Ministra manda investigação sobre suposta interferência para PGR. Rapidamente...
A ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou para a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigação que apura uma suposta interferência de Jair Bolsonaro na operação da PF que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o pastor do presidente acusado de tráfico de influência.
Essa é a segunda vez que Bolsonaro é suspeito de interferir em uma investigação da PF e, em um ano eleitoral, as consequências podem ser diferentes – com ainda mais desgaste político. O presidente já deu muitas provas de que é um intervencionista em instituições do Estado, mas parece estar mais preocupado com os impactos da atual investigação do que quando Sérgio Moro o acusou de interferir na Polícia Federal.
A prova disso foi a rápida reação do governo a uma decisão do ministro Alexandre de Moraes depois de um pedido de Randolfe Rodrigues para investigar o presidente no caso do MEC. [os pedidos do senador Rodrigues possuem um grave defeito: fazem apenas barulhos, tem muita pólvora e nenhum prova. Vão sempre para o arquivo.]
Quando Sérgio Moro acusou Bolsonaro de interferência na PF, o presidente era praticamente um “réu confesso”. Admitia publicamente que estava mudando chefes estratégicos na instituição. Naquela época, o processo não deu em nada. Por questões burocráticas, a investigação ainda não pôde ser arquivada, mas deve seguir esse caminho por falta de provas contra o presidente.
Agora, o próprio delegado que investiga o caso de corrupção no MEC denunciou que Milton Ribeiro estava “ciente” de que seria alvo de buscas. Também afirmou que sua investigação foi atrapalhada. Vai ser mais difícil para Bolsonaro escapar dessa vez? Abertamente a favor de mudar chefias estratégicas quando os ocupantes não agradam o governo, o presidente terá que explicar não só sobre o grampo em que Milton Ribeiro diz ter recebido uma ligação dele com informações sobre uma eventual operação. [o problema é que não há provas contra o presidente - é praticamente impossível provar o que não ocorreu - pelo simples fato de que a palavra do pastor precisa ser suportada por provas. Assim, o rapidamente ...]
Matheus Leitão, jornalista - Blog em VEJA