Zelotes: PF faz busca no escritório do filho de
Lula
Policiais
já prenderam cinco suspeitos, entre eles o vice-presidente da Anfavea
Na nova
fase da Operação Zelotes, deflagrada nesta segunda-feira, a Polícia Federal (PF) fez busca e apreensão no escritório da
LFT Marketing Esportivo, de Luís
Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Luis Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula - O Globo/7-1-2008
Segundo
testemunhas, uma viatura da Polícia Federal chegou por volta das 6h no
escritório, localizado no bairro dos Jardins, na região central de São Paulo. Policiais fizeram buscas no prédio e saíram
por volta das 6h20m, carregando documentos. Funcionários do edifício disseram que um carro da Receita
Federal ficou por volta de duas horas no prédio. De acordo com pessoas
que trabalham no edifício, o filho de
Lula não é visto no local há algumas semanas.
Até o
momento, a PF já prendeu cinco suspeitos
de envolvimento com fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(Carf). Entre os detidos estão Alexandre Paes Santos, José Ricardo Silva, o
lobista Mauro Marcondes Machado, vice-presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), e Cristina Mautoni, do escritório
Marcondes & Mautoni.
Machado,
sócio da Marcondes & Mautoni, é acusado de negociar interesses de montadoras com
conselheiros do Carf. A Marcondes & Mautoni Empreendimentos fez
repasses à LFT Marketing Esportivo, aberta em março de 2011 pelo filho de Lula.
Essa é uma das consultorias suspeitas de atuar pela Medida Provisória 471, que
prorrogou benefícios fiscais de montadoras de veículos, como informou o jornal "O Estado de S.Paulo".
De acordo
com o comunicado da PF, no total, cerca de cem
policiais cumprem 33 mandados judiciais, sendo seis de prisão preventiva, 18 de
busca e apreensão e nove de condução coercitiva no Distrito Federal e
nos estados de São Paulo, Piauí e Maranhão. O único a escapar da ação policial
até o momento é um suspeito do Piauí.
A
Operação Zelotes investiga organizações criminosas que atuavam na manipulação
do resultado de julgamentos no Carf, conhecido como o “tribunal da Receita”.Essa nova etapa da operação, informa a PF,
aponta que um consórcio de empresas também negociava incentivos fiscais a favor
de empresas do setor automobilístico.
"As provas indicam provável
ocorrência de tráfico de influência, extorsão e até mesmo corrupção de agentes
públicos para que uma legislação benéfica a essas empresas fosse elaborada e
posteriormente aprovada", afirma nota da polícia.
A Operação Zelotes foi deflagrada no dia 26 de março deste ano.
Até a última operação, deflagrada no dia 8, as fraudes apuradas pela PF junto
ao Carf já somavam prejuízos de, pelo menos, R$ 5,7 bilhões aos cofres
públicos. A fase realizada hoje foi a quarta da Operação Zelotes.
No último
dia 22, a Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda
instaurou o primeiro processo administrativo disciplinar para apurar a
responsabilidade dos integrantes do Carf elencados como suspeitos na Operação
Zelotes. O processo foi aberto contra um caso específico de setembro de 2014.
Segundo
nota divulgada pela Fazenda, na ocasião, negociações foram “empreendidas para a realização de 'pedido de vista' por conselheiro,
com a promessa de vantagem econômica indevida, em processo administrativo
fiscal” em que o crédito tributário
envolvido era de R$ 113 milhões. O nome do conselheiro não foi divulgado.
ENTENDA
A ZELOTES
A
Operação Zelotes investiga denúncias de corrupção dentro do Carf, conselho
responsável pelos processos administrativos tributários e previdenciários. As
apurações realizadas pela corregedoria desde o segundo semestre de 2014 têm
revelado, diz a nota, "a existência
de um sistema ilegal de manipulação de julgamento de processos administrativos
fiscais no CARF/MF, mediante a atuação coordenada de conselheiros com agentes
privados que agiram mutuamente com o objetivo de favorecer empresas em débito
com a Administração Tributária”.
Fonte:
O Globo