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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Principais partidos são presididos por investigados, denunciados e um preso

É como se no sétimo dia, quando Deus descansou, tivessem surgido sobre a terra os partidos políticos brasileiros. Em consequência, uma característica fundamental da dificuldade do eleitor é ter que ouvir os presidentes dos partidos durante vários anos para chegar à conclusão de que eles não têm nada a ensinar sobre ética, exceto que se trata de uma virtude facilmente contornável.

No momento, os principais partidos do país são comandados por investigados, denunciados e até um preso. Em maior ou menos extensão, enfrentam enroscos criminais, entre outros, os presidentes do PMDB, PSDB, PT, DEM, PP, PR, PRB, PSD e SD. Todos negam participação em desvios. 

Nesta terça-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal converteu em réu o senador Agripino Maia (RN), presidente DEM. Ele responderá pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É acusado de receber propina da OAS. Coisa de R$ 654,2 mil entre 2012 e 2014. Declara-se inocente.

(...)

A senadora Gleisi Hoffmann (RS), presidente que Lula consentiu para o PT, guerreia no Supremo contra uma ação penal na qual a Procuradoria a acusa de receber R$ 1 milhão em verbas desviadas da Petrobras para sua campanha ao Senado em 2010. Em petição submetida ao julgamento da Primeira Turma do Supremo, a Procuradoria pede, além da condenação criminal de Gleisi e seus cúmplices, o pagamento de uma indenização de $ 4 milhões ao Estado, a título de indenização por danos morais e materiais.  

(...) 
 
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, preside o SD, sigla de Solidariedade. Entre outros processos, ele é protagonista de uma denúncia na qual a Procuradoria o acusa de ter se beneficiado de esquema que que desviou verbas do BNDES. Responde por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Deus, como se sabe, existe. 

Mas quem repara no cenário de terra arrasada que domina o sistema político brasileiro fica tentado a acreditar que Ele não merece existir. Fica evidente que o Todo-Poderoso criou a política sem a menor atenção e, ao retornar do descanso, percebendo o tamanho da encrenca, terceirizou a administração dos partidos políticos ao diabo.



 
Principais partidos são presididos por investigados, denunciados e um preso... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2017/12/13/principais-partidos-sao-presididos-por-investigados-denunciados-e-um-preso/?cmpid=copiaecola

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Reforma da Previdência ficará para 2019 e falando da reforma trabalhaista

A decisão do PMDB de obrigar seus deputados a votarem a favor da proposta de reforma da Previdência Social será o sinal mais forte de que o governo carece simplesmente de votos para aprová-la até mesmo dentro do seu próprio partido. 

O PMDB tem 63 deputados. O governo, se muito, contará com 30 deles para aprovar a reforma. O PSDB tem 49 deputados. Sequer 10 deles votarão a favor. No PR, com pouco mais de 40 deputados, o governo tem menos de 10 votos.  É no PP que o governo está em melhor situação. Dos seus 44 ou 45 deputados, 19 poderão votar pela aprovação da reforma. O PTB fechou questão a favor. Dos seus 18 deputados, não mais do que nove ou 10 são considerados votos certos pela reforma.

Do total de 513 votos possíveis, o governo precisará de 342 para que a reforma passe na Câmara. Até ontem, ele não tinha mais do que 100. Um pouco menos. Mostra-se otimista. Porque caso se mostrasse realista seria pior.  Originalmente, a reforma seria votada hoje. Ficou para a próxima semana. Sem que haja votos para aprová-la, ficará para o próximo ano. O que significa que ficará como herança para o futuro governo a ser empossado em janeiro de 2019.

A esmagadora maioria dos deputados só pensa em se reeleger, e sabe que aprovar a reforma lhe custará votos. Acha-se quite com Temer porque o salvou duas vezes de denúncias de corrupção. Agora, chega.  Sem falar da emenda aprovada pela Câmara o que estabeleceu um teto de gastos para o governo. Sem falar da reforma trabalhista, também aprovada.

Blog do Noblat 

Estácio demite 1,2 mil professores e contrata 1,2 mil professores
A Estácio aderiu à nova legislação trabalhista: está demitindo este mês 1,2 mil professores (de um total de 10 mil). Em janeiro, vai recontratar os 1,2 mil, não mais pela CLT, evidentemente.


Internamente, a Estácio justifica assim o movimento: os professores ganhavam uma remuneração acima do mercado. Vai, agora, reajustá-los.

Blog do Lauro Jardim

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Temer e Lula, a mesma desculpa

Dizer que o país só avança no ‘rouba mas faz’ e que é preciso tolerar corrupção é como acreditar que todo mundo aqui é ladrão 

A CUT - a central sindical do PT - descobriu a causa do desemprego: a Lava Jato. Foi ao detalhe:  cada preso da operação desempregou 22 mil pessoas. Não, eles não estão de gozação. A tese, digamos, foi defendida pelo secretário de comunicação da central, Roni Barbosa, em discurso de apoio a Lula, ontem em Curitiba. No mesmo momento, em Brasília, no plenário do STF, o advogado Antônio Mariz sustentava que a Procuradoria Geral da República "atrapalha o país" ao apresentar denúncias de corrupção contra o presidente.  Isso porque, alegou, a PGR "impede Temer de trabalhar". Chegou a pedir: "deixem o presidente em paz". [deixem o presidente em paz não expressa bem o que o Brasil necessita neste momento de um ainda iniciante processo de recuperação da economia;
o que o Brasil necessita é que DEIXEM O PRESIDENTE TRABALHAR e no inicio de 2019 o investiguem, denunciem, processem, julguem e havendo provas (não vale indícios não indiciários) o condenem.
Mas, agora o Brasil precisa do presidente trabalhando e o presidente é, gostem ou não, MICHEL TEMER - tentar colocar outro será o caos e o CAOS CAÓTICO.] 
Um defende Lula, outro defende Temer, mas a tese, digamos, é exatamente a mesma -uma versão nova do clássico "rouba mas faz".  O pessoal da CUT diz que a Lava Jato paralisou grandes empreiteiras e outras empresas especialmente do setor de óleo e gás, o que levou o país à recessão e ao desemprego. Quer dizer com isso que se não houvesse a operação contra a corrupção, estaria tudo bem: o PIB crescendo, os brasileiros trabalhando, o PT no poder .... e os ladrões roubando sossegadamente. (Esta última conclusão, claro, é nossa.)
Como Lula representa aquele momento de expansão, denunciá-lo e processá-lo é uma conspiração dos que não querem o crescimento do Brasil. Entre estes, certamente estão o presidente Temer e seus associados. Na versão Mariz fica assim: o país está voltando a crescer depois da recessão do lulopetismo, essa recuperação se deve ao presidente Temer, de modo que não é hora de denunciá-lo. Quem faz isso, como o procurador Janot, só pode estar conspirando contra o Brasil. [convenhamos que está conspirando contra o Brasil, tendo em conta que havendo provas contra Temer a futura Procuradora-geral da República, RAQUEL DODGE, certamente o denunciará no momento oportuno, cumprindo as leis, e sem tentar sepultar no nascedouro o ainda frágil inicio da recuperação econômica.
Já Janot denunciando Temer,  de hoje até domingo, -  denúncia que certamente só tramitará na próxima semana, mais provavelmente após uma conclusão sobre o que fazer com os delatores Batista (delatores com FÉ PÚBLICA outorgada pelo Janot) - a única coisa que conseguirá será, ou melhor, as duas que conseguirá serão:
- poder se jactar que denunciou por duas vezes o presidente da República;
- e retardar, ou até paralisar, a recuperação econômica do Brasil.]
Mas como não se pode defender publicamente a corrupção, cujas evidências são arrasadoras, os dois lados se desviam da mesma maneira: é coisa dos outros. Um dos vice-presidentes do PT, o ex-ministro Alexandre Padilha, garantiu ontem que as malas e caixas de dinheiro encontradas no incrível apartamento de Salvador foram resultado de corrupção feita no governo Temer e não quando Geddel Vieira Lima, o dono ou fiel depositário da dinheirama,  foi ministro de Lula e diretor da Caixa Econômica na gestão Dilma. Como pode saber disso? Deu uma olhada nas fotos e "descobriu" que as notas eram novinhas.
Argumento mais do que duvidoso. Geddel ficou anos nas administrações petistas e, na Caixa, controlava financiamentos de bilhões. Foi dali que saiu o grosso da propina, dizem diversos delatores e testemunhas. O governo Temer tem pouco mais de um ano, tempo parcialmente aproveitado por Geddel, que está preso. Mas isso não libva o PMDB, pois Geddel, membro histórico do partido, estava nos governos petistas como representante de Temer. O que fazer? Tentar mostrar que Temer e o partido não têm nada com isso. Ontem, o PMDB formalizou o afastamento de Geddel Vieira Lima.
  
Do mesmíssimo modo, o pessoal de Lula está dizendo que Antônio Palocci - chefe de campanha de Lula e Dilma, ex-ministro dos dois, grande chefe do PT por anos - "nunca foi um verdadeiro petista".  Tudo considerado, está na cara que há mesmo uma conspiração nacional: contra a Lava Jato. Claro que os atores dos dois lados sabem perfeitamente que houve grossa roubalheira. Sabem também que não dá para enganar os eleitores por muito tempo.
Tanto sabem que já chegaram às teses mais ridículas. Essa de que cada preso da Lava Jato gerou 22 mil desempregados é o máximo da estupidez. Mas o advogado Mariz, um homem culto, quase chegou a dizer que denunciar Temer trás de volta a recessão e a inflação.  Diante disso, a estratégia que une todos - de Lula a Temer, passando por Aécio - é barrar a Lava Jato para minimizar os danos. Ser réu, acusado, é ruim, mas ainda é melhor que preso.
A decisão do STF de ontem - de manter Janot e ressalta a prerrogativa da PGR de investigar e denunciar o presidente quando julgar necessário - e as sucessivas ações recentes da Lava Jato indicam que não será fácil acabar com a maior operação contra a corrupção.  Uma última palavra: dizer que o país só avança no "rouba mas faz" e que é preciso ser tolerante com a corrupção para preservar o progresso, é como acreditar que todo mundo aqui é ladrão e que este país não tem futuro.
Piada?
Sei que muita gente não gosta de piada numa hora dessas, mas é irresistível. Por exemplo:
Proposta CUT contra o desemprego: soltem todos os presos da Lava Jato.
Dos amigos de Geddel: qual o problema? A família sempre gostou de guardar dinheiro vivo. [não esqueçam que o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, nomeado pela administração petista, não gostava de guardar dinheiro em bancos, tanto que além de um estoque de dinheiro em casa, efetuou o pagamento total de um apartamento em dinheiro vivo.]
Garotinho deixou de apresentar seu programa de rádio por um problema de voz -  voz de prisão.

domingo, 16 de julho de 2017

O Brasil pós Lula

A sentença prolatada pelo juiz Sérgio Moro do Lula, condenando Lula a 9 anos e seis meses de prisão, praticamente decretou a sua morte política. O período que se abre agora até a confirmação da sentença em segunda instância será apenas um prolongado velório e, como todo velório, terminará no sepultamento político do ex-presidente. A pergunta que se coloca é o que será do PT sem Lula candidato e como ficará a política partidária do Brasil sem a figura do ex-presidente.

Não há dúvida de que a mais singular criatura a aparecer no cenário político nacional no último quartel do século passado foi o PT, capitaneado pelo carrancudo Lula. A esquerda mais revolucionária alinhou-se com ele e acabou chegando à Presidência da República em 2002, tendo ficando por 14 anos no poder, oito anos sob a presidência de Lula e os demais sob Dilma Rousseff, cujo mandato foi interrompido pelo impeachment. O PT singularizou-se pelo discurso “ético”, mas, como demonstrou Olavo de Carvalho, essa ética revolucionária é o oposto da ética do senso comum cristão, é a própria cartilha de intenção de crimes revolucionários. Ademais, a intenção de “mudar tudo que está aí” nunca foi escondida, algo que só poderia ser feito mediante ou golpe de Estado ou passando por cima do ordenamento jurídico. Foi o que foi feito com o mensalão e com o petrolão e toda a prática criminosa resultante da tentativa de perpetuação no poder.

O problema é que o PT jamais teve maioria parlamentar e foi obrigado a se aliar ao PMDB que, nesses anos todos, serviu de freio aos anseios revolucionários do PT. As falcatruas derivaram da tentativa de alugar uma base aliada obediente, disposta a aprovar tudo. Houve erro de cálculo, pois a tal base nunca votou incondicional. As três grandes derrotas parlamentares sofridas foram justamente de autoria desse partido: a recusa da CPMF, a negação do terceiro mandato a Lula e o impeachment de Dilma Rousseff. A única força de oposição eficaz que o PT teve foi o PMDB.

A contradição óbvia vivida pelo PT é ter uma plataforma revolucionária sendo implantada dentro da ordem democrática, numa sociedade aberta com imprensa livre. O PT colocou foco na nomeação dos juízes das cortes superiores, que passaram a interpretar a Constituição contra a letra do que nela estava escrito. Mesmo assim, vieram as condenações do mensalão no STF, pois no campo penal não há muito o que interpretar diante das provas. Seus líderes foram condenados, exceto Lula, protegido que foi pela Procuradoria Geral, fato que lhe permitiu escapar do impeachment.

Ao PT agora resta ou assumir de vez sua face revolucionária e, ato contínuo, eleger a violência como instrumento de chegada ao poder, ou se enquadrar na legalidade e se tornar um partido nanico, sem bandeiras e sem recursos. O ajuntamento de revolucionários que se tornou a sigla poderia então se dissolver, pois já não teria serventia para os propósitos revolucionários.

Em face da idade, Lula deve encerrar sua carreira política lutando pela liberdade pessoal nas barras dos tribunais. Deixou de ser líder político relevante, na verdade já está fora da política eleitoral, fonte que foi de seu poder durante toda vida. Sem votos, Lula não é nada e ele agora não pode mais pleitear cargos eletivos, a se confirmar a sentença de Sérgio Moro em segunda instância. O vácuo político deixado por Lula e pelo PT parece estar sendo preenchido pela emergência de forças de centro-direita. O partido mostrou-se frágil demais sem a figura demagógica do seu líder máximo, Lula.

A eleição de 2018 promete uma renovação radical dos nomes propostos pelas agremiações políticas. Não se sabe quem sairá vencedor, mas sabemos quem será o grande perdedor: o PT. Já foi assim em 2016. O partido vai desidratar de vez, dando lugar a novas forças que deverão emergir.

Quem viver verá.

www.nivaldocordeiro.net  -

 

sexta-feira, 14 de julho de 2017

A política estéril

A situação política chegou a um ponto de esterilização que não existe nenhum grupo político com capacidade de impor sua posição sobre os outros, não havendo maiorias claras em nenhum campo de batalha eleitoral. As disputas não dão frutos.   O presidente incumbente festeja uma vitória artificial na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, porque forjada em substituições de membros da própria base, o que prenuncia uma possibilidade forte de derrota no plenário com a decisão de realizar a votação em agosto, após o recesso parlamentar.

O governo não teve força política para adiar o recesso parlamentar, muito menos para mobilizar número suficiente para a votação, que não se realizará porque nenhum dos dois lados tem capacidade de mobilizar o número necessário para obter o quórum mínimo para início da votação, que é de 342 deputados presentes no plenário. O número tem sua lógica.  Como são necessários 342 votos para aprovar a continuação do processo contra o presidente da República, a votação só pode começar com esse número mínimo de presenças, pois caso contrário a eleição já começava decidida a favor do governo.

O fato de a oposição não ter votos suficientes no momento para derrotar o governo denota que a Câmara encontra-se dividida, com o governo vendo dissipar-se a maioria que controlava, acima de 400 deputados, que lhe dava garantia de poder aprovar até mesmo emendas constitucionais polêmicas como o limite de gastos, ou a reforma da presidência.
Temos então uma oposição que não tem maioria para derrotar o presidente, e um governo que não tem votos para viabilizar sua permanência no comando do país. Há um impasse político relevante que, se mostra que o presidente Michel Temer continua tendo força parlamentar para lutar pela permanência no governo, revela também que esse governo, mesmo mantido, não tem mais condições de fazer grandes coisas. [só que no final de semana passado, muito já apostavam que Temer cairia no inicio da semana e pelo menos até agora ele está vencendo e Temer vencendo o Brasil também vence.
A economia melhorando mais um pouco até  inicio de agosto o quadro pode mudar a favor do Brasil - e só mantendo Temer é que as reformas que salvarão o Brasil da crise serão realizadas.]

O máximo a que pode aspirar é equilibrar-se no poder como o ex-presidente Sarney no último ano de seu governo, à espera de se transformar em saco de pancada na eleição presidencial de 2018.  Esse processo eleitoral, por sinal, deverá ser muito tumultuado, com uma judicialização excessiva, podendo ficar sub-judice em alguns momentos, porque Lula, que já se lançou pré-candidato à presidência novamente, pode recorrer a várias instâncias. [por decisão do STF, o condenado Lula - assim, como qualquer outro sentenciado - tendo sua condenação confirmada em segunda instância, por órgão colegiado,   não poderá ser candidato e neste aspecto não há outras instâncias, já que se trata de decisão do Supremo.]
 
A começar para pleitear o direito de ser candidato, caso a decisão do TRF-4 confirmando a sentença saia mesmo, como indicou seu presidente, no mês de agosto do próximo ano. Esse será o mês das convenções oficiais dos partidos políticos, e se Lula for condenado em segunda instância, talvez nem consiga permissão para se apresentar à convenção do PT.  Mas, mesmo condenado em segunda instância antes das convenções que escolhem os candidatos, ele pode pedir efeito suspensivo no Tribunal Superior Eleitoral, pode recorrer depois até ao Supremo Tribunal Federal, e como há juristas de um lado e de outro, as discussões se tornam infindáveis.

Radicalizar a campanha é o único caminho para ele, e é o que vai fazer. Vai tentar polarizar a opinião pública – o que já está fazendo -, mas ficará exposto cada vez mais, e a rejeição a ele, já muito alta, tende aumentar. Lula corre o sério risco de conseguir se candidatar, e chegar à eleição muito prejudicado, com grandes chances de ser derrotado.
Sem falar que ainda poderá ser condenado em outros processos, flancos abertos nas discussões da campanha presidencial, mesmo que essas condenações não possam ser julgadas em segunda instância a tempo de inviabilizar sua candidatura.

Temos, portanto, o maior líder popular do país em uma situação singular: aparece em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, mas não consegue ser favorito no segundo turno pela alta taxa de rejeição. E não tem mais força política para mobilizar movimentos sociais significativos diante do anúncio de sua condenação.  São previsíveis manifestações maiores nos próximos dias, mas que podem também ser o gatilho para despertar a maioria silenciosa que soltou foguetes com a notícia da condenação.

Sem falar que outros líderes populistas de direita radical, como o deputado federal Jair Bolsonaro, mostram-se capazes de reunir multidões fanatizadas nos centros urbanos, a contestar a supremacia populista da esquerda lulista. [JAIR MESSIAS BOLSONARO, futuro presidente do Brasil e a ser eleito em 2018;
só um outro pode substituí-lo; RONALDO CAIADO, única alternativa viável ao BOLSONARO.]
 
De partido que era o contraponto ao PT, disputando sempre as últimas eleições no segundo turno depois de ter governado o país por 8 anos com Fernando Henrique Cardoso, as agruras da Operação Lava Jato acentuam no PSDB um comportamento dúbio que não o coloca mais como alternativa ao PMDB, ao qual está amarrado inexplicavelmente num abraço de afogados, ou ao PT.  Essa esterilização política não produz, por sua própria natureza, entrechoques de relevo entre as forças em disputa, mas o país sofre sem perspectivas político-partidárias que preencham um centro eleitoral em busca de uma saída de equilíbrio para a crise em que estamos metidos.

Fonte: Merval Pereira - O Globo

 

domingo, 18 de junho de 2017

Um país perdido

Já não há mais possibilidade de um debate racional sobre a situação do país. Quando jornalistas são constrangidos dentro de aviões por militantes políticos que querem calá-los, como aconteceu com Miriam Leitão e Alexandre Garcia, um após a outra, para demolir as tentativas de desmentido orquestrado;  

Quando procuram explicações conspiratórias para a denúncia jornalística de uma gravação do diálogo entre o presidente da República e um empresário, onde diversos crimes são descritos e abordados; é que a surdez deliberada de setores políticos e empresariais, por razões que vão da manutenção do poder ao interesse financeiro, domina o quadro político da mesma maneira que aconteceu quando o ex-presidente Lula ou a ex-presidente Dilma foram denunciados por crimes variados.

Cada grupo político vê os acontecimentos da maneira que lhe convém, e o debate vai para o brejo. Agora disputa-se qual é a maior quadrilha em ação nesse país abandonado por Deus, que, diziam, era brasileiro. Só que não. O PT e o PMDB são acusados de terem organizado quadrilhas para manipular o governo, e existem fatos que demonstram que aos dois cabe o epíteto.

O dono da JBS, empresário Joesley Batista, na entrevista que deu à revista Época, avalia que a quadrilha do PMDB é a mais perigosa em ação, e enumera seus membros, todos presos ou assessores do Planalto. Mas diz que a corrupção institucionalizada, organizada por núcleos sob a supervisão de ministros e outras autoridades, começou com o governo Lula do PT.

Para quem era acusado de ter dado uma sociedade oculta a um dos filhos do ex-presidente, parece pouco o que diz sobre Lula, e a teoria da conspiração dita que ele se voltou contra Temer, orientado pelo Procurador-Geral da República, para proteger Lula e tirá-lo da presidência.  O próprio presidente Michel Temer sugere isso na nota oficial em que rebate as acusações de Joesley Batista. O empresário livra a cara de Lula diretamente, quando afirma que nunca tratou com ele da corrupção, mas joga para o ex-ministro Guido Mantega a responsabilidade por todas as vantagens que recebeu de órgãos governamentais como BNDES e Caixa.

É o mesmo que disse outro ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que atribui a Mantega as ordens para pagamento de propina de interesse do PT. Mas a acusação é direta:"Foi no governo do PT para frente. O Lula e o PT institucionalizaram a corrupção. Houve essa criação de núcleos, com divisão de tarefas entre os integrantes, em estados, ministérios, fundos de pensão, bancos, BNDES. O resultado é que hoje o Estado brasileiro está dominado por organizações criminosas. O modelo do PT foi reproduzido por outros partidos".

Não me parece, portanto, que Lula esteja a salvo das delações de Joesley, até mesmo devido à conta na Suíça de U$ 150 milhões que, ele garante, financiava as campanhas políticas do PT nos governos Lula e Dilma, e mesmo gastos pessoais, até de Mantega. Mas acho natural que o foco da vez esteja voltado para o presidente Temer, assim como já esteve prioritariamente voltado para o ex-presidente Lula.  Os processos contra ele já estão na fase final, e brevemente as primeiras sentenças judiciais serão anunciadas. Quando isso acontecer, e a primeira deve vir a público até o final do mês, novamente surgirão as acusações de que Lula e o PT estão sendo perseguidos, os organismos internacionais serão acionados. [Lula condenado e encarcerado não provocará reação de organismos internacionais  - pelo menos os com alguma moral e que prezem o nome - haja vista que o mundo inteiro já comprovou que Lula é o chefe de todos os chefes de todas as organizações criminosas e tudo com abundância de provas.
O fato do delator marchante Joesley voltar sua artilharia contra Temer não surpreende; o autor de mais de 200 crimes - cujas penas, por baixo, ultrapassam 2.000 anos, isto se fosse condenado mas o MP com o aval de Fachin já cuidou para que o açougueiro tenha perdoado seus crimes passados, presentes e futuros - começou a perceber que a revolta dos brasileiros contra sua impunidade,  por oferecer uma delação vazia, sem credibilidade, sem provas, pode levar a ter seus benefícios cancelados e só lhe resta centrar sua artilharia em Temer: afinal acusar sem provas é fácil., apesar de muitas vezes levar o acusador a ser punido e o acusado ter mias um caminha para provar a inocência.]

É surpreendente que uma entrevista claramente de interesse público, já que o empresário que gravou o presidente da República não falara ainda para um órgão jornalístico, seja considerada estranha, ou parte de uma conspiração para a sua derrubada.
Se não houvesse nada a ser delatado, Joesley Batista não teria importância para as investigações da Procuradoria-Geral da República. A conversa, em tom de sussurros, mesmo àquela hora da noite no subsolo do Palácio Jaburu, revelou os bastidores do submundo político e só pode ser considerada uma banalidade num país que já se perdeu.

Fonte: Merval Pereira - O Globo

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O governo Temer e suas contradições

Com uma base do passado, o Planalto tem de fazer reformas a fim de garantir o futuro; para isso, necessita de negociadores políticos, mas não pode ser condescendente

A política brasileira tem extensa experiência em passar por mudanças impostas pela realidade, executadas pelos mesmos agentes da ordem anterior. Foi assim com o marechal Eurico Gaspar Dutra, vetor da queda do ditador Getúlio Vargas, na redemocratização de 45, tendo sido ele mesmo um dos que atuaram ao lado do caudilho no golpe do Estado Novo, em 37. Auxiliou na construção do regime e também na implosão dele. Um símbolo nacional.

Outro exemplo de como regimes mudam e parte da elite se mantém no poder ocorreu na mais recente redemocratização, na Nova República, em que a morte de Tancredo Neves deu posse a José Sarney, político de destaque na base da ditadura que acabara. E assim se vai levando, com transições geralmente negociadas para que haja troca de guarda sem violência. Não é mal que assim seja.

Consideradas as especificidades dos momentos da História, está no comando, lastreado em bases constitucionais, o presidente Michel Temer, representando o PMDB que aderiu ao lulopetismo, de forma mais clara a partir do segundo governo Lula. Repete-se o script. Vice de Dilma, Temer herda o governo, no impedimento da presidente, e precisa fazer consertos urgentes na economia e na política.

Mais uma vez, um grupo que compartilhava o poder na ordem anterior assume para reformar aquilo que ajudou a construir. No caso de Temer, há ainda o ônus de levar para o Planalto um grupo de que fazem parte personagens atuantes num período de enorme lambança ética, não apenas devido a mensalões e petrolões, mas ao fisiologismo, uma prática na qual o PMDB sempre foi especialista.

Os dissabores para o Planalto surgidos em torno de Romero Jucá, Eduardo Cunha e, agora, Geddel Vieira Lima estão dentro deste contexto. Algo como mais do mesmo. Entende-se por que haja maquinações, no governo e em sua base no Congresso, contra a Lava-Jato.  O experiente Michel Temer não tem alternativas a não ser gerenciar da melhor maneira possível essas contradições. É um governo de mudanças para o futuro com uma base do passado. Ao menos um ponto básico está definido: o conjunto de reformas para reequilibrar as finanças públicas, restaurar sua credibilidade e a confiança em que o Tesouro sairá da rota da insolvência. Para isso, será necessário aprovar a PEC do teto e a reforma da Previdência, para começar. 

É certo, portanto, que Temer precisa de especialistas em articular alianças no Congresso essenciais para garantir a estabilização do país. Geddel, um deles. Mas, se o governo for condescendente com a corrupção e outros costumes deploráveis cultivados em Brasília pelo próprio PMDB, com o PT e aliados de outrora, cometerá suicídio político e comprometerá todo este projeto de emergência nacional. [insistimos: ou Temer demite Geddel ou seu governo ficará desmoralizado - um governo fraco, indeciso e desmoralizado, não pode permanecer.
Está nas mãos de Temer liquidar no nascedouro a semente da desordem - que, se prosperar, tornará inevitável uma Intervenção Militar Constitucional para restabelecer a ORDEM PÚBLICA  - e se tornar Governo de VERDADE.]

Fonte: Editorial - O Globo

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PT é o principal derrotado do primeiro turno


Levantamento preliminar indica que tucanos e PRB apresentaram crescimento nesta eleição.

Os resultados preliminares divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já indicam a tendência de vencedores e perdedores nesta eleição municipal de 2016. Entre os partidos brasileiros, o PSDB e PRB tiveram até agora crescimento significativo. Os tucanos já conquistaram 782 municípios, crescimento de 13% em relação a 2012. Entre os partidos médios, o PRB, ligado à Igreja Universal, foi outro a ter um crescimento significativo, de 32%. Em 2012, elegeu 76 e agora assumirá pelo menos cem prefeituras a partir de 2017. 

O PMDB, partido conhecido por sua capilaridade municipal, voltou a ser o partido com maior número de prefeitos eleitos no país. Foram pelo menos 1006 prefeitos eleitos pelo país.

A principal derrota, como esperado desde o início da eleição, foi o PT que elegeu até agora apenas 38% do total da eleição passada.  Em 2012, o partido foi o terceiro com o maior número de prefeitos eleitos. Neste ano, caiu para a décima colocação no ranking.  Parte dos votos da esquerda podem ter imigrado para o PCdoB, partido que obteve um crescimento de 45% em relação a 2012.


Fonte: VEJA