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domingo, 10 de dezembro de 2017

2018 JÁ-4: Bolsonaro, o rebento da união homopolicialesca de Carlos Fernando e Dallagnol, é a primeira pedra no caminho

Ai, ai…

Acho, como já afirmei, que o segundo turno terá um candidato de esquerda. A questão é saber como um candidato do centro Geraldo Alckmin, por exemplo dá um jeito em Jair Bolsonaro, desbancando-o do segundo lugar (ou do primeiro, a depender do caso). [é sempre bom considerar a possibilidade de não haver segundo turno - Bolsonaro faturar já no primeiro.] Será mais difícil do que muitos imaginam.


Em circunstâncias normais — vale dizer: sem a militância fascistoide de próceres da Lava Jato (há o lado virtuoso da operação, mas é silencioso, discreto) —, um candidato como Bolsonaro deveria ser solenemente ignorado porque se esfarelaria logo adiante. Sim, sempre haverá gente disposta a substituir a economia política pela vontade de legislar sobre o traseiro alheio. Ou que vai enxergar numa exposição de arte, boa ou ruim (tanto faz), o prenúncio do apocalipse; ou que vai entender que o personagem transgênero da novela das 21h está a destruir as bases da civilização ocidental… A quantidade de bobagens que se diz nessa área é estupenda, com todos os clichês de que a ignorância é capaz. E o maior é “civilização judaico-cristã”. A junção só não é completamente parva porque Cristo, afinal, era… judeu! Isso à parte, perguntem o que a expressão queria dizer para a Santa Inquisição… A ignorância é gratuita e muito bem distribuída. Nessa área, não é preciso haver política redistributivista.
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Assim, lugar para os Bolsonaros no espectro político sempre houve. A questão é saber por que ele se tornou certamente maior do que o eleitorado de extrema-direita.

Explica-se.

Bolsonaro é o filho dileto do cruzamento entre Deltan Dallagnol e Carlos Fernando, união homopolicialesca celebrada por Rodrigo Janot, tendo os “repórteres vazativos” como coroinhas — os “investigativos investigam; não ficam tocando flauta de joelhos para procuradores destrambelhados. Personagem tão grotesca só expande seus domínios porque vivemos dias de terra arrasada, de ódio aos políticos e à política. Ora, se ninguém presta, se todos são iguais, se o Congresso não passa de um valhacouto, então existe alguém que, ora vejam!, não faria parte desse arranjo. Quem? Bolsonaro! É bem verdade que o deputado acha tão salubre aquele ambiente que preparou o caminho para toda a filharada. O maior feito do parlamentar até hoje é ter conseguido meter toda a família na política.


Bem, não importa! O fato é que ele se tornou o principal caudatário do discurso de ódio à política. E, sim, esse nicho, no passado, foi bastante explorado por Lula. Não era exatamente contra a política que o Babalorixá de Banânia pregava, mas contra a Dona Zelite. Dava na mesma.  Bolsonaro tem, por óbvio, a simpatia do eleitorado de extrema-direita, mas as pesquisas evidenciam que ele herdou também parcela daquela turma que votava no PT “contra as elites”, que hoje uns tontos chamam de “política tradicional”. Há quem aposte que sua candidatura vai murchar. Tomara! Mas é bom não confundir a personagem com gente como Celso Russomanno. Como este se coloca como um “resolvedor” de coisas, à medida que sua incompetência ou inabilidade se manifestam, ele esmorece. Ninguém vota em Bolsonaro porque gosta de suas soluções. Os que escolhem seu nome gostam mesmo é dos seus insultos. Querem a prova?


Vejam seus vídeos na Internet e o título que lhe dão seus admiradores e sua própria equipe de “agitprop”: ele sempre está destruindo, estraçalhando, esmagando, humilhando… Caso você assista aos filmes, verá que o argumento do deputado é irrelevante ou nem existe. Ele triunfa, segundo seus admiradores, quando ofende o oponente.  No limite, basta que diga a quem o contesta: “Vai pra Cuba”. E a turma urra.  Esse brejo das almas foi revolvido pela Lava Jato na sua sanha em favor da destruição da política. Bolsonaro não é o único monstrinho da relação. Há, por exemplo, o general Mourão. Também este foi gestado no ventre de aberrações da República de Curitiba.


Uma candidatura como a de Alckmin tem a delicada tarefa de expor as falácias da postulação de extrema-direita, que hoje teria o seu lugar no segundo turno, mostrando-se a alternativa eficaz contra os descalabros que poderiam advir de uma nova jornada petista à frente da Presidência. [reiteramos que o Alckmin, quando se candidata à Presidência da República ajuda os adversários e quando não é candidato atrapalha os aliados - basta contar as derrotas que ele já sofreu quando candidato a presidente e a derrota do Serra, resultado mais da ação amiga de apoio do Alckmin que da rejeição a Serra.]  

Blog do Reinaldo Azevedo