuns com fardas. A execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), no dia 14, na região central do Rio, também pode ter sido ação de milicianos, no estilo das máfias. O fato de ela e o motorista terem sido atingidos, apesar dos vidros escurecidos, denunciou a perícia do atirador, provavelmente profissional. Antes de ser vereadora, Marielle atuou como assessora parlamentar na CPI.

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Inicialmente, as milícias eram vistas como grupos que "limpariam" as comunidades dos traficantes e de criminosos sem precisar se preocupar com o respeito às leis. Quando dominaram as localidades, porém, a conversa mudou.

"Viraram um bando criminoso comum, fazem atrocidades como o tráfico faz, extorquindo como a máfia dos anos 1950 nos Estados Unidos. Agem à luz do dia, uniformizados. Quem não aceita é punido: eles põem fogo no estabelecimento, destroem cargas, matam."

Jorge Luís Furquim, promotor que investiga milícias há 15 anos.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo