Ex-presidente sente se fechar o cerco; delações o colocam no centro do escândalo do petrolão. Por incrível que pareça, ele não é, até agora, um investigado
É,
companheiros… Quem tem a biografia de Lula também tem de ter medo. Até
há alguns dias, o ex-presidente e o PT iam levando no gogó as acusações
que citam o nome do chefão: “Conspiração! Antipetismo! Estão tentando
destruir o partido! Querem minar a liderança maior da legenda”…
À medida
que dados das delações premiadas começaram a vir à luz, bateu no
Apedeuta a certeza de que chegou a hora de contratar um criminalista de
peso. Profissionais assim ou defendem inocentes injustiçados ou procuram
minorar a sanção que certamente virá contra um criminoso.
O escolhido
foi Nilo Batista, que governou o Rio em 1994, depois que Leonel Brizola,
de quem era vice, renunciou para disputar a Presidência da República.
Ouvido pela Folha, Batista, um medalhão na área, diz que não cobra
honorários de Lula… Então tá! Vai ver o milionário não pode pagar, não é
mesmo?
Os petistas
promovem uma grande gritaria para tentar blindar Lula, que hoje é
investigado apenas pela Procuradoria- Geral, em Brasília, por
supostamente fazer tráfico de influência em favor da Odebrecht. Esse
aspecto em particular, não as acusações contra a empreiteira, é quase
marginal no conjunto da Lava Jato.
O PT e o
próprio Lula fizeram um balanço da situação e chegaram à conclusão de
que os fatos vão convergindo para aquele que governava quase como o Rei
Sol. A delação de Fernando Baiano já havia complicado a vida de Lula. A
de Nestor Cerveró referendou a do outro. No centro da questão, como
vocês devem se lembrar, está um empréstimo que o PT contraiu junto ao
grupo Schahin de R$ 12 milhões, valor que já chegava a R$ 60 milhões em
2008.
Foi quando o
grupo assinou um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar um navio-sonda
da Petrobras. A dívida foi esquecida — ou, na prática, foi paga pela
estatal. Delações acusam as digitais de Lula no acordo. Não só isso! A
Procuradoria-Geral da República afirma também que, quando presidente,
Lula loteou as diretorias da BR Distribuidora entre Fernando Collor e o
PT. E a propina rolava solta.
Na Operação
Zelotes, o investigado é Luís Cláudio, um dos filhos do poderoso chefão
do PT. Burro, definitivamente, Lula nunca foi e sente que o cerco dos
fatos começa a se estreitar e que diminui o seu espaço para esperneio.
Ouvido pela Folha,
Batista tenta insistir na tese da perseguição, mas sabe que se trata de
conversa mole: “Há um esforço para a criminalização do ex-presidente”.
Não diz esforço de quem: “Não quero fulanizar”. Bem, nem conseguiria,
uma vez que isso não existe. Trata-se apenas de uma pressão para ver se
intimida os investigadores.
Batista se
junta, assim, aos advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira. A Folha
informa que a sugestão foi do deputado federal w.d (PT-RJ),
ex-presidente da OAB-RJ, que é amigo de Lula e uma espécie de seu
conselheiro em questões jurídicas. Busca ocupar o lugar que foi de
Márcio Thomaz Bastos, mas é visível que lhe falta o cérebro que tinha
aquele e que seu fígado é muito mais avantajado.
O deputado w. d.
endossou a estratégia até agora seguida de sair gritando por aí
“Preconceito! Perseguição!” — coisa, admita-se, que Bastos não fazia.
Preferia lidar com a, digamos, tecnologia do direito, não com a do gogó. Os fatos
estão um pouco mais encaixados agora. Lula já tem um criminalista. É o
especialista necessário para alguém com a sua história.