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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

As regras mudaram - A nova democracia

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Vozes - Luís Ernesto Lacombe

É preciso reescrever os dicionários, os livros de História, de Filosofia, os ensaios políticos. Para que não reste dúvida. A democracia já não é como era antigamente. Há um novo conceito, que deve ser aceito e respeitado por todos. 
A democracia de agora é feita de barro, mas vai enquadrar todos os inimigos da nova ideia. Como ousam contestar? 
A eles tudo será negado, exceto o castigo borrado em leis particulares. Devem sofrer, já que não pensam como os inventores da nova democracia.
 
Revogar a Constituição passou a ser democrático. Pode ser assim para sempre, ou por um período determinado. É a nova era das firulas. Qualquer interpretação das leis é válida aos ungidos. Se na democracia antiga um bandido não podia concorrer a um cargo político, isso passou. 
A liberdade que lhe entregam agora é total, não importa nada o número de condenações que sofreu. Aos poucos, juízes de todas as instâncias entenderão quem devem botar atrás das grades e quem devem soltar.

Ninguém poderá contê-los, afastá-los. Serão todo-poderosos de vez. Já lançaram novos conceitos, novas definições, novos verbetes. E golpista é o povo honesto, ordeiro e pacífico, que não aceita que a democracia agora tem um novo dono

Também passou a ser democrático ajudar o bandido em sua campanha eleitoral. É uma questão de coerência imposta por um novo conceito. 
De que adianta lançar um candidato e não ser livre para ajudá-lo? Vale censurar, perseguir, multar, bloquear contas bancárias, prender. Custe o que custar, os novos conceitos vão se impor. O poder do povo agora é relativo e depende sempre do poder dos inventores da nova democracia.
 
Nesse novo modelo, não há debate, não há perguntas, o crime compensa. Os donos das leis decidiram que suspeitos, investigados e condenados são os donos da verdade. 
A roubalheira deixou de ser roubalheira. Crimes, erros, equívocos, incompetência, muita incompetência, tudo isso agora deve ser bendito. 
É a nova direção, a transição que pretende nos esmigalhar com desequilíbrio fiscal, mais dívida externa e pública, juros e inflação altos. 
E, no conjunto de ideias impostas contra o mundo real dos últimos 100 anos, querem nos convencer de que seremos todos salvos.

Veja Também:

    Pacheco, camisa 171
    Mané é mané
    O rei dos porões

Claro que se salvarão primeiro os seres supremos. Não há Lei do Impeachment que eles também não possam modificar, nessa montagem da nova democracia
Estarão, finalmente, blindados, autorizados a interpretar as leis do jeito que quiserem, as leis que já existem e as que ainda vão inventar. Em pacote, pacotinho, pacotão... 
Ninguém poderá contê-los, afastá-los. Serão todo-poderosos de vez. Já lançaram novos conceitos, novas definições, novos verbetes. E golpista é o povo honesto, ordeiro e pacífico, que não aceita que a democracia agora tem um novo dono.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Luís Ernesto Lacombe, Colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Ministros da Defesa desmontam a narrativa do “puxão de orelha” sobre urna eletrônica - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia 
 

Ministros da Defesa terminam encontro em Brasília defendendo respeito às soberanias nacionais

Terminou nesta quinta a XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Brasília, com 21 países.  
E eu vi um erro no noticiário, pois parecia que o secretário de Defesa americano veio para puxar a orelha do Brasil sobre as urnas eletrônicas, mas eu li agora a Declaração de Brasília, assinada por eles, e não há nenhuma menção à eleição brasileira. 
Nem haveria como ter, porque, se a declaração fala em soberania dos países, os estrangeiros não iriam se meter na eleição brasileira. [Seria absurdo que uma Conferência de Ministros da Defesa não ressaltasse a SOBERANIA dos países participantes; seria sem sentido, sem noção, que na mesma fosse priorizada uma carta assinada por um ministro de um país, prevalecesse sobre o texto constitucional daquele país. A mídia militante, fez questão de espalhar a 'narrativa' que deixava a impressão de que os ministros iriam impor ao Brasil uma carta da OEA, determinando como os países participantes deveriam conduzir seu sistema de governo.]
Estão forçando a barra; o sujeito escreve na notícia aquilo que ele acha que deveria ser, e não o que foi. Essa é a razão pela qual estão minguando tiragens, audiência, assinaturas: estão perdendo credibilidade.
 

15.ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas foi realizada em Brasília, no fim de julho -  Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
 
E vejam como foi favorável ao Brasil essa Declaração de Brasília, assinada por 21 países
Traz o compromisso com a defesa de valores como autodeterminação, independência, integridade territorial, liberdade frente à ambição estrangeira e respeito às fronteiras e à soberania. Parece que os demais países estão se mostrando solidários ao Brasil em relação à Amazônia
E ainda tem mais, sobre a “Amazônia Azul”, porque o texto fala em combater a pesca ilegal – eu vejo, por exemplo, pescadores brasileiros e uruguaios reclamando de chineses, e a mesma coisa acontece no Pacífico. 
Os ministros mencionaram a caça furtiva silvestre, a exploração mineral e florestal ilegais, a preocupação com o crime transnacional – enfim, o tráfico. 
 
E, por fim, atenção!, a ciberdefesa e a necessidade de envolver instituições governamentais e civis para responder a atividades maliciosas na área cibernética. Então, não é nada do que vinham dizendo, está contemplada a preocupação quanto à segurança cibernética, o que inclusive engloba a apuração de uma eleição.[Em nosso entendimento e  nada foi falado referente ao regime de governo de cada país participante - já que a forma de governo é assunto interno de cada país, não cabendo ingerência de outros governos ou organizações = a Constituição de cada país é assunto primordialmente do Poder Legislativo não cabendo ingerência de ministros dos dois outros poderes.]
 
Perícia intrigante
Estou intrigado com a perícia daquela troca de tiros na Associação Recreativa Esportiva da Segurança de Itaipu. 
No aniversário de 50 anos de um policial, outro policial chegou lá, um jogou pedra no outro, que foi para casa buscar uma arma e voltou; o aniversariante já estava armado e inclusive morreu. 
Ele era guarda municipal, e o outro era guarda de presídio federal; sobreviveu mesmo tendo levado um tiro na cabeça e ter sido chutado reiteradas vezes na cabeça, no rosto, no tórax, nas costas, no peito. Sobreviveu e ainda está no hospital.

A perícia disse que a vítima atirou 13 vezes e o, digamos, agressor, que pelo jeito disparou primeiro, assim que chegou, deu três tiros.  
Eu imagino um julgamento em que o morto atirou 13 vezes e o sobrevivente atirou três, é uma coisa meio complicada. 
Isso confirma o que eu tenho dito para vocês: foi um tiroteio, uma troca de tiros, infelizmente. Onde já se viu, um aniversário terminar desse jeito, com o pai morto diante dos filhos. 
Os convidados nem viram que o aniversariante estava morto, já estavam chutando o outro
Fiquei chocado com a cena, pois a bala a gente não vê penetrar, mas o chute sim, a gente vê. A Justiça vai ter um trabalhão.

O combustível está mais barato
Só para lembrar,
hoje a gasolina está sendo entregue nas refinarias R$ 0,15 mais barata. Segunda-feira é o querosene de aviação que cairá 2,6%. De olho na passagem aérea!
 
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Falar em garimpo é falar em descoberta de riquezas

Falar em garimpo, tão hostilizado por certos intelectuais da cidade, é falar em descoberta de riqueza, em soberania, em economia, em questão social

Antes de embarcar para Moscou, o presidente assinou decreto que instituiu um programa de apoio ao garimpo. No mesmo dia, recebi da região do Cripuri, que é um afluente do Tapajós, imagens de um helicóptero atacando com foguetes incendiários as instalações de um garimpo. Eram imagens que fazem lembrar napalm no Vietnã.

Isso no mesmo dia do anúncio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala. Um nome comprido para não confundir com atividade mineradora industrial. O objetivo do programa é tirar o garimpo da ilegalidade e, com isso, controlar as áreas, fiscalizar de forma transparente o meio ambiente, legalizar o comércio do ouro, prestar assistência de saúde e educação às famílias de garimpeiros. O decreto regulamenta o que ficou fora da lei de 1989, que tratou do assunto.

Já andei em garimpo, onde só se chega de avião em pista improvisada. A vida por lá é duríssima, e arriscados os resultados. Os ambientalistas e as forças policiais vêm batendo nos garimpeiros. [a maior parte dos ambientalistas e suas ONGs defendem,servem a interesses estrangeiros - são uns vendidos.] 
No entanto, a História mostra que devemos a eles a expansão do nosso território. A eles, aos bandeirantes e às patas do boi. 
Os Estados Unidos se tornaram potência por chegarem à costa do Pacífico por causa da corrida do ouro, a ponto de tirar a Califórnia dos mexicanos. E ficaram com poder no Atlântico e no Pacífico
No Brasil, além do boi, foi o ouro das Minas Gerais, as esmeraldas de Goiás, os bandeirantes que entraram por São Paulo e para o Sul, até as Missões jesuíticas espanholas
Os garimpeiros brasileiros, há séculos, marcam a nossa soberania na Amazônia.
 
Falar em garimpo, tão hostilizado por certos intelectuais da cidade, é falar em descoberta de riqueza, em soberania, em economia, em questão social. Em geral, são nordestinos, para realizar sonhos. Gente boa, trabalhadora, cumpridora de palavra
Enquanto fechamos os olhos para uma realidade como alerta o vice -presidente Mourão —, índios vendem diamantes via Bolívia, por exemplo. O ex-ministro Aldo Rebelo, que já foi do PCdoB, afirma que algumas das maiores jazidas do mundo em diamantes estão nas margens do rio Roosevelt, reserva dos Cintas-Largas, em Rondônia
E o Brasil nada ganha com isso. Todo mundo sabe que os garimpeiros que estão em reservas já fizeram sociedade com os indígenas, mas legalizar depende de lei. Enquanto isso, as pedras brasileiras são lapidadas nos Países Baixos.

Ironicamente, enquanto era anunciado o decreto, no mesmo dia garimpeiros eram atacados pelo fogo vindo do céu, destruindo suas casas, máquinas e sonhos, como se o Brasil oficial estivesse em guerra contra eles. O ataque não foi sequer em área indígena, mas na região conhecida como Galdeano. Uma reedição do que aconteceu com 61 balsas queimadas no Rio Madeira, onde os garimpeiros moravam com suas famílias. Isso no dia do anúncio do programa de apoio ao garimpo, confirmando a Constituição, que no art. 174, §3º e 4º, determina favorecer a organização da atividade garimpeira em cooperativas. Ficou estranha a violenta ofensiva no mesmo dia do anúncio do programa. Seria para queimá-lo?

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

América vermelha - Revista Oeste

Protestos contra o governo chileno em 2019| Foto: Unsplash
Protestos contra o governo chileno em 2019| Foto: Unsplash

O encontro virtual teve a participação dos ditadores Nicolás Maduro (Venezuela), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Daniel Ortega (Nicarágua). Outros países latinos enviaram representantes, inclusive os narcoguerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Quem mediou o evento foi a petista Monica Valente, mulher de Delúbio Soares, o tesoureiro oficial do mensalão.

É evidente que nada do que foi debatido no encontro teve alguma relevância a ponto de ser publicado em jornais, nem chacoalhou as bolsas pelo mundo, muito menos incomodou o empresariado. Mas a ordem para o Foro de São Paulo se reagrupar fazia algum sentido. Em outubro do ano que vem, Lula quer retomar o projeto de poder do PT, interrompido pela sua temporada na cadeia e pelo governo Jair Bolsonaro. Nada mais favorável do que buscar isso cercado por uma vizinhança amistosa.

“Não imaginávamos que esse encontro de partidos e movimentos chegasse aonde chegou, tornando-se um foro permanente e até uma referência para partidos de esquerda e progressistas de todo o mundo” (Lula, em julho do ano passado)

Chile
O episódio mais recente do avanço das labaredas vermelhas pelo continente americano ocorreu no Chile. Gabriel Boric, um deputado de 35 anos do Partido Comunista e líder estudantil — seja lá o que isso ainda signifique neste século —, foi eleito presidente. Presidente da República, não do grêmio estudantil.

A reportagem de Oeste vasculhou a trajetória de Boric e descobriu que, em janeiro de 2005, os guardas do supermercado Líder, na cidade chilena de Punta Arenas, notaram que um jovem havia saído do estabelecimento com um vidro de álcool sem pagar. Eles o interpelaram, levaram-no para a polícia e o ficharam por furto. O caso não seguiu adiante por causa do princípio da insignificância. Anos mais tarde, o rapaz afirmaria ter cometido “um erro”. Seu nome: Gabriel Boric.

O esquerdista Gabriel Boric é eleito presidente do Chile, 
 no segundo turno | Foto: Reprodução Facebook

Boric não é de família pobre. Seu pai foi gerente da Enap —  equivalente à Petrobras. A condição financeira confortável permitiu que o garoto frequentasse o Colégio Britânico de Punta Arenas, no sul do país. Seu endereço à época, conforme consta no Boletim de Ocorrência, era o de uma mansão de dois andares de frente para o Pacífico.

Curiosamente, sua mãe fez exatamente a mesma coisa anos depois — no mesmo supermercado. Não foi a primeira vez. Em 2013, ela havia sido flagrada com cerca de R$ 250 em produtos surrupiados. Em 2016, por ser reincidente, a Justiça determinou que ficasse um ano sem entrar no estabelecimento.  Boric apareceu na política em 2011, quando estudantes tomaram as ruas do país para protestar, entre outras coisas, contra a cobrança de mensalidades no ensino superior público (o que também existe em países de economia mais aberta, como os Estados Unidos). Em 2014, tornou-se deputado federal.

Longe de ser moderado, o partido de Boric, o Convergência Social, anuncia em sua plataforma a busca por “uma sociedade socialista, libertária e feminista”. O documento assusta ao falar em “socialização da produção”. O texto ainda critica a “aliança entre o patriarcado e o capital” e defende um projeto “continentalmente integrado”. Boric é uma espécie de Guilherme Boulos que deu certo.

Também sobrou, claro, para o presidente Jair Bolsonaro, classificado por ele como “racista, homofóbico” e adepto do “discurso de ódio”. Quando o brasileiro visitou o líder chileno Sebastián Piñera, em 2019, Boric se juntou aos baderneiros que organizaram um ato contra o presidente do Brasil.

Retrocesso
Num país com quase 20 milhões de habitantes do tamanho de Minas Gerais — e renda per capita maior do que o dobro do Brasil, o eleitor chileno resolveu praticar skate na Cordilheira dos Andes. Há mais de duas décadas, o Chile se nega a integrar os acordos tarifários do Mercosul. É um país de tradição econômica liberal, a despeito dos devaneios de Michelle Bachelet. Trata-se de uma nação que optou por negociações bilaterais, especialmente com os Estados Unidos. Além disso, detém o Porto de Antofagasta, com saída para o Oceano Pacífico.

A corda chilena, contudo, parece ter estourado num daqueles momentos de distração dos políticos do andar de cima. Sebastián Piñera enfrentou turbulências e pedidos de impeachment durante o mandato. Teve de manter o olhar fixo no Legislativo para não sair pela porta dos fundos e não entendeu o que acontecia na praça.  Enquanto isso, grupos de vândalos encapuzados — como os black bloc brasileiros de 2013 — decidiram tomar as ruas, com Boric à frente. Pelo menos duas igrejas foram incendiadas desde 2019, entre elas a bela Igreja da Assunção, na Praça Itália, em Santiago. O Templo dos Carabineros (polícia chilena) também foi queimado.

A economia passou longe dos debates eleitorais neste ano de pandemia. A temática foi uma profusão de pautas LGBT mescladas com liberação do aborto, ampliação de programas sociais — Boric pretende criar uma espécie de Bolsa Família — e, especialmente, os direitos dos índios.

A presidente da Assembleia Constituinte, deputada Elisa Loncón, é uma representante dos mapuches. Ela batizou a nova Carta Magna, que deverá ser aprovada em 2022, como “Constituição da Mãe Terra”. Em outubro, quando a Assembleia realizou votações, Elisa conseguiu emplacar um pré-texto que fala em punir o “negacionismo” cultural e a opressão “aos povos originários durante a colonização europeia” — cerca de 10% do país afirma ser indígena. Segundo ela, são esses 10% que o Estado deve priorizar a partir de agora.

Vizinhos incômodos
Desde 2011, a América Latina não era tão vermelha. E o cenário pode ser ainda pior — e inédito — caso o Brasil e a Colômbia optem por governos de esquerda no próximo ano. Equador e Paraguai também são exceções, mas têm peso menor na economia e na geopolítica do continente. Os equatorianos bateram na trave neste ano, mas o banqueiro Guillermo Lossa venceu a esquerda.

A Colômbia permanece sob o comando de Iván Duque, discípulo do ex-presidente Álvaro Uribe. Mas os colombianos vão às urnas em março para eleger um novo presidente. O senador Gustavo Petro, ex-integrante da guerrilha M-19 e ex-prefeito de Bogotá, aparece como favorito nas pesquisas eleitorais.

A lista de países sob domínio socialista-comunista é extensa e reúne a longeva ditadura cubana, a Venezuela chavista e a Nicarágua do golpista Daniel Ortega, que mandou prender seus adversários políticos. A Bolívia segue à mercê do grupo de Evo Morales e o Peru passou a ser administrado pelo sindicalista Pedro Castillo, uma espécie de Dilma Rousseff que fala espanhol.

Principal parceiro comercial do Brasil no continente, a Argentina segue com seu tango de alternar passos à direita, seguidos de recuos à esquerda. O único alento no país platino foi a vitória da direita nas eleições legislativas, que, além do susto na dupla presidencial, equalizou as forças.

Outra novidade foi a eleição neste mês da socialista Xiomara Castro em Honduras, encerrando um ciclo de 12 anos dos conservadores no poder. Ela é mulher de Manuel Zelaya — que ganhou notoriedade em 2009, ao transformar a embaixada brasileira em Tegucigalpa numa pensão, que ocupou por quatro meses para escapar da cadeia. No México, López Obrador é oficialmente o primeiro presidente de esquerda do país. Eleito em 2018, ele promove um plebiscito para saber se pode seguir até 2024.

Em outubro, será a vez de os brasileiros votarem para presidente. O professor de Ciência Política Jorge Corrado, da Universidade Católica de La Plata, na Argentina, afirma que o pleito no Brasil será crucial para os rumos da região. “É essencial que Bolsonaro — ou quem quer que represente a direita — triunfe”, diz. “Se o Brasil cair, estaremos em um continente incendiado. A tônica da esquerda é alcançar o poder, mudar a Constituição e permanecer no poder.”

Corrado afirma que, para aumentar as chances de sucesso, o presidente brasileiro deve ajustar sua postura pública — sem abrir mão dos princípios. “Ele precisa ter um discurso mais moderado e captar uma faixa maior da população”, diz. “Às vezes, ele tem de ser duro, às vezes conciliador. Se fizer isso, se tornará menos previsível para seus adversários”, argumenta o professor, que também é diretor do Instituto de Estudos Estratégicos de Buenos Aires.

Ele explica ainda que o sucesso da esquerda na América do Sul é fruto de três décadas de articulação conjunta, iniciada depois do colapso da União Soviética. A estratégia vai além da política eleitoral e inclui a ocupação de espaços em órgãos públicos, nas universidades e nos meios de comunicação. “Em alguns países essa semente tardou um pouco mais, em outros, menos, mas em todos ela deu frutos porque o Estado não se deu conta”, afirma. Se quiser vencer essa guerra, a direita precisará lutar nos mesmos fronts.

O que fica de lição para o Brasil na virada de um ano que promete ser de alta combustão política? Que o perigo mora ao lado. Por enquanto.

Leia também “A Nicarágua entra no clube das ditaduras”

 Gabriel de Arruda Castro - Silvio Navarro - Revista Oeste

 

terça-feira, 4 de maio de 2021

As commodities estão subindo e o Brasil tem outra chance de bombar - Mundialista

Recuperação pós-pandemia e gastança sem precedentes nos Estados Unidos aumentam os preços do trio básico: petróleo, comida e minérios

É um miniboom ou um novo superciclo? Economistas ainda não fecharam um consenso, mas os preços em alta não deixam dúvidas: tudo aquilo que o mundo precisa para viver, gerar energia e produzir está subindo – e deve subir mais ainda.  Dinheiro não falta. Os Estados Unidos, e em menor escala a Grã-Bretanha, estão derramando investimentos em obras de infraestrutura – dois trilhões de dólares, só no mais recente pacotão proposto por Joe Biden.

O presidente americano quer não apenas remendar estradas, pontes e similares, mas refazer tudinho de acordo com normais ambientais mais estritas. E praticamente tudo que cospe menos poluentes na atmosfera, de painéis solares a baterias elétricas para os carros elétricos  que se tornarão progressivamente obrigatórios, leva cobre. O “ouro vermelho” passou de 10 mil dólares a tonelada de pode chegar a 11 mil no ano que vem. Isso se não acontecer um cisne negro como a eleição de um ultra-esquerdista delirante como Pedro Castillo como presidente do Peru, o país que se tornou o segundo maior produtor mundial, compartilhando com o vizinho Chile, o campeão, as reservas criadas pelo choque das placas tectônicas ao longo da costa do Pacífico.

O professor primário e sindicalista, à frente nas pesquisas, já prometeu nacionalizar tudo o que a terra dá no Peru e expulsar os “estrangeiros exploradores” num prazo de 72 horas depois de eleito. Nem Mario Vargas Llosa criaria um personagem como Castillo, que faz campanha a cavalo, de poncho e chapéu de camponês, prometendo um paraíso socialista sob o lema “chega de pobres num país tão rico”.

Intervalo para rememorar: o Peru já teve um governo estatizante na década de setenta, nada menos do que um ditador militar de esquerda, Juan Velasco Alvarado, um dos vários personagens peruanos que nem o realismo mágico dá conta de retratar. Catástrofes políticas ou pura e terminal incompetência são os problemas habituais no caminho de países como o Peru. Ou do Brasil, um formidável campeão de commodities que tem agora uma nova chance de dar um salto estrutural. Ou de cair no mesmo buraco que o último superciclo propiciou, o do populismo de esquerda à moda bolivariana.

Com ou sem governantes minimamente não imbecilizados, as commodities sobem. O Goldman Sachs previu um aumento de 14% nos próximos seis meses. Minério de ferro, o paládio que diminui emissões dos carros e madeira tiveram altas recorde. O petróleo pode chegar a 80 dólares o barril. Quem ainda se lembra que, quando começou a pandemia, ele entrou no vermelho porque os espaços de armazenamento estavam com capacidade esgotada?

É claro que, com os motores do mundo esquentando, dos Estados Unidos à China, a demanda pressiona os preços. O aumento de custos é repassado e tudo acaba redundando em inflação. “Os custos estão subindo, subindo, subindo. O aço sobe todo dia,” anotou Warren Buffet, o legendário investidor, falando como dono da maior construtora dos Estados Unidos. “Estamos vendo uma inflação substancial”.

O Brasil leva tanto o bônus quanto o ônus dessa nova fase das commodities.  Um dos bônus: a previsão de que este ano o país terá o primeiro superavit nas contas externas desde 2007. Dá até para sonhar em forjar na soja o milagre do pão para todos os brasileiros – mais o bife e o iogurte, todos propiciados pela mais valiosa das commodities: os empregos.  Com todas as suas maluquices, Pedro Castillo tem razão em dizer que um país rico não pode ter tantos pobres.

Vilma Gryzinsk - Blog Mundialista - VEJA 


domingo, 15 de novembro de 2020

Tempestade numa proveta - Elio Gaspari

 Folha de S. Paulo - O Globo

Um dia se saberá o que aconteceu na Anvisa entre as 15h e as 21h25m de segunda-feira, quando ela suspendeu os estudos clínicos que avaliavam a Coronavac

Instituto Butantan alertou no dia 6 de novembro que morte de voluntário não tinha a ver com o teste da vacina

Uma rede de computadores fora do ar e uma comemoração de Jair Bolsonaro transformaram um suicídio numa lastimável tempestade de proveta. [a rede de computadores fora do ar é FATO - tendo em vista invasão por hackers a diversos computadores - no DF algumas empresas do GDF para não deixar o público sem acesso aos seus serviços, tiveram que migrar do .gov.br para o .com.br;
A regra na pandemia tem sido a de seguir a ciência, os protocolos científicos e os especialistas (a estes fazemos restrições, nunca acertam nada). A ciência e os protocolos científicos estabelecem que em testes de medicamentos, especialmente vacinas, qualquer ocorrência anômala com um voluntário no programa de testes, deve implicar na imediata suspensão do programa, até que se tenha definição do que ocasionou o evento - no caso a morte de um voluntário. 
É regra, é um protocolo e tem que ser seguido - seja pela vacina do Doria, "adido comercial da China", ou um vacina defendida pelo presidente Bolsonaro (a verdade tem que ser destacada: o capitão não defende nenhuma, o que impede que o considerem adido comercial de algum país.)
 
A informação de suicídio foi atribuída a fontes policiais, burocráticas  - identificar causa mortis é competência do IML, após autópsia, especialmente não havendo marcas exteriores no cadáver - portanto, sem credibilidade oficial. 
A Anvisa agiu corretamente: evento adverso grave é causa determinante de imediata suspensão até que sejam apuradas as causas reais - caso tenham relação com os testes, mantém-se a suspensão até posteriores estudos; não havendo relação, cancela-se a proibição.
São os FATOS e por eles é que a Anvisa será avaliada. 
Nos parece que o médico Jorge Venâncio exorbitou de sua competência. ]

A polícia achou o corpo do voluntário na tarde de 29 de outubro. No dia seguinte, uma sexta-feira, o centro de pesquisas do Hospital das Clínicas informou à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, a Conep, e ao Instituto Butantan. O médico Jorge Venâncio, coordenador da Conep, disse à repórter Constança Tasch que conversou com pesquisadores “duas vezes por dia” e decidiu não suspender os testes. Ele explicou o motivo: “O voluntário tomou a segunda dose da vacina 22 dias antes, não tinha nenhum problema de saúde e chegou a fazer um check-up particular, com uma batelada de exames, pouco depois.”

Numa outra pista, correu a notificação do Instituto Butantan à Anvisa. Ela foi emitida no dia 6 de novembro, informando na sua parte conclusiva que a morte do voluntário não tinha a ver com o teste da vacina. [o Butantan é respeitado pelas vacinas que produz, especialmente o soro antiofídico, mas não é credenciado legalmente para realizar autópsias.] Segundo a Agência, seu sistema de computadores estava fora do ar e a comunicação do dia 6 não havia sido lida. Às 15h do dia 9, segunda-feira da semana passada, a Anvisa pediu ao Butantan informações sobre os “eventos adversos graves inesperados” ocorridos desde 30 de outubro.

Segundo uma cronologia divulgada pelo Butantan, às 18h13m o pedido foi reiterado e 11 minutos depois as informações que haviam sido mandadas no dia 6 foram reenviadas. Os fatos que subsidiaram a decisão da Conep estavam todos lá. Só faltava a palavra suicídio. Segundo uma linha do tempo da Anvisa, ela chegou “sem nenhum detalhe”. Às 20h47m a Anvisa convocou a equipe do Butantan para uma reunião de emergência no dia seguinte, sem agenda especificada.

No entanto, 13 minutos depois, em outra mensagem a Anvisa suspendeu os testes daquilo que Bolsonaro chama de “a vacina chinesa do governador João Doria”.  Às 21h25m a Anvisa informou que suspendera os estudos clínicos da Coronavac. Por motivos que podem ser compreensíveis, durante três dias a Anvisa ficou fora do lance, mas, como ela revelou, sabia “por meio de contato informal com o Ministério da Saúde e com a Conep” que um “evento adverso grave teria ocorrido”. Entre as 15h e as 21h25m criou-se uma crise sanitária, alavancada no dia seguinte pelo capitão, que viu na sua decisão “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

Na sua entrevista de terça-feira o contra-almirante Antonio Barra Nunes, que é médico, repetiu à exaustão que fez tudo de acordo com o manual e que a decisão foi dos técnicos, funcionários de carreira. O diretor do Butantan, Dimas Covas [cabo eleitoral do Doria, demissível 'ad nutum']. reclamou: “Um telefonema teria resolvido”. Juntando-se as peças, a Anvisa revelou que soubera “informalmente” da ocorrência de um “evento”. Ela, que estivera fora do ar, decidiu suspender os testes sem não falar com o Butantan e muito menos com a Conep, que avaliara o caso. Barra Nunes fez tudo pelo manual, que não prevê telefonemas. 

(.........)


Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - Elio Gaspari, colunista

 

domingo, 16 de agosto de 2020

Nos deixem fora dessa - Nas entrelinhas

“Na guerra de fake news, atribuir as mais de 100 mil mortes por covid-19 a um falso “genocídio comunista chinês” reproduz uma mentalidade reacionária, xenófoba e racista”

No seu livro Sobre a China (Objetiva), de 2011, Henry Kissinger analisa a história, a diplomacia e a estratégia chinesas na cena mundial. Artífice da reaproximação entre os Estados Unidos e o “Império do Meio”, durante o governo de Richard Nixon, Kissinger realizou mais de 50 visitas a Pequim e a diversas províncias chinesas, encontrando-se com as principais lideranças que antecederam Xi Jinping, o atual presidente chinês: Mao Zedong, Zhou Enlai e Deng Xiaoping. O ex-secretário de Estado norte-americano previu que a China e os Estados Unidos — uma potência continental e uma potência marítima — travariam uma longa disputa pelo controle do comércio mundial, cujo eixo se deslocara do Atlântico pelo Pacífico. Até aí, nada demais. A coisa fica perturbadora quando ele mostra que essa disputa reproduziria o embate entre a Inglaterra, uma potência marítima, e a Alemanha, uma potência continental, pelo controle do comércio no Atlântico, o que provocou duas guerras mundiais no século passado. 
Quais seriam a forma e desfecho desse embate entre os Estados Unidos e a China?

A resposta começou a ser dada em fevereiro de 2012, com um anúncio da Chrysler, no intervalo da Superbowl, a final do campeonato de futebol americano: “As pessoas estão sem emprego e sofrendo… Detroit mostra-nos que dá para sair dessa. Este país não pode ser derrubado com um soco”. Começava ali a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China que agora estamos assistindo. A Chrysler traduzia o sentimento de milhões de norte-americanos que responsabilizavam a China pela perda de seus empregos. A empresa evocava o patriotismo ao dizer que comprar seus carros salvaria os americanos. Colou a tal ponto que a tese embalou a eleição de Donald Trump em 2016.

O anúncio fora visto por 111 milhões de pessoas, o que popularizou uma discussão que, na verdade, havia sido iniciada em 2005, por Ben Bernanke, então presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, e que ganhara força depois da crise financeira de 2008. O que dizia Bernanke? O deficit da balança de pagamentos dos Estados Unidos havia subido bruscamente no final dos anos 1990, atingindo US$ 640 bilhões, ou seja, 5,5% do PIB em 2004. A poupança interna também havia caído 16,5% do PIB desde 1996. O deficit só poderia ter sido financiado por investimentos estrangeiros. Para Bernanke, havia uma “fartura de poupança mundial” e os chineses, com um tremendo superavit comercial com os Estados Unidos, não estavam investindo nem comprando produtos norte-americanos, estavam aplicando os ganhos em poupança e reservas de moedas.

A pandemia
Bernanke citava outras causas, como o aumento do preço do petróleo e os “fundos de reservas” dos países para se prevenir em relação a crises, mas os chineses eram apontados como os grandes vilões. Na verdade, os americanos aproveitavam a fartura de crédito e se endividavam numa bolha imobiliária. A crise provocada pela falência do Lehman Brothers, porém, parecia corroborar a tese do então presidente do Fed: “Os superavits em conta-corrente da China foram usados quase todos para adquirir ativos dos EUA, mais de 80% deles em títulos do tesouro e de agências muito seguros”, dizia o ex-presidente do Fed. Muitos economistas contestaram a tese, culpar os chineses era uma desculpa para o próprio fracasso. A desregulamentação exagerada do sistema financeiro e a especulação no imobiliário norte-americano foram as principais causas da crise de 2008. A existência da tal “fartura de poupança” também é um mito. Entretanto, a narrativa está aí até hoje e ocupa o centro da campanha de reeleição de Trump, que, agora, também culpa os chineses pela pandemia de covid-19, que chama de “gripe chinesa”.

[EXCELENTE MATÉRIA, compatível com a competência de quem a escreveu.
Nos parece, que o único caminho, de qualquer leitor, é concordar  do título à última palavra do último parágrafo.

Alguns comentários:
- Trump é um bom aliado para relações que não impliquem em dependência - se necessário ele não vacilará em usar a diplomacia do 'big stick' contra qualquer aliado ou admirador.
- Com os chineses o ideal é privilegiar o aspecto comercial do relacionamento. Nos parece que no subtítulo não cabe a classificação racista - ser racista com um parceiro comercial com mais de 1.000.000.000 de bocas não é muito inteligente para quem depende da venda de produtos do agronegócio.
Se tornou regra, desde a implantação quase  total do 'politicamente correto (se é político não pode ser correto) considerar racismo qualquer ato que contrarie à busca de privilégios por determinadas classes.

Aproveitando o excelente conselho dado no fecho da matéria, entendemos que não há o que temer contra um 'boicote' aos produtos brasileiros - inventado pelos inimigos do Brasil e por nações interesseiras e divulgado por ONGs alugadas.
A população dos países ricos terá mais dificuldade em suportar a falta de alimentos do que a dos países pobres.
 Mas, eventuais 'boicotadores' terão que alimentar seus habitantes. Invadir o Brasil para 'confiscar' produtos agrícolas é inviável militarmente. 
Infelizmente, não somos uma potência nuclear e alguns pretensos boicotadores são. Só que armas  nucleares nada valem - quando alimentos estarão, ainda que por via indireta, entre seus alvos.]

No Brasil, essa discussão também é pautada por interesses políticos, pois é uma forma de transferir responsabilidades e encontrar um bode expiatório para a pandemia. Na guerra de fake news, atribuir as mais de 100 mil mortes por covid-19 a um falso “genocídio comunista chinês” reproduz uma mentalidade reacionária, xenófoba e racista. Além disso, essa retórica pode trazer péssimas consequências para a economia brasileira, haja vista que o nosso principal parceiro comercial é a China e não os Estados Unidos, potência com a qual o presidente Jair Bolsonaro estabeleceu um alinhamento automático na nossa política externa. Bastou as autoridades sanitárias chinesas anunciarem a presença do vírus da covid-19 num lote de asas de frango congeladas exportado por um frigorífico brasileiro para que as Filipinas, um parceiro comercial importante, suspendessem as importações de frango do Brasil. Ou seja, melhor fazer o dever de casa e ficar fora dessa briga.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


domingo, 19 de julho de 2020

Estado de choque - Nas entrelinhas

Correio Braziliense


“Guedes propõe solução simples para um problema complexo: mais um imposto. Como sabe que é isso, pode ser para criar um cavalo de batalha, justificar seu fracasso e deixar o cargo”

A ideologia de livre mercado do vienense Friedrich August Von Hayek, paradigma da política liberal conservadora do pós-guerra, foi historicamente associada às doutrinas de choque. Embora originárias das décadas de 1920/1930, suas ideias somente ganhariam força após a II Guerra Mundial. Esse caráter de “choque” foi resultado do envolvimento de Hayke com regime ditatoriais da América Latina, entre os quais a ditadura sanguinária do general Augusto Pinochet, no Chile. A doutrina de choque funciona como uma chantagem, porque as pessoas são persuadidas de que a única opção é aceitar o “mal menor” diante das crises, o que se traduz em soluções selvagens para a desregulamentação da economia e alienação patrimonial, assim como a naturalização do desemprego em massa e da chamada “destruição criativa”.

[Presidente Bolsonaro, Guedes já fracassou - além de ser indeciso é azarado = a pandemia acabou com alguma chance dele acertar.
Agora, fracassado quer levar ao fracasso a sua necessária, para o Brasil e milhões de brasileiros, reeleição.]

Obviamente, Hayke foi um crítico das teorias de John Maynard Keynes, o que dificultou muito sua vida no imediato pós-guerra, por causa do sucesso das políticas keynesianas nos Estados Unidos, depois da Grande Depressão de 1929, e na reconstrução da Europa Ocidental, com o Plano Marshall, no imediato pós-guerra. Entretanto, Hayke ganhou o prêmio Nobel de 1970 e conquistou corações e mentes dos dois principais líderes ocidentais da década seguinte, Ronald Reagan, presidente republicano dos Estados Unidos, e Margareth Thatcher, primeira-ministra conservadora do Reino Unido. Com isso, sua figura controversa deixou de ser associada aos ditadores latino-americanos e passou ser identificada com a bem-sucedida política “neoliberal” desses dois líderes.

Com o colapso da antiga União Soviética e do comunismo no Leste Europeu, o mundo ingressou num período de aparente unipolaridade, até a Rússia de Putin se reerguer como potência energética, a aliança franco-alemã se consolidar na Europa e a China, emergir como novo player da economia mundial, cujo eixo comercial se deslocou do Atlântico para o Pacífico. Simultaneamente, um filósofo norte-americano, John Rawls, que cresceu em Baltimore e havia servido no Pacífico — Nova Guiné, Filipinas e Japão —, durante a II Guerra Mundial, começou a ser muito discutido nos Estados Unidos, por causa de suas teses sobre a justiça, o direito dos povos e a equidade. Formado em Princeton, no começo dos anos 1950, estudou na Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde conviveu com outro gigante do liberalismo, Isaiah Berlin.


Equidade
Justiça, equidade e desigualdades eram as principais preocupações de Rawls, que questionava a forma como os princípios de justiça se baseavam. Ele estava preocupado com a relação entre a política e as desigualdades, que ultrapassa os julgamentos morais individuais. Por essa razão, estabeleceu uma correlação entre os princípios da justiça e a forma como os sistemas educacional, sanitário, tributário e eleitoral funcionam. Crítico da guerra do Vietnã e simpático aos movimentos de direitos civis das minorias, concluiu que todos têm as mesmas demandas para as liberdades básicas e que as desigualdades sociais e econômicas deveriam ter um limite razoável, que fossem associados a cargos e posições acessíveis a qualquer um, de forma a que todos pudessem sobreviver com dignidade. Nesse aspecto, o Estado deveria ser garantidor da justiça com equidade. Suas palestras sobre o tema foram reunidas num livro por ele revisado em 2001: Justiça como equidade: uma reformulação (Martins Fontes), muito adotado nas escolas de direito no Brasil. Sua Teoria da Justiça era o livro de cabeceira do presidente Bill Clinton, do Partido Democrata.


O ministro da Economia, Paulo Guedes, é um discípulo da Escola de Chicago, liderada por Milton Friedman, outro prêmio Nobel de Economia, de quem foi aluno e apadrinhado na ida para a equipe econômica do general Pinochet. A essência do seu pensamento se baseia na formação de preços, livre mercado e expectativas racionais dos agentes econômicos. Há um ano, o ministro anuncia uma reforma tributária, sem apresentá-la, enquanto o Congresso discute dois projetos, um no Senado, de autoria do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), e outro na Câmara, do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), com base em estudos do economista Bernard Appy.

Como já vimos, é preciso compatibilizar nosso liberalismo com a justiça social. O que a pandemia escancarou foi o sucateamento da saúde e da educação e a brutal violência e iniquidade social nas favelas, periferias e grotões do país. Entretanto, agora, Guedes anuncia uma proposta de reforma tributária cujo eixo é a criação de imposto com tributação automática de operações digitais, para arrecadar mais de R$ 100 bilhões. Na prática, é uma exumação da antiga CPMF, que foi criada originalmente para viabilizar recursos para a Saúde.

O problema de Guedes é o crescimento da dívida pública por causa da pandemia, que deve elevar o deficit fiscal de R$ 134 bilhões para, aproximadamente, R$ 700 bilhões, o que inviabiliza as políticas de transferência de renda e pode provocar o colapso financeiro do governo federal, se não houver uma reforma administrativa e nova reforma previdenciária no próximo ano. Guedes propõe uma solução simples para um problema complexo: mais um imposto. Política de choque. Como sabe que é isso mesmo, pode ser, também, para criar um cavalo de batalha, justificar seu fracasso e deixar o cargo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo,jornalista - Correio Braziliense





quarta-feira, 4 de março de 2020

Uma superterça na economia - Míriam Leitão

O Globo

Desafio da economia global é achar formas de debelar crise com coronavírus 

Na economia também foi uma superterça. O movimento de ontem no mercado americano mostrou o tamanho da crise provocada pelo novo coronavírus. O Fed fez uma reunião de emergência e cortou os juros. As bolsas subiram e depois despencaram. A ação foi entendida não como um estímulo, mas como alerta. Mais cedo, a Austrália também havia cortado os juros. E a Malásia. Houve casos na Argentina e no Chile. O FMI avisou que talvez não faça o encontro de abril. O Banco Central brasileiro soltou nota indicando futuros cortes. O Banco Mundial anunciou linha para auxiliar os países a enfrentaram os efeitos da crise, e o G7 fez uma reunião para discutir o que pode ser feito. Os BCs europeu e inglês defenderam medida para equilibrar a economia. No Japão, informou-se que os Jogos Olímpicos podem ser adiados.

O grande problema da epidemia do covid-19 é quais são os instrumentos econômicos apropriados para lidar com uma crise como esta. A produção está caindo não por uma desaceleração clássica, mas porque há falta de peças e componentes. O consumo está encolhendo porque as pessoas suspendem reuniões e evitam lugares públicos. Os instrumentos convencionais não funcionam.  A revista “Economist” usou um título recente que define o momento: “Globalização em quarentena.” 

A reportagem tratava de um assunto específico, mas o título reflete de forma ampla o momento de separação entre países, controle de fronteiras, redução da circulação de mercadorias. O fechamento de fábricas na China afetou países em série e isso terá impacto sobre a economia mundial. Estão sendo revistas no mundo inteiro as previsões de crescimento. Do Brasil, só ontem, a consultoria Capital Economics cortou a projeção de crescimento em 2020 de 1,5% para 1,3% e o Goldman Sachs cortou de 2,2% para 1,5%. Outras instituições estão esperando o resultado do PIB de 2019, que sai hoje, para voltar a fazer contas.

A OCDE cortou a projeção do PIB mundial em meio ponto, para 2,4%, no melhor cenário, de impactos mais localizados na China. No pior, a desaceleração chegará a 1,5%, com a epidemia espalhando pela Ásia, Pacífico e hemisfério Norte. As estimativas da China sofreram o maior corte, de 5,7% para 4,9%. Para o Brasil, foram mantidas em 1,7% este ano e 1,8% no ano que vem.  A entidade explicou que o vírus atingiu a economia em várias frentes. As medidas de contenção levaram a quarentenas, restrições de viagens e fechamentos de espaços públicos. Pelo lado da oferta, fábricas ficaram fechadas, serviços deixaram de ser fornecidos com impactos nas cadeias de suprimento.
 Pelo lado da demanda, houve queda da confiança, redução do turismo e de serviços de educação e entretenimento.

A economia chinesa hoje representa mais de 15% do PIB mundial, mais de 10% do comércio e 9% do fluxo de turistas. Por isso, a desaceleração do país preocupa e terá efeitos em cascata. Os países exportadores de commodities serão afetados. Para se ter uma ideia, a China importa quase 60% de todo o alumínio vendido mundialmente, mais de 50% do cobre e quase a metade do níquel.  Se na China há falta de informação sobre o tamanho real da paralisação no país, aqui no Brasil entidades setoriais têm feito sondagens para medir os impactos econômicos do coronavírus. O presidente da Abinee, que representa o setor de eletroeletrônicos, Humberto Barbato, explica que o problema é que algumas informações são consideradas estratégicas pelas companhias.  — Ninguém quer mostrar o seu nível de estoque. É uma informação guardada a sete chaves porque pode demonstrar vulnerabilidade. Nossa melhor expectativa é que a China consiga superar a crise neste mês de março e volte a produzir plenamente em abril— explicou.

Os segmentos de telefonia celular e computadores têm sido os mais afetados dentro do setor de eletroeletrônicos no Brasil, pela falta de peças e componentes. E não há outros fornecedores disponíveis no mundo para se importar. Até porque é preciso um período de testes que minimizem o risco das fábricas brasileiras. O maior problema sempre será a proteção da vida humana e a luta para vencer um vírus que ainda não está sob o controle dos médicos e dos cientistas. Ainda se aprende a cada dia sobre sua capacidade de dispersão e letalidade. Enquanto isso, a economia mundial oscila entre o pânico e a incerteza.

Míriam Leitão, jornalista  - Com Alvaro Gribel, São Paulo - O Globo


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Entre dois polos - Nas entrelinhas

“A China continuará sendo o nosso principal parceiro comercial, mas não temos o mesmo poder de barganha dos EUA para defender nosso parque produtivo no novo cenário global”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, assinaram, ontem, a primeira fase do acordo comercial entre os dois países, depois de uma guerra comercial que durou um ano e meio e abalou a economia mundial. O ponto central do acordo é uma promessa da China de comprar mais US$ 200 bilhões em produtos dos EUA ao longo de dois anos, para reduzir o deficit comercial bilateral com os norte-americanos, que chegou a US$ 420 bilhões em 2018. A China se compromete a comprar produtos manufaturados, agrícolas, energia e serviços dos EUA.  “Hoje (ontem), demos um passo crucial, que nunca tínhamos dado antes com a China”, disse Trump durante a cerimônia na Casa Branca. O pacto entre os dois países pode ter o papel de desanuviar não somente o ambiente econômico, mas também o ambiente político mundial, que vive uma escalada de tensões, a principal, agora, entre os Estados Unidos e o Irã, tendo por epicentro o controle do Iraque. A guerra comercial resultou no aumento das tarifas alfandegárias por ambos os lados, no valor de centenas de bilhões de dólares em mercadorias, o que afetou mercados financeiros, cadeias de fornecimento e o crescimento global.

Em números, a situação é a seguinte: os Estados Unidos vão manter tarifas de 25% sobre uma vasta gama de US$ 250 bilhões em bens e componentes industriais chineses usados pela manufatura norte-americana, até a segunda fase do acordo, mas a China deve comprar US$ 12,5 bilhões em produtos agrícolas dos EUA no primeiro ano e US$ 19,5 bilhões, no segundo ano; US$ 18,5 bilhões em produtos de energia no primeiro ano e US$ 33,9 bilhões, no segundo ano; US$ 32,9 bilhões em manufaturados dos EUA no primeiro ano e US$ 44,8 bilhões, no segundo ano; e US$ 12,8 bilhões em serviços dos EUA no primeiro ano e US$ 25,1 bilhões, no segundo ano.

O que vai acontecer depois, ninguém sabe ainda, mas as repercussões e projeções do que já foi acertado certamente serão discutidas na reunião de Davos, à qual o presidente norte-americano Donald Trump anunciou que pretende comparecer. De certa forma, o acordo roubará a cena do Fórum Econômico Mundial, que completa 50 anos e cuja pauta está focada na questão ambiental. Muitos chefes de Estado estarão presentes, além de grandes executivos e personalidades. Qual será a repercussão do acordo entre os Estados Unidos e a China para o Brasil? De certa forma, o acordo favorece os norte-americanos em relação ao nosso agronegócio, seja pela demanda cativa, seja pela vantagem estratégica em termos logísticos.

Rota do Pacífico
No seu livro Sobre a China, o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger já apontava o deslocamento do eixo do comércio mundial do Atlântico para o Pacífico e advertia sobre os riscos da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China. Dizia que, no século passado, houve duas guerras mundiais por causa da disputa entre a Inglaterra, uma potência marítima, e a Alemanha, uma potência continental, pelo controle do comércio no Atlântico. A grande questão, agora, é como essa disputa entre a maior potência marítima do planeta, os Estados Unidos, e a maior potência continental, a China, vai se resolver.

A grande contribuição do livro de Kissinger quanto a isso é seu esforço no sentido de construir pontes diplomáticas do Ocidente com a China, a partir de sua própria experiência, pois foi o grande artífice da reaproximação entre os dois países em plena guerra fria. A conduta chinesa nos âmbitos dos direitos humanos e de seu “imperialismo” regional sempre foi alvo de ataques por parte dos países ocidentais, a partir da aproximação entre os dois países houve uma mudança de eixo de percepção do Ocidente sobre os chineses, que deram uma guinada econômica em direção ao capitalismo excepcionalmente bem-sucedida, a ponto de a percepção da opinião pública mundial mudar completamente em relação aos chineses. No lugar da imagem dos guardas vermelhos da Revolução Cultural de Mao Tse Tung, surgiram os grandes grupos de turistas ávidos pelo consumo da cultura ocidental, com suas roupas, bolsas e tênis de marcas, além de smartphones de última geração.

Entretanto, ninguém se iluda, o regime político continua sendo uma ditadura do Partido Comunista, o status autônomo de Hong Kong não será restabelecido e a China tornou-se uma potência econômica com crescente projeção militar sobre o Pacífico, o Índico e a costa africana do Atlântico Sul

No caso do Brasil, continuará sendo o nosso principal parceiro comercial, mas não temos o mesmo poder de barganha dos Estados Unidos para defender nosso parque produtivo nesse novo cenário criado pelo acordo.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Valec e EPL, estatais e imortais - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Valec e EPL, estatais que resistem à extinção 

Fusão pode ter bom resultado ou ser troca de três pares por meia dúzia - Empresas sobreviverão ao primeiro ano do governo Bolsonaro 

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciou que o governo estudará a fusão de três estatais: a Infraero, a Valec, e a ELP. Para quem recebe essa notícia, noves fora os padecimentos que já sofreu nos aeroportos, as duas outras siglas são sopa de letras. Olhando-se de perto, são uma aula. A Valec é uma estatal que cuida de ferrovias desde o século passado. Em 1987 o repórter Janio de Freitas denunciou vícios na sua concorrência para a Norte-Sul. (Ela ainda não está pronta, mas deixa pra lá.) No mandarinato petista a Valec ficou com o projeto do trem-bala que ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo. Maluquice sem par, não tinha projeto nem empreiteiros querendo entrar no delírio.  Ficaria pronto para a Copa de 2014, ou, a mais tardar, para a Olimpíada de 2016. A concessão foi a leilão e não teve interessados. A estatal foi entregue ao ex-deputado José Francisco das Neves, mais conhecido como “Doutor Juquinha”. Essa pérola tinha mais funcionários no Rio do que em Brasília, onde ficava sua sede. 

[Presidente Bolsonaro! 
falavam e falam o diabo do Sarney - a maior parte do falatório com razão. 
Mas, uma coisa precisa ser dita: ele sabia, e ainda sabe,  respeitar a liturgia do cargo de presidente da República.
O senhor ainda deixa sua preferência por um bom debate, conspurcar a liturgia do cargo que o senhor exerce = é o Presidente da República, eleito pela vontade soberana de quase 60.000.000 de eleitores e, em termos humanos, o senhor só perde a reeleição em 2022 dependendo de sua própria vontade e conduta.
Discutir com criminoso condenado, em liberdade temporária, é algo que um presidente da República deve se autoproibir.

O senhor bateria boca com Marcola? com Elias Maluco? com Fernandinho Beira-mar?  Claro que não.
Da mesma forma que sentido tem o senhor bater boca com o condenado petista - momentaneamente, fora da cadeia?

Após essa longa entrada, vamos ao que interessa.
Tem briga da qual não se pode fugir. O senhor NÃO DEVE EVITAR a briga com a 'imortalidade' das estatais do título - tome como coisa pessoal, briga de foice no escuro, e extinga as três estatais.
Nada de fusão. Extinga as três e funda os 'restos mortais' na mesma cova.]


Felizmente, o BNDES e o Tribunal de Contas travaram o trem-bala, mostrando que numa das pontas estavam espertalhões italianos. A essa altura, a papelada do trem já havia custado R$ 63 milhões. Em 2012 “Doutor Juquinha” foi para a cadeia. Solto, viu-se condenado a nove anos de prisão e foi novamente preso. Colecionou maracutaias. O trem-bala sumiu da propaganda por algum tempo mas, em 2012, seu projeto mudou-se para uma nova estatal que acabara de ser criada, a EPL ou Empresa de Planejamento de Logística. Ela comandaria R$ 133 bilhões em investimentos, inclusive para o trem. A EPL encarnaria uma revolução, e seu presidente prometia zerar os investimentos em infraestrutura em cinco anos. Como representava o início de um novo mundo, o trem seria privatizado, pois havia japoneses e coreanos interessados. Mais: ele poderia ir até Campinas e talvez, com menor velocidade, ligasse São Paulo a Belo Horizonte, Curitiba e Brasília.
Em 2015 o trem-bala foi para o arquivo, mas a EPL, como o Fantasma das Selvas, mostrou que era imortal. A essa altura o comissariado petista fumava a ideia da Ferrovia Transoceânica, que ligaria o Atlântico ao Pacífico, com dinheiro dos chineses. Foi uma fantasia vexaminosa. 

Em 2017 a EPL tinha 143 funcionários, uma mixaria diante da Valec, com 1.027.
Em fevereiro o ministro Tarcísio de Freitas anunciou a inexorável extinção da Valec, e seu colega Paulo Guedes defendeu o fechamento da EPL. Não rolou. Quanto à Infraero, seria desossada depois da privatização de 44 aeroportos. Também não rolou.

O ministro Tarcísio conhece as malhas da burocracia da Infraestrutura. Sua última ideia não tem a retumbância das promessas de início de governo. Uma coisa é certa: a Infraero, a EPL e a Valec sobreviverão ao primeiro ano do governo Bolsonaro, pois os estudos da fusão poderão se estender até o fim do primeiro semestre de 2020. A fusão dessas três estatais poderá produzir um bom resultado, poderá também ser uma troca de três pares por meia dúzia. Conhecendo-se o passado da trinca e, sobretudo da dupla Valec/EPL, fica o risco de se planejar um cruzamento de tatu com tartaruga e urubu.

Folha de S. Paulo e O Globo - Elio Gaspari, jornalista