Romário “versus” VEJA: quem é o criminoso mentiroso?
1. A denúncia
midiática (revista
Veja) é
muito grave: Romário teria conta secreta na Suíça, no banco BSI (conta não declarada para a Receita
Federal), com
saldo de 2,1 milhões de francos suíços (R$ 7,5 milhões) (O
Globo 26/7/15: 8). O Ministério Público estaria com o extrato
dessa conta, com data de 30/6/15. Manter dinheiro no exterior não é crime,
desde que tudo seja declarado para o Fisco (e
pagos os impostos legais). Sonegar impostos, sonegar para a Justiça Eleitoral a
existência de bens no exterior, sim, é crime.
Mais um peixe
teria caído na rede da imoralidade? Quem
está mentindo: a Veja ou o Romário? A Justiça e o próprio
Banco nos devem esclarecimentos urgentes. Romário é um político de confiança ou bandeou para
o mundo dos “senhores neofeudais” (que se julgam acima da lei e que mandam e
desmandam no País, conforme seus caprichos)?
2. A decepção com a notícia não reside no
fato de um político brasileiro ter conta na Suíça (isso
não é novidade nas republiquetas
cleptocratas). O grave, para a política brasileira, é perdermos a
esperança que depositamos em Romário para se converter num baluarte moral,
particularmente quando ele cobra profunda limpeza na CBF. Romário acaba de
dizer que a solução para a CBF “é a prisão dos corruptos e ladrões que a dominam ou
dominaram: Del Neto, Marin e Teixeira” (Estadão
30/7/15: A21).3. A CPI do futebol foi instalada por iniciativa dele. Mas se verídica a notícia da conta secreta, tudo estará desmoronado. Porque sonegador (que é um ladrão do dinheiro público) não tem moral para investigar os “ladrões do futebol”. Mais um combatente caído? Seria a maldição implacável que persegue a cleptocracia brasileira, dominada pelos “senhores neofeudais”?
4. O mais nebuloso: no princípio Romário não desmentiu a notícia (com aquela veemência que estamos acostumados a ver, sobretudo quando ele fala de José Maria Marin, Del Nero, Blatter, Teixeira etc.). Ao contrário, preferiu ironizá-la: “Obviamente, fiquei muito feliz com a notícia. Assim que possível, irei ao banco para confirmar a posse desta conta, resgatar o dinheiro e notificar à Receita Federal”. “Espero que seja verdade; é possível que tenha sobrado (sic) algum rendimento que chegou a esta quantia; estou me sentindo um ganhador da Mega-Sena”. Depois passou a falar em documentos falsos.
Mostrou um extrato com o carimbo “FALSO”. A dúvida continua: quem está falseando a verdade, a Veja ou Romário? Quem é o criminoso (o “vilão”) da história?
5. Eu particularmente não gostei da resposta “malufiana” que Romário deu (no princípio). Ganhar dinheiro (honestamente) não é crime. Ter dinheiro no estrangeiro não é crime. Mas de tudo o Fisco tem que ter ciência (e todos os impostos devem ser devidamente quitados). Político também tem que declarar todos os seus bens para a Justiça Eleitoral, ainda que seja “uma sobrinha” (de 7 milhões!). Estaríamos diante de mais um golaço na carreira do Romário, porém, contra? É triste ver as últimas cartas do baralho da moralidade política serem tombadas sob o efeito dominó. Não está sobrando ninguém. A peste da corrupção, da sonegação, da evasão e da lavagem está derrubando todas as nossas lideranças, incluindo aquelas em quem confiamos. Triste republiqueta cleptocrata! Será que sobrará alguém para apagar a luz deste macabro ciclo histórico que não acaba nunca?
Fonte: Luiz
Flávio Gomes –
Professor - Jurista e professor.