Hora e vez de Bolsonaro
G-20 e acordo com a UE abrem nova fase, mas presidente tem de acabar com o ‘show de besteiras’
[vale lembrar: Temer foi importante na reativação das negociações, mas, o mérito de resolver as pendências mais dificeis, tanto que ficaram para o final, foi do presidente Bolsonaro e sua equipe. - felizmente as negociações não envolveram .
IMPORTANTÍSSIMO: SEM os filhos, SEM o aiatolá de Virginia e SEM o ministro da Educação.]
Não há exagero nem do governo, nem da agricultura, nem da indústria
quando todos classificam o acordo do Mercosul com a União Europeia como o
mais importante já fechado em toda a história do Brasil e do Mercosul.
Afinal, envolve um mercado de 750 milhões de consumidores e um PIB de
US$ 19 trilhões, com capacidade de alavancar, aos poucos, a retomada do
crescimento econômico e os empregos, abrindo novos tempos para o Brasil. Então, por que demorou tanto, longuíssimos 20 anos? Primeiro, porque as
negociações são setor a setor e em três camadas: com a União Europeia,
que reúne 28 países, com o Mercosul, com quatro sócios desiguais, e com
os vários setores exportadores do próprio Brasil. O interesse dos
produtores de etanol, por exemplo, é diferente do das montadoras de
automóveis.
Mas não foi só isso. Além das dificuldades inerentes a negociações
internacionais de grande porte, houve percalços políticos, com a danada
da ideologia no meio. O processo começou em 1999, no segundo governo
Fernando Henrique, mas perdeu força com Lula e Dilma Rousseff, que
apostaram tudo no mercado interno e nas negociações multilaterais,
relevando as bilaterais ou entre blocos – além de terem empurrado a
Venezuela para o Mercosul, o que afugentou os líderes europeus. [Lula e Dilma = a estúpida dupla petista, que representa a materialização dos sem noção - estavam mais preocupados em colocar a Venezuela no Mercosul e se Dilma não é escarrada, ops... empichada, tentaria colocar também Cuba.]
As trocas de Dilma por Michel Temer e de Cristina Kirchner por Maurício
Macri, na Argentina, imprimiram a guinada liberal no Cone Sul e abriram
espaço para o acordo com a Europa. O Paraguai também aderiu à onda
liberal e o Uruguai manteve-se à esquerda, mas eles contam menos. E,
para alívio de todos e felicidade geral das nações, a Venezuela está
suspensa do Mercosul. Foi com Temer e Macri que o acordo avançou, consolidou-se, ganhou forma.
Assim como Bolsonaro já encontrou o plano de privatizações e concessões
pronto, com o cronograma e a lista de setores e empresas definidos, ele
já tomou posse com o acordo Mercosul-UE bastante amadurecido, na cara
do gol.
Talvez até – e isso só os europeus podem confirmar – só não tenha sido
fechado no ano passado porque a UE achou mais prudente aguardar as
eleições brasileiras e o desempenho do presidente eleito, que, aliás,
não parecia tão simpático ao Mercosul na campanha. Detalhe: o craque das
negociações na gestão Aloysio Nunes Ferreira, embaixador Otávio
Brandelli, é o atual secretário-geral do Itamaraty com o chanceler
Ernesto Araújo. Ele tinha toda a memória das negociações e foi
personagem importante na reta final.
Nas avaliações tanto do governo quanto da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), o Brasil vai aproveitar os ventos favoráveis e o céu é o
limite. A isenção de tarifas e o aumento de cotas não começam amanhã,
às 8 da manhã, elas demoram e têm uma transição que pode chegar a até 15
anos. Mas é, sim, um marco importantíssimo, que pode impulsionar as
exportações brasileiras em US$ 100 bilhões e os investimentos em US$ 113
bilhões. Um alívio, no rastro de recessão e de anos de estagnação. Depois de tantas palavras fora de hora, derrotas no STF e no Congresso,
medidas provisórias e decretos grosseiramente errados e um chocante
“show de besteiras” que mina sua popularidade, Bolsonaro agora tem o que
comemorar, até mais do que as licitações de portos e aeroportos.
Bolsonaro, aliás, sai vitorioso também do G-20. A seu jeito, um tanto
estabanado, ele ganhou elogios de Trump, respondeu à altura a Merkel,
surpreendeu Macron, foi malcriado com Xi Ji Ping com boas razões,
comprometeu-se com o Acordo de Paris e abriu mais a porta da OCDE para o
Brasil. Tomara que aproveite o acordo com a UE e o bom momento para
parar de fazer e falar “besteiras”, controlar os excessos do seu entorno
e passar a governar, ou seja, a focar as prioridades do País.