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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Bombas Atômicas: Sim, Foram Necessárias.

Na semana passada, lembramos os 70 anos do ataque nuclear às cidade de Hiroshima e Nagazaki. A explosão dos artefatos a fissão nuclear levou a destruição e o caos àquelas cidade japonesa. A arma bélica mais letal criado pela mente humana mostrou sua face cruel e destruidora ao varrer do mapa as duas cidades japonesas e causar cerca de 300 mil mortes.Não há duvida quanto à crueldade das bombas. Vidas humanas foram instantaneamente ceifadas. A grande maioria das vítimas eram civis.

A justificativa americana para esses ataques era a de que não havia outra maneira de os japoneses se renderem. Portanto, a demonstração do poderio destrutivo das bombas nucleares poderiam fazer com que o Japão, finalmente, se rendesse de forma incondicional. E foi o que acabou acontecendo. A questão que fica, entretanto, é a seguinte: a rendição japonesa era uma questão de tempo ou o bombardeio atômico foi realmente necessário?

Para que possamos responder a esse questionamento, é necessário que entendamos a formação social japonesa. O Japão era uma teocracia, onde o Imperador era encarado como o próprio Deus. Assim, a população não mediria esforços para sacrificar sua própria vida em seu nome. Não é à toa que o combate no Pacífico caracterizou-se por ser uma luta extremamente aguerrida, com os japoneses jamais se rendendo. Seria por demais ingênuo acreditar que o Exército Japonês se renderia justamente quando os aliados invadiriam o se território.

O que poucos sabem é que os aliados tinham sim um plano para invadir o Japão. Tratava-se da Operação Downfall. Esta jamais chegou a ser concretizada, principalmente devido aos altos custos de vidas humanas que seriam necessários para o seu sucesso. Essa operação seria desencadeada da seguinte maneira:
A primeira invasão tinha o nome-código de Operação Olímpico. Tratava-se de um assalto anfíbio nas primeiras horas da manhã do dia 01 de novembro de 1945. Quatorze Divisões desembarcariam contra posições fortificadas em Kyushu, a Ilha mais ao sul do arquipélago japonês, após um bombardeio aero-naval sem precedentes.A segunda, em 1º de março de 1946 "Operação Diadema" enviaria pelo menos 22 divisões contra 1 milhão de defensores japoneses na ilha principal de Honshu e Tokyo. Seu objetivo: a rendição incondicional do Japão.
 
Com exceção de uma parte da frota britânica no pacífico, a Operação Downfall seria uma operação estritamente americana. Seriam utilizados todo o corpo de Marines, toda a Força Naval do Pacífico, elementos da 7ª Força Aérea do Exército, a 8ª Força Aérea, a 10ª Força aérea e a Força Aérea Americana do Extremo Oriente. Mais de 1,5 milhão de soldados e outros 3 milhões em apoio, ou cerca de 40% de todos os homens em serviço às Forças Armadas Norte Americanas em 1945, estariam envolvidos. As baixas esperadas eram extremamente pesadas.
 
O almirante William Leahy estimou as baixas americanas em mais de 250 mil entre mortos e feridos apenas no assalto a Kyushu. O General Willoughby, chefe da inteligência do general MacArthur, o Supremo Comandante do Pacífico sudoeste, estimou as baixas americanas em 1 milhão no outono de 1946. A própria equipe de Willoughby considerou essas estimativas conservadoras.
 
Como podemos verificar, a estimativa para as baixas das forças invasoras era de cerca de 1 milhão e 250 mil pessoas. Ou seja, somente em baixas por parte do Exército aliado, o número superaria em 5 vezes as baixas causadas pelos ataques nucleares. O presidente americano Truman aprovou os planos para a invasão em 24 de julho. Dois dias antes, as Nações Unidas emitiu a Proclamação de Potsdam, exigindo a rendição incondicional do Japão ou que aquele país enfrentasse a destruição total. Três dias depois, a agência japonesa de notícias transmitiu ao mundo que o Japão ignorara a proclamação e se recusaria a render-se. Durante esse período, o monitoramento das transmissões de rádios japonesas mostrou que o Japão tinha fechado todas as escolas e mobilizado os estudantes, tendo armado a população civil e fortificando cavernas e construções defensivas subterrâneas. A rendição não parecia ser uma "questão de tempo".
 
As defesas japonesas foram subestimadas pela inteligência aliada. As aeronaves japonesas foram estimadas em não mais do que 2500. Entretanto, os japoneses tinham 12725 aviões de todos os tipos. Toda vila tinha algum tipo de atividade ligada à produção de aeronaves. Escondidas em minas, túneis ferroviários, sob viadutos e em porões de lojas de departamentos, trabalho estava sendo feito para a construção de aviões. A marinha japonesa tinha 40 submarinos, com capacidade disparar torpedos de longo alcance, 23 destróiers e 2 cruzadores.
 
Enfrentando as 14 divisões americanas em Kyushu, teriam 14 divisões japonesas, 7 brigadas mistas independentes, 3 brigadas blindadas e milhares de fuzileiros navais. Seriam 550 mil americanos contra 790 mil japoneses. Ainda, tratavam-se de tropas altamente treinadas, alimentadas e equipadas, muito diferente do que os americanos encontraram no Pacífico até então. Os defensores japoneses eram a elite fanática do Exército Imperial.
 
Os aliados enfrentariam inúmeros obstáculos, fortificações, armadilhas e emboscadas. Seria uma guerra por metros ou centímetros, onde cada avanço custaria um número inestimado de vidas. Ainda, caso a Operação Olímpico tivesse acontecido, a população civil japonesa, inflamada pelo slogan "cem milhões morrerão pelo imperador e a Nação", estavam preparados para lutar até a morte. Cerca de 28 milhões de japoneses formavam a Força Nacional de Combatentes Voluntários. Eles eram armados com fuzis antigos, mines, coquetéis Molotovs e morteiros. Outros eram armados com espadas, arcos, machados e lanças de bambu. As unidades civis seriam utilizadas em ataques noturnos, inclusive suicidas, no ponto mais vulneráveis das posições americanas. Estima-se que 1000 pessoas, entre japoneses e americanos, morreriam a cada hora caso a operação fosse desencadeada.
 
Como se vê a rendição japonesa não era "uma questão de tempo". A formação cultural japonesa e os combates que foram travados no Pacífico mostram isso. Eram soldados extremamente aguerridos, fanáticos e dispostos a sacrificar suas vidas pelo Imperador sem pestanejar. E eram cruéis. Durante a invasão á China, milhares de mulheres chinesas foram decapitadas, estupradas e mortas, algumas segurando crianças em seus braços, numa inútil defesa contra lâmina da espada japonesa. Bebês eram atirados ao alto e aparados à baioneta. Sim, os japoneses foram extremamente cruéis e desumanos.
 
Dizer que o lançamento das bombas atômicas foi "um mero teste" é desconhecer completamente os fundamentos da arte da guerra. Crer que a rendição japonesa era uma questão de tempo é desconhecer por inteiro a sociedade nipônica. Tratar o Japão como "coitadinho" por ter sido alvo dos ataques nucleares é nada além de canalhice e falsificação da história. De fato, os artefatos nucleares pouparam o arquipélago japonês de sofrer um banho de sangue sem paralelo na História. Evidentemente, salvaram vidas americanas. E japonesas também. 
 
O impacto visual do grande cogumelo de fogo e destruição ceifando vidas humanas é realmente impressionante. Porém, mais forte ainda é um conflito sangrento envolvendo milhões de pessoas lutando e morrendo por cada palmo de território em busca da vitória. Não fossem as bombas atômicas darem fim à guerra, hoje provavelmente o Japão não existiria.
 
 
PARABÉNS AO Blogueiro Lenilton - finalmente, alguém com coragem de dizer a verdade e mostrar a crueldade dos japoneses.