Flávio Britto, cientista político e professor da Universidade de
Brasília (UnB), diz que se o PMDB quiser ter candidato próprio à
Presidência da República em 2018 terá que buscar união.
Britto avalia que o afastamento de Eduardo Cunha do governo ainda deve
causar muita dor de cabeça à presidente Dilma e lembra que depende dele
colocar ou não um pedido de impedimento em votação.
A crise, ou guerra, entre Legislativo e Executivo ganhou novas
contornos com a decisão de Eduardo Cunha em romper com o governo e a
presidente Dilma. O que esperar agora?
É prerrogativa do presidente da Câmara pautar matérias como um eventual
pedido de impeachment. Ele tem o poder de instalar ou não as CPIs,
situação que já o fez. Há escândalos envolvendo os setores energéticos
do país e o BNDES. A previsão efetivamente é de maus momentos para Dilma
e seus asseclas no Palácio do Planalto.
E o PMDB? Até agora o partido sinaliza não apoiar o gesto dele...
Assim como no PT, no PMDB há várias correntes internas. Desde a época
do velho MDB elas já existiam. Então vão ter segmentos dentro do PMDB
que irão acompanhar Eduardo Cunha, outros que irão repudiar e terão
outros que ficarão indiferentes. Tudo vai depender dos desdobramentos
que irão aparecer nas CPIs e na questão que envolve a Lava-Jato.
Mas, o partido pretende lançar candidatura para 2018...
Se as correntes internas dentro do PMDB não se unirem ele volta a ser
um coadjuvante no pleito de 2018. Hoje para o PMDB, o impeachment é
melhor caminho, para chegar à Presidência, pois Dilma cai e assume
Michel Temer.
Por que a presidente Dilma tem tanta dificuldade para lidar com a crise política?
Por nunca ter um mandato sequer de vereador, ela não estava acostumada
com o tratamento junto às casas legislativas. No primeiro governo ela
fez uma gestão altamente arrogante e autoritária. Isso sem falar, que
ela fez uma campanha totalmente voltada para ludibriar a população, pois
queria vencer a eleição a todo custo.
A ação da Polícia Federal nas residências de senadores acendeu um sinal amarelo de um desgaste entre Legislativo e Judiciário?
O ex-presidente e senador Fernando Collor entende de forma equivocada
que o governo teria mecanismos legais para coibir a atuação do
Ministério Público e da Polícia Federal. Existe uma pressão popular
muito forte para que o país seja passado a limpo e as instituições estão
trabalhando.
A atuação do ex-presidente Lula em meio à crise política do governo tem contribuído para alguma coisa?
Ele está tentando tardiamente consertar uma situação que a presidente
Dilma criou. Ele sempre foi um homem, ao contrário dela, do diálogo.
Dilma sempre quis o embate sem ter nenhuma estratégia e dimensão das
consequências disso. Então a tarefa hoje do ex-presidente Lula é
ingrata. Nós temos que ver que o Ministério Público Federal abriu um
inquérito criminal contra Lula, ele passa a ser formalmente investigado e
a situação política do PT vai ficando cada vez mais estreita.
Fonte: Blog do Noblat - Flávio Britto, cientista político e professor da Universidade de
Brasília (UnB),
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quinta-feira, 23 de julho de 2015
Cientista político afirma que para o PMDB chegar à Presidência o caminho mais fácil é o impeachment de Dilma
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