Começou a batalha do
impeachment
A gritaria que dominou o plenário da Câmara na noite desta terça-feira eliminou qualquer dúvida. Começou a batalha do impeachment, que promete incendiar o Congresso e pode produzir o mesmo efeito nas ruas do país. O primeiro tiro foi disparado pela oposição oficial, em sintonia com o deputado Eduardo Cunha. Coube ao líder do DEM, Mendonça Filho, a tarefa de questioná-lo sobre o trâmite de um processo contra a presidente.
A gritaria que dominou o plenário da Câmara na noite desta terça-feira eliminou qualquer dúvida. Começou a batalha do impeachment, que promete incendiar o Congresso e pode produzir o mesmo efeito nas ruas do país. O primeiro tiro foi disparado pela oposição oficial, em sintonia com o deputado Eduardo Cunha. Coube ao líder do DEM, Mendonça Filho, a tarefa de questioná-lo sobre o trâmite de um processo contra a presidente.
Os passos seguintes do roteiro
são conhecidos. Alvo da
Lava Jato, Cunha deve rejeitar os pedidos de impeachment para não aparecer como
seu principal articulador. Em seguida, a
oposição recorrerá contra a decisão. Se reunir maioria simples, a roda começará
a girar contra Dilma.
PRIMEIRO
OBJETIVO
A operação atingiu seu primeiro objetivo, porque o tema que assombra o
Planalto passou a monopolizar o debate. Os deputados se inflamaram, dando
início a uma troca de insultos que quase descambou para o confronto físico
diante das câmeras. O líder do governo,
José Guimarães, [conhecido
no submundo do crime, especialmente ‘lavagem de dinheiro’ e ‘evasão de
divisas’, pelo vulgo de ‘capitão cueca’.] deu o tom da reação petista. Acusou a oposição de golpismo e prometeu resistência popular. “Querem governar o Brasil? Ganhem a
eleição”, disse. “Não venham com esse
tipo de comportamento, que vocês receberão o troco nas ruas.”
“Golpe foi o que fez a
presidente Dilma na eleição, mentindo reiteradamente”, respondeu Mendonça Filho. O deputado Jair Bolsonaro prometeu ir “até o final para cassar essa mulher”. Por
pouco não saiu no tapa com Orlando Silva, do PC do B. [Orlando Silva, o ministro tapioca, só não aceitou o embate físico com o
Bolsonaro, alegando que desde que lhe tomaram o ‘cartão corporativo’ não tem
comido regularmente sua ração de tapioca.]
CLIMA
CONFLAGRADO
O clima está conflagrado em Brasília. Há mais berro do que diálogo,
mais provocação do que argumento.
Com
o pescoço de Dilma a prêmio, os deputados deixaram de lado um assunto mais
urgente: a nova fase do ajuste fiscal. No dia seguinte
à apresentação das propostas, a Câmara preferiu bater boca sobre o futuro do
mandato da presidente. [retirar
criminosos de cargos públicos é bem mais importante que aprovar um pacote que
prejudica toda a Sociedade.] É uma forma de prorrogar a crise econômica e
inviabilizar o pacote, que depende do Congresso para sair do papel.
Fonte: Folha de São Paulo – Bernardo Melo Franco