VOZES - Gazeta do Povo
Nesta
semana se mostrou que o governo praticamente vai impedir que a CPMI
investigue realmente tudo o que aconteceu no dia 8 de janeiro.
As suas
origens, as suas motivações, os motivos a longo prazo, imediatos, os
personagens principais, as responsabilidades das autoridades.
Vai ser
uma repetição daquilo que o noticiário já deu, a propaganda do governo
já deu, porque o governo numa maioria de 20 a 11 já mostrou que impede
as convocações pedidas pela oposição, e só aprova as convocações que
interessam ao governo.
Por exemplo, o general
Gonçalves Dias, que foi visto pelas câmeras circulando, enquanto o
palácio era invadido, não puderam convocar.
Em compensação, semana que
vem, ele vai depor na mesma CPI, com o mesmo objetivo, no legislativo de
Brasília, do Distrito Federal, dia 22.
Ele já devia ter feito o
depoimento, mas pediu mais tempo para se preparar.
Então marcaram pra
dia 22. Lá já depuseram o general Augusto Heleno, que foi o antigo GSI,
já havia prestado depoimento lá o comandante militar do Planalto, o
general Dutra, e os comandantes da PM naquele dia.
Então eu ouso imaginar que a CPI, a comissão parlamentar de inquérito do legislativo local, vai estar mais equilibrada, mais isenta e chegar a mais conclusões que a CPMI do Congresso. E é presidida por um petista que eu conheço pessoalmente. Chico Vigilante, que já foi deputado federal, é deputado distrital, não é de primeiro mandato, e é uma pessoa que está preparada pelo exercício da política em Brasília nesses últimos quarenta anos.
Politicofobia
Enquanto isso, a Câmara dos Deputados realiza uma votação vergonhosa de um projeto de lei que tramitou como um relâmpago. Vinte e três dias desde que a filha de Eduardo Cunha apresentou o projeto, em maio até o dia da aprovação, que foi na noite do dia 14.
Enquanto isso, a Câmara dos Deputados realiza uma votação vergonhosa de um projeto de lei que tramitou como um relâmpago. Vinte e três dias desde que a filha de Eduardo Cunha apresentou o projeto, em maio até o dia da aprovação, que foi na noite do dia 14.
A apresentação e votação da matéria foi em uma hora e pouco.
Trata-se, absolutamente, de um projeto de lei que visa legislar em causa própria, no qual deputados se protegem do "preconceito contra os políticos".
Eu diria assim, politicofobia. Mas não é quanto a críticas normais, né?
Isso até estava proposto lá, mas não tiveram coragem de deixar passar. Vão punir banco que não dê crédito para deputado. O texto prevê multa diária de R$ 10 mil e até a prisão de 2 a 4 anos.
Será punido quem não dê crédito, cartão de crédito, abertura de conta, mesmo sendo caloteiro, mesmo já tendo dado calote no banco, mesmo estando com o nome sujo no Serasa, mesmo sendo passador de cheque sem fundo.
Mas não é só deputado, não. Qualquer pessoa politicamente exposta: governador, prefeito, presidente da República, vereador, deputado estadual, senador, ministro, juiz, ministro do tribunal superior, secretário de ministério, chefe de gabinete de ministério, qualquer pessoa cujo nome esteja vinculado à política. É incrível.
E olha a quantidade de votos
que aprovaram a ideia: 252 votos a favor. Quem mais votou a favor foi o
PT, depois o PL, que se dividiu, 37 votos a favor, 44 contra.
Junto com o
PL, votaram contra o PSOL, o Novo, o PCdoB e a Rede.
E junto com o PT e
com o PL, votaram União Brasil, Republicanos, MDB, PSD, PP, todos com
alguns deputados discordando, claro.
O Partido Social Cristão foi o
único que inteiramente votou a favor. Deu seus três votos a favor.
Votação em causa própria vergonhosa, né? Como eu disse, a autoria da
deputada Dani Cunha, filha de Eduardo Cunha, e o relator Claudio Cajado,
do Progressistas da Bahia. Felizmente, ainda vai para o Senado.
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima