À espera de avalanche de ofertas de vacinas
De duas, uma. Ou o presidente Jair Bolsonaro e seus ineptos auxiliares acreditam que o Brasil, em breve, estará sujeito a uma avalanche de ofertas de vacinas como em seus delírios prevê o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, ou pensam que continuarão a governar o país na base só do gogó. Foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quem disse ter atravessado seu primeiro ano de governo levando o país na conversa, no que ele era bom de fato. Mas Bolsonaro, Pazuello e companhia limitada não se destacam pela oratória, nem pelo carisma. Tampouco pelo apoio que Fernando Henrique dispôs.
O número de pessoas por aqui que pretendem se vacinar contra a Covid-19 aumentou, ao mesmo tempo em que 62% da população afirmam que a pandemia está fora de controle. É o que mostra a pesquisa Datafolha aplicada nos últimos dias 20 e 21. Apenas 3% dos entrevistados acham que ela foi totalmente controlada. [dado a amplitude limitadíssima da pesquisa - por telefone, com 2.020 entrevistados, em todo o Brasil - os 62%, especialistas em controle de pandemia, representam 1.200 brasileiros;
Merece destaque que 53% dos brasileiros rejeitam o impeachment do presidente e 42% são favoráveis - a clareza dos percentuais dispensa comentários adicionais.]
A intenção de tomar a vacina cresceu seis pontos percentuais desde a última pesquisa, em dezembro. Agora, 79% dizem querer se imunizar, contra 73% há um mês. O número ainda é inferior à parcela de 89% da população que pretendia se vacinar contra o coronavírus em pesquisa feita em agosto do ano passado. A rejeição às vacinas caiu, passando de 22% em dezembro para 17% agora. Cresceu de 73% para 77% o número de pessoas que admitem ter medo de se infectar pelo vírus. Tudo isso decorre do aumento de mortes que na próxima semana deverá ultrapassar a casa das 220 mil. Os infectados somavam 8.816.113 até ontem.
Embora o Ministério da Saúde tenha receitado drogas ineficazes contra a doença e Bolsonaro insista em desacreditar a Coronavac, a rejeição à vacina de origem chinesa caiu. Era de 50% em dezembro. Agora é de 39%. [os números não mentem e apesar da vacina CoronaVac ser aceitável - especialmente, com a atual carência de opções - alguns pontos precisam ser considerados, sendo que destacamos eficácia e número de doses necessárias para vacinar uma pessoa.
Número de doses necessário para alcance da imunidade:
CoronaVAC - duas doses por pessoa, com intervalo de três semanas, entre doses;
- Oxford - uma dose vacina uma pessoa,com intervalo de três semana para a segunda dose.
Eficácia:
CoronaVac - 50,5% - em cada 100 pessoas vacinadas, 51 são imunizadas.
Oxford - 70,8% - em cada 100 vacinados, 71 ficam imunizados.
Convenhamos que 51 imunizados em 100 quebra o galho; mas, 71 em 100 é bem melhor. ]
Aumentou também o grau de confiança nas demais vacinas, inclusive na Sputnik V, da Rússia.
[é presidente, como bem reconheceu o senhor é dificil governar;
se o seu Governo não aceita fechar negócios absurdos, até humilhantes - caso da Pfizer - e retarda a compra de vacinas, querem o seu impeachment; se o ministro da Saúde usa dados concretos sobre a disponibilidade das vacinas, já se percebe uma torcida contra.]
Por ora, o número de doses de vacinas que estão sendo aplicadas aqui é ínfimo. O governo, porém, lançará uma ambiciosa campanha de propaganda para vender a ideia de que o Brasil está sendo imunizado.
E se a avalanche de ofertas antecipada por Pazuello não acontecer?
Na Europa já falta vacina.
É muito perigoso brincar com vidas.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA