Ampliação do racionamento deve sair do papel nas próximas semanas
O prolongamento da estiagem tem levado a diários recordes negativos nos níveis dos dois principais reservatórios de água do DF. Adasa trabalha com novas medidas de racionamento
Com o nível dos reservatórios que abastecem o Distrito Federal
batendo recordes negativos diariamente, a ampliação do racionamento pode
sair do papel ainda nas próximas semanas. Ontem, Descoberto e Santa
Maria chegaram a 14% e 27,5%, respectivamente, os piores índices da
história, no mesmo dia em que foi registrada a temperatura mais alta do
ano, 34,1ºC.
Caso
a vazão de água do Descoberto siga a média apresentada nos primeiros
dias de outubro, o reservatório deve fechar o mês abaixo do previsto
pela curva de acompanhamento estipulada pela Agência Reguladora de
Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa), 9%. Por isso, o órgão afirma
que, se houver percepção de que a meta será batida, medidas mais
rígidas, como ampliação do racionamento e redução na retirada de água
das propriedades rurais, podem ser antecipadas e tomadas ainda neste
mês.
[só ampliar o racionamento não resolve; é necessário conjugar o racionamento pelo menos de dois dias a cada seis com o aumento do preço da água consumida que exceder 10m³ /mês. O aumento tem que ser superior ao que foi adotado na primeira fase do racionamento.
Sugestão:
- até 10m³/mês - mantém o preço atual;
- de 10 a 20m³/mês = acréscimo de 20%;
acima dos 20m³/mês = acréscimo de 50%.]
A ampliação do racionamento é prevista desde novembro. Na resolução
da Adasa que autorizava o início do rodízio de água, um artigo
decretava que o período de interrupção poderia ser ampliado,
progressivamente, caso sobrevenha agravamento na situação de escassez
hídrica dos reservatórios. Só neste mês, o Descoberto caiu 2,9 pontos
percentuais. Para deixar a situação mais crítica, o Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet) prevê menos chuvas no último trimestre de 2017
que o registrado na média histórica.
Área rural
Nos
últimos 10 dias, choveu 19,7 milímetros, menos de 11% da média história
para o mês –166.6 milímetros. A Adasa anunciou que vai intensificar a
medição do volume de vazão dos afluentes do Descoberto, para identificar
se menos água, subterrânea ou não, está chegando ao reservatório. A
fiscalização, que antes era semanal, será feita três vezes por semana. A
lei federal nº 9.433, de 1997, prevê que em situações de escassez, o
uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais. Por isso, os primeiros cortes devem ocorrer no
meio rural do DF.
A captação de água bruta por
produtores, que antes era feita 24 horas por dia, foi restringida neste
ano em 75%, podendo ocorrer apenas entre 6h e 9h e três vezes por
semana. A possibilidade de mais restrições preocupa quem vive de
agricultura. A presidente da Associação de Produtores Rurais
Pró-Descoberto, Rosany Jakubowski, afirma que alguns agricultores
diminuíram o cultivo em até 70%. De acordo com ela, uma nova redução do
tempo de captação ameaça o futuro do setor. “Nossas irrigações estão
limitadas desde o início do ano e sofremos restrição na área em que
podemos plantar. O número de demissões por parte dos empregadores também
cresceu, pois não temos garantia de renda nem de faturamento”, conta. [dona Rosany Jakubowski,a escolha é simples: é sua produção agrícola contra o abastecimento da população do DF/ será que passa pela sua cabeça que sua lavoura vai ter prioridade?
A única prioridade que sua lavoura poderá ter é ser a primeira a um trator passar por cima.
Também não adianta ameaçar vender terras; é melhor terra com grilagem do que o DF ficar sem água.]
Também não adianta ameaçar vender terras; é melhor terra com grilagem do que o DF ficar sem água.]
Rosany
trabalha com a produção de frutas e flores em uma área rural localizada
no Incra 6, em Brazlândia. De acordo com ela, a produção este ano caiu
cerca de 60%. A mulher vem de uma família de produtores agrícolas e está
na terceira geração deles, porém, acredita que esta pode ser a última.
“O DF deve ficar atento quanto aos produtores rurais. Se o mercado
decretar falência, nossa saída será vender as terras. Com isso, teremos a
presença de grileiros e futuramente mais ocupações irregulares”,
alerta.
Fonte: Correio Braziliense