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domingo, 12 de novembro de 2023

Utilidade Pública = Cientistas revelam 8 atitudes que retardam o envelhecimento em até seis anos

Um estudo inédito da Associação Americana do Coração (AHA, do inglês American Heart Association) encontrou uma relação direta entre a saúde do coração e um envelhecimento biológico mais lento
De acordo com os pesquisadores, as pessoas que conseguiram ter êxito em seguir oito recomendações para manter o órgão saudável eram cerca de seis anos mais jovens do que a sua idade cronológica. 
E a boa notícia é que, de acordo com especialistas, essa lista ainda pode ser reduzida para apenas quatro hábitos cotidianos — e até apenas um. 
 
A pesquisa contou com 6.500 adultos e levou em consideração os marcadores que calculam a chamada PhenoAge, também conhecida como “idade fenotípica”. Para calcular esse número, médicos identificam nove componentes bioquímicos do sangue, como creatinina, linfócitos, fosfatase alcalina, entre outros, e com base nos resultados, traçam um paralelo entre a condição do coração e a quantidade de anos que a pessoa viveu. 
Se o resultado é positivo, é sinal de que o envelhecimento biológico está sendo acelerado, e se é negativo, é indício que a pessoa trata bem o músculo mais importante do corpo humano.

Para avaliar o quanto a pessoa trata bem o coração, os pesquisadores utilizaram o guia “Life’s essential 8”, uma lista de verificação com oito medidas essenciais elaboradas pela AHA que contribuem para uma boa saúde ao longo da vida. São elas:

  • Comer bem
  • Fazer atividades físicas
  • Não fumar
  • Dormir bem
  • Manter um peso saudável
  • Controlar o colesterol
  • Monitorar o açúcar no sangue
  • Administrar a pressão arterial

Assim, os cientistas entenderam que quanto maior a adesão às oito medidas elencadas no “checklist”, maior era a saúde cardiovascular dos participantes do estudo; e “à medida que a saúde do coração aumenta, o envelhecimento biológico diminui”, como conclui Nour Makarem, epidemiologista cardiovascular e professor de Saúde Pública da Universidade de Columbia, que supervisionou a pesquisa.

Apesar dos resultados apresentados na publicação — que está sendo debatida com mais detalhes durante o congresso Sessões Científicas da AHA, na Filadélfia (EUA), neste fim de semana —, especialistas ressaltam que o retardamento do envelhecimento biológico mencionado na pesquisa não envolve, necessariamente, a prolongação da vida ou a aparência mais jovem.— O grande recado do trabalho não é que a gente pode viver mais seis anos, mas sim que temos uma idade biológica menor, ou seja, somos capazes de envelhecer com mais qualidade de vida — explica o cardiologista José Carlos Zanon, presidente do departamento de cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Principal causa de morte
O destaque do coração na saúde geral dos pacientes não é por acaso. Nas duas primeiras décadas do século XXI, doenças cardíacas foram as principais causadoras de morte no mundo e principalmente no Brasil. No país, enfermidades cardiovasculares são responsáveis por 30% dos óbitos, de acordo com o Ministério da Saúde, e correspondem ao dobro dos óbitos relacionados a todos os tipos de câncer juntos. No mundo, a preocupação aumentou à medida que as ocorrências cresceram rapidamente e saltaram de 2 milhões no ano 2000 para quase 9 milhões em 2019 — segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), elas são a causa de 32% das mortes em todo o planeta.

Diretor médico do Laboratório de Performance Humana (LPH), o mestre em cardiologia Fabrício Braga destaca que “viver com saúde por mais tempo” é muito mais importante para o bem-estar do que simplesmente “viver mais”. O que a gente quer é que as pessoas envelheçam e retardem o adoecimento. Várias populações no mundo são extremamente longevas e passam os dez últimos anos da vida em cima de uma cama. Isso é legal? Acho que não — argumenta o cardiologista.

O especialista em performance ainda diz se preocupar com a ideia de “retardar o envelhecimento”, pois o conceito pode se associar a uma linha “beauty”, de preocupações com “parecer mais jovem”. Ele ressalta que a aparência pode, inclusive, ir na contramão da idade fenotípica da pessoa.— Você vê uma pessoa que faz muita atividade física, por exemplo, e que eventualmente se exponha muito ao sol. Ela vai ter a pele um pouco mais enrugada e pode até parecer ser mais velha, porém vai viver mais devido à capacidade aeróbica, que é um determinante de longevidade muito importante — exemplifica Braga.

Maria Cristina Izar, cardiologista, diretora da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra para aqueles que se preocupam com a aparência que o “Life’s essential 8” também pode ser um grande aliado.— A estética é importante para o bem-estar e autoestima do indivíduo, mas se ela não for acompanhada de uma saúde global, não faz sentido. Se você tem um estilo de vida saudável, sua pele, seus cabelos, unhas e músculos também ganham — analisa Izar.

Em Saúde - O Globo - LEIA MATÉRIA NA ÍNTEGRA

 

 

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Brava gente brasileira! - Percival Puggina


         Perdi a conta do número de vezes. Ao longo de décadas, foram muitos os 7 de Setembro aproveitados para produção de manifestos, discursos, eventos e nos quais estava ausente o verde e amarelo das bandeiras. Para uma parte da nação, a data era marcada pelo conhecido “Nada a comemorar!”. Era assim se a esquerda não estava no poder.

Sempre me opus a isso e continuo a me opor.  É a pátria ou é o poder? A data é nacional e patriótica, não é militar! É de cada um e de todos. Ninguém é dono do 7 de Setembro. A data é também muito minha e não abro mão. Não tenho o hábito de assistir desfiles ou ir às ruas nessa data, mas sempre uma bandeira no coração e outra na sacada.

Por isso, periodicamente, escrevi artigos buscando trazer luz para a toxidez daqueles sentimentos e mobilizações. Como compreender que o amor à Pátria, à Pátria Mãe, o deslumbrante chão onde pisa, vive, ama e labora a brava gente brasileira, dependa da sintonia de cada um com o grupo político instalado no Planalto Central? Que tem a ver uma coisa com a outra?

O amor filial não é assim. Não é saudável o sentimento daquele cujo amor à mãe depende da satisfação de seus desejos. Maus filhos esses para os quais o aniversário da mãe só é comemorável quando estão “de boa”! A Pátria, mãe, fala comigo no belo idioma que aprendi dos meus pais, me educa na herança cultural, me revelou a Fé que a anima e, onde vou, me apresenta meus irmãos, os brasileiros.

Sei que há um esquerdismo, infelizmente dominante entre nós, que não apenas vive dos conflitos que gera, mas para o qual o patriotismo é tiro no pé da revolução proletária internacional. O grito do Manifesto Comunista – “Proletários de todos os países, uni-vos!” – cruzou o século passado e continua a suscitar o interesse na derrubada de fronteiras. O vermelho da revolução não combina com as cores de outras bandeiras.

Aproveitemos este Sete de Setembro para refletir sobre o que certos conterrâneos estão a fazer com nossa gente. Eles não podem continuar transformando o Brasil numa casa de tolerância, desavergonhada como nunca se viu igual. 
Nela, o banditismo das ruas é justificado em sala de aula e nos livros de Direito. 
Nela, as bandalheiras deslavadas e sorridentes de uma elite rastaquera e debochada, que conta dinheiro e votos como se fosse a mesma coisa, não mais escandalizam a tantos. 
Nela, impõe-se uma tirania, a Constituição é derrotada no aggiornamento de suas leituras, a liberdade de expressão é reprimida e a repressão festejada em ruidosas manifestações acadêmicas.

Dedicam-se, há bom tempo, à tarefa de corromper o próprio povo porque são milhões e milhões que já não se repugnam, que já não reclamam, que sequer silenciam, mas aplaudem, mas agradecem, mas reverenciam e se declaram devotos.

Não é apenas na vilania das práticas políticas que a nação vai sendo abusada e corrompida. Também no ataque frontal às mentes infantis (!), nos costumes e no desprezo à ética, à verdade e aos valores perenes, sem esquecer o trabalho dos catadores do lixo histórico dedicados a despejar seus monturos nas salas de aula, suscitando maus sentimentos aos pequenos brasileiros. 
Também nas novelas, na cultura, nas artes. 
Nas aspirações individuais e nas perspectivas de vida. 
Incitaram o conflito racial numa nação mestiça desde os primórdios. 
À medida que Deus vai sendo expulso, por interditos judiciais e galhofas sociais, instala-se, no Brasil, cheirando a enxofre, o tipo de soberano que se vê pela TV.

Na frente de minha casa, como nos versos de Castro Alves, a brisa do Brasil beija e balança o auriverde pendão da minha terra.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Se vira nos 30 - O coração do Faustão e a corrupção entranhada em nós - Paulo Polzonoff Jr.

Vozes - Gazeta do Povo

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Faustão
Assim que saiu a notícia de que Faustão tinha conseguido um coração, começaram as especulações quanto à rapidez do processo. Ô loko, meu!| Foto: Reprodução / Band


Fausto Silva, o Faustão de todas as tardes de domingo, foi submetido a um transplante de coração na tarde de hoje (27). Por sinal, um domingo. Isso apenas uma semana depois de o estado de saúde dele virar motivo de preocupação nacional. Sabe-se lá o que (especula-se que tenha sido a vacina contra a Covid-19) causou uma insuficiência cardíaca grave (se bem que toda insuficiência cardíaca é grave, né, Paulo!) no simpático ex-gordo.

Assim que saiu a notícia – feliz! – de que Faustão tinha conseguido um coração, começaram também as especulações – infelizes! – quanto à rapidez do processo.  
“Meu tio/primo/avô/sobrinho/cachorro/papagaio está há dois/cinco/dez/cinquenta anos esperando um coração. Aí vai um rico e consegue em uma semana. É muita injustiça”, indignou-se mais de uma pessoa pelo Twitter – que durante algum tempo ainda me recusarei a chamar de X.
 
“Quantos Rolex custou esse coração aí?”, perguntou outro, insinuando que o apresentador furou a fila na base do pixuleco. Faustão que, você há de saber, é fã de relógios.  
A desconfiança é tanta que até a instituição queridinha daquela esquerda que acredita que o Estado é capaz de prover tudo, o SUS, ganhou cifrões e virou $U$. Tudo porque Faustão foi salvo por um transplante rápido.

Exceção à regra
Não é mistério para ninguém que o SUS não mora no lado esquerdo do meu peito,
mas nessa coisa de transplante (e até como exceção que confirma a regra) a fila única funciona. E é justa – tanto quanto é possível dizer que pode ser justo decidir quem tem prioridade de acordo com certos critérios. Lembrando que a fila única serve tanto para os hospitais públicos quanto privados.

O que explica, então, que Faustão tenha recebido um coração tão rápido assim? Primeiro, o estado de saúde dele. Faustão era o número 2 da fila. Depois há o fator compatibilidade. 
E, novamente, Faustão foi “agraciado” com um tipo sanguíneo mais raro, B. Mas eu, você e até a torcida do Flamengo sabemos que vivemos num tempo em que nada é tão simples assim. Ou melhor, nada pode ser tão simples assim.

Vivemos tempos cheios de ressentimento contra as pessoas bem-sucedidas. Tempos em que se acredita que o dinheiro compra absolutamente tudo, de coração para transplante a eleição presidencial. Pior! Vivemos tempos em que a corrupção está entranhada em nós. Ah, quer saber? Não vou perder a oportunidade do trocadilho tosco: vivemos tempos em que a corrupção está entranhada em nosso... coração.
 

Ô loko, meu!
O que é perigoso, muito perigoso, perigosíssimo. E aqui vou abandonar a primeira pessoa do plural porque quero ficar fora dessa. As pessoas (vocês!) não conseguem confiar minimamente no próximo. Não conseguem pressupor um mundo em que as relações não sejam regidas por negociatas e conchavos de todos os tipos. 
Não conseguem nem mesmo se compadecer da dor alheia, quanto mais ficar felizes quando a medicina consegue salvar a vida de um ícone da cultura popular.

A corrupção, repito, está entranhada em nós. A ideia de corrupção. Esse medo cotidiano de estarmos sendo enganados. O. Tempo. Todo. De estarmos sendo feitos de otários por malandros. Malandros ricos. E se voltei a me incluir na multidão é porque reconheço: também eu não estou imune a essa paranoia que há muito abandonou a política para fazer parte de todos os aspectos da nossa vida.

Mas aí o psicanalista que habita em mim se vê obrigado a perguntar: será que as pessoas não reagem assim (percebeu?) porque projetam suas “espertezas” nos outros? 
Usando o caso do Faustão, será que no lugar dele você correria para oferecer um pixuleco ao primeiro médico que encontrasse, só para poder furar a fila de transplantes? 
E indo mais além: será que você não procura corrupção em tudo porque já está com o coração corrompido pela velha e má Lei de Gérson? 
Ô loko, meu!


P
aulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Faustão furou a fila do transplante? Entenda por que apresentador recebeu o órgão tão rápido - O Globo

Neste domingo, o apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por um transplante de coração no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após receber um órgão compatível. Ele havia sido diagnosticado com um quadro de insuficiência cardíaca grave e recebido indicação para o procedimento no último dia 20, cerca de uma semana antes do procedimento.

Faustão furou a fila do transplante?
A rapidez, se comparado ao tempo médio de 18 meses para um transplante de coração no Brasil, levou a questionamentos nas redes sociais sobre o funcionamento da fila para a cirurgia, e se o apresentador teria recebido o órgão antes de alguém que já o aguardava há mais tempo.

Segundo informações do painel do Sistema de Transplantes do Brasil, logo após a inclusão do apresentador havia 385 pessoas aguardando um novo coração no país. Faustão, porém, não furou a fila do transplante, que é única, englobando pacientes da rede pública e privada.


Como Faustão conseguiu um coração tão rápido?
Isso porque, embora, no geral, o paciente seja inserido na ordem cronológica, ou seja, pela data da indicação para o recebimento do novo órgão, fatores como a gravidade do caso tornam o caso “prioridade”, o que faz com que o indivíduo vá para o início da fila.

No dia 20, um boletim médico do Hospital Albert Einstein explicava que Faustão estava “sob cuidados intensivos (...) em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração", uma situação grave devido à piora da insuficiência cardíaca.

Por que Faustão precisou de transplante?
O diagnóstico é uma condição progressiva na qual o coração perde a capacidade de bombear o sangue na quantidade necessária. Isso pode acontecer devido ao enfraquecimento - que foi o caso do apresentador - ou enrijecimento do músculo cardíaco.

Além disso, fatores como a tipagem do sangue, que no caso de Faustão é o B, influenciam, já que o doador precisa ter o mesmo tipo sanguíneo do paciente. Logo, se alguém estava na frente do apresentador na fila, porém o tipo era A, ou O, o órgão não seria útil.

Segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo, neste domingo, o sistema encontrou 12 potenciais pacientes que atendiam aos requisitos para receber o coração doado
Entre eles, quatro tinham prioridade, em segundo lugar o Faustão. 
Como o primeiro recusou o órgão, o que pode ocorrer devido a fatores como incompatibilidade, o apresentador passou pelo transplante.

“A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados (...) Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, reforçou o Ministério da Saúde, em nota.

Cenários de gravidade que aceleram o transplante
Em 2021, a pasta publicou uma nota técnica atualizando as condições de priorização de receptores de coração. No total, são três cenários, estratificados de acordo com a gravidade do quadro. — O paciente com prioridade máxima é aquele que precisa de um retransplante agudo. 
Ou seja, ele foi transplantado e até um mês teve algum problema grave relacionado ao transplante, como rejeição aguda. 
Em seguida, estão pacientes com ECMO explica a cardiologista Stephanie Rizk, especialista em insuficiência cardíaca, transplante cardíaco e coração artificial da Rede D’Or, Hospital Sírio-Libanês e da Cardio-Oncologia do InCor.

Nesta condição dois, estão incluídos pacientes que utilizam algum dispositivo de curta duração que ajuda a melhorar o funcionamento do coração até o transplante, como o ECMO (Oxigenação por membrana extracorporal). É uma espécie de "coração artificial temporário", que deve ser usado em ambiente hospitalar.

Já Faustão estava incluído na condição três de prioridade, que inclui, entre outras condições, pacientes internados com choque cardiogênico, que utilizam medicamentos intravenosos para ajudar o coração a bombear o sangue. O problema ocorre quando a incapacidade do coração bombear o sangue começa a prejudicar outros órgãos. É um mal funcionamento sistêmico, que gera insuficiência de outros órgãos, como rim e sistema nervoso — disse a cardiologista.

Rizk destaca ainda que essa fila é dinâmica. Se houver piora no quadro, por exemplo, um paciente pode sair da condição três de prioridade para a dois.

Medicina - Saúde - O Globo

 

quarta-feira, 14 de junho de 2023

A Corte e as Altezas da União Europeia - Percival Puggina

        Por interesse cívico e com o coração aos pulos, 14 anos atrás, assisti a todos os votos, inclusive aos mais longos, através dos quais os ministros do STF decidiram sobre o futuro da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol.  
Na medida em que se ia revelando majoritária a opção pela demarcação contínua das terras, minha expectativa foi sendo substituída por um sentimento de luto que conflitava com a pieguice das manifestações. Aquilo era puro romantismo de má qualidade.

José de Alencar fazia muito melhor. E por menos.

Em meio a tal deserto de senso histórico e vácuo de realismo, o voto do ministro Marco Aurélio Melo foi um oásis
Seu longo trabalho, esparramando argumentos sobre a natureza dos fatos e sobre os elementos jurídicos a eles aplicáveis, foi tão consistente e extenso quanto inútil. Mas o ministro, embora ciente de sua esterilidade, não titubeou em produzir o arrazoado para desnudar os equívocos e os lirismos que caracterizaram a maior parte das manifestações anteriores. Entre elas, obviamente, a contida no voto do relator, o aveludado poeta, inspirado pelas Musas sergipanas, ministro Ayres Britto.
 
Com esse desalento inconformado que se foi tornando habitual ante as decisões do STF pós petismo, presenciei os momentos finais da sessão. Quando os “capinhas” se preparavam para arredar as poltronas dando saída aos ministros, um derradeiro episódio religou os holofotes, favorecendo a compreensão do que ocorrera naqueles sucessivos dias de deliberação. 
Alguém, não lembro quem, perguntou em quanto tempo promover a retirada dos não-indígenas. (Não-indígenas integravam uma categoria antropológica muito mal vista por ali). Em quanto tempo, excelências?
 
Entreolharam-se os senhores ministros. Aproximaram-se inutilmente do pelourinho de onde podiam arfar seus argumentos os advogados dos não-indígenas. Queriam prazo. A decisão veio consensual: “a Corte não dá prazos”. Emite determinações para execução imediata.  
Ela, a Corte, não esquenta a cuca com o que acontece na ponta dos fatos a partir de suas decisões. São mesquinharias que causam enfado à Corte. Vamos para casa tomar um uísque. Creiam, foi exatamente isso que aconteceu.
 
Lá no norte do país, cidadãos brasileiros recebiam pela tevê, viva voz e viva imagem, a notícia de sua expulsão imediata, emitida entre bocejos pelos senhores da Corte que não dá prazos. Ao lixo os títulos de propriedade legítimos e os longos anos de árduo trabalho familiar nas terras que a União lhes vendeu. 
Ao lixo suas lavouras plantadas e seus rebanhos no pasto. 
Ponham-se na rua, todos, com suas famílias, moradias, máquinas e bens! A Corte decidiu e a Corte, visivelmente, está cansada. 
Isto é que é trabalho duro! Moleza é plantar arroz no trópico e discutir antropologia com padres que não evangelizam os índios e que desevangelizam os não-índios.
 
Pois foi exatamente então que se esclareceu minha compreensão sobre o que acabava de acontecer. Foi a Corte. Especialmente a Corte republicana brasileira. 
O que ela menos quer é contato com a arraia miúda, suas mãos calejadas e seus problemas. 
A decisão do STF sobre a demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol e a retirada imediata dos não-índios foi apenas uma outra face do mesmo problema cortesão que leva o STF, passados 14 anos, a deliberar a respeito do fim do domínio brasileiro sobre o território nacional no caso do marco temporal. 
Uma proeza cuja concretização exige ladear a Constituição, atropelar o Congresso e, claro, curvar-se às suas altezas da União Europeia.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 7 de abril de 2023

Brasil pode integrar a Otan? Entenda se o país tem chances de entrar para a aliança militar

Militares do Exército Brasileiro durante treinamento
Militares do Exército Brasileiro durante treinamento - Ailton de Freitas

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) cresceu nesta semana. Com a adesão da Finlândia, a aliança militar chegou a 31 países-membro, unindo quase todo o território da América do Norte ao Leste Europeu sob um compromisso de defesa coletivo em caso de agressão externa. O ingresso dos finlandeses no bloco reacendeu uma pergunta antiga: o Brasil pode se tornar um membro da Otan?

A última vez em que o assunto esteve em alta foi em 2019, quando Donald Trump e Jair Bolsonaro ainda ocupavam as presidências de Estados Unidos e Brasil, respectivamente. Após um encontro dos dois mandatários em Washington, os EUA reconheceram o Brasil como um aliado prioritário extra-Otan. À época, Bolsonaro afirmou em Brasília:— Nós tratamos disso na última viagem que eu fiz aos EUA. Conversei com o Trump. A ideia dele era até nos colocar, mas teria que mexer no estatuto dentro da Otan —, disse o então presidente em frente ao Alvorada um dia depois da confirmação.

O limite estatutário ao qual o ex-presidente se referiu em 2019 é o Artigo 10° do tratado fundador da aliança, que dispõe sobre a inclusão de novos membros ao acordo. O texto diz: "As partes podem, por acordo unânime, convidar qualquer outro Estado europeu em posição de promover os princípios deste Tratado e contribuir para a segurança da área do Atlântico Norte a aderir a este Tratado".

A limitação a Estados europeus tem a ver com a própria fundação da aliança. Criada em 1949 para conter a influência da União Soviética no Ocidente, o acordo previa a defesa de um grupo de países muito específico. De acordo com o professor de Relações Internacionais Vinicius Rodrigues Vieira, do Centro Universitário FAAP, aspectos culturais foram e são definidores para a própria existência da organização.

"A Otan não é apenas uma aliança militar para a defesa de Estados. Muitos analisam que ela é a defesa do coração da chamada civilização ocidental. Ela possui um contexto civilizacional, lembrando que, aos olhos da política internacional, o Brasil não é parte do Ocidente, mas sim da América Latina", disse o professor em entrevista a O GLOBO.

A outra aliança
Se apenas uma mudança profunda no centro da Otan poderia fazer o Brasil entrar na organização, não significa dizer que o país fica sem nenhuma possibilidade de defesa coletiva diante de uma ameaça estrangeira. Vieira aponta que o Brasil já é parte de um tratado — visto por alguns como uma aliança, ao menos em sua concepção — de defesa coletiva com os EUA anterior a própria Otan, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), criado pelo presidente americano Harry Truman, em 1947.

"O Brasil já tem um tratado de assistência mútua com os EUA. No campo dos estudos estratégicos, o TIAR é considerado uma aliança, porque é um tratado de assistência recíproca. Ou seja, se há um ataque a qualquer um dos territórios, os EUA teriam a obrigação de nos defender. E nós teríamos a obrigação de defender os americanos", explicou o professor.

Apesar de propor uma garantia coletiva de segurança, o histórico de aplicação (ou não aplicação) do tratado e o peso político perante sua principal potência militar, põem em dúvida o que ele realmente tem a oferecer."Quando ocorreu a Guerra das Malvinas, convenientemente esse tratado não foi invocado, porque envolvia o Reino Unido, um aliado americano de longa data, e a Argentina, integrante do TIAR", disse Vieira, apontando a diferença de prioridades.

Aspectos operacionais também limitam um aprofundamento do TIAR. "Ele é um tratado e não uma organização como a Otan, que tem autonomia, burocracia e comando próprios."

Aliado prioritário extra-Otan [nenhum valor prático,] 
Embora não seja uma etapa prévia para a entrada na Otan, o status concedido pelos EUA possui serventia prática, funcionando como uma espécie de selo de verificação para a interação militar dos dois países.

O benefício, no entanto, não é exclusivo do Brasil.
O mesmo status é concedido a um grupo de cerca de 20 países da América Latina, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania, como Austrália, Japão, Argentina, Israel e Egito.

Mundo - O Globo

[*REALIZAÇÕES DO governo Lula:

- aumento de R$ 18, no salário mínimo; 
- apresentação do rascunho, melhor dizendo MINUTA, do que pretendem que seja um 'arcabouço fiscal' - não passa no Congresso;e,

- inauguração de uma placa de identificação/localização da sede do 'ministério da cultura' - uma repartição que ele denominou 'ministério', que seria substituída com vantagens  por uma subsecretaria pendurada no Ministério da Educação.]

 

domingo, 2 de abril de 2023

A grande coalizão para arrecadar. E façam suas apostas - Alon Feuerwerker

Análise Política

Toda política econômica é um exercício de economia política. Todo governo olha, antes de tudo, para a manutenção e ampliação do próprio poder. Assim, quando governos movimentam as peças econômicas, a bússola aponta para um norte político. É assim que a prudência orienta a análise e a leitura do cenário.

Feita a introdução, deve-se recordar que o PT é contra a existência de um teto de gastos públicos e na campanha presidencial prometeu acabar com ele. [apesar de óbvio, lembramos que teto de gastos é, no popular,  limites para gastar = dinheiro contado e dinheiro contado, mesmo o público, é mais dificil de ser roubado.] E não precisou assumir qualquer compromisso em contrário para atrair os votos do antibolsonarismo liberal em assuntos de política econômica.

Um mistério ronda a Esplanada: por que o governo petista, dispondo de uma margem de 200 bi acima do limite para gastar este ano, não deixou o agonizante teto terminar de passar desta para a melhor. Pois está evidente desde 2020 que qualquer governo dotado de base parlamentar pode simplesmente ignorar o teto.

A hipótese benigna, para o mercado, é que o PT e Luiz Inácio Lula da Silva mudaram de ideia. Não seria a primeira vez. Mas, como dito na abertura deste texto, é sempre mais esperto olhar para a política.

Está explícito que, com a apresentação do novo teto de gastos (agora chamado de “arcabouço fiscal”, um rótulo que, convenientemente, pode ao mesmo tempo significar tudo e nada), o governo opera para pressionar o Banco Central a reduzir o juro básico. Mas talvez esse não seja o objetivo principal.

A administração petista precisa, sim, forçar o BC autônomo a afrouxar a política monetária, que mantida nos níveis atuais vai produzir desemprego. [Não somos especialistas em economia tão capacitados quanto o Lula e seu poste Haddad, mas apontamos um DETALHE IMPORTANTE: se o BC afrouxar a política monetária pode, até em um primeiro momento, manter o nível de emprego, mas a INFLAÇÃO DISPARA, o DESEMPREGO VOLTA A AUMENTAR, a economia cai e teremos a MISÉRIA que é INFLAÇÃO + DESEMPREGO + RECESSÃO = ESTAGFLAÇÃO PIORADA - que só ocorre em governos de esquerda.] E Lula, ao contrário do primeiro mandato, não parece ter muita gordura política para queimar. As pesquisas mostram. Então é necessário desenhar alguma disciplina fiscal.

“Corte de gastos” é uma expressão totalmente ausente do discurso do novo poder, então só resta aumentar a arrecadação
Para tanto, é preciso acumular força política, reunir exércitos, pois o adversário, o contribuinte, também tem seus trunfos. Afinal é ele quem comparece à urna de dois em dois anos (no DF é de quatro em quatro).

O teto de gastos vigente, ao desvincular despesa possível e receita, eliminou qualquer motivação do mundo político para aumentar impostos. Pois, mesmo se a arrecadação explodisse, o limite do gasto seria o anterior mais a inflação. O novo “arcabouço” informa que, quanto mais o governo arrecadar, mais poderá gastar.

Se o Planalto operar bem a articulação com deputados, senadores, governadores e prefeitos, e se todos puderem em alguma medida participar da engorda dos cofres, tem boa chance de montar uma grande coalizão para arrecadar, essencial para alcançar, sem cortar gastos, algum resultado fiscal digerível pelo mercado.

A peça apresentada esta semana promete isso, e mais.

Lula terá algum recurso para turbinar o investimento público. O mercado e o BC receberão o presente de um renovado limite de gastos, pois haverá um teto e um piso de crescimento da despesa. E o governo, especialmente sua articulação política, não precisará todo final de ano pedir autorização para contornar a lei.

Claro que tudo isso ainda precisa ser posto em prática. 
Há dúvidas sobre algumas contas e sobre a viabilidade de aumentar os impostos, formal ou informalmente. 
Mas o caminhão pegou a estrada, e as melancias na carroceria costumam acomodar-se conforme sobrevêm os solavancos produzidos pelas lombadas e pela buraqueira.

Ainda resta uma incógnita. A função operada pelo governo informa que aumentar o investimento público, casado com um amolecimento do coração do BC, inverterá a tendência de desaceleração econômica. Outra hipótese é que o aumento da carga tributária (ou a ameaça de) simplesmente apertará o freio na atividade, pois os empresários entrarão em modo defensivo.

Façam suas apostas.  [Em nossa modesta opinião, o aumento de custo,  decorrente da elevação sem piedade da  carga tributária,  levará os empresários,  como bem aponta o articulista em uma das hipóteses, a   frear sem dó toda atividade econômica = modo defensivo = esperar a implosão do governo, visto não ter o menor sentido  investir para bancar  gastos sem controle e sem retorno  (tendo muito dinheiro para gastar  e sem saber como gastar - a maioria dos integrantes do atual governo é formada por SUMIDADES EM NADA) vão fazer o que a grande parte sabe fazer: roubar os cofres públicos.] 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

domingo, 12 de fevereiro de 2023

A farsa da ‘paz’ - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

 Como a principal autoridade do País se joga nessa promoção aberta da hostilidade ‘de classes’?

Desde que assumiu a Presidência da República, segundo um levantamento de O Estado de S. Paulo, Lula já fez oito declarações jogando pobres contra ricos. Deve ser algum tipo de recorde; nesse ritmo, vai chegar a perto de 400 gritos de guerra até o fim do seu mandato. É demagogia do tipo mais abjeto. 
É uma prova cabal de que a sua campanha foi uma mentira do começo ao fim, com a farsa de que ele iria “devolver a paz” ao Brasil.  
É irresponsável – como a principal autoridade do País se joga nessa promoção aberta da hostilidade “de classes” entre os brasileiros? 
Mas é isso, exatamente, o que Lula sempre foi: um explorador profissional dos “pobres”. Nunca fez nada de relevante, modificador ou duradouro para eles. Ao contrário: o que lhe interessa é manter o Brasil o mais longe possível de qualquer desenvolvimento real, pois só sobrevive politicamente com o suprimento permanente de pobres que sempre rende a base de sua votação
O problema, desta vez, é que a sua demagogia vem acompanhada de ações concretas para agredir o coração da economia do País.
O governo, que em mais de um mês conseguiu o prodígio de não anunciar uma única medida construtiva para os interesses reais do cidadão, nem uma que seja, decidiu cortar uma dezena de linhas de crédito do BNDES para o agronegócio – área que rendeu US$ 160 bilhões, num total de US$ 335 bilhões, para as exportações do Brasil no ano passado, e se tornou absolutamente vital para a economia brasileira. Cortaram de tudo: crédito para a safra, aquisição de óvulos, tratores, redução do carbono, armazéns, irrigação, cooperativas – e até a sagrada “agricultura familiar”, que Lula acha a solução para todos os problemas rurais do País. “O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo”, disse o novo presidente do BNDES. É um despropósito. 
Qualquer país ficaria feliz se tivesse a situação do Brasil no abastecimento mundial de alimentos; o governo Lula acha ruim. O que eles querem, então, que o Brasil seja? Querem coisa muito pior que uma fazenda.

Em vez de colocar o dinheiro do BNDES no incentivo à um setor-chave da economia brasileira, o governo quer emprestar dinheiro para Argentina, que está com inflação de 100% ao ano e não paga ninguém, Cuba, Venezuela e outras estrelas da finança latino-americana. 

Cuba e Venezuela, aliás, já deram o calote no Brasil; não poderiam receber um centavo a mais do que já receberam e não pagaram
Mas a culpa do calote foi “do Bolsonaro”, diz Lula; o Brasil rompeu relações com os dois, eles ficaram chateados e resolveram não pagar. Agora ele vai consertar o erro. É a sua política a favor dos “pobres” e contra “os ricos”.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo


sábado, 14 de janeiro de 2023

Um Ministério do Esporte contra as mulheres - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

Alinhada com a agenda da esquerda, Ana Moser defende incluir atletas trans em disputas esportivas femininas 

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock 

O novo velho governo subiu a rampa. Junto com a nova velha administração, o velho DNA petista de dezenas e dezenas de ministérios, que durante os próximos quatro anos serão aparelhados por sanguessugas ideológicos e serão usados apenas como vitrine política e moeda de troca de favores em Brasília.

Como manda o conhecido manual petista de abocanhamento geral e irrestrito da política nacional, uma das primeiras medidas na volta à(s) cena(s) do(s) crime(s) foi ressuscitar o famigerado Ministério do Esporte, extinto por Michel Temer, em 2018 (Amém, irmãos! Pena que durou pouco). A pasta, que já teve os comunistas Aldo Rebelo e Orlando Silva como ministros, deixa a categoria de secretaria — enxuta, eficiente e focada nos problemas do esporte de base, como sempre deveria ter sido —, e volta para as maravilha$ de um oceano de oportunidade$ em quase 40 ministério$.

Muitos podem pensar que uma pasta só para o esporte pode ser uma boa notícia. A verdade é que o ressurgimento do Ministério do Esporte não traz boas lembranças, nem sequer alguma esperança de que a pasta não será usada como mais um dos tentáculos em esquemas obscuros de patrocínios e favores. Em praticamente todos os anos do ministério, os “projetos” montados pelos administradores deixavam sempre na última ponta da cascata de recursos exatamente quem mais importava: atletas, principalmente os que deveriam receber incentivo e apoio nas categorias de base, em que futuros talentos olímpicos podem ser moldados e verdadeiras revoluções sociais podem acontecer.

A boa notícia da velha pasta poderia ser que ela agora vem com um nome ligado ao esporte: a ex-atleta Ana Moser. Porém, a má notícia se materializa diante do fato de que a medalhista olímpica não é companheira, mas “cumpanhêra”. Ideologicamente, ela não é muito diferente dos comunistas que já gerenciaram a pasta. Mas, antes de prosseguir, eu preciso deixar alguns pontos claros em relação ao nome “Ana Moser”.

Muitos sabem que a minha história se entrelaça com a de Ana Moser nas páginas da inédita medalha olímpica do vôlei feminino de quadra em Atlanta, em 1996, evento que marcou uma geração de nomes e também de espectadores. A clássica semifinal contra Cuba é uma das partidas de vôlei mais vistas do YouTube. 
A rivalidade, a tensão, as discussões e a briga depois do jogo marcaram o esporte. 
Lembro-me de detalhes como se fosse hoje, mas isso eu deixarei para outro artigo. Havia alguns problemas pessoais no time, mas éramos extremamente unidas em quadra, e o nível de comprometimento e profissionalismo que tínhamos coroou nossa geração com a histórica medalha de bronze em outro jogo dramático contra a Rússia.
Aquela Olimpíada marcava o fim da carreira de algumas jogadoras, como Ida, Márcia Fu, Ana Flávia e Ana Moser. Depois de amargarmos um quarto lugar em Barcelona, em 1992, até Atlanta e a nossa medalha olímpica, foram muitos altos e baixos vividos individualmente e também em equipe: contusões, viagens, dramas, lágrimas, frustrações, brigas, tréguas, experiências e algumas importantes vitórias ao longo do caminho, como o vice-campeonato no Mundial de 1994, em São Paulo. Há certos momentos na vida de atletas de alta performance que são eternizados. 
 
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Eu ainda acredito que é possível conviver muito bem com pessoas que têm visões diferentes para o mundo, seja em políticas sociais ou econômicas em qualquer governo. Apoiar candidatos que estejam mais à esquerda no espectro político é uma questão pessoal e justa. 
O problema, para mim, começa quando se apoia um condenado em três instâncias por corrupção, e, depois de tudo que o Mensalão e o Petrolão mostraram ao Brasil e ao mundo sobre do que Partido dos Trabalhadores é capaz, é difícil entender quem ainda faz o tal do “L”.

Para piorar, não basta apoiar aquele que “queria voltar à cena do crime”, como disse Geraldo Alckmin, agora vamos trocar um governo com pastas técnicas por um governo puramente ideológico — e a pasta do esporte já mostra que não será diferente. A nova ministra já defendeu incluir atletas trans em disputas esportivas e declarou que é preciso observar os “avanços que a ciência faz em torno do tema”. Posso imaginar a “ciência”. Provavelmente, é a mesma de quem apoiou o lockdown durante a pandemia. Ouvir da boca de uma ex-atleta feminina, que conhece todos os parâmetros e as obviedades da biologia humana como poucos, que passou por todas as etapas da (justa!) polícia médica para controle de dopagem durante anos, que SABE das vantagens genéticas de um corpo masculino no esporte e nem sequer mencionar que nesse assunto é preciso proteger as mulheres… É estarrecedor.

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Exclusão de meninas

Caros amigos, vou me estender um pouco e por boas razões. A primeira delas é porque essa pauta ser preciosa demais para mim. Meninas com potenciais atléticos para bolsas em universidades estão perdendo seus direitos para que haja acomodação a uma agenda nefasta de ideologia de gênero. Quero deixar aqui, de forma bem didática e organizada, alguns pontos vitais para uma discussão madura e coerente, e sem a palavra “inclusão”, fantasiada de bondade e sem embasamento científico. Esse assunto é sobre EXCLUSÃO de meninas e mulheres que, além de toda a incontestabilidade da biologia humana, foram colocadas em uma espiral de silêncio e são ameaçadas de cancelamento se ousarem tentar proteger o esporte feminino.

Talvez a nova ministra precise refrescar a memória e, quem sabe, a proteção às meninas e às mulheres no esporte feminino será contemplada no velho novo Ministério do Esporte. Em qualquer debate sobre o assunto, precisamos levar em conta alguns pontos:

— Em 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) estabeleceu novas regras para permitir que transexuais disputem em esportes femininos se sua testosterona estiver abaixo de 10 nanomoles por litro (nmol/L) por 12 meses — a cirurgia de redesignação sexual não é mais necessária;

— O nível permitido de testosterona para atletas trans ainda é extremamente alto para os padrões femininos — a média é de 2,6 nmol/L para mulheres (contra 10nmol/L para trans). Em outras palavras, o sistema já possui uma latitude excessiva incorporada — tanta latitude que, mesmo após a terapia de supressão hormonal, as atletas transgênero ainda podem estar na faixa masculina normal e mesmo assim “aptas” para a competição feminina;

Não existe regra no Comitê Olímpico Internacional, apenas uma recomendação baseada em apenas um único artigo da médica Joanna Harper, também transexual, e feito apenas com corredoras de longa distância;

— Não existem estudos comparativos a longo prazo para esta recomendação e que comprovem que não há diferença entre mulheres e atletas transexuais depois da terapia hormonal. É exatamente isso que mais de 60 atletas olímpicas pediram em um documento oficial ao COI: estudos a longo prazo sejam conduzidos de maneira séria para que as mulheres não sejam prejudicadas;

Homens têm corações e pulmões maiores, ou seja, maior capacidade cardiorrespiratória, melhor oxigenação sanguínea devido à grande produção de glóbulos vermelhos, fibras mais rápidas e densidade óssea superior. 
Há reversão de tudo isso com um ano de terapia hormonal? 
Não existe nenhuma pesquisa capaz de comprovar que a supressão hormonal neste período possa reverter todas as características físicas superiores da genética masculina depois de ultrapassar 20 ou 30 anos de exposição a altas doses de testosterona;

— Antidoping: o material colhido no passado para testes de todos os atletas continua guardado por dez anos (B sample ou contraprova) e pode ser novamente acessado e testado. Uma nova medição que constate níveis incompatíveis de testosterona num corpo feminino pode retirar títulos retroativamente, conquistas de anos ou décadas anteriores. Esse nível de rigor foi totalmente abandonado para acomodar transexuais, que até pouco tempo eram homens, alguns deles tendo competido profissionalmente como homens.

A politização radical do esporte, que tento combater em artigos, palestras e entrevistas no questionamento da injustificável incorporação de atletas transexuais no esporte feminino, homens biológicos com genética e estrutura física de homens, continua na sua agenda de desfigurar o que deveria ser o terreno do congraçamento

Guilhotina da patrulha ideológica
Martina Navratilova, tenista campeã, homossexual e ativista dos direitos gays de longa data, declarou em uma entrevista (e foi guilhotinada pela turba da “tolerância”): “É insano e trapaceiro. Fico feliz em me dirigir a uma mulher trans da forma que ela preferir, mas não ficaria feliz em competir com ela. Não seria justo. Para colocar o argumento em sua forma mais básica: um homem pode decidir ser mulher, tomar hormônios se exigido por qualquer organização esportiva, ganhar tudo e talvez amealhar uma pequena fortuna, e depois reverter sua decisão e voltar a fazer bebês se ele assim o desejar”. A ex-técnica de Navratilova, Renée Richards, uma mulher transexual desde os anos 1970, também é categoricamente contra a permissão de homens biológicos competindo com mulheres.

Vejam esses dados comparativos da Federação Americana de Atletismo, que mostram que nenhuma atleta feminina que participou dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, se classificaria paras as finais do Campeonato Estudantil Americano do Ensino Médio (garotos até 18 anos):

  1. Com base unicamente em seu desempenho nas Finais Olímpicas, para os 100, 200, 400 e 800 metros, NENHUMA das mulheres se qualificaria para competir no evento nacional do Ensino Médio Masculino (garotos até 18 anos);
  2. O melhor tempo feminino nos 400 metros livre nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, um recorde mundial, seria batido por três meninos, com idades 18, 16 e 16 anos;
  3. Para os 800 metros livre na mesma Olimpíada, o recorde mundial feminino seria batido por dois meninos, de 16 e 17 anos.

Essas tabelas lembram a nossa preparação para as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, quando ganhamos nossa medalha de bronze. Era comum e fazia parte de nossos treinamentos jogar contra homens, garotos de 16, 17, 18 anos. Nossa faixa etária estava entre 25 e 30 anos e era praticamente impossível vencê-los. Não era raro também ver o Bernardinho, nosso técnico, pedindo para que os rapazes diminuíssem a força para não nos machucar. O mais curioso é que a nova ministra do Esporte, com toda a sua pompa sobre “ciência”, era uma das jogadoras dessa época e sabe mais do que ninguém o que a identidade biológica significa no esporte.

Repito: o debate honesto sobre esse assunto não pode ser embasado na identidade social de um indivíduo, que, obviamente, deve sempre ser respeitada. Como as pessoas decidem viver suas vidas é uma questão de foro privado. Mas decisões sociais e particulares não criam direitos automáticos e imaginários. O combate ao preconceito contra transexuais e homossexuais é uma discussão justa e pertinente. A inclusão de pessoas transexuais na sociedade deve ser respeitada, mas incluir homens nascidos e construídos com testosterona, com altura, força e capacidade aeróbica de homens, sai da esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres. Esse assunto é exclusivamente sobre a clara exclusão de meninas e mulheres no esporte feminino, é sobre ciência e sobre identidade biológica, pilar sagrado e justo nos esportes. Esse assunto é sobre honestidade.

Ex-jogadora de vôlei Ana Moser assumiu o comando do Ministério 
do Esporte | Foto: Júlio Dutra/MDS
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Há uma frase atribuída a Voltaire que diz que quem pode fazer você acreditar em absurdos pode fazer você cometer atrocidades. Um homem não pode se tornar uma mulher diminuindo sua testosterona. E os direitos das mulheres não devem terminar onde os sentimentos de alguns começam.

Leia também “Uma agressão às mulheres”

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Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O horrendo charme dos serial killers - Revista Oeste

Dagomir Marquezi

Eles são seres humanos repulsivos. E nós somos fascinados por eles

O atual sucesso da Netflix é um homem sinistro que atraía jovens homossexuais para sua casa com promessa de pagar US$ 50 por uma noite de sexo e fotos. Oferecia a eles uma cerveja, que misturava com uma pílula para dormir. Assim que os rapazes apagavam, Jeffrey os matava, geralmente por asfixia. 
Foto: Vladimir Mulder/Shutterstock
Foto: Vladimir Mulder/Shutterstock

E aí é que começava sua festa. Dahmer se excitava tocando o corpo inerte da vítima. Às vezes praticava sexo oral no cadáver. Geralmente colocava o corpo em posições que o excitavam, e se masturbava vendo seu “brinquedo”. Depois levava o cadáver para sua banheira, e passava a separar os órgãos, os músculos e os ossos. Em pelo menos uma das ocasiões ele cortou a cabeça de sua vítima e, enquanto desmembrava seu corpo, conversava e beijava seu crânio sem vida.

Dependendo do caso, Jeffrey Dahmer enterrava secretamente os corpos picotados de seus “namorados” no quintal da casa de sua avó. Acumulava pedaços dos corpos em tonéis cheios de ácido, o que provocava um cheiro insuportável na vizinhança. Em alguns casos preservava alguns de seus órgãos na geladeira. Eventualmente ele separava um músculo ou um coração, temperava a carne e preparava um jantar especial para suas noites de solidão.

Imagem do documentário da Netflix Conversando com um Serial Killer 
| Foto: Divulgação/Netflix

Ele costumava cozinhar as cabeças até que só restasse o osso. Jeffrey planejava montar um altar de crânios de suas vítimas para que ele se sentisse inspirado para meditar sentado numa cadeira de couro negro.

Não teve tempo para construir seu altar. Foi preso no dia 22 de julho de 1991 no apartamento 213 do condomínio onde morava, na cidade de Milwaukee, no Estado de Wisconsin, EUA. A avaliação psicológica o diagnosticou com transtorno de personalidade limítrofe, transtorno de personalidade esquizotípica e transtorno psicótico. Mesmo assim foi considerado são o suficiente para ser condenado a uma pena que somava 941 anos de prisão pela morte de 17 vítimas. Morreu aos 34 anos de idade, em 1994, espancado por outro preso.

Charles Manson: o superstar dos serial killers
Dahmer ganhou sua cota de admiradores. Mas a grande estrela entre os assassinos seriais continua sendo Charles Manson. Ele é tão original quem nem matava suas vítimas. Mandava seu bando de hippies degenerados fazer o serviço sujo em seu nome.

Manson nasceu em 1934 em Cincinnatti, estado de Ohio, EUA. Nunca conheceu o pai e a mãe era uma mulher que pulava de homem em homem. O menino Charlie passou um tempo com um casal de tios fanáticos religiosos, que encheram sua cabeça de imagens apocalípticas da Bíblia. Essa mistura de promiscuidade com fanatismo forjou sua personalidade.

Manson passou a juventude sendo preso por pequenos crimes. Na cadeia aprendeu a tocar violão e decidiu que seria “maior que os Beatles”. Em 1967 acabou sua pena, e ele foi para San Francisco, onde encontrou a onda hippie no berço. O bandidinho se transformou em guru e, com seu violão, formou um séquito de garotas fugitivas do “sistema”. E assim nasceu a “Família”, que vagou pela Califórnia e se estabeleceu num rancho decadente na vizinhança de Los Angeles.

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Nosso lado sombrio
Sujeitos como Jeffrey Dahmer e Charles Manson teoricamente deveriam ser desprezados e esquecidos. Mas se tornam celebridades cujas histórias são repetidas muitas e muitas vezes para novas gerações. O que nos leva a duas dúvidas fundamentais. A primeira: o que leva alguém a cometer esses atos?

Serial killers como Dahmer e Manson carregam pela vida uma mala de disfunções psiquiátricas. São, de uma maneira geral, psicopatas. Não sentem compaixão ou empatia por outros seres. Muitos foram abusados na infância. São obviamente sádicos e muitas vezes ensaiam seus futuros crimes com a tortura e morte de animais. 

Geralmente são pessoas medíocres, que não se destacam em nada e possuem QI baixo. Envolvem-se em pequenos crimes e sentem a necessidade de serem punidos. Outra necessidade é de controle absoluto, o que os leva a prender, amarrar e matar suas vítimas. 

Temos uma segunda questão, bem mais complicada. Alguns serial killers possuem verdadeiros fã-clubes. Recebem farta correspondência na prisão e até pedidos de casamento. O que nos fascina nessa gente e nos leva a assistir a sórdida história de cada um dele? 

Lista de monstros

Prepare seu estômago que aqui vai uma pequena amostra dos mais notórios serial killers do mundo:

Jack, o Estripador — Matou cinco prostitutas na região de Whitechapel, Londres, em 1888. Os corpos foram mutilados, o que fez a polícia desconfiar que o assassino era um cirurgião ou um açougueiro. Mas ele nunca foi identificado.

Livro Jack, o Estripador | Foto: Divulgação

Harold Shipman — Conhecido como “Doutor Morte”, atuava também em Londres como médico. Ele matou pelo menos 218 de seus pacientes. Mas o total pode chegar a 250.

John Wayne Gacy — Chegou a entrar na política pelo Partido Democrata e tirou uma foto com a ex-primeira-dama Rosalynn Carter. Mas ficou mais conhecido como o palhaço Pogo. Ele capturou, torturou e matou 33 jovens, e enterrou a maioria deles no quintal de sua casa, próxima a Chicago. Foi executado em 1994.

Assassino John Wayne Gacy | Foto: Reprodução
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Marc Doutroux — O belga nascido em 1956 não só matava e estuprava meninas em série como vendia crianças como escravas para outros países. Suas vítimas incluíam meninas de 8 anos de idade. Em 1997, 250 mil pessoas ocuparam as ruas de Bruxelas para protestar contra a leniência da polícia belga em manter Doutroux preso.

Peter Kürten — Também conhecido como o Vampiro de Düsseldorf, o alemão começou a matar antes dos 10 anos de idade. O auge de sua atividade aconteceu em 1929, quando Kürten deixou um rastro de assassinatos com requinte de crueldade. Sua atuação gerou dois clássicos: o livro O Sádico, escrito pelo célebre psicólogo Karl Berg; e o filme M, o Vampiro de Düsseldorf, filmado por Fritz Lang, em 1931, e estrelado por Peter Lorre.

Aileen Wuornos — São raros os casos de serial killers mulheres. Wuornos atuava como prostituta de rua e estradas da Flórida e matou sete dos seus clientes. Ela alegou que todos tentaram estuprá-la e que agiu em defesa própria. Wuornos era abusada pelo avô e desde os 11 anos oferecia sexo em troca de cigarros, drogas e comida. Foi executada com injeção letal, em outubro de 2002.

A assassina em série Aileen Wuornos | Foto: Reprodução
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A contribuição do Brasil

Pedrinho Matador — O mineiro Pedro Rodrigues Filho, nascido em 1954, é considerado o maior serial killer brasileiro de todos os tempos. Pegou 400 anos de cadeia por ter matado 71 pessoas, mas ele se vangloria de ter assassinado mais de cem. Começou sua carreira aos 14 anos, matando o vice-prefeito de Alfenas, Minas Gerais. Fugiu para Mogi das Cruzes, em São Paulo, onde virou chefe de tráfico. Só na prisão matou 48 pessoas. A frase “Mato por prazer” está tatuada no seu braço. Assassinou o próprio pai com 22 facadas, já que ele tinha matado sua mãe com 21. Está solto desde 2018 e criou um canal no YouTube. Seu novo apelido: “Pedrinho Ex-Matador”.

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Maníaco do Parque — Francisco de Assis Pereira usava sua lábia para atacar mulheres jovens. Fingia que trabalhava numa revista e que estava procurando novos talentos. Convidava as moças para tirar fotos na natureza, no caso o Parque do Estado, na cidade de São Paulo. Matou 11 mulheres, recebeu 208 anos de cadeia. Mas deve ser libertado em 2028. Na prisão conta com um forte fã-clube e se casou com uma de suas admiradoras.


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Serial killers como estrelas


Leia também “O poder da narrativa”

Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA