Análise Política
Todas as pesquisas mostram que a Covid-19 vai cedendo ou já cedeu,
rapidamente, terreno à economia nas preocupações do eleitor, e portanto
nos fatores para a decisão de que botões este vai apertar na urna
eletrônica. Mas seria um erro acreditar que a pandemia e o tratamento
por ela recebido das autoridades tenham deixado de influir no desfecho
da corrida eleitoral. Seus efeitos estão impregnados no quadro da
disputa, a quatro meses do primeiro turno.
Já foi dito e repetido aqui: Jair Bolsonaro mantém firme com ele a fatia
de mercado que o acompanhou no primeiro turno de 2018, cerca de um
terço. Tampouco é novidade que o principal obstáculo ao incumbente é a
dificuldade de trazer apoios fora do núcleo mais consolidado. E a
atitude do presidente na pandemia certamente ajudou a anabolizar as
desconfianças a respeito da perícia dele diante de outros assuntos
vitais, como a economia.
Onde Bolsonaro acertou e onde não?
Um caso a estudar é a disputa entre Bolsonaro e o então governador de
São Paulo, João Doria. Este teve que desistir da disputa ao final, por
estar extremamente enfraquecido na política. E isso apesar de carregar o
mérito de ter sido um dínamo na vacinação. Mas é possível notar que a
vitória de Bolsonaro sobre Doria teve uma boa dose de pírrica, pois
acabou consumindo forças que hoje fazem falta ao presidente contra Luiz
Inácio Lula da Silva.[Lula é nada; para desmontá-lo um sopro, ou um espirro forte, bastam.]
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político