A
primeira questão que me ocorre é se faz algum sentido (ético, não político) a sorte da
presidente Dilma estar nas mãos de Eduardo Cunha
Como
estou escrevendo antes de possíveis desfechos, inclusive a decisão de Eduardo
Cunha, que ficou para a próxima semana, de abrir ou não
processo de impeachment contra a presidente, vou ter que fazer
digressões para não fugir ao inevitável tema da crise política que domina todas
as rodas de conversas. A pergunta é sempre “o que vai
acontecer?”, como se alguém tivesse a resposta.
A
primeira questão que me ocorre é se faz algum sentido (ético, não político) a sorte de Dilma estar nas mãos de Eduardo
Cunha. Apesar
das mentiras de campanha, dos desacertos e das trapalhadas no governo,
ela é reconhecida até pelos adversários como honesta. [Dilma
não está sendo acusada, ainda, da prática de atos desonestos e sim de cometer
outros crimes – lembramos que existes no ordenamento jurídico brasileiro outros
crimes, além do assalto aos cofres públicos - , com a agravante que mesmo
condenada no TCU continua violando à Lei de Responsabilidade Fiscal com a
prática constante de novos pedaladas.
Quanto ao deputado Eduardo Cunha, até
que seja julgado, condenado e afastada da presidência da Câmara dos Deputados
continua sendo o legítimo juiz para a fase inicial que livrará o Brasil da
Dilma e do que ainda resta dessa nojenta corja esquerdista.]
Já ele não goza mais do “benefício
da dúvida” nem por parte do PSDB, que o apoiou até que o tsunami de
denúncias do Ministério Público daqui e sobretudo da Suíça o afogasse em acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro desviado
da Petrobras, além de contas secretas e milionárias no exterior em seu
nome e de sua família. [quanta
parcialidade! o deputado Eduardo Cunha sequer foi acusado formalmente e já
querem lhe cassar o “beneficio da dúvida”. E o autor da ridícula tentativa quer
conceder à Dilma – julgada e condenada pelo TCU – o mesmo beneficio, já estando
a mandatária sendo acusada de reincidência no delito ‘pedaladas fiscais’.] Fico imaginando a cara dos que
empunharam numa passeata o cartaz “Somos milhões de Cunhas”.
(Na internet, já houve a correção
para “Somos os mil$hões do Cunha”).
No último
fim de semana e começo desta, o governo, com seus ministros, e a oposição, com
seus líderes, passaram horas reunidos discutindo estratégias para lidar com o
ex-aliado dos dois lados, um cada vez mais poderoso fiel da balança. Nesse clima de conspiração que alternou do
cambalacho ao troca-troca com ameaças, a oposição foi oportunista. Os
governistas pelo menos estavam tentando salvar a pele, enquanto os adversários
não conseguiram disfarçar o verdadeiro objetivo, que era conseguir o
impedimento de Dilma.
[mas a
meta de qualquer PESSOA DE BEM deve ser EXCLUIR, definitivamente, Dilma, Lula e o restante da
petralhada da vida pública. São sujos e incompetentes em demasia e devem ser
neutralizados, já que só assim vão parar de faz mal ao BRASIL e aos BRASILEIROS.] Ambos disputando a proteção do... já ia escrever
“Coisa ruim”, mas me lembrei dos 50 processos que ele moveu contra colegas
jornalistas, até por tê-lo chamado por essa alcunha (desculpem o trocadilho).
Não sei
se a presidente conseguiu de juristas pareceres consistentes contestando os
argumentos baseados na rejeição das contas do governo pelo TCU e nas ações no
TSE pedindo a cassação da chapa Dilma-Temer. O argumento é que o que foi feito
não constitui crime de responsabilidade que justifique a punição drástica dos dois.
[As ações que correm no TCU contra
Dilma cuidam da prática pela ‘búlgara’ de crimes de violação da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
As ações que estão em curso no TSE
cuidam de fraudes na campanha eleitoral da Dilma-Temer em 2014 e representam
infrações a outras leis e com outras penas. De tudo, resta indiscutível que
crimes não faltam para permitir a
destruição de Dilma e Temer – que nas ações no TCU é inocente e nas em curso no TSE é comparsa da Dilma.]
Confesso
que, diante dessa “regra do jogo”, em
que alguns personagens, imitando a ficção, são o que fingem não ser — jurando inocência —, não hesito em
torcer contra o impedimento de Dilma, não porque seja uma tentativa de “golpe”, como alegam os mesmos que um
dia foram para a rua pedir “Fora FH!”.
Mas porque estamos à espera de que mesmo? Olhando em volta, o futuro imediato
preocupa tanto quanto o presente. Ruim com ela, pode ser pior sem ela.
Por: Zuenir Ventura – O Globo