O
presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, me contou em entrevista que o foco do
banco passou a ser as empresas menores, com faturamento de até R$ 90 milhões,
que receberam quase 50% do total de desembolsos neste ano. Em uma economia em
que falta trabalho para 27,6 milhões, empreender é uma alternativa. A
entrevista com Dyogo estreia na GloboNews na quinta-feira, às 21h30.
A gestão
do BNDES passou por uma mudança em relação à orientação de governos passados,
que financiavam as maiores companhias do país com dinheiro subsidiado. Nessa
nova linha de atuação, o banco criou o programa Garagem BNDES, uma espécie de
incubadora de empresas iniciantes. Tomara
que o próximo governo não retorne à política anterior do BNDES, que concentrava
os recursos do banco nos projetos de grandes companhias. O que estrutura a
economia são as empresas médias e pequenas. Essa estratégia gera mais empregos
e dinamismo no mercado.
Desemprego de longa duração bate recorde. Desalento
também chega ao maior patamar: 4,8 milhões
Crise do mercado de trabalho deveria ser o grande
tema da campanha
No
trimestre, cerca de 723 mil pessoas deixaram o contingente de desempregados,
que são as pessoas que procuram uma ocupação e não a encontram. Parece um dado
positivo. Acontece que os outros problemas do mercado de trabalho se agravaram.
No
trimestre, mais de 200 mil pessoas entraram para o grupo de desalentadas.
Outras 317 mil aumentaram o contingente de subocupados. Entre aquelas
impossibilitadas de assumir um trabalho, o avanço foi de 171 mil pessoas. A
tendência se repete no confronto com o segundo trimestre de 2017. Todas essas
categorias ficaram mais inchadas.
A
pesquisa do IBGE ajuda a enxergar mais claramente a magnitude da crise. O
desemprego recuou, mas nunca tantas pessoas estiveram em desalento. Ainda não
sabemos qual será o próximo presidente. Mas a prioridade dele já está clara, é
o mercado de trabalho.
No
segundo trimestre, faltava trabalho para 27,6 milhões de pessoas no Brasil.
Esse é o dado que dá a real medida da crise no mercado de trabalho. O número de
desempregados, ainda enorme, diminuiu recentemente. É o contrário do que se tem
visto com o desalento. O número de pessoas que desistiram de buscar uma
ocupação está crescendo. Já são 4,8 milhões nessa situação, um novo recorde
negativo da economia brasileira. O emprego deveria ser o grande tema da
campanha eleitoral.
O
indicador do IBGE mede a subutilização da força de trabalho. Ele enxerga além
dos 12,9 milhões de desempregados. Considera também os 6,5 milhões que
trabalham menos horas do que gostariam, mais os 4,8 milhões em desalento e os
3,3 milhões que não estavam disponíveis para trabalhar quando a pesquisa foi
feita.
Blog da Miriam Leitão - O Globo