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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Quais as chances de Trump sofrer impeachment? Entenda o processo



Presidente dos EUA teve início turbulento de governo marcado por discussão sobre eventual destituição, mas especialistas acham procedimentos legais improváveis

O fantasma do impeachment ronda os corredores da Casa Branca e do Capitólio. As longas novelas que colocaram em xeque as Presidências de Richard Nixon e Bill Clinton podem voltar a acontecer com um presidente contestado desde o início de seu mandato. Donald Trump e seu círculo próximo são o alvo do avanço de investigações sobre um possível conluio da campanha republicana de 2016 com emissários do governo russo. 

Mesmo hoje sem provas conclusivas de qualquer conspiração para prejudicar a adversária Hillary Clinton e vencer as eleições, o governo tem prontas equipes de defesa contra um amplo inquérito do FBI liderado pelo procurador especial Robert Mueller. Caso evidências de algum crime cometido sejam encontradas, há ainda um longo caminho para que a denúncia possa ser levada adiante: a acusação precisa ter força suficiente para romper o apoio de um Congresso majoritariamente republicano a um presidente do mesmo partido — mesmo que ele seja um “estranho no ninho” da legenda. Especialistas ouvidos pelo GLOBO advertem que uma destituição de Trump é hoje muito difícil, mas ajudam a explicar como um eventual processo de impeachment aconteceria.


  • O QUE É?
  • POR QUE SE DEBATE IMPEACHMENT PARA TRUMP?
  • COMO ACONTECE O PROCESSO DE IMPEACHMENT?
  • DE QUE OUTROS MODOS O PRESIDENTE PODERIA CAIR?
  • TRUMP CONSEGUIRIA SE SALVAR DAS ACUSAÇÕES?
  • O QUE ACONTECERIA NO FIM DO PROCESSO?
O QUE É?
Na teoria, o conceito de impeachment nos EUA é indiciar um funcionário público eleito pela conclusão de que ele teria cometido algum crime de responsabilidade ou infração grave como improbidade administrativa. No caso do presidente, um impeachment é aprovado pela maioria simples da Câmara dos Representantes (deputados federais), que oficializa o indiciamento. A fase seguinte é o julgamento político, realizado pelo Senado e só aprovado se contar com dois terços dos votantes.

Dois presidentes já sofreram impeachment mas não caíram: Andrew Johnson, em 1868, foi acusado formalmente pela Câmara de descumprir leis de mandato de seu Gabinete, mas acabou salvo por um voto no Senado. Bill Clinton, em 1999, chegou a ser indiciado na Câmara por perjúrio e obstrução de Justiça em decorrência do escândalo sexual com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, mas saiu ileso após sua base no Senado defendê-lo. Ambos continuaram normalmente seus mandatos. Já Nixon, após ser indiciado pela Câmara na esteira da destruição de fitas que provavam seu papel no escândalo político de Watergate, renunciou em 1974 antes que o Senado o julgasse por obstrução de Justiça — a destituição era praticamente certa.

POR QUE SE DEBATE IMPEACHMENT PARA TRUMP? 

Durante a corrida à Casa Branca, a Rússia vinha sendo acusada de tentar interferir na sucessão presidencial: ciberataques contra partidos e políticos, campanhas midiáticas e tentativas de hackear sistemas eleitorais foram monitorados pelas agências de Inteligência do país. Na principal das interferências, está a invasão nos computadores do Comitê Nacional Democrata, mostrando que o partido agiu para beneficiar Hillary Clinton em detrimento do senador socialista Bernie Sanders, minando o apoio da base democrata à ex-secretária de Estado. As evidências de que Moscou teria tido papel direto nas ações motivaram o início de investigações pelo FBI e pelas duas casas do Congresso para apurar qual o grau das tentativas do Kremlin de prejudicar o processo, além de motivar novas sanções do então governo de Barack Obama a Moscou. A interferência externa nas eleições é proibida por lei.

A simpatia do então candidato republicano Donald Trump ao governo de Vladimir Putin habitualmente antagonista de ambos os grandes partidos — e contatos suspeitos de assessores da campanha do magnata nova-iorquino com emissários ligados a Moscou ganhariam manchetes na imprensa e críticas dos democratas (estes, em minoria tanto na Câmara quanto no Congresso). Quando cada vez mais surgiam mais evidências de contatos inadequados de seus funcionários — incluindo de seu filho Donald Jr. e seu genro e assessor Jared Kushner — com os russos e possíveis crimes financeiros, Trump demitiu de surpresa em março o diretor do FBI, James Comey, gerando suspeitas formais de obstrução de Justiça e forçando a indicação de um promotor especial, Robert Mueller (ex-diretor da agência), para comandar o processo.


COMO ACONTECE O PROCESSO DE IMPEACHMENT? 

Na prática, o processo contra o presidente tem a Câmara como promotor e o Senado como júri. Ele começa quando a Comissão Judiciária da Câmara analisa evidências que acompanham pedidos de impeachment, acompanhada de análise do mérito do pedido pela Comissão de Regras e Procedimentos da Câmara. As acusações levadas às comissões podem tanto ser acolhidas por deputados quanto serem originadas de investigações prévias pelo Congresso ou do FBI. Com isso, começa um processo que pode ser longo, contando com depoimentos de testemunhas e entregas de documentos oficiais.

— Não há um período definido. Há muita pressão para que o Congresso avance rápido, mas ele pode tomar quanto tempo julgar necessário para considerações — diz Gerhardt.
Se a maioria da Comissão Judiciária decide que há base para o avanço do impeachment por determinado motivo, escreve um texto com a acusação formal contra o alvo do processo — no caso, o presidente. A proposta (ou diferentes propostas, caso a comissão tenha encontrado evidências de diferentes crimes) é então debatida por toda a Câmara, que pode decidir se analisa cada artigo ou reúne tudo em uma só resolução. Se a maioria simples vota a favor da moção proposta, o impeachment (oficialmente, o indiciamento) é aprovado.

 
Com o processo aprovado, cabe ao Senado julgar as acusações. Os debates de julgamentos pelo Senado são geralmente chefiados pelo presidente dele (nos EUA, o vice-presidente do país é presidente do Senado), mas no caso de um impeachment presidencial, a função cabe ao presidente da Suprema Corte. Os “promotores” são deputados envolvidos na aprovação do processo, e o funcionário que é alvo é defendido por uma equipe própria de advogados.

Após o Senado deliberar em privado, como um júri, a Constituição prevê que a condenação só pode vir se aprovada por ao menos dois terços dos senadores (se forem cem, são 67). Assim, o acusado é removido do cargo. — Imagino que um processo no Congresso poderia avançar rapidamente se, por exemplo, Mueller relatasse sérias acusações. O impeachment e julgamento de Bill Clinton foram concluídos apenas poucos meses depois da publicação do relatório do promotor especial independente (Ken Starr) — recorda Keith Whittington, professor de Ciências Políticas da Universidade de Princeton e um dos principais especialistas nos processos de impeachment nos EUA.

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