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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A Ação Grande ou o Roubo do Cofre do Ademar

1. A FORMAÇÃO DA VAR-PALMARES
Em meados de 1969, duas organizações de linha foquista, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e o Comando de Libertação Nacional (COLINA) debatiam-se sufocadas pelo cerco dos órgãos de segurança. Espremidas entre os sucessos dos atos terroristas e dos assaltos a bancos e as amarguras da prisão de dezenas de seus militantes, ambas buscaram, na fusão, um modo de rearticularem-se, formando uma única organização, mais poderosa e de âmbito quase nacional.

 
Assim é que, em junho e em julho, em duas casas do litoral paulista, respectivamente, em Peruíbe e em Mongaguá, os dois comandos nacionais realizaram a denominada Conferência de Fusão, em cujo Informe, datado de 07 de julho, já aparecia o nome da nova organização, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-P), que iria, também, ganhar a adesão de militantes da Dissidência do Partido Comunista Brasileiro de São Paulo (DI/SP).


Foi eleito o seguinte Comando Nacional (CN), três oriundos de cada organização: Carlos Lamarca, Antônio Roberto Espinosa e Cláudio de Souza Ribeiro, da VPR, e Juarez Guimarães de Brito, sua esposa Maria do Carmo Brito e Carlos Franklin Paixão Araújo, do COLINA. Apesar da fusão ter sido concretizada, as discussões da conferência não foram tranquilas, transcorrendo num clima tenso e, por vezes, tumultuado. Os "massistas" oriundos do COLINA, melhor preparados politicamente, criticavam os "militaristas" da VPR, pelo "imediatismo revolucionário" que defendiam. Ao mesmo tempo, entrando com 55 milhões de cruzeiros e um grande arsenal de armas, munições e explosivos, os oriundos da VPR sentiam-se moralmente fortalecidos, em face do nenhum dinheiro e das duas metralhadoras Thompson e quatro pistolas trazidas pelo COLINA.

 
Entretanto, tudo foi esquecido quando Juarez Guimarães de Brito apresentou o seu trunfo, o planejamento da "ação grande", que poderia dar, à nova VAR-P, sua independência financeira.

2. A "AÇÃO GRANDE"

 
Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", era um secundarista da então Guanabara que havia participado das agitações estudantis de 1968 e, através de militantes do diminuto Núcleo Marxista Leninista (NML), havia se ligado ao COLINA. De família rica, morava no bairro de Santa Tereza, próximo à casa de seu tio, o médico Aarão Benchimol, que a havia cedido para ser a residência de sua irmã - tia do "Bicho", Anna Gimel Benchimol Capriglione, tida como sendo a "amante do Adhemar", ex-Governador de São Paulo. Ao ouvir que no cofre do casarão de sua tia, que morava na Rua Bernardino dos Santos, havia milhões de dólares, levou esse dado à organização.


No início de maio de 1969, "Bicho" recebeu de Juarez Guimarães de Brito a incumbência de realizar levantamentos mais acurados, com croquis e tudo, para um futuro assalto.  Descobriu, então, que não havia só um, mas dois cofres, o segundo num escritório em Copacabana. Descobriu, também, que neles deveria haver de 2 a 4 milhões de dólares, além de documentos que poderiam incriminar, por corrupção, o ex-Governador Adhemar de Barros.
Juarez vislumbrou a "ação grande": num assalto simultâneo, arrecadaria recursos financeiros nunca antes conseguidos por uma organização e, com os documentos, poderia desmoralizar um dos articuladores da Revolução de 1964.  


 Necessitando de mais dinheiro para o roubo dos cofres, Juarez decidiu executar o que denominou de "ação retificadora", chefiando, em 11 de julho, o assalto à agência Muda do Banco Aliança, com os seguintes sete militantes da VAR-P: Darcy Rodrigues, Chael Charles Schreier, Adilson Ferreira da Silva, Fernando Borges de Paula Ferreira, Flavio Roberto de Souza, Reinaldo José de Melo e Sonia Eliane Lafoz. O assalto não proporcionou o resultado esperado: além de só terem conseguido 17 milhões de cruzeiros, foram perseguidos pela polícia, quando Darcy Rodrigues assassinou o motorista de táxi Cidelino Palmeira do Nascimento, causando "reflexos políticos negativos" para a nascente organização.

Por outro lado, o assalto ao cofre de Copacabana necessitava um tempo maior de planejamento, o que a "revolução" não poderia conceder. Decidiu, então, roubar o de Santa Tereza.


Na tarde de 18 de julho de 1969, os seguintes treze militantes da VAR-P, comandados por Juarez Guimarães de Brito ("Juvenal", "Júlio"), invadiram o casarão de Anna Capriglione, disfarçados de policiais à cata de "documentos subversivos": Wellington Moreira Diniz ("Lira", "Justino", "Mario", "Lampião", "Virgulino"), José Araújo de Nóbrega ("Alberto", "Monteiro", "Zé", "Pepino"), Jesus Paredes Sotto ("Mário", "Reis", "Lu", "Roque", "Tião", "Elmo"), João Marques de Aguiar ("Braga", "Jeremias", "Topo Gigio"), João Domingos da Silva ("Elias", "Ernesto"), Flávio Roberto de Souza ("Marques", "Mário","Juarez", "Ernesto", "Gustavo"), Carlos Minc Baumfeld ("Orlando", "José", "Jair"), Darcy Rodrigues ("Sílvio", "Léo", "Batista", "Souza"), Sônia Eliane Lafoz ("Bonnie", "Mariana", "Clarice", "Paula", "Rita", "Olga"), Reinaldo José de Melo ("Rafael", "Maurício", "Otávio", "Douglas"), Paulo Cesar de Azevedo Ribeiro ("Ronaldo", "Hilton", "Comprido", "Glauco", "Ivo", "José", "Luiz", "Osvaldo", "Pedro", "Rui") e Tânia Manganelli ("Simone", "Glória", "Marcia", "Patrícia", "Sandra", "Vera").

 
Hoje, Carlos Minc Baumfeld, assaltante e ex-banido do território nacional, cuja liberdade foi trocada pela vida de um embaixador seqüestrado,  posa como administrador,  com um cargo no Estado do Rio de Janeiro... Após confinarem os presentes a uma dependência do térreo da casa, um grupo subiu ao 2º andar e levou, através de cordas lançadas pela janela, o cofre de 200 Kg, colocado numa Rural Willys. Em menos de 30 minutos, consumava-se o maior assalto da subversão no Brasil.


Levado para um "aparelho" localizado próximo ao Largo da Taquara, em Jacarepaguá, o cofre foi arrombado com maçarico e com o cuidado de, antes, ser cheio de água através da fechadura, para evitar que o dinheiro se queimasse. Aberto, "os militantes puderam ver, maravilhados, milhares de cédulas verdes boiando". Penduraram as notas em fios de nylon estendidos por toda a casa e secaram-nas com ventiladores. Ao final, 2.800.064,00 dólares atestavam o sucesso da "ação grande". Entretanto, entre os documentos encontrados só havia cartas e papéis pessoais, nada que pudesse incriminar Adhemar de Barros, além das inevitáveis especulações sobre as origens da fabulosa quantidade de dólares.

3. O DESTINO DO BUTIM

O destino dado ao dinheiro nunca foi devidamente esclarecido, perdido nos obscuros meandros da cobiça humana sobrepondo-se à ideologia.

          Juarez e Wellington Moreira Diniz deixaram todo o dinheiro no "aparelho" da Rua Oricá, 768, em Braz de Pina, sob a guarda de Luiz Carlos Rezende Rodrigues ("Chico", "Negão") e Edson Lourival Reis Menezes ("Miranda", "Sérgio", "Wander", "Emílio", "Gilson"). Dias depois, Juarez foi buscar o dinheiro e determinou que essas duas "testemunhas" viajassem para a Argélia: Luiz Carlos embarcou em 12 de agosto, a fim de comprar armas, e Edson, via Argélia, foi fazer um curso de guerrilha em Cuba. Cinco meses depois, já no início de 1970, de volta ao Brasil, Luiz Carlos pediu para o militante Jorge Frederico Stein levar a quantia de 220 milhões de cruzeiros do Rio Grande do Sul para a Guanabara, em duas viagens. 

 
Cerca de 300 mil dólares foram colocados em circulação e sabe-se que muitos militantes receberam, cada um, 800 dólares para emergências e que os dirigentes passaram a viver sem dificuldades financeiras. Inês Etienne Romeu ("Alda", "Isabel","Leda", "Nadia", "Olga", "Tania") recebeu 300 mil. Cerca de 1,2 milhão foi distribuído pelas regionais, para a aquisição de armas, "aparelhos" e carros, além da implementação das possíveis áreas de treinamento de guerrilhas. No final de setembro, Maria do Carmo Brito ("Lia", "Madalena", "Madá", "Sara") entregou ao Embaixador da Argélia no Brasil, Hafif Keramane, a quantia de 1 milhão de dólares. Em contas secretas da Suíça - depois transferidas para a França, foram depositados 250 mil dólares, dos quais 120 mil foram divididos, em 1974, pelos grupos remanescentes da VAR-P e 130 mil foram abocanhados por Lalemant, um francês intelectual de esquerda, editor e dono da livraria Marterout, em Paris.

          Quanto ao Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho", seu destino foi mais claro, se não trágico, do que o dos dólares que ajudou a roubar. Logo após o assalto, passou para a clandestinidade, escondendo-se com Herbert Eustáquio de Carvalho, o "Daniel". Depois, fugiu para o Rio Grande do Sul, onde usou os codinomes de "Luiz" e "Flávio". Preso no final de março de 1970, foi banido para o Chile em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço. Depois de passar longos anos de dificuldades financeiras na França, retornou ao Brasil com a anistia, em novembro de 1979. Movido por "conflitos existenciais", suicidou-se em 22 de setembro de 1985, atirando-se de um edifício em Copacabana.

          Com dólares, armas e militantes preparados, a VAR-P nascia grande e prometia tornar-se a maior das organizações subversivas brasileiras. Os conflitos ideológicos entre seus integrantes, originados de uma fusão que nunca desceu da cúpula dirigente às bases, acabariam por dividi-la e enfraquecê-la, facilitando a sua posterior destruição.

           Dilma Vana Rousseff (Estela, Wanda, Luiza ou Patrícia) nessa época foi militante do COLINA, da VPR e da Var-Palmares. Era, então, casada com Claudio Galeno de Magalhães Linhares, também militante do COLINA, que participou do seqüestro de um avião comercial, em 01 de janeiro de 1970, de Montevideu para Cuba.

           A kamarada Dilma teve uma pequena participação no roubo do Cofre do Ademar, cumprindo a tarefa de efetuar uma troca de dólares numa Casa de Câmbio que funciona até hoje no térreo do Hotel Copacabana Palace.



Por: Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Consultor fantasma, aloprado ex-terrorista Fernando Pimentel, usa Palácio da Liberdade para fazer guerrilha contra adversários




Governador de Minas, um ex-terrorista, pratica terrorismo moral contra o governo do Paraná. Ou: A tática petralha para desestabilizar adversários
Há notícias cuja leitura provocam vergonha e constrangimento. É o que o me ocorre ao ler a fala do petista Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais, que se comporta como um chicaneiro de primeira grandeza. Ele está menos interessado em governar Minas do que em criar dificuldades para gestores de partidos adversários. Vejamos.

Este senhor fechou um acordo com o sindicato dos professores da rede estadual de ensino que garante um reajuste de 31,78% até 2017. Na verdade, tudo bem pensado, estende-se até 2018. É nesse prazo que Minas vai chegar ao piso de R$ 1.917,78.  Pimentel montou uma grande solenidade para assinar o acordo. O sindicato, filiado à CUT, estava lá para aplaudi-lo. E ele não se fez de rogado: “Queremos garantir que os professores tratados com dignidade, remunerados adequadamente, possam assegurar às nossas crianças ensino de qualidade, sem greves e paralisações. É uma conquista dos mineiros, ao contrário de outros Estados, onde assistimos espetáculos lamentáveis de agressão aos professores. Em Minas, praticamos o diálogo”.

É claro que ele estava fazendo uma referência ao Paraná, onde se assistiram, de fato, a “espetáculos lamentáveis”, com bandidos disfarçados de profissionais da educação tentando invadir a Assembleia Legislativa, depredando patrimônio público. Querem ver que graça? Parcela dos professores está em greve em cinco Estados, quatro governados pelo PSDB: São Paulo, Goiás, Paraná e Pará; o quinto, Santa Catarina, tem o PSD no comando.

Quer dizer que os tucanos são maus para os professores? Não! Quer dizer que os sindicatos ligados ao PT ou a esquerdistas ainda mais cretinos insuflam greves contra os governos que não são do seu agrado; quer dizer que o partido do senhor Luiz Inácio Lula da Silva usa os sindicatos e a greve para desestabilizar adversários.
Vejam lá: Pimentel fez um acordo para reajuste de 31,78%, distribuídos em quatro anos.

 Em São Paulo, a Apeoesp pede 75% de aumento de uma vez só. O Paraná está entre os Estados que pagam os maiores salários para os professores. Para comparação: o ganho médio de um profissional da área em Minas com jornada de 40 horas é hoje de R$ 2.061,68; no Paraná, R$ 3.194,71. A greve no Estado nada tem a ver com salários. Trata-se de uma rinha de caráter ideológico envolvendo o pagamento de inativos, cujas obrigações foram transferidas do Tesouro estadual para o fundo de pensão, igualmente alimentado por recursos públicos. A mudança não implica perdas salariais.

É dispensável demonstrar quão irresponsável é um governador que, na prática, insufla movimentos sindicais em outros Estados. Atacar antecessores e adversários políticos tem sido a prática constante de Pimentel desde que assumiu o governo de Minas. Alguns dizem se surpreender, já que tentava se mostrar um petista light em anos recentes. Light?

Quem não conhece que compre. Este senhor foi aluno da Escolinha de Marxismo da Professora Dilma Rousseff quando ainda era um adolescente. Ele acabou ingressando em seu grupo político, o Colina (Comando de Libertação Nacional), que tinha sua base principal em Belo Horizonte. Mais tarde, o Colina se fundiu com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), liderada por Carlos Lamarca, dando origem à VAR-Palmares.

O então marido de Dilma, um dos chefes da organização, despachou Pimentel para Porto Alegre. Lamarca não gostou da “holding” e decidiu desfazê-la, refundando a VPR, e Pimentel preferiu segui-lo. Foi como seguidor do militar desertor e ladrão de armas que o agora governador e ex-ministro “consultor” assaltou o carro pagador de um banco e tentou sequestrar o cônsul americano, que se safou, saindo ferido, com um tiro no ombro. [antes de fugir o cônsul americano atropelou o aloprado do ‘consultor fantasma’ Pimentel, quebrando seu tornozelo.] Consta que Dilma nunca pegou num berro. Pimentel já. [Pimentel tinha preferência por revólveres .45, que recebiam sua admiração, já que o fantasma os achava aquelas armas lindas, apesar de não saber usá-las com precisão.]

Se esquerdistas não querem acreditar em mim, acreditem em Jacob Gorender, historiador de esquerda e autor do livroCombate nas Trevas”. É lá que ele afirma que o Colina, o primeiro grupo a que Dilma e Pimentel pertenceram, foi um dos poucos a fazer a defesa aberta e inequívoca do terrorismo.

É claro que as circunstâncias nos levam, muitas vezes, a fazer bobagem. Mas pensem que, para certas práticas, é preciso ter uma natureza, não é? A de Pimentel estava demonstrada lá atrás. Enquanto lhe foi útil posar de petista moderado e do diálogo, ele o fez. Agora, chegou a hora de usar o Palácio da Liberdade para fazer guerrilha política contra adversários.

Eis aí: quando digo que o PT tem de ser banido do país pelas urnas, é por práticas como essa. Em Minas, o sindicato, mero braço do PT, faz a política do governo; nos Estados em que o partido é oposição, escolhe-se o caminho da reivindicação absurda, do confronto e da violência.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo