Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Declaração de Westminster. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Declaração de Westminster. Mostrar todas as postagens

sábado, 4 de novembro de 2023

Reconhecimento merecido - Declaração de Westminster: STF agora é exemplo da indústria mundial da censura - Gazeta do Povo

Jocelaine Santos

 

Liberdade de expressão é condição necessária para a democracia

Jordan Peterson durante a famosa entrevista com Cathy Newman | Reprodução/Youtube

Jordan Peterson durante a famosa entrevista com Cathy Newman | Reprodução/Youtube
O psicólogo e ex-professor da Universidade de Toronto Jordan Peterson é um dos signatários da Declaração de Westminster.| Foto: Reprodução/YouTube

Aquilo que por aqui já era repetido à exaustão, começa a ser dito também lá fora – finalmente: o Supremo Tribunal Federal é um mau exemplo mundial quando se fala em liberdade de expressão. 
Não foram poucas vezes em que o STF foi questionado por suas decisões favoráveis à censura e limitação da liberdade de pensamento no Brasil. 
Há casos e mais casos de brasileiros que sofreram (e ainda sofrem) as consequências de terem sido criminalizados apenas por seus posicionamentos políticos ou por dizerem algo que desagradou a corte.
 
Há gente sem poder postar nada nas redes sociais ou que teve as contas excluídas; outros que não podem mais trabalhar com produção de conteúdo; até aqueles que foram presos ou estão em vias de sê-lo: falar coisas que “desagradam” algum ministro da corte é um crime grave no Brasil de hoje, infelizmente.

    Começa-se a aumentar a percepção de que os deuses do nosso Olimpo Jurídico não são assim tão adoráveis como os pintam a imprensa insossa.

Até agora, os questionamentos às decisões do STF relacionadas com a liberdade de opinião e expressão eram tímidos. 
São poucos os veículos de comunicação (como a Gazeta do Povo, que sempre esteve comprometida em alertar para o apagão das liberdades do país), jornalistas, articulistas e intelectuais que têm demonstrado interesse (e coragem, diga-se) para apontar os excessos e riscos para a democracia de algumas ações da corte. A maior parte da mídia prefere mesmo incensar os ministros do STF como se fossem salvadores da pátria – ou da “democracia”, como os próprios ministros gostam de se gabar.
 
Mas parece que, aos poucos, começa-se a aumentar a percepção de que os deuses do nosso Olimpo Jurídico não são assim tão adoráveis como os pintam a imprensa insossa. 
Um manifesto conjunto, chamado de Declaração de Westminster e assinado por intelectuais, jornalistas, ativistas, acadêmicos e artistas de 21 países, incluindo o psicólogo conservador canadense Jordan Peterson, cita o nosso Supremo como (mau) exemplo de instituição que criminaliza “o discurso político”
Segundo o documento, o tribunal brasileiro está incluído no “Complexo Industrial da Censura”, no mesmo rol de ações em curso em outros países, que buscam a todo custo minar a livre expressão de ideias e pensamento, usando termos como “desinformação” e “discurso de ódio” para limitar a voz dos cidadãos.


    É importante esse reconhecimento. Quem sabe a partir dele mais vozes podem se unir em torno do debate e da defesa da liberdade de opinião e expressão.


No caso do STF, a carta menciona especificamente a questão da perseguição política, problema não só no Brasil, mas também em outros países. “Autoridades na Índia e na Turquia se apossaram do poder de remover conteúdo político das redes sociais. O legislativo da Alemanha e o Supremo Tribunal Federal do Brasil estão criminalizando o discurso político”, diz o documento, que pode ser lido na íntegra aqui. 
Recomendo a leitura.


É importante esse reconhecimento. Quem sabe a partir dele mais vozes podem se unir em torno do debate e da defesa da liberdade de opinião e expressão e contra as garras da censura que tentam avançar sobre o espaço público. Como ressalta a declaração: “A expressão aberta é o pilar central de uma sociedade livre”.

É claro que apenas apontar o problema não basta. O próprio documento lista três pontos ou reivindicações que, no entender dos signatários, são fundamentais para frear os retrocessos nas liberdades de pensamento e opinião. O primeiro deles é voltado aos governos. 
 A carta pede que Estados e organizações internacionais cumpram suas responsabilidades para com o povo e defendam o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Há ainda um apelo às corporações de tecnologia para que protejam a “praça pública digital” e se abstenham de censura politicamente motivada, censura de vozes dissidentes e censura de opinião política.

E, por fim, um pedido a todos nós, talvez o mais importante exatamente por não depender da vontade quase sempre volátil dos poderosos e nem dos interesses monetários das grandes big techs. “Construir uma atmosfera de liberdade de expressão desde a base, rejeitando o clima de intolerância que incentiva a autocensura e que cria conflitos pessoais desnecessários para muitos. Em vez de medo e dogmatismo, devemos abraçar a investigação e o debate”. 
Trata-se de um desafio e tanto, mas cuja conquista pode trazer um ganho imensurável. 
Que tal tentarmos?

Jocelaine Santos, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Declaração de Westminster: manifesto contra a censura cita atuação do STF no Brasil - Gazeta do Povo

Eli Vieira

Liberdade de Expressão

O apagão da liberdade de expressão no Brasil chamou atenção internacional. Na semana passada (18) foi publicada a Declaração de Westminster pela liberdade de expressão, com assinatura de 141 jornalistas, artistas, escritores, ativistas e acadêmicos de 21 países que denunciam a escalada de um “Complexo Industrial da Censura” pelo mundo, especialmente no novo contexto da expressão online. A nova censura usa de subterfúgio “termos mal definidos” como “discurso de ódio” e “desinformação”, diz o documento. Governos têm se envolvido em “roubar as vozes” dos cidadãos. Os signatários acusam “o legislativo da Alemanha e o Supremo Tribunal Federal do Brasil” (STF) de criminalizar “o discurso político”.

O STF é citado no contexto de outras incursões de governos sobre os limites da expressão, como iniciativas de autoridades na Índia e Turquia e projetos de lei da Irlanda, Escócia, Reino Unido e Austrália. A declaração usa como fonte uma reportagem da Associated Press de janeiro deste ano que informa que o ministro Alexandre de Moraes “prende manifestantes com base em indícios fracos” e que está “banindo os apoiadores [de Bolsonaro] das redes sociais”.

Há diversidade de pensamento entre os signatários. O psicólogo conservador canadense Jordan B. Peterson assina ao lado do pensador marxista esloveno Slavoj Žižek. O jornalista cristão Peter Hitchens assina junto com o zoólogo ateu Richard Dawkins, ambos são britânicos. Constam também grandes nomes como a escritora ex-muçulmana Ayaan Hirsi Ali com seu marido, o historiador Niall Ferguson, o humorista John Cleese (Monty Python), o psicólogo Steven Pinker, os denunciadores de espionagem de governos Julian Assange, Edward Snowden e Glenn Greenwald e os jornalistas brasileiros Ana Paula Henkel e Leandro Narloch. O nome da declaração veio da região de Londres em que o documento foi lido e assinado no final de junho.

A Gazeta do Povo conversou com alguns dos signatários. Michael Shellenberger, escritor bestseller, editor-chefe do jornal Public e um dos idealizadores da declaração, disse que foi preciso aplicar esforço para atingir a diversidade dos signatários. “Colocamos muito mais esforço em atrair pessoas da esquerda do que da direita”, comentou, “e isso me entristece”. A realidade é que hoje “a liberdade de expressão é codificada como conservadora”. Mas ele deixa claro que pessoas de esquerda como Steven Pinker foram vozes com as quais ele sabia que podia contar.

Shellenberger é um dos jornalistas escolhidos por Elon Musk para cobrir os Twitter Files, arquivos internos da empresa que revelaram relações promíscuas entre governo, Big Tech e ONGs promovendo a remoção e rotulação de expressões dentro da lei que desagradavam essas elites durante a pandemia e as últimas eleições americanas. Todos os jornalistas que cobriram os arquivos são signatários: Bari Weiss (ex-New York Times, agora no Free Press), Matt Taibbi (ex-Rolling Stone, agora no Racket) e Lee Fang (ex-Intercept, agora independente).

“Sabíamos que o Brasil seria importante desde o começo”, continua Shellenberger, “e fizemos questão de ter representantes do país que estavam sendo perseguidos, como a Ana Paula Henkel”. Durante a primeira leitura do texto em Londres, Henkel descobriu que era alvo de mais um processo no Brasil.  O idealizador conta que os presentes ficaram tocados com a batalha da brasileira por seu direito de se expressar. “Vimos que não é uma abstração, não é um mero exercício acadêmico. A vida de pessoas reais está em xeque”. Para a coalizão que se formou com os signatários, o caso de manter a liberdade de expressão no Brasil é “urgente, uma das maiores prioridades globais”, pois o país é um grande ator no cenário global.

Para o jornalista Leandro Narloch, estamos passando por um momento cíclico na história, que foi visto há 100, 200 ou 300 anos: um lado censura outro, depois é alvo ele próprio de censura, até que ambos entrem em acordo sobre a importância de ser livre para se expressar. “Muita gente da direita e da esquerda não entende que é preciso permitir mesmo discursos que a gente acha degradantes”, explica. “A liberdade de expressão funciona como um radar de idiotas. A partir dela, quando a gente vê pessoas defendendo o Hamas, diante de toda aquela crueldade, é muito fácil identificar os idiotas e se proteger deles. Se tiver censura, se organizam sem a gente saber quem são eles”. Ele acrescenta que o próprio Estado de Israel é um exemplo de uma visão mais livre da expressão, pois já entrevistou deputados do parlamento local (o Knesset) de origem árabe que manifestam abertamente que querem que este Estado seja extinto. “Essa liberdade daria calafrios num Alexandre de Moraes”.

A jornalista americana Alex Gutentag, colaboradora do Public, diz ter testemunhado em sua carreira uma mudança de qual lado político se opõe mais à censura. Para ela, a inversão se fez presente e dramática durante a pandemia da Covid, “quando muitas pessoas de direita foram censuradas por opiniões desfavorecidas”. Neste período, ela própria foi suspensa do Twitter por compartilhar dados sobre a vacina contra Covid da Pfizer para crianças. Para ela, é uma questão geracional, já que são os americanos mais jovens que favorecem a censura.


 A guerra em curso desde o início do mês entre Israel e o grupo terrorista Hamas pode desacelerar a inversão, pois são estudantes de esquerda que tergiversam sobre a responsabilidade do Hamas ou até apoiam o grupo, atraindo contra si pedidos de censura e cancelamento. Gutentag pensa que não é sábio defender que eles provem do próprio veneno da cultura do cancelamento, “devemos todos tentar lembrar as coisas tolas e equivocadas que dissemos quando éramos estudantes universitários”.

Eli Vieira, colunista - Gazeta do Povo  - Ideias