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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

PCC de Roraima ‘exigiu’ saída de rivais

Investigadores de combate ao crime organizado acompanham o crescimento do PCC em Roraima há pelo menos cinco anos

Documentos e conversas interceptadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público revelaram a facilidade que o Primeiro Comando da Capital (PCC) tinha para conseguir celulares e ordenar crimes de dentro de presídios em Roraima já em 2014, quando a Operação Weak Link avançou sobre a ramificação da facção no Estado. Além disso, exigiam a saída de rivais da cadeia – o que teria motivado a fuga de pelo menos 145 detentos

Investigadores de combate ao crime organizado acompanham o crescimento do PCC em Roraima há pelo menos cinco anos.  Entre os alvos da operação à época, 75 atuavam de dentro dos presídios e apenas dezessete tiveram de ser detidos fora do sistema. A operação também detectou a expulsão de integrantes de outras facções da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, promovida pelo PCC. Maior penitenciária do Estado, a Monte Cristo foi palco da morte de 33 presos na sexta-feira. O massacre é atribuído ao PCC e visto como um desdobramento da disputa entre a facção paulista e o Comando Vermelho que resultou na morte de 56 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em Manaus.

Em Roraima, as duas principais lideranças do PCC são Ozélio de Oliveira, o Sumô, e Diego Mendes de Andrade, o Taylor. Sumô é apontado como o mentor do grupo e comanda o crime no Estado de dentro da Casa de Custódia de Piraquara, no Paraná. Por sua vez, Taylor cuida do aliciamento de novos integrantes e da divulgação da doutrina, enquanto cumpre pena na Penitenciária Federal de Mato Grosso do Sul.

No dia 2 de maio de 2014, as duas lideranças do PCC participaram de um conferência com outros traficantes interceptada pela PF. Na conversa, Sumô faz uma explanação sobre a situação do sistema prisional em Roraima e conta o início da facção e um episódio de quando o PCC começou a “pregar” a sua “ideologia”. Naquele momento, diz Sumô, os detentos de outras facções tiveram o “direito” de pular o muro da Monte Cristo. Segundo o criminoso, em 40 dias foram 145 fugas.

Em outra conversa no fim do mês de março daquele ano, Sumô fala com Wax Nunes de Lima, um “salveiro” do PCC, responsável pela transcrição, transmissão e salvaguarda dos “salves” emitidos pelo comando da facção. Os dois falam sobre como conseguir celulares nas prisões. Sumô comenta a facilidade para se conseguir telefone nos presídios de Roraima e diz que onde está preso, no Paraná, são “somente” dois celulares por galeria.

“Eu morro de inveja de vocês aí que todo mundo tem um, isso aqui custa 5 mil real (sic) um aqui dentro moleque”, explica Sumô. “Caro que só né! Padrinho, aqui 5 mil é que nós paga pro cara comprar pra nós aparelho”, responde Wax.

Outra conversa de maio, de um integrante da facção criminosa apontado como “Vandrinho”, revelou a negociação de armas de dentro da cadeia. Segundo a PF, o traficante usa os termos “abacaxi” e “canetas” para se referir a granada e pistolas, respectivamente. Na mesma interceptação, Vandrinho afirma que a facção criminosa precisa medir forças com a polícia. “Porque parceiro nós tem de somar contra a opressão, contra esses bota preta aí parceiro (sic)”, afirma o traficante.

Weak Link.
O nome da operação da Polícia Federal e Ministério Público deflagrada em 2014 contra o PCC em Roraima faz referência ao termo em inglês que significa elo fraco. A escolha faz alusão ao objetivo da operação que, segundo a PF, era evitar que outros criminosos entrassem para a organização e servissem de sustentação de sua estrutura, como elo mais fraco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Esse Plano lançado por Temer e Morais não merece muita credibilidade - planos que prometem muito, costumam não dar em nada

Rebelião em Roraima teve decapitação e coração arrancado

Familiares de presos aguardam informações na porta do presídio

A rebelião que culminou com ao menos 33 presos mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, repetiu as cenas de brutalidade vistas no motim que matou 56 detentos em Manaus no dia 1º de janeiro. Dos 33 detentos, 30 foram decapitados, alguns ainda vivos. Alguns deles tiveram o coração arrancado. Familiares dos presos se concentram na porta do presídio em busca de informações. 
 Os próprios presos filmaram suas ações e divulgaram um vídeo em grupos de WhatsApp. As imagens mostram os criminosos armados com facas arrancando, uma a uma, a cabeça dos detentos enfileirados no pátio do presídio. Eles ainda arrancam o coração e outras partes dos corpos das vítimas. “Está aqui a resposta para vocês, mataram os nossos irmãos em Manaus e agora vão pagar por isso (sic)”, diz um dos bandidos.

Segundo os agentes penitenciários de Roraima, uma briga começou por volta das 3h da madrugada, quando apenas 15 agentes estavam trabalhando. No presídio, há cerca de 1.700 presos, mas a capacidade é de cerca de 700.

Em entrevista ao GLOBO, o secretário disse que a penitenciária de Monte Cristo só tinha presos do PCC ou sem ligação com qualquer grupo criminoso, a partir de separação feita pelo estado em novembro passado, para retirar integrantes do Comando Vermelho e de outras facções do local.  — Não tem porque ser vingança, retaliação ao que houve em Manaus. Há uma rivalidade entre eles mesmos, e agora estão querendo falar em vingança, mas não há porque fazer vingança se não havia membros de outra organização criminosa dentro deste presídio — disse Castro.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que conversou com a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), e que as informações iniciais são que a chacina não ocorreu por vingança e sim por um acerto de contas entre presos da própria penitenciária Agrícola de Monte Cristo.  — Trata-se de um acerto interno de contas.

Na terça-feira, o governo do Amazonas emitiu alerta para Roraima no intuito de avisar sobre possíveis confrontos entre presos nas unidades do estado. O secretário titular da SSP-AM, Sérgio Fontes, ressaltou que Roraima e Rondônia tiveram recentemente confusões nos seus sistemas prisionais.

Em outubro, 11 detentos foram mortos na penitenciária de Roraima durante um confronto entre o PCC e o CV. Alguns presos foram queimados e outros decapitados.
As autoridades de Roraima ainda tentam entender o que ocorreu exatamente nesta sexta-feira porque, em novembro do ano passado, depois dos 11 homicídios, houve uma separação de membros do PCC e do CV. A penitenciária de Monte Cristo ficou reservada ao integrantes do PCC. E membros do Comando Vermelho foram para outras unidades.


Fonte: O Globo