Desde 1949, a Alemanha não via representantes de um partido de
extrema-direita nacionalista chegarem ao Parlamento. Porém, essa
realidade mudou: o Alternativa para a Alemanha (AfD, em alemão) agora é a
terceira força política após as eleições legislativas de domingo. A
chanceler alemã, Angela Merkel, ganhou sua quarta eleição, mas se viu
enfraquecida pela dificuldade de formar uma aliança de governo, com o
pior resultado dos conservadores em décadas.
O AfD
havia definido em um congresso em abril uma posição mais radical para a campanha
das eleições legislativas de setembro, rejeitando a proposta de uma guinada ao
centro da então líder do partido, Frauke Petry. Petry estava convencida de
romper com o discurso de extrema-direita e proibir manifestações racistas, o
que foi recusado pelos delegados do partido. Ela já havia surpreendido ao
anunciar que não queria encabeçar as listas de formação para as eleições,
deixando o AfD em uma situação complicada.
Frauke
Petry, co-presidente do AfD, (à dir.) e os principais candidatos do partido
Alexander Gauland e Alice Weidel participam de uma entrevista coletiva em
Berlim - Michael Sohn / AP
Alexander
Gaulan é uma das principais figuras dos radicais do AfD e é muito apreciado
pela base. Ele é conhecido por suas declarações polêmicas, como quando lançou
ataques, no ano passado, contra um jogador negro da seleção nacional de
futebol, Jérôme Boateng. Até o momento, Gauland conseguiu resistir aos ataques
de Petry e impediu a expulsão de dirigentes do partido que fizeram declarações
polêmicas sobre o nazismo.
Já Alice
Weidel é uma ex-executiva do setor bancário. Faz
parte da direção do AfD, partido que insiste na defesa da família e dos casais
tradicionais. Weidel foi uma das responsáveis por elaborar o programa econômico
liberal e antieuro do AfD, e também se destaca por seu discurso duro sobre a
imigração.
O AfD defendeu
nas legislativas um programa anti-islã e anti-imigração. Entre os pontos deste
programa, estão impedir a reunificação das famílias de refugiados presentes na
Alemanha, retirar a nacionalidade alemã dos imigrantes culpados de delitos
"importantes" e declarar o Islã incompatível com a cultura alemã. O
partido capitalizou o temor vinculado à chegada de mais de um milhão de
solicitantes de asilo em 2015-2016.
O partido
foi fundado em 2013 como uma opção contra os planos da União Europeia para
resgatar a Grécia e salvar o euro, mas passou a adotar posições contrárias a
entrada de imigrantes e à disseminação do islamismo em seu programa.
Fonte: O Globo