Passados dez anos da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio
de Janeiro --que indiciou mais de 200 pessoas--, esses grupos paramilitares
ampliaram seu protagonismo no Estado. A investigação parlamentar apontou
envolvimento de policiais, agentes penitenciários e bombeiros, além de
políticos que os protegiam, e resultou na prisão de alguns dos seus principais
chefes. A atividade criminosa, porém, continuou.
Símbolo do Batman
demarca território da milícia na zona oeste do Rio de Janeiro... - Veja
mais em
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/04/01/apos-cpi-milicianos-reocupam-o-rio.htm?cmpid=copiaecola
Símbolo
do Batman demarca território da milícia na zona oeste do Rio de Janeiro
Agora, esses grupos exibem
publicamente a sua força, apesar de o tráfico de drogas dominar as atenções em
razão dos constantes tiroteios. Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI e
até hoje circula com seguranças armados por causa das frequentes ameaças, as
milícias já dominam território maior que o de traficantes. Dez anos depois da
comissão, afirma ele, o desafio é monitorar os milicianos que foram presos e estão
saindo.
“A CPI
citou mais de mil nomes, e todo o primeiro e o segundo escalões das milícias
foi preso. Agora as pessoas estão saindo - e têm de sair mesmo, ninguém está
propondo pena perpétua. Mas evidentemente elas precisam ser monitoradas. ”
Há uma
semana, milicianos mataram cinco jovens de 16 a 19 anos, com tiros na cabeça,
em Maricá, na região metropolitana. Os assassinos gritaram "aqui é
milícia, vamos voltar" e fugiram.
Homens
fortemente armados foram flagrados pela TV na comunidade Bateau Mouche após
tiroteio
Homens fortemente
armados foram flagrados pela TV na comunidade Bateau Mouche após
tiroteio... - Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/04/01/apos-cpi-milicianos-reocupam-o-rio.htm?cmpid=copiaecola
Trata-se de uma prática comum entre milicianos: aterrorizar a população
e, na sequência, cobrar por serviços, como a venda de gás de cozinha em
botijões a preços extorsivos, comércio ilegal de sinal de internet e TV a cabo
e exploração de agiotagem. Filmada de um helicóptero de TV na manhã seguinte à
chacina, a ação de milicianos em Bateau Mouche e Chacrinha foi outra prova da
ousadia. Armados com fuzis e pistolas, eles trocaram tiros com traficantes. Nas
imagens, há homens com uniformes iguais ao da PM. A corporação investiga se
eram policiais ou criminosos comuns com fardas. A execução da vereadora
Marielle Franco (PSOL), no dia 14, na região central do Rio, também pode ter
sido ação de milicianos, no estilo das máfias. O fato de
ela e o motorista terem sido atingidos, apesar dos vidros escurecidos,
denunciou a perícia do atirador, provavelmente profissional. Antes de ser
vereadora, Marielle atuou como assessora parlamentar na CPI.
(...)
Inicialmente,
as milícias eram vistas como grupos que "limpariam" as comunidades
dos traficantes e de criminosos sem precisar se preocupar com o respeito às
leis. Quando dominaram as localidades, porém, a conversa mudou.
"Viraram um bando criminoso comum, fazem atrocidades como o tráfico faz,
extorquindo como a máfia dos anos 1950 nos Estados Unidos. Agem à luz do dia,
uniformizados. Quem não aceita é punido: eles põem fogo no estabelecimento, destroem
cargas, matam."
Jorge
Luís Furquim, promotor que investiga milícias há 15 anos.
(...)
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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