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domingo, 22 de novembro de 2020

Nosso Floyd, nosso Trump - Eliane Cantanhêde


O Estado de S. Paulo


Por mais absurdo, Camargo faz sentido num governo negacionista e 'daltônico'

O presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão têm posições divergentes numa série de questões, inclusive na política externa e na importância das vacinas contra a covid-19, mas em algo eles estão perfeitamente em sintonia: ambos dizem abertamente que não há racismo no Brasil. [como é natural, a poeira começa a baixar sobre a morte ocorrida Porto Alegre, e os brasileiros começarão a perguntar: onde houve o racismo? 
Concluirão pela ocorrência de houve uma morte violenta, talvez com abuso de força, mas nada mostra a ocorrência de racismo. 
O mais curioso de tudo é que o nosso presidente Bolsonaro é malhado, desrespeitado, por ter simpatia por Trump - mas, ao mesmo tempo, milhões de brasileiros não perdem a mania, são até estimulados a tanto, de imitar os norte-americanos, até um Floyd para chamar de seu, esses milhões são manobrados para criar um.

Dizendo o óbvio: daltônico é quem não faz diferenciação de cores - o multi condenado ex-presidente petista, presidiário temporariamente em liberdade, abusa nas metáforas - Bolsonaro é criticado por usar o termo como metáfora.] Nesse caso, o negacionismo não é exclusividade do presidente.

Ao se dizer “daltônico”, Bolsonaro admite que não consegue ver a realidade, os fatos e estatísticas, mostrando, por exemplo, que 75% das mortes violentas no país que governa são de pretos e pardos. Para disfarçar, tira pilhas de fotos com o deputado Hélio Negrão. E Mourão, que já chocou ao falar em “malandragem dos africanos, voltou à carga. Quando? No dia da Consciência Negra, quando João Alberto foi assassinado brutalmente, como George Floyd nos EUA, por... ser negro.

 “Digo com toda a tranquilidade: não existe racismo no Brasil”, declarou Mourão, que chama negros de “pessoas de cor” e, depois de morar nos Estados Unidos, garante que “racismo tem é lá”, aqui “a sociedade é misturada”. Como não é ignorante, muito pelo contrário, deveria olhar os dados oficiais sobre desigualdade, escolas, prisões, violência policial, mercado de trabalho. O racismo é real, massacrante.

A ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, criticou duramente a morte de João Alberto, o Beto, mas sem usar a palavra “racismo” e sem sequer dizer que ele era negro – aliás, como omitiu a própria ocorrência policial. E o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, um negro doentio que nega o racismo, diz que a escravidão foi boa e acusa os movimentos negros de “escória maldita”, fez ainda pior. Em vez de repúdio ao massacre do Beto por dois seguranças brancos – o que não mereceu um gesto ou manifestação dele –, Camargo pregou o fim do Dia da Consciência Negra, porque “não existe racismo estrutural no País”. Partindo de brancos já é inadmissível; de um negro, é imoral. E um negro que preside o órgão responsável pelo rico acervo da história dos afrodescendentes no Brasil.

Por mais absurdo que Camargo seja, porém, ele faz todo sentido num governo que nomeia um cidadão que jamais pisara na Amazônia para o Meio Ambiente, um embaixador júnior de textos e discursos sem nexo para o Itamaraty, uma mulher que é contra os avanços civilizatórios para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

E na Educação? Um estrangeiro que se atrapalhava com o português, um desqualificado que ameaçava prender os ministros do Supremo, um fraudador de currículos e agora um pastor para quem os gays são fruto de “famílias desajustadas”. Sem falar, claro, de um general intendente para o Ministério da Saúde em plena pandemia e de um secretário de Cultura que usava eventos oficiais para divulgar textos e símbolos nazistas. Camargo, portanto, está em casa.

Uma única palavra resume tudo isso: negacionismo. Porém, ministros e secretários não passam de meros papagaios e executores de políticas que aterrorizam o mundo e o novo presidente dos EUA, [já ocorreu uma decisão final sobre o esquerdista ser presidente dos Estados Unidos da América = Al Gore pensava ter levado e se ...]Joe Biden, mas vêm “de cima”. Embriagado pela ideologia e por uma desconcertante ignorância sobre tudo, o presidente nega racismo, pandemia, queimadas, ciência, estatística e, principalmente, bom senso e bons modos. 

[ Constituição da República Federativa do Brasil

Seção II

Das Atribuições do Presidente da República


Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;" (grifamos)]


Não, Bolsonaro não é culpado pelo assassinato do Beto, mas ele precisa admitir que o racismo existe, é imoral e criminoso e que o Dia da Consciência Negra é um grito de alerta, de socorro e de Justiça. Mulher branca, eu jamais seria trucidada por dois brutamontes covardes num supermercado. Beto foi por ser um homem negro e pobre, como tantos filhos, pais, irmãos e maridos trucidados neste País todos os dias, toda hora. É racismo, sim! Black Lives Matter!

[Atualizando:

Sua Excelência, o fato, como bem dizia Ulysses Guimarães, sustenta a nossa opinião - enfatizamos: nos obriga a expressar nossa opinião - considerando apenas os  FATOS apurados até o presente momento - que no caso do senhor João Alberto não houve racismo.

Ocorreu uma morte violenta, causada por circunstâncias que não apontam para racismo.

As circunstâncias:
- a vítima que fazia compras no Carrefour se  desentendeu com uma funcionária do hipermercado;
- na sequência, desferiu um soco contra um segurança;
- com a chegada de outro segurança, teve inicio uma luta corporal na qual tudo indica a vítima ficou em desvantagem.
- dominados pela exaltação de ânimos dada as condições emocionais dos envolvidos, os seguranças em superioridade numérica e diante da inércia dos populares = que se limitaram a assistir a luta = partiram para um espancamento descontrolado, resultando em óbito do senhor João Alberto - imperioso lembrar que a condição de ter respondido por violência doméstica e porte ilegal de armas, sustentam a interpretação de ser o mesmo violento, índole explosiva.
Ontem, sábado, a mídia divulgou vídeo mostrando o instante em que a vítima desferiu um soco contra um dos seguranças - ação que transformou o que poderia terminar apenas em uma altercação em luta corporal. ]

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo 

 

quarta-feira, 4 de março de 2020

PIB do Brasil tem crescimento tímido de 1,1% no 1º ano de Bolsonaro - Mendonça de Barros: Brasil caminha para crescimento de 2,2% em 2020 - VEJA

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Apesar de três anos de crescimento, o Brasil ainda não reverteu a queda do ritmo da economia tida com a recessão de 2015 e 2016, quando o país caiu 3,5% e 3,3%, respectivamente. O resultado do ano foi puxado pelo crescimento dos investimentos privados, que tiveram alta de 2,2%, além do consumo das famílias, que avançou 1,8%. Pelo lado da oferta, o destaque foi o setor de serviços, que avançou 1,3%. A recuperação do mercado de trabalho, ainda que lenta, contribuiu para os resultados.

No trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desocupação ficou em 11%, atingindo 11,6 milhões de pessoas. Mesmo com a redução do desemprego, informalidade atingiu patamar recorde em 2019. Com as pessoas parando de perder emprego e chegando a recuperar espaço no mercado de trabalho, houve mais liberdade para o aumento dos gastos da família. A liberação pontual de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), também causou estímulo positivo no resultado.

Desaceleração no fim do ano
No 4º trimestre, o PIB cresceu 0,5% na comparação com o trimestre anterior, o que representa uma desaceleração frente ao avanço de 0,6% registrado no 3º trimestre. A indústria e os serviços apresentaram variação positiva de 0,2% e 0,6%, respectivamente, enquanto a Agropecuária caiu -0,4%.

Mendonça de Barros: Brasil caminha para crescimento de 2,2% em 2020

Desempenho, porém, depende do resultado do primeiro trimestre, que mostrará o tamanho do impacto da crise do coronavírus sobre a economia brasileira

Os números do desempenho da economia brasileira em 2019 divulgados agora pelo IBGE não trazem surpresas, deixando para trás o pessimismo que tomou conta dos analistas nas últimas semanas. O crescimento do PIB do ano em relação a 2018 foi de 1,1%, mas com uma curva ascendente ao longo de seus quatro trimestres. Nos últimos três meses de 2019, o crescimento sobre o mesmo período de 2018 – expansão na margem – foi de 1,7%, bem acima do avanço médio do ano (1,1%). O PIB per capita variou 0,3%, em termos reais, alcançando 34.533 reais em 2019.

Como era esperado, foi o crescimento do consumo das famílias (1,8%) que puxou a economia na medida em que ele representa quase dois terços do PIB brasileiro. Outro bom sinal foi a expansão de 2,2% do investimento privado. A indústria ensaia uma recuperação, depois de um primeiro semestre desastroso por causa da tragédia de Brumadinho. A queda no consumo do governo (-0,4%) está em linha com o ajuste do déficit fiscal traçado pelo governo federal. Sem os efeitos, ainda desconhecidos, provocados pela ameaça de uma crise mundial de saúde, podemos dizer que os números do PIB de 2019 são compatíveis com um crescimento anual em 2020 de algo próximo a 2,2%. Temos de esperar, porém, os números do primeiro trimestre para mensurar os efeitos da crise provocada pelo coronavírus sobre a economia brasileira.
*Economista e engenheiro, Luiz Carlos Mendonça de Barros foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações.
:):)

Economia - VEJA


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Mercado de trabalho: melhor agora e ainda mais no futuro - VEJA - Blog do Mailson



Por Maílson da Nóbrega

Desempregados chegam a 11,6 milhões, muito menos do que no desastroso período recessivo. Mudanças estruturais trarão resultados melhores nos próximos anos

Houve acréscimo de 1,8 milhão de pessoas empregadas, das quais 720 mil no setor privado com carteira assinada e mais 800 mil por conta própria 
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada há pouco pelo IBGE indicou que a taxa de desemprego (ou de desocupação) ficou em 11% em 2019. Apesar de elevado, o dado permite leitura otimista, seja em comparação com resultados recentes, seja em relação às expectativas. Assim, é possível esperar melhora nesse campo nos próximos anos, a menos que haja uma surpresa desfavorável nos mercados interno e internacional (por exemplo, os efeitos do Coronavírus na economia chinesa e na atividade econômica mundial).

Em dezembro, a população desempregada atingiu 11,6 milhões de pessoas, nível cada vez mais distante dos quase 13 milhões do auge da recessão provocada pelos equívocos de política econômica do governo Dilma. A massa salarial cresceu 2,5% acima da inflação em 2019, consequência da combinação de ganhos de salários reais (0,4%) e da elevação do número de pessoas ocupadas. De acordo com a Pnad, houve acréscimo de 1,8 milhão de pessoas empregadas, das quais 720 mil no setor privado com carteira assinada e mais 800 mil por conta própria. Isso evidencia que os resultados do Caged métrica que deriva de informações passadas pelas empresas se assemelha aos da Pnad, que é realizada nos domicílios e que não tem preocupação com a formalização. Neste momento, as duas pesquisas se tornam mais comparáveis, ao contrário do que se pensava até agora.

O aumento do emprego tem duas explicações. A primeira delas advém da recuperação cíclica da economia, aquela que resulta da ocupação da capacidade ociosa, aumentando a demanda por trabalhadores. A segunda vem de uma mudança estrutural que se observa no mercado de trabalho, provocada pela reforma trabalhista.
De fato, é crescente o número de contratos de trabalho temporário, o que tem levado donas de casa e outros que têm disponibilidade de tempo a aceitar ofertas de emprego dessa natureza. Nesse sentido, é muito provável que tal mudança contribua para acelerar a taxa de ocupação nos próximos anos, à medida que amadurecem os efeitos da reforma.

Dois lados da pesquisa merecem registro. Primeiro, um dado preocupante: a taxa de desocupação da força de trabalho alcançou 24%. Essa massa é constituída das pessoas que não encontram emprego e das que trabalham menos do que gostariam. Segundo, a taxa de desemprego, a qual teria sido menor não fosse o aumento da população economicamente ativa, o que normal em processos de recuperação da atividade econômica. Isso resulta da percepção de melhora do mercado de trabalho, o que anima as pessoas a procurar emprego e, assim, a aumentar o contingente dos que querem trabalhar. No balanço de todos esses números, o resultado da Pnad é muito positivo nas condições atuais da economia brasileira.


Blog do Mailson - Maílson da Nóbrega, economista - VEJA


sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Ano se despede com boas notícias no comércio e no mercado de trabalho - Míriam Leitão

O Globo

VENDAS NO NATAL
- esse foi o melhor Natal para o comércio desde 2014. Nos shoppings, o dado oficial traz um aumento de 9,5% no ano. A CNC, a confederação do setor, prevê que as famílias tiveram o maior gasto médio no período em cinco anos. A estimativa para o varejo é crescer 3% no ano que vem. Se ela se confirmar, o volume de vendas enfim vai retornar ao nível de 2014, antes da recessão. 

SOCORRO A BANCOS
 - na antevéspera do Natal o BC enviou um Projeto de Lei que prevê, em última instância, dinheiro público para socorro a bancos grandes. A medida chama mais a atenção em um governo que se diz liberal. Pelo roteiro, primeiro os acionistas das instituições em dificuldade perderão o valor das ações, depois os será a vez dos detentores de títulos de dívida. Se isso não for suficiente, será usado o Fundo de Resoluções, criado pela nova regra. Caso seja necessário, o próximo passo será usar dinheiro do contribuinte, se o banco for grande ao ponto de gerar um risco  sistêmico. Os clientes continuarão garantidos pelo Fundo de Garantia de Crédito, que já existe. A proposta não prevê o uso do patrimônio dos banqueiros no resgate. A proposta, que será discutida pelo Congresso, adequará o Brasil às normas bancárias internacionais. 

PACOTE ANTICRIME
 - o presidente Jair Bolsonaro ignorou o pedido do ministro Sergio Moro e sancionou o projeto com a previsão do juiz de garantias. Esse tipo de magistrado determinará a legalidade do processo e decidirá sobre medidas preventivas antes do julgamento, que será feito por outro juiz. Moro é contra a medida, que atrasaria processos. Em cerca de 40% das comarcas do país há apenas um magistrado. O projeto também aumenta de 30 anos para 40 anos a pena máxima de detenção. Outra previsão é que o julgamento de milicianos poderá ser feito por um colegiado.

UNIVERSIDADES
 - o presidente impôs por Medida Provisória a forma como reitores de instituições de ensino federais escolherão a lista tríplice para suas reitorias. De acordo com a  MP, os votos de professores terão peso de 70%. Professores e funcionários também votarão, com peso de 15% para cada grupo. Até aqui, cada instituição definia sua forma de escolha.  

O Globo - Míriam Leitão, colunista


sábado, 28 de setembro de 2019

As várias faces da mesma crise - Míriam Leitão



O Globo

Ritmo lento de geração de vagas não permite comemoração

Os dois indicadores de emprego divulgados esta semana reafirmam que a recuperação do mercado de trabalho é muito lenta. Os sinais são mistos, há criação de vagas, mas a desestruturação do mercado de trabalho atinge, em maior ou menor grau, cerca de 58 milhões de brasileiros. A recuperação é demorada porque o crescimento da economia nos últimos trimestres foi baixo e as projeções para o PIB do ano que vem estão encolhendo. O Banco Central já espera apenas 1,8% de alta em 2020. No acumulado do ano, o país criou menos emprego formal do que no auge da crise em 2009. A boa notícia é a oferta de vagas na construção civil, especialmente no mês de agosto.

O governo, a cada notícia boa, comemora, achando que assim consegue estimular o otimismo. Essa técnica é velha e nunca resolveu coisa alguma. Os fatos são os fatos. A crise foi herdada, mas ainda não foi enfrentada adequadamente. Quando o tema é emprego, não diz muita coisa afirmar que os números são os maiores dos últimos anos porque a base de comparação é muito baixa.

Os desempregados são 12,5 milhões, e os desalentados, 4,7 milhões. Entre quem trabalha, há quase 12 milhões sem carteira no setor privado, e outros 4,4 milhões de domésticos também sem formalização. Mais de dois milhões têm emprego familiar, muitas vezes sem remuneração, e os empregados por conta própria sem CNPJ são quase 20 milhões. No setor público, ainda há 2 milhões sem carteira e quase 1 milhão é empregador não formalizado. Somando tudo, apesar das diferenças de situação, são 58 milhões de brasileiros, mais de metade da população economicamente ativa.

A melhora este ano é tímida. O país gerou 593 mil empregos formais, de janeiro a agosto. No mesmo período do ano passado, com toda a incerteza eleitoral, foram 568 mil. Em 2009, quando o reflexo da crise internacional estava no auge, foram criados 680 mil empregos com carteira. Na comparação entre 2018 e 2019, a abertura de vagas foi praticamente a mesma na indústria. No setor de serviços, houve queda, e a surpresa positiva ficou na construção civil, que aumentou de 65 mil para 96 mil os empregos criados. Quando a análise é apenas para o mês de agosto, que seria um dado melhor “na margem”, como dizem os economistas, pegando o número na ponta, os resultados são semelhantes. Em 2018, 110 mil empregos criados, no mesmo mês deste ano, 121 mil. Cresceu, mas não muito.

O economista Bruno Ottoni, pesquisador do Idados e especialista em mercado de trabalho pelo Ibre/FGV, explica que a geração de vagas é gradual e está sendo puxada pela informalidade, que, como disse o IBGE, bateu recorde em agosto. Ottoni explica que nem sempre informal é sinônimo de precarização. Em alguns casos, pode-se ganhar mais trabalhando sem a carteira assinada. Mas não é isso que tem acontecido na maioria dos casos no país.
— O que vemos é que há recorde da informalidade, e o rendimento médio do informal está abaixo do formal. O mercado de trabalho responde sempre por último, e o fato é que a economia como um todo ainda está em um processo muito lento de recuperação — explicou.

De todos os empregados do país, 41% estão na informalidade, o maior percentual desde 2016. No mês de agosto, nove em cada 10 vagas criadas foram informais (87%). Nesse grupo estão pessoas que trabalham sem carteira, sem CNPJ ou até mesmo sem remuneração, em trabalhos para a família.
O país tem 2 milhões de empregos formais a menos do que em relação ao melhor momento de 2014. Pelas projeções de Bruno Ottoni, se a economia crescer 2% no ano que vem, como estima o mercado financeiro, haverá geração entre 700 mil e 800 mil. Ou seja, nem em 2020 haverá plena recuperação do emprego.

Para quem está desempregado, o tempo de espera para voltar ao mercado pesa muito. As contas não param de chegar, os sonhos de famílias inteiras são adiados. Investimentos em capacitação e educação são suspensos, e as despesas com saúde, tratamentos e remédios ficam mais pesadas em relação ao orçamento. O drama é vivenciado dia após dia. E quanto maior o tempo fora do mercado de trabalho mais difícil é a recolocação. O tempo corre contra o desempregado. O país está gerando vagas, mas o ritmo é lento e não é hora para comemorações, principalmente dentro do governo.

Blog da Míriam Leitão, jornalista, com Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo

segunda-feira, 11 de março de 2019

Crise renitente

A despeito da reforma da CLT e do fim da recessão, informalidade cresce no mercado de trabalho do país

Mesmo finda a recessão e apesar da muito discreta melhoria no mercado de trabalho, o número de trabalhadores do setor privado sem registro formal ainda mostrou crescimento neste início de ano. Trata-se aqui não apenas dos empregados sem carteira assinada, mas também de empregadores e trabalhadores por conta própria sem inscrição no CNPJ. Esse é um dos aspectos do que se chama informalização, que também pode ser abordada pela proporção dos trabalhadores que contribuem para a Previdência Social.

Seja qual for o enfoque, o quadro geral é de precarização, de manifestos sintomas de fraqueza econômica e preocupantes efeitos sobre a capacidade e a intenção de consumir. Obviamente, tal situação degradada tem também impacto sobre a receita tributária, a previdenciária em particular. Desde o início de 2016, das profundezas da recessão, o número de pessoas ocupadas cresceu apenas 1%. No setor privado, o resultado se mantém negativo em 1,9%. Entre os celetistas, a baixa chega a 7%, segundo dados do IBGE.

A quase estagnação econômica, a capacidade ociosa, os custos de contratação e a incerteza decerto têm grande peso na explicação dos péssimos indicadores. Mas é possível também que, considerados perdas e ganhos, parte dos trabalhadores simplesmente opte pelo regime autônomo e, muitas vezes, totalmente informal. A redução do número de pessoas empregadas e a degradação da qualidade dos postos de trabalho abatem de modo considerável a receita previdenciária. Em 2014, a arrecadação da Previdência dos trabalhadores urbanos superava a despesa em R$ 32,4 bilhões, superávit equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto. Em 2015, a diferença caiu a quase zero e desde então o déficit aumenta, chegando a R$ 82,5 bilhões, ou 1,2% do PIB, em 2018.

A queda conjuntural da receita previdenciária é um fator importante da crise do sistema, ao lado da expansão estrutural da despesa. [fraude na concessão de beneficios tem que ser investigada, com suspensão do pagamento do beneficio obtido fraudulentamente, devolução dos valores recebidos e prisão de TODOS envolvidos no processo de fraude.] É difícil prever como os diversos regimes de trabalho vão reagir a uma eventual recuperação econômica. Pode ser que, em um ambiente de retomada mais segura, as empresas voltem a contratar e que mais trabalhadores autônomos e pequenos empreendedores procurem a formalização.

Não se pode descartar a hipótese, porém, de haver obstáculos mais profundos no regime de carteira assinada —difíceis de enfrentar por meio da regularização de outras modalidades de emprego criadas pela reforma da CLT. Tanto no que diz respeito à segurança social e jurídica do trabalhador como no interesse da arrecadação tributária, cumpre buscar diagnósticos e alternativas para a crise do mercado de trabalho no país.
 
Editorial - Folha de S. Paulo
 
 
 

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Inadimplência atinge 62 milhões de brasileiros e afeta 3% do crédito



A taxa de inadimplência ao crédito do sistema financeiro no Brasil chegou a 3,04%, ou em termos absolutos R$ 96,6 bilhões de um saldo total de R$ 3,168 trilhões. Os dados preliminares, relativos ao mês de setembro, são do Banco Central (BC). Os valores não discriminam as contas em vermelho de empresas e pessoas físicas. A inadimplência diz respeito a dívidas em atraso há mais de 90 dias.

A dívida a bancos, operadores de cartão de crédito, financeiras e leasing aflige metade (52%) dos brasileiros com “nome sujo” no Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil. Conforme o birô de crédito, em setembro, 62,6 milhões de pessoas estavam “negativados”, equivalente à população da Itália ou pouco menos de um terço da população adulta com 20 anos ou mais – conforme cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 209 milhões de brasileiros,194 milhões com idade a partir de 20 anos (conforme cálculo estimado na última quinta-feira,8).


Em relação às instituições financeiras, tabela das Estatísticas Monetárias de Crédito, disponível para download na página do BC, a inadimplência junto a essas instituições equivalem a 2,7% dos saldos. No caso das instituições financeiras privadas nacionais, a proporção é de 3,8%. Para as instituições financeiras estrangeiras, o percentual é de  2,6%. A maior parte do montante da inadimplência é devida aos bancos públicos (46,27%). Em segundo lugar, às instituições privadas de capital nacional (41,28%). Em terceiro lugar, às instituições de capital estrangeiro (12,45%).

Crise, desemprego e dívida

“A inadimplência sempre cresce com o desemprego. Quando o país entrou em crise, a partir de 2014, nós tínhamos 51,8 milhões de CPF negativados. A crise, de 2014 pra cá, colocou mais 10 milhões na inadimplência”, descreve Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.  Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, confirma que a recuperação do trabalho, e portanto da renda, é o que faz com que quem esteja inadimplente possa colocar em dia as contas em atraso, especialmente os mais pobres. “Quando o consumidor que tem a renda menor voltar para o mercado de trabalho, ele vai pagar a dívida, resolver esse problema”.

MATÉRIA COMPLETA, leia aqui 



quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Empreendedorismo é alternativa em cenário de desemprego alto




O presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, me contou em entrevista que o foco do banco passou a ser as empresas menores, com faturamento de até R$ 90 milhões, que receberam quase 50% do total de desembolsos neste ano. Em uma economia em que falta trabalho para 27,6 milhões, empreender é uma alternativa. A entrevista com Dyogo estreia na GloboNews na quinta-feira, às 21h30. 


A gestão do BNDES passou por uma mudança em relação à orientação de governos passados, que financiavam as maiores companhias do país com dinheiro subsidiado. Nessa nova linha de atuação, o banco criou o programa Garagem BNDES, uma espécie de incubadora de empresas iniciantes. Tomara que o próximo governo não retorne à política anterior do BNDES, que concentrava os recursos do banco nos projetos de grandes companhias. O que estrutura a economia são as empresas médias e pequenas. Essa estratégia gera mais empregos e dinamismo no mercado.

NÃO DEIXE DE LER: Mais de 3 milhões buscamemprego há pelo menos 2 anos

Desemprego de longa duração bate recorde. Desalento também chega ao maior patamar: 4,8 milhões

Crise do mercado de trabalho deveria ser o grande tema da campanha


No trimestre, cerca de 723 mil pessoas deixaram o contingente de desempregados, que são as pessoas que procuram uma ocupação e não a encontram. Parece um dado positivo. Acontece que os outros problemas do mercado de trabalho se agravaram.
No trimestre, mais de 200 mil pessoas entraram para o grupo de desalentadas. Outras 317 mil aumentaram o contingente de subocupados. Entre aquelas impossibilitadas de assumir um trabalho, o avanço foi de 171 mil pessoas. A tendência se repete no confronto com o segundo trimestre de 2017. Todas essas categorias ficaram mais inchadas. 

A pesquisa do IBGE ajuda a enxergar mais claramente a magnitude da crise. O desemprego recuou, mas nunca tantas pessoas estiveram em desalento. Ainda não sabemos qual será o próximo presidente. Mas a prioridade dele já está clara, é o mercado de trabalho.


 No segundo trimestre, faltava trabalho para 27,6 milhões de pessoas no Brasil. Esse é o dado que dá a real medida da crise no mercado de trabalho. O número de desempregados, ainda enorme, diminuiu recentemente. É o contrário do que se tem visto com o desalento. O número de pessoas que desistiram de buscar uma ocupação está crescendo. Já são 4,8 milhões nessa situação, um novo recorde negativo da economia brasileira. O emprego deveria ser o grande tema da campanha eleitoral. 

O indicador do IBGE mede a subutilização da força de trabalho. Ele enxerga além dos 12,9 milhões de desempregados. Considera também os 6,5 milhões que trabalham menos horas do que gostariam, mais os 4,8 milhões em desalento e os 3,3 milhões que não estavam disponíveis para trabalhar quando a pesquisa foi feita. 

Blog da Miriam Leitão - O Globo