Ai, ai…
Acho, como
já afirmei, que o segundo turno terá um candidato de esquerda. A
questão é saber como um candidato do centro — Geraldo Alckmin, por
exemplo — dá um jeito em Jair Bolsonaro, desbancando-o do segundo lugar
(ou do primeiro, a depender do caso). [é sempre bom considerar a possibilidade de não haver segundo turno - Bolsonaro faturar já no primeiro.] Será mais difícil do que muitos
imaginam.
Em
circunstâncias normais — vale dizer: sem a militância fascistoide de
próceres da Lava Jato (há o lado virtuoso da operação, mas é silencioso,
discreto) —, um candidato como Bolsonaro deveria ser solenemente
ignorado porque se esfarelaria logo adiante. Sim, sempre haverá gente
disposta a substituir a economia política pela vontade de legislar sobre
o traseiro alheio. Ou que vai enxergar numa exposição de arte, boa ou
ruim (tanto faz), o prenúncio do apocalipse; ou que vai entender que o
personagem transgênero da novela das 21h está a destruir as bases da
civilização ocidental… A quantidade de bobagens que se diz nessa área é
estupenda, com todos os clichês de que a ignorância é capaz. E o maior é
“civilização judaico-cristã”. A junção só não é completamente parva
porque Cristo, afinal, era… judeu! Isso à parte, perguntem o que a
expressão queria dizer para a Santa Inquisição… A ignorância é gratuita e
muito bem distribuída. Nessa área, não é preciso haver política
redistributivista.
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Assim,
lugar para os Bolsonaros no espectro político sempre houve. A questão é
saber por que ele se tornou certamente maior do que o eleitorado de
extrema-direita.
Explica-se.
Bolsonaro é
o filho dileto do cruzamento entre Deltan Dallagnol e Carlos Fernando,
união homopolicialesca celebrada por Rodrigo Janot, tendo os “repórteres
vazativos” como coroinhas — os “investigativos” investigam; não ficam
tocando flauta de joelhos para procuradores destrambelhados. Personagem
tão grotesca só expande seus domínios porque vivemos dias de terra
arrasada, de ódio aos políticos e à política. Ora, se ninguém presta, se
todos são iguais, se o Congresso não passa de um valhacouto, então
existe alguém que, ora vejam!, não faria parte desse arranjo. Quem?
Bolsonaro! É bem verdade que o deputado acha tão salubre aquele ambiente
que preparou o caminho para toda a filharada. O maior feito do
parlamentar até hoje é ter conseguido meter toda a família na política.
Bem, não
importa! O fato é que ele se tornou o principal caudatário do discurso
de ódio à política. E, sim, esse nicho, no passado, foi bastante
explorado por Lula. Não era exatamente contra a política que o
Babalorixá de Banânia pregava, mas contra a Dona Zelite. Dava na mesma. Bolsonaro
tem, por óbvio, a simpatia do eleitorado de extrema-direita, mas as
pesquisas evidenciam que ele herdou também parcela daquela turma que
votava no PT “contra as elites”, que hoje uns tontos chamam de “política
tradicional”. Há quem aposte que sua candidatura vai murchar. Tomara!
Mas é bom não confundir a personagem com gente como Celso Russomanno.
Como este se coloca como um “resolvedor” de coisas, à medida que sua
incompetência ou inabilidade se manifestam, ele esmorece. Ninguém vota
em Bolsonaro porque gosta de suas soluções. Os que escolhem seu nome
gostam mesmo é dos seus insultos. Querem a prova?
Vejam seus
vídeos na Internet e o título que lhe dão seus admiradores e sua
própria equipe de “agitprop”: ele sempre está destruindo, estraçalhando,
esmagando, humilhando… Caso você assista aos filmes, verá que o
argumento do deputado é irrelevante ou nem existe. Ele triunfa, segundo
seus admiradores, quando ofende o oponente. No limite, basta que diga a
quem o contesta: “Vai pra Cuba”. E a turma urra. Esse brejo
das almas foi revolvido pela Lava Jato na sua sanha em favor da
destruição da política. Bolsonaro não é o único monstrinho da relação.
Há, por exemplo, o general Mourão. Também este foi gestado no ventre de
aberrações da República de Curitiba.
Uma
candidatura como a de Alckmin tem a delicada tarefa de expor as falácias
da postulação de extrema-direita, que hoje teria o seu lugar no segundo
turno, mostrando-se a alternativa eficaz contra os descalabros que
poderiam advir de uma nova jornada petista à frente da Presidência. [reiteramos que o Alckmin, quando se candidata à Presidência da República ajuda os adversários e quando não é candidato atrapalha os aliados - basta contar as derrotas que ele já sofreu quando candidato a presidente e a derrota do Serra, resultado mais da ação amiga de apoio do Alckmin que da rejeição a Serra.]
Blog do Reinaldo Azevedo
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