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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Ligações cabulosas - Revista Oeste

Silvio Navarro

Há uma semana, o governo Lula não consegue explicar a visita da mulher de um dos líderes do Comando Vermelho aos gabinetes de assessores do ministro Flávio Dino — com a viagem paga pelos cofres públicos


Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em que país do mundo uma mulher que responde pela alcunha “Dama do Tráfico”, casada com o líder de uma facção criminosa, entra pela porta da frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública e é recebida duas vezes por auxiliares diretos do titular da pasta? A resposta: no Brasil.

Nesta semana, uma série de reportagens do jornal O Estado de S. Paulo apresentou ao país uma personagem do mundo do crime chamada Luciane Barbosa Farias, de 37 anos, a “Dama do Tráfico”

Ela tem esse apelido porque é casada há uma década com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas”, líder do Comando Vermelho (CV) no Amazonas
Ele está preso em Tefé (AM), onde cumpre pena de 30 anos de cadeia. Ela recorre em liberdade de uma condenação — já em segunda instância — a dez anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O Comando Vermelho é a segunda maior facção do país, com ramificações em 13 Estados — só é menor do que o PCC, presente em 24. O CV tem 40 anos e domina um terço do território do Rio de Janeiro.Clemilson dos Santos Farias, conhecido como “Tio Patinhas”, posa com uma metralhadora capaz de derrubar aviões | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Luciane esteve em Brasília várias vezes e teve acesso livre a ministérios, ao Congresso Nacional e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — segundo ela documentou em sua conta no Instagram. Estudante de Direito, ela diz ser diretora de uma ONG — sempre uma ONG — batizada Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), interessada em defender direitos humanos de detentos. Documentos do Ministério Público e da Polícia Civil do Amazonas, contudo, mostram que sua função é outra: lavagem de dinheiro do Comando Vermelho. A polícia diz que a ONG é de fachada.

Se o Brasil não fosse governado pelo PT e o ministro da Justiça não fosse Flávio Dino, entusiasta do desencarceramento em massa, a simples presença de uma pessoa com essa ficha criminal já seria motivo para uma ampla investigação. 
Como ela conseguiu agendar esse tour por gabinetes tão importantes? Centenas de deputados estaduais, prefeitos e advogados não conseguem esse tipo de acesso.
 
(...)
A pasta de Dino disse que “o setor de inteligência não detectou a presença” da mulher do traficante. Qualquer cidadão que já tenha ido à Esplanada sabe que a identificação (documento com foto) é protocolo obrigatório na entrada — o visitante recebe um crachá para ser devolvido na saída ou um adesivo, cuja cor identifica o departamento visitado. Essa informação, aliás, consta do próprio site do Ministério. 
Nenhum funcionário, principalmente os que participaram das reuniões, preocupou-se em digitar o nome dela no Google.Regras para entrar nas dependências do MJSP | Foto: Reprodução 
 
Outro ponto crucial nessa história é que reuniões sobre assuntos de interesse nacional, com a participação de funcionários graduados, como os quatro citados acima, constam em agendas e terminam com registros em ata rubricada.
Isso porque elas costumam gerar um processo interno, justamente para atender os pleitos.
O Estado de S. Paulo noticiou nesta quarta-feira, 15, que, ao contrário do que disse o governo, houve andamento do pedido feito pela ONG da mulher do traficante. Ou seja, está tudo documentado.
 
Matéria publicada pelo Estadão (13/11/2023) | Foto: Reprodução/O Estado de S. Paulo
 
(...)

Se a história de que nenhum integrante do governo sabia com quem estava dialogando parece pouco crível, ela foi se agravando ao longo da semana.

O nome que consta nas agendas dos encontros oficiais é o da advogada Janira Rocha, ex-deputada do Psol do Rio de Janeiro. Luciane seria, portanto, uma acompanhante. Os investigadores do Amazonas descobriram que, poucos dias antes das reuniões em Brasília, Janira recebeu R$ 23 mil do Comando Vermelho
A ligação da ex-parlamentar com a facção criminosa estava comprovada. Ela nega relação entre os pagamentos e as conversas em Brasília.


Além da militância pelo Psol, Janira ficou famosa por advogar pela ex-deputada Flordelis, condenada a 50 anos de prisão pelo assassinato do marido, e por trabalhar junto com a advogada Flávia Fróes na defesa do traficante Fernandinho Beira-Mar. Para se livrar do vínculo com criminosos, o Psol disse que Janira se desfiliou da sigla em 2020. Elias Vaz, um dos secretários de Flávio Dino que estiveram nos encontros, também foi filiado ao Psol e conhece Janira há anos. Guilherme Boulos em reunião ao lado de Luciane Barbosa Farias, representante do Comando Vermelho | Foto: Reprodução/Instagram

(...)


Quando a gente achava que não faltava mais NADA, a Dama do Tráfico, Luciane Barbosa Farias, esposa do Tio Patinhas do Comando Vermelho – a mesma que teve portas abertas no Ministério da Justiça de Flávio Dino -, acabou de entregar Silvio Almeida e o Ministério dos Direitos… pic.twitter.com/djvMBVKUNF— Marcel van Hattem (@marcelvanhattem) November 15, 2023

Como se não bastasse toda essa rede de contatos da mulher do líder do Comando Vermelho com o governo e com políticos de esquerda, o pagador de impostos foi surpreendido pela seguinte informação: foi ele quem pagou pelo menos uma das viagens dela a Brasília — há registros de datas em março, maio e novembro.

Numa conversa com jornalistas por meio de um aplicativo de vídeo, Luciane disse que passagens e diárias foram bancadas pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, chefiado por Silvio Almeida. A pasta confirmou a informação, mas não disse quanto custou a viagem. O argumento é que ela representava o Estado do Amazonas no “Comitê de Prevenção e Combate à Tortura”. A “Dama do Tráfico” reclama de maus-tratos aos detentos.

Aqui entra outro componente político: Dino e seus secretários afirmam que é o PT quem comanda o bombardeio contra ele na imprensa

Em vez de assumir a responsabilidade por ter financiado a viagem, o ministro Silvio Almeida disse que a culpa foi de quem divulgou a informação. “Os próceres do fascismo à brasileira não têm compromisso com a verdade nem com o Brasil; se valem de distorções para difamar, caluniar e destruir as conquistas do povo brasileiro.”

A oposição coleta assinaturas para pedidos de impeachment dele e de Dino.
Dino contra as cordas

Politicamente, a sequência de reportagens caiu como uma bomba nos planos de Flávio Dino para assumir a cadeira de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF). Soma-se à escalada de violência no Rio de Janeiro e na Bahia, à falta de um programa nacional de segurança pública e ao sumiço das imagens do Ministério da Justiça nos atos de vandalismo de 8 de janeiro. 
No Senado, a avaliação é que sua indicação representa um risco alto para o governo: pode ter o nome rejeitado pela Casa. 
Ou seja, Lula teria de assumir o desgaste com o Congresso e com o próprio PT.


O partido quer conduzir o advogado-geral da União, Jorge Messias, o “Bessias”, à Corte. E no próprio Senado o favorito seria Bruno Dantas, ministro e presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), que fez carreira como funcionário da Casa e tem como padrinho Renan Calheiros (MDB-AL).

(...)

Dino tem levado sua própria escolta pessoal às audiências públicas no Congresso: o delegado-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues; o chefe da Polícia Rodoviária, Antônio Fernando Oliveira; e o número 2 do Ministério, Ricardo Cappelli. 
Nessas audiências, uma pergunta recorrente parece tirar Dino do sério: como ele conseguiu entrar na Favela da Maré, reduto do crime organizado no Rio, sem escolta policial? 
O sorriso debochado dá lugar a um semblante sisudo. “Vocês, ‘bolsonaristas’, não gostam de pobres” é a frase usada para encerrar os debates.

Post de Cappelli provoca nova faísca na guerra entre Flávio Dino e PT pelo STF https://t.co/sfg5RWwbVg— Malu Gaspar (@malugaspar) November 14, 2023

Nem de longe foi a primeira vez que o nome de políticos e partidos de esquerda aparecem ligados a facções criminosas. A divulgação dessas ligações pela imprensa ou nas redes sociais, aliás, foi um dos temas proibidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na campanha do ano passado. Houve ordens de remoção de conteúdo e aplicação de multas.

Até agora, ninguém foi demitido do governo e nem sequer é formalmente investigado. Não há um único processo administrativo aberto sobre o caso da “Dama do Tráfico”
Lula esperou três dias para se pronunciar sobre o escândalo. Sem ter o que dizer, o petista sacou a desculpa de sempre: tudo não passa de fake news. 
Tampouco um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestou ou cobrou explicações — é bem provável que nenhuma investigação oficial aconteça. 
Mas, desta vez, ninguém pode negar que o governo Lula esteve à mesa com o Comando Vermelho.

CLIQUE AQUI = ÍNTEGRA DA MATÉRIA

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Dino precisa de uma GLO = Dino incomoda muita gente - Episódio da 'dama do tráfico'... - O Globo

Opinião / Elio Gaspari 

Na segunda-feira, os repórteres André Shalders e Tácio Lorran revelaram que Luciane Barbosa Farias, mulher do traficante Tio Patinhas, do Comando Vermelho, esteve duas vezes no Ministério da Justiça reunindo-se com servidores. 

 Horas depois, o ministro Flávio Dino correu a explicar-se: Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa ou esposa.

 'Dama do tráfico': Doze deputados da base pedem impeachment de Dino

Ninguém havia dito que Dino havia recebido “a dama do tráfico amazonense”, condenada a dez anos de prisão.

Quem recebeu a Madame Tio Patinhas foram o secretário de Assuntos Legislativos do ministério, o secretário nacional de Políticas Penais, o diretor de inteligência penitenciária e a ouvidora nacional de serviços penais. Em todos os casos, a senhora acompanhava um grupo recomendado por uma ex-deputada estadual fluminense que é vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Associação Nacional da Advocacia Criminal do Rio de Janeiro (Anacrim-RJ).

Pela fala do ministro, receber no ministério uma senhora condenada, casada com um traficante também condenado a 31 anos de prisão, foi coisa dos subordinados. Segundo um dos responsáveis, a entrada do grupo atendeu à ex-deputada estadual. Tratava-se de discutir casos de jovens assassinados.

A reação de Dino e de seus servidores foi típica das organizações fracassadas.  
Seja qual for o problema, a responsabilidade não é minha, pois é dele, e assim sucessivamente, até que o assunto seja esquecido.
A anomalia só foi discutida, e corrigida no mesmo dia, porque o caso foi divulgado. Afinal, as visitas ocorreram há meses, sem registro da presença de Madame Tio Patinhas no grupo. Se os dois repórteres estivessem cuidando das virtudes das GLOs do Rio, a ex-deputada teria mostrado seu prestígio, a Anacrim-RJ teria exibido sua importância, e Madame Tio Patinhas teria documentado seu trânsito. 
 
O episódio mostrou que se entrava no Ministério da Justiça e nos seus ilustres gabinetes sem qualquer checagem. 
Seria absurdo checar? 
Vale lembrar que os cidadãos comuns passam horas em voos internacionais, e seus passaportes são checados pela Polícia Federal. 
 
Outro dia o ministro Flávio Dino festejou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem parcial que usa efetivos das Forças Armadas para fiscalizar as entradas no Rio de Janeiro. 
Iria bem pedir a um pelotão que verificasse a porosidade de seu ministério. Seria uma GLO de alto nível.
Dino explicou que diversos sistemas de informação relacionados com a segurança pública não se falam. 
Há algum tempo, os sistemas do Ministério da Justiça também não se falavam. 
Isso não acontece porque a inteligência artificial seja coisa complexa, mas porque a esperteza natural é simples: o negócio é vender equipamentos e os subsequentes serviços de manutenção. 
Se padronizar, acabam as boquinhas. 
 
Madame Tio Patinhas circulou pelo Ministério da Justiça pelo mesmo motivo que milicianos e traficantes são libertados. 
Às vezes isso acontece porque se pode jogar a culpa nos sistemas. Quando esse golpe não funciona, um desembargador baiano entra num plantão e solta o Dadá do Bonde do Maluco.  
A denúncia desse absurdo partiu do ministério de Dino, e em poucos dias o Conselho Nacional de Justiça afastou o magistrado. 
Não se passou adiante a responsabilidade.

Elio Gaspari, colunista - O Globo

O ministro Flávio Dino (Justiça) tem um espírito brincalhão e costuma fazer graça quando questionado a respeito das várias arestas que coleciona desde que assumiu uma das pastas mais empepinadas da Esplanada sob Lula. Até tentou submergir nos últimos meses, quando percebeu que o fogo que o atingia vinha de todos os lados, e não apenas da oposição bolsonarista com que manteve enfrentamento sobre a democracia ainda na transição e mais fortemente depois do 8 de Janeiro, episódio em que teve, com sua pasta, papel central. Mas as controvérsias parecem ir a seu encontro, o que não é nada circunstancial. Afinal, se fatos de março ou maio têm vindo à tona agora, é porque há gente buscando e municiando a imprensa de informações.

O episódio da “dama do tráfico Amazonense”, alcunha pela qual Luciane Barbosa Farias é conhecida, é o mais recente a servir para fustigar tanto a capacidade de Dino de conduzir a política de segurança pública do país quanto a possibilidade de Lula indicá-lo para a cadeira vaga desde outubro no Supremo Tribunal Federal.

É inadmissível que uma pasta responsável por lidar com extremismo, contraterrorismo, combate ao crime organizado e outros temas explosivos seja tão displicente com quem entra no prédio onde o ministro despacha para se reunir com seus auxiliares diretos — ou quiçá mesmo com ele. 
É perfeitamente possível que não tenha sido checada a ficha de alguém condenado e incluído em inúmeras investigações por ser elo financeiro de uma das principais facções criminosas que atuam no Brasil. Mas é assustador que assim seja.

Precisou ser noticiado pela imprensa para que alguns filtros fossem estabelecidos, não sem que antes os responsáveis tenham tentado minimizar a revelação. Não se trata de insinuar qualquer ligação ou complacência dos integrantes da pasta com o crime organizado. Mas a vulnerabilidade que essas autoridades demonstram é um grande trunfo para aqueles que apontam a incompetência do governo Lula para lidar com o assunto, um dos que mais desgastam a imagem do presidente e da esquerda perante a sociedade.

Por tudo isso, e também pelo que o caso, de fácil disseminação nas redes sociais e nas rodas de conversa, traz de desgaste à imagem do ministro, é grave que se tenha comido essa bola. E pode haver mais minhoca à espera de enxadadas nesse terreno.
A maioria das brigas que Dino enfrentou era necessária, e ele o fez com coragem rara em ocupantes de cargos de confiança. Ex-governador do Maranhão e senador eleito pelo estado, Dino costuma dizer que age sabendo que, se tudo o mais der errado, tem seu mandato para exercer. Mas é conhecido em Brasília seu desejo de integrar o Supremo Tribunal Federal, o que seria a coroação da carreira de magistrado de que abriu mão para se lançar na política. 
Acontece que é essa característica uma das mais usadas contra ele, inclusive pelos que tentam fazer a cabeça de Lula. 
Dizem que seria político demais e nem a ida ao STF o faria se despir de suas ambições eleitorais.

Nem tudo que se diz do ministro em Brasília é justo ou verdadeiro. Mas nem Fernando Haddad hoje atrai tanto fogo, amigo e inimigo, quanto o titular da Justiça. Ainda dentro de seu jeito folgazão, ele diz que sua prioridade é emagrecer 32kg e ter uma vida saudável. Está empenhado nisso.

Mas a demora de Lula em definir a vaga no STF, deixando dois de seus ministros numa arena pública em que esse tipo de ataque atinge mais a um que a outro, faz com que, nem que deseje, Dino não consiga sair dos holofotes. A facilidade com que uma dama do tráfico foi recebida e tirou fotos sorridentes no ministério mostra o tamanho do nó que é combater o crime organizado, tão entranhado que está nas estruturas institucionais brasileiras. Para Dino, a tarefa é essa, mas também evitar que a guerra termine com ele como alvo principal.

Próxima Israel e reação a Dino reaglutinam oposição a Lula

 Coluna Vera Magalhães - O Globo

 

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Ex-futuro ministro do STF, Flávio Dino me bloqueou no Twitter. O que faço agora? Socorro!

Vozes - Polzonoff

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Crônica do block anunciado


Fláio Dino
Flávio Dino pensando: “Quer saber? Acho que vou bloquear aquele tal de Polzonoff”.| Foto: Lula Marques/ Agência Brasil


Era um dia como outro qualquer, exceto pela temperatura aqui no primeiro planalto paranaense: 33 insalubres graus. Apesar do calor, da pressão baixa e da fome, confesso que estava todo saltitante, alegre e contente (mas de um jeito muito másculo!). Foi então que consultei o relógio e vi que estava atrasado para ela: a crônica diária. Que é sempre um prazer, menos quando tenho que falar de Flávio Dino – como era e é o caso de hoje.

É que eu não sei se você viu, mas quem é que eu tô querendo enganar?, é claro que você, assinante da Gazeta do Povo bem-informado que é, viu: funcionários do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, comandado por ninguém menos do que Flávio Dino, se reuniram nas suntuosas instalações da repartição com a esposa de um traficante divertidamente alcunhado Tio Patinhas – até hoje meu personagem preferido nos gibis da Disney (nos desenhos animados continua sendo o Pateta). O casal, de acordo com a polícia e a concorrência, é ligado ao Comando Vermelho.

Oquei, disse para mim mesmo, enrolando um pano gelado no pescoço, me recostando na cadeira e fazendo aquela cara séria do idiota que se identifica como inteligente. Mais ou menos como a foto do sujeito que escreve neste espaço. O texto saiu fácil. Pelo menos os primeiro parágrafos. Comecei contando a história, floreando aqui e ali, abusando dos neologismos e fazendo aquelas firulas que agradam a uns e desagradam a outros tantos. Depois, acrescentei umas piadinhas de altíssimo nível (de colesterol) à forma física do ministro e da dona Luciene Barbosa Farias. Ali pelo meio do texto, porém, mudei de tom e falei de narcoestado e que tudo é absurdo & inaceitável e citei Guilherme Boulos e André Janones e.

Estava já no penúltimo parágrafo, aquele que antecede a fatídica conclusão de que vivemos num Walking Dead de velhos zumbis comunistas, quando achei por bem consultar o que o ministro Flávio Dino estava dizendo sobre o caso da mulher do traficante habitué do MJ. É que de vez em quando ainda me lembro de que sou um jornalista sério – ou coisa parecida. Ao entrar no Twitter para pegar uma declaração da otoridade máuxima da segurança pública brasileira, porém, descobri que Flávio Dino tinha me bloqueado no Twitter. O sino da igreja tocou. Dezoito horas em ponto.
Galvão? Diga, Tino

Sim, Flávio Dino me bloqueou no Twitter. E, com esse gesto autoritário, além de inútil, me impediu sumariamente de ter acesso direto à sua sabedoria jurídica, sua esperteza política e até seu senso de humor, digamos, sui generis. Na condição de cidadão, me impediu de conhecer as incríveis realizações de seu trabalho frente à pasta. Se ele tivesse alguma, claro. Na condição de jornalista, atravancou meu acesso, ainda que distante, a uma autoridade do governo federal que não ajudei a eleger (tá louco?!), mas cujo governo eu deveria fiscalizar ou analisar. E na condição de palhaço bissexto, calou meu riso. ÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓ!

Depois de chorar como uma criança que perde seu elefantinho de pelúcia, liguei para minha mulher. Que odeia ser interrompida no meio do expediente. “Você não vai acreditar no que me aconteceu!”, disse. Ela, acostumada aos meus exageros, não deu a menor bola. Porque gosto de brincar com o perigo e a fim de aumentar o suspense, fiquei em silêncio. Ao ouvir perigosas bufadas do outro lado da linha, no entanto, achei melhor desembuchar. “O Flávio Dino me bloqueou”, anunciei com pompa.

“Como assim, meu amor?”, perguntou minha mulher com voz de calma falsa. Eu sabia que, na verdade, ela estava querendo me dizer que a partir de agora é melhor eu dormir com uma malinha pronta, para o caso de [BATE NA MADEIRA]. “Me bloqueando, oras bolas! No Twitter”, respondi. Será que fui grosseiro com ela? Tadinha. Não merece. Melhor pedir desculpas, levar para jantar, fazer massagem nos pés e tal.

A isso se seguiu um breve e divertido entrevero em que ela me aconselhou enfaticamente a NUNCA MAIS ESCREVA NADA SOBRE ESSE CARA, VIU! SENÃO VOCÊ VAI SE VER COMIGO!. Ao que respondi pedindo calma, muita calma nesta hora, e dizendo que, no fundo, estava emocionado com o block. Afinal eu, um mero cronista de província, estava sendo bloqueado não só por uma autoridade federal do primeiro escalão. Não só por um ministro de Estado. Não só por um comunista linha-dura. Não. Eu estava sendo bloqueado por um futuro ministro do Supremo Tribunal Federal. Olha só que honra!

Se bem que, depois dessas visitinhas da dona Luciene Barbosa Farias ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública, já tem gente dizendo por aí e corre que eu sei certo zunzum de que a compra da poltrona extra large de Dino no STF terá de ser adiada indefinidamente. Enquanto isso... Galvão? Diga, Tino. Bruno Dantas no aquecimento.


Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

O Brasil é menos seguro hoje graças ao STF - Marcel van Hattem

Vozes - Gazeta do Povo

Em entrevista à Gazeta do Povo, o secretário de segurança de Minas Gerais, Rogério Greco, afirmou: "A violência só vai ceder quando o STF deixar a polícia cumprir a sua missão”. 
Ele se referia à decisão de 2020 do STF de restringir operações policiais durante a pandemia e que se estende até hoje (ADPF 635). 
O uso de aeronaves, por exemplo, está praticamente proibido em operações policiais deflagradas em áreas dominadas pelo tráfico. 
Como enfrentar o crime sem que o Estado possa lançar mão dos instrumentos legítimos para tal?
 
O que aconteceu nesse meio tempo foi o inverso: em vez de o Estado vencer o crime, organizações criminosas como o Comando Vermelho carioca e o Primeiro Comando da Capital paulista aproveitaram para se organizar.  
Aliás, ambos os grupos expandiram sua atuação e já estão presentes em todo o território nacional. 
Foram vitaminados durante o período em que o Estado se fez ausente e, agora, praticam o terror com violência inédita onde quer que atuem. Qualquer semelhança com organizações terroristas como o Hamas, hoje aterrorizando o Oriente Médio após quase duas décadas de preparação na Faixa de Gaza sob vistas grossas da comunidade internacional, não é mera coincidência. O crime cresce no vácuo do Estado.

É essencial que a polícia possa agir, dentro da lei, sem medo de utilizar todos os instrumentos que estão a sua disposição contra bandidos.

A população brasileira, que vinha experimentando uma melhora nos últimos anos na segurança pública, vive de alguns meses para cá um intenso processo de venezuelização

É impossível dissociar esta infeliz tendência, como bem apontou Greco, das decisões do STF e, acrescento, da volta ao poder em Brasília do petismo. 
As relações de alas do partido com o crime organizado, inclusive do tráfico internacional, já fartamente documentada pela imprensa, como o caso histórico das relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs), integrantes também do Foro de São Paulo, são claros agravantes.
O ativismo judicial do STF está tornando o Brasil um país menos seguro, simples assim
Em vez de restringir-se a sua função de Corte Constitucional, o Supremo continua legislando e interferindo na implementação de políticas públicas. Neste caso específico, ao estabelecer um suposto direito de criminosos nas favelas a não serem incomodados em suas atividades delitivas, o tribunal condena populações inteiras a viverem sob o jugo de traficantes e torna-se, em última instância, o verdadeiro algoz do cidadão honesto e trabalhador que paga imposto para que o Estado lhe proveja segurança pública em lugar do convívio com a barbárie.
 
É essencial que a polícia possa agir, dentro da lei, sem medo de utilizar todos os instrumentos que estão a sua disposição contra bandidos que, hoje, em muitos casos dispõem de armamentos mais fortes e eficazes do que o Estado oferece às suas tropas. 
Tampouco podem nossos homens e mulheres de farda temer retaliações administrativas ou judiciais por cumprirem o seu dever que inclui a nobre missão de defender a vida dos civis colocando em risco as suas próprias vidas. 
Ou o STF reverte essa descabida decisão, que privilegia o crime e faz do cidadão seu refém, ou continuaremos assistindo à escalada da insegurança no nosso país.
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos

Marcel van Hattem, deputado federal - Coluna Gazeta do Povo - VOZES

 


Exército pede prisão preventiva de suspeitos de furto de metralhadoras e pune 17 disciplinarmente - O Estado de S. Paulo

Comando Militar do Sudeste aponta envolvimento de sete integrantes do quartel de Barueri, na Grande São Paulo, além de dois civisQuartel das Forças Armadas em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, onde militares foram acautelados após furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra

Quartel das Forças Armadas em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, onde militares foram acautelados após furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra Foto: Felipe Rau/Estadão

O Comando Militar do Sudeste (CMSE) pediu à Justiça Militar a decretação da prisão preventiva dos militares acusados de participação no furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra, em Barueri, na Grande São Paulo. A Justiça pode decidir ainda nesta quinta-feira, 26, se decreta ou não as prisões diante da gravidade do caso. O número de acusados não foi divulgado, mas o CMSE suspeitava do envolvimento de sete militares no crime e de dois civis.

Além disso, 17 militares foram punidos disciplinarmente – a maioria oficiais – na apuração administrativa aberta pelo comando por falha de conduta ou erro de procedimentos nos processos de fiscalização e controle do armamento. Outros cinco militares podem receber sanções. Neste caso, a punição mais severa aplicada foi de 20 dias de prisão disciplinar – as punições administrativas podiam ir de advertência à prisão por 30 dias. Todos estão cumprindo a punição no Arsenal de Guerra.

A Justiça Militar de São Paulodecretou as quebras dos sigilos telefônicos, telemáticos e bancários de sete militares suspeitos. O CMSE acredita que os dados dos sigilos vão permitir identificar os criminosos e acusá-los formalmente.

No contexto da apuração criminal, os possíveis crimes cometidos, conforme o Código Penal Militar, são: furto; peculato; receptação; e desaparecimento, consunção ou extravio. A qualificação dos crimes compete ao Ministério Público Militar.

8 metralhadoras foram encontradas pela Polícia Civil do Rio (foto à esquerda); e 9 armas acabaram achadas pela polícia de Carapicuíba, Grande São Paulo. Todas as 17 foram furtadas do quartel do Exército em Barueri, região metropolitana — Foto: Leslie Leitão/TV Globo e Polícia Civil/Divulgação

8 metralhadoras foram encontradas pela Polícia Civil do Rio (foto à esquerda); e 9 armas acabaram achadas pela polícia de Carapicuíba, Grande São Paulo. Todas as 17 foram furtadas do quartel do Exército em Barueri, região metropolitana — Foto: Leslie Leitão/TV Globo e Polícia Civil/Divulgação

 O furto das metralhadoras aconteceu provavelmente entre os dias 5 e 8 de setembro e só foi percebido no dia 10 de outubro. Os ladrões se apossaram de 13 Browning calibre .50 e oito MAGs de calibre 7,62 mm. 

As investigações do Exército e das Polícias Civis do Rio e de São Paulo levaram à recuperação de nove Browning e das oito MAGs – oito das metralhadoras haviam sido oferecidas ao Comando Vermelho e foram encontradas no Rio e outras nove estavam sendo negociadas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e foram localizadas em São Roque, em São Paulo.

Desde a ausência constatada durante inspeção, o Comando Militar do Sudeste chegou a manter quase 500 militares aquartelados para identificar dados relevantes para ajudar a desvendar os fatos envolvidos no sumiço do armamento. Além disso, comando do Exército trocou do diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. Para o posto foi nomeado o coronel Mário Victor Vargas Júnior.

Como mostrou o Estadão, de acordo com o general Maurício Gama, as armas furtadas estavam danificadas, sem condições de uso para o Exército e passariam pelo processo de “desfazimento”. As metralhadoras têm alto poder de fogo: a .50 pode disparar 550 munições por minuto e provocar a queda de helicópteros.

A apreensão das primeiras oito metralhadoras ocorreu na entrada da Gardênia Azul, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, na quinta-feira, 19. Elas estavam a caminho do Comando Vermelho (CV), principal facção criminosa da capital fluminense.

Em São Paulo, a Polícia Civil encontrou 9 metralhadoras furtadas na Estrada Municipal Emil Scaff, em São Roque, município paulista a cerca de 35 km de Barueri. As armas estavam em uma área de lamaçal.
 
Blog Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo
 
 

segunda-feira, 26 de junho de 2023

A lei das comunidades no Rio e a ministra que passeia de moto na favela da Maré - Gazeta do Povo

Vozes - Roberto Motta


A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Foto: Reprodução/Instagram

O atual governo federal tem uma ministra da Igualdade Racial. [cidadã que além de chefiar  um ministério desnecessário - como são mais da metade dos ministérios do governo do apedeuta -ainda é um péssimo exemplo.
Fechando o comentário: Imaginem  o quanto uma ministra que não respeita as leis de trânsito pode ser nociva para sua comunidade e para os brasileiros que ainda acreditam no atual DESgoverno?
Ao reconhecer que as favelas do Brasil possuem leis específicas, o ministério que a ministra DESadministra comprova sua inutilidade e mostra que sua conduta é nociva por incentivas o desrespeito as leis vigentes em TODO O TERRITÓRIO NACIONAL.] Recentemente, a titular do cargo percorreu, de motocicleta, a favela da Maré, no Rio de Janeiro. Ela divulgou nas redes um vídeo com imagens do passeio.
O vídeo mostra que, sentada na garupa de uma moto em movimento, a ministra não usava capacete. 
O uso do capacete é obrigatório pela legislação brasileira. Em resposta a questionamentos, o ministério teria informado que “é praxe qualquer motociclista circular pela Maré sem o capacete”. Seria a 'lei da comunidade'.
 
No Rio de Janeiro, comunidade é um eufemismo usado para descrever uma favela.  
No Rio de Janeiro a maioria das comunidades é dominada por grupos criminosos pertencentes ao narcotráfico ou a milícias. As exceções são cada vez menores.
 
As comunidades do Rio de Janeiro obedecem a uma lei diferente da lei que vigora na República Federativa do Brasil. 
A lei das comunidades do Rio pode ser resumida da seguinte forma: entrou no lugar errado, da maneira errada, levou chumbo.
 
Foi o que aconteceu com Ulisses da Costa Cancela
No sábado, dia 9 de maio de 2015, Ulisses estava com a mulher e um casal de amigos no carro. 
Eles retornavam do Rio para Petrópolis. Mas Ulisses errou o caminho, e entrou com o carro na Comunidade Vila Sapê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Errar o caminho, no Rio de Janeiro, é um delito passível de pena de morte.

Foi o que aconteceu com Ulisses. Ele foi morto com um tiro de fuzil.
Ulisses da Costa Cancela tinha 36 anos e era alpinista industrial.
 
Ele era casado. A viúva de Ulisses, Jennifer, de 32 anos, nunca vai esquecer os minutos de desespero que ela, o marido e amigos passaram dentro daquele carro.

Tudo isso aconteceu em 2015. Milhares de pessoas já foram mortas pelo tráfico no Rio depois de Ulisses.

As operações policiais regulares nas comunidades do Rio estão suspensas desde 2020 por decisão judicial do Supremo Tribunal Federal. Depois dessa decisão, inúmeras guerras entre traficantes já eclodiram no Rio de Janeiro.

O narcotráfico expandiu seu controle para regiões que, até então, não sofriam desse mal.  
A Polícia Civil do Rio informa que o Terceiro Comando Puro (TCP) aproveitou as restrições da pandemia e ocupou a comunidade Cinco Bocas, que pertencia ao Comando Vermelho. 
Os criminosos decidiram que a região que inclui Cinco Bocas e as favelas de Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas e Pica-pau passaria a ser chamada de Complexo de Israel. 
O Comando Vermelho dominou todas as favelas da região da Praça Seca, em Jacarepaguá, onde continuam a ocorrer confrontos diários entre facções e a milícia. 
O Comando Vermelho está se expandindo na Barra da Tijuca, tomando o controle da comunidade Gardênia Azul e entrando em favelas que eram controladas por milícias, como Muzema, Rio das Pedras e Tijuquinha.

    As operações policiais regulares nas comunidades do Rio estão suspensas desde 2020 por decisão judicial do Supremo Tribunal Federal

Na Península, um bairro de classe média alta da Barra – onde mora o governador do estado - os moradores podem, frequentemente, ouvir o ruído de tiros disparados em Rio das Pedras
O capítulo mais recente dessa guerra ocorreu quando o Comando Vermelho invadiu o Morro dos Macacos, na Tijuca, que era dominado pelo TCP.

A polícia carioca tem registrado a presença de líderes de facções de outros estados da federação. Eles estão fazendo um estágio remunerado no Rio, para depois levar a tecnologia do caos de volta aos seus estados de origem.

Só mesmo um passeio de moto, sem capacete, para esfriar a cabeça.
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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Roberto Motta, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 23 de março de 2023

Bancada da segurança confronta Dino sobre visita à Maré, recadastramento de armas e crise no RN - Gazeta do Povo

República  - Renan Ramalho
 

Combate ao crime 

Flávio Dino e deputados da Comissão de Segurança da Câmara, em reunião nesta terça (21)| Foto: Tom Costa/MJ

A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, majoritariamente formada por deputados de direita e pró-polícia, realizou nesta terça-feira (21) sua primeira reunião. E o foco esteve nas críticas e cobranças à condução da área, pelo governo federal, especificamente por parte do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB).

Por pouco e só por causa de um esforço de negociação do governo, ele não foi convocado ao colegiado para ter de explicar várias condutas, declarações e suspeitas que, para os deputados, representam enormes retrocessos no combate à criminalidade e à violência no país.

Estavam pautados 15 requerimentos para obrigá-lo a ir ao colegiado para se explicar sobre temas que vão da visita que fez ao complexo da Maré ao recadastramento de armas, passando ainda pela crise de segurança pública do Rio Grande do Norte. A possibilidade de uma convocação, porém, não está descartada.
 
Um dos atos que mais incomodou os parlamentares foi um pedido de Dino ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que investigasse cinco deputados e dois senadores no inquérito das fake news. 
Esses deputados haviam sugerido, nas redes sociais e na tribuna da Câmara, que o ministro esteve no dia 13 no complexo da Maré, local dominado por facções criminosas no Rio de Janeiro, para negociar com o Comando Vermelho.

Flávio Dino comunicou a Moraes que foi lá para se reunir com lideranças comunitárias, a fim de discutir políticas públicas de segurança – algumas das ONGs presentes no encontro militam contra a polícia, a quem acusam de violência nas comunidades pobres. O ministro da Justiça disse a Moraes que, ao associá-lo ao crime organizado, os parlamentares o caluniaram e ainda praticaram crime de racismo, porque, na visão dele, teriam sugerido que toda a comunidade da Maré seria formada por bandidos.

Nas postagens, os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ), Gilberto Silva (PL-PB), e os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES) questionaram como Dino teria entrado na favela Nova Holanda, na Maré, com pouca segurança e sem avisar as autoridades locais.

Nesta terça, na Câmara, vários deles criticaram o ministro pela tentativa de intimidá-los, pedindo que fossem investigados no STF. “Não fiz nenhuma acusação, mas queremos tirar suspeitas. Atacar os parlamentares é atacar a Constituição. Se o parlamentar não puder fazer questionamentos, não há democracia”, disse Gilberto Silva.

Filipe Barros (PL-PR) defendeu a convocação imediata de Dino para prestar esclarecimentos à Comissão de Segurança Pública da Câmara. “Ele não quer diálogo, está processando deputados da oposição querendo intimidar, com tentativa de perseguição.” “É triste ver o ministro Flávio Dino querendo calar os deputados nesta tribuna. O presidente Bolsonaro, por mais que tenha sido atacado, jamais processou alguém”, disse Luiz Lima (PL-RJ).

“Por que fazer isso, ministro? Nós mentimos? Faltamos com a verdade? Ou apenas expressamos a surpresa do povo do Rio de Janeiro e do Brasil com a liberdade com que o senhor transita nas comunidades do Rio de Janeiro, lideradas pelo Comando Vermelho?”
, provocou Otoni de Paula, alvo do pedido de investigação.

A pressão para a convocação, no entanto, vai muito além do pedido de investigação de deputados.


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Deputados querem mais explicações sobre visita à Maré
A própria visita de Dino à Maré é objeto de requerimentos de convocação na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Em seu pedido, o deputado Helio Lopes (PSL-RJ) destacou que “o ministro entrou sem segurança numa das comunidades mais armadas e violentas do Brasil e as pautas abordadas não foras questões como desarmamento ou recadastramento de armas”. “Agora, foram discutidas, sim, as mortes ocasionadas pelas ações policiais. Por qual motivo não foi discutida a morte de policiais?”, justificou.

No plenário, a deputada Caroline de Toni (PL-SC) citou reportagem da Gazeta do Povo em que o coronel da PM do Rio Fábio Cajueiro, ex-comandante de operações no Complexo da Maré, diz que nenhuma autoridade entraria ali sem a autorização das lideranças do narcotráfico. “Flávio Dino, vossa excelência tem que vir aqui ao plenário explicar como o senhor entra no Complexo da Maré sem escolta policial, sem informar nenhuma autoridade. Foi falar o quê e com quem? Vossa excelência tem que se explicar!”, apelou Gilberto Silva, em pronunciamento no plenário.

Mais prazo para recadastrar armas na PF é demanda urgente
Uma questão urgente para esses parlamentares é o adiamento, ou mesmo a revogação, do decreto, formulado por Dino e assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obrigou particulares a recadastrarem suas armas junto à Polícia Federal
Quem não realizar o procedimento até o fim deste mês perderá o direito ao porte ou posse e quem permanecer com as armas deverá sofrer um controle mais rígido por parte da PF.

Nesta segunda-feira (20), ao anunciar que mais de 600 mil armas já haviam passado pelo recadastramento, Dino disse que o prazo não seria estendido. Nesta terça (21), deputados da bancada da segurança tinham maioria de votos, entre os 38 membros da comissão, para obrigar o ministro a comparecer na semana que vem para responder as críticas à norma.

Na noite desta terça, um grupo da comissão se reuniu com o ministro na sede da pasta. Dino prometeu uma resposta sobre a possibilidade de prorrogar o prazo na semana que vem. Além de considerar que o decreto, bem como novas restrições no acesso às armas planejadas pelo governo, levem a uma redução no direito à autodefesa dos cidadãos, os deputados também consideram que essas medidas vão quebrar clubes de tiro, lojas especializadas e treinadores, que prosperaram nos últimos anos com a política mais liberal do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A facilitação para a compra e porte de armas, para esses parlamentares, foi fator decisivo para a queda no número de homicídios de 2019 a 2022.
“Vamos mostrar que esse decreto é absurdo, acaba com comerciantes e clubes de tiro. E a PF não tem capacidade de fazer esse recadastramento, porque temos um milhão de CACs”, disse à reportagem o deputado Alberto Fraga (PL-DF), em referência aos caçadores, atiradores e colecionadores, grupo que conseguiu, nos últimos anos ganhar direito de adquirir armas de uso restrito e mais munições.

Para piorar,
deputados dizem que o site de recadastramento não funciona corretamente. Se o ministro aceitasse adiar ou revogar o procedimento, os deputados poderiam desistir de sua convocação – que o obriga a comparecer e representa um desgaste político – e aceitariam aprovar um convite, desde que ele se comprometesse a ir à comissão. Deputados que se opõem a Dino de forma mais contundente queriam que ele fosse convocado para ir à Comissão de Segurança no próximo dia 28 – na mesma data, ele já aceitou comparecer voluntariamente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado, que, no entanto, é presidido e dominado pelo governo.

Outros deputados da bancada da segurança admitem que ele vá à Comissão de Segurança, a convite, no dia 11 de abril, data já aceita por ele e negociada por deputados governistas. “Não há intuito de esconder ministro dentro de ministério. Primeiro se convida, depois, não atendendo, se convoca. A Convocação é o poder mais duro que as comissões têm para exercer. Isso seria enfraquecer a relação salutar que queremos ter ao longo de toda a legislatura”, disse nesta terça, na comissão, o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), que negocia em nome do governo.
Deputados cobram posição sobre rebeliões no Rio Grande do Norte

Os parlamentares também cobram Dino sobre sua postura diante da rebelião, promovida por facções criminosas, que aterrorizou o Rio Grande do Norte, governado pelo PT, desde a semana passada. Foram mais de 300 ataques em 49 cidades diferentes.

Segundo Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a governadora Fátima Bezerra (PT) teria responsabilidade direta, por não investir na segurança pública. “Não é de se admirar que PMs estejam pedindo em vídeo, como já ocorreu recentemente, dinheiro, vaquinha para consertar a viatura. Essa é a polícia de Fátima Bezerra, colega de Lula, para combater o crime organizado”, afirmou.

Nesta segunda, Dino anunciou a liberação de R$ 100 milhões para fortalecer o policiamento ostensivo e a reestruturação do sistema penitenciário no estado – a revolta se deu porque presos reclamavam das condições nas prisões.

Para deputados da direita, o ministro agiu tarde. “Enquanto Flávio Dino visitava o Complexo da Maré, ele deixava de lado a maior crise da segurança pública do estado do Rio Grande do Norte. Ele simplesmente deixou aquilo acontecer, mais de uma semana”, disse Jordy no plenário da Câmara.

Ele ainda criticou o fato de o ministro ter descartado uma intervenção federal no estado, inclusive com apoio da Forças Armadas. “Tudo isso causa muita estranheza, talvez pelo fato de o Estado do Rio Grande do Norte ser comandado por uma petista, Fátima Bezerra.”

No último domingo (19), em Natal, Dino disse que as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs) não resolvem a segurança pública. “As Forças Armadas são espécie de remédio extremo. Quando o sistema de segurança pública, federal e estadual, entra em colapso absoluto, o que não é a situação que nós temos aqui, é que você busca a GLO”, afirmou o ministro.

Gazeta do Povo - República


terça-feira, 17 de janeiro de 2023

O plano mirabolante para trazer líder de facção a presídio do Rio

Advogado e policial civil estariam envolvidos na estratégia de transferir Rogério 157 de Rondônia ao Rio de Janeiro

O traficante Rogério 157

 O traficante Rogério 157 é preso na comunidade do Arará, na zona norte do Rio, durante uma megaoperação das forças policiais - 06/12/2017 MAURO PIMENTEL/AFP

O traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, teria elaborado uma estratégia para sair do presídio federal de Rondônia para uma unidade penitenciária do Rio de Janeiro, através de uma artimanha legal. De acordo com a Polícia Civil, que desmantelou o plano nesta terça-feira, 17, o advogado do criminoso, junto a um policial civil, atrapalhariam o estado a enviar o ofício de renovação da prisão de Rogério para o estado Rondônia, o que abriria uma brecha na lei para que a defesa do condenado pedisse sua volta ao Rio de Janeiro.

O parecer é um atestado da justiça estadual a respeito da periculosidade do indivíduo, o que justificaria sua distância à região de origem. Na divisão de tarefas, o advogado seria responsável por elaborar o pedido de “devolução” do traficante, enquanto o policial faria ponte com membros da Subsecretaria de Inteligência, para “atrasar” o envio do documento, que deveria ser entregue até o final de janeiro. Segundo a Polícia Civil, o advogado foi detido e o agente envolvido está foragido.

Rogério 157 , que é apontado como um dos líderes do Comando Vermelho na Rocinha, foi condenado na Justiça a 61 anos de prisão.

Brasil - Revista VEJA


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Bolsonaro nadou de braçada no debate da Band - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo    

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Sem seus linhas auxiliares e sem William Bonner, o ex-presidente Lula fica um tanto perdido. Foi o que vimos no debate da Band este domingo, com enorme audiência. Bolsonaro massacrou seu adversário, mostrou-se bem mais calmo, soube explorar as fraquezas do oponente e transmitir bem sua mensagem.

Regras mais flexíveis aprovadas entre a produção do programa e representantes das campanhas permitiram aos candidatos condições e espaço para apresentarem seus posicionamentos e suas propostas ao eleitor.  
Talvez Lula tenha pensado que poderia mentir em paz, mas aconteceu o contrário: o petista, incapaz de administrar bem o seu tempo (mas quer administrar o país!), acabou deixando Bolsonaro com mais de cinco minutos para uma palestra em horário nobre.[o debate da Band, mostrou o que o descondenado petista é: NADA, UM NADA ABSOLUTO.]

O desespero dos petistas espalhados pelos veículos de comunicação era visível. Todos eles estavam incomodados com o amadorismo de Lula, seu candidato, por permitir esse comício bolsonarista de cinco longos minutos - os mais longos da vida de Lula, provavelmente. Ali Bolsonaro comeu e mastigou com calma, apenas para cuspir os ossos do adversário depois.

Eis a verdade inapelável: Lula nada tem contra Bolsonaro além de rótulos vazios e acusações falsas
É preciso chamá-lo de "genocida", pois não há nada concreto para utilizar. Já Bolsonaro precisa apenas lembrar quem é Lula, o que seu governo fez.  
Basta refrescar a memória dos telespectadores com os casos de corrupção inesgotáveis da era petista.
 
A vantagem de Bolsonaro foi tanta que nem os esquerdistas do UOL conseguiram escondê-la
Quanto tempo até o TSE mandar anular o debate e obrigar todos a esquecer do massacre sofrido por seu corrupto favorito? [recomendamos, enfaticamente, que o presidente Bolsonaro só aceite participar do debate da Globo - cuja importância se deve unicamente a ser, por tradição, o último  - com as regras do da Band ou que permitam maior imparcialidade. Não ficaremos surpresos se o TSE, como bem diz o articulista  "... TSE mandar anular o debate e obrigar todos a esquecer do massacre sofrido por seu corrupto favorito...".  
Afinal agora além do crime de opinião, há o risco de processo por crime de conclusão, como diz Ana do Volei.  Agora temos o “crime de conclusão”! Você vai ver fatos reais, ler notícias verdadeiras — mas não pode tirar suas próprias conclusões. Veja o que diz Ana do Volei na Revista Oeste: "... Não bastou o novo “crime de opinião”. Agora temos o “crime de conclusão”! Você vai ver fatos reais, ler notícias verdadeiras — mas não pode tirar suas próprias conclusões... "]

Bolsonaro colou em Lula a pecha de amigo de ditador, e Lula foi incapaz de criticar o companheiro Daniel Ortega, que persegue cristãos na Nicarágua. Bolsonaro cobrou o nome do futuro ministro da Economia caso Lula vença, e o petista fugiu pela tangente novamente. 
Bolsonaro afirmou na cara de Lula ("fica aqui") que seu governo desmatou menos que o do PT. Bolsonaro alfinetou Lula com os casos de corrupção envolvendo seus filhos ("meus filhos me acompanham, os seus não"). E por aí vai.

Ponto alto para Bolsonaro foi a presença de Sergio Moro. Ambos deixaram as diferenças de lado para uma união pelo país, contra a corrupção. No final, Bolsonaro concedeu entrevista ao lado do ex-juiz e ex-ministro, para reforçar que a Lava Jato está com ele e contra Lula. Paulo Eduardo Martins comentou: "Sobre a presença de Moro ao lado de Bolsonaro no debate, é algo positivo e interessante. O que aconteceu não muda, mas todos os esforços são necessários para evitar que o comunupetismo tome conta do Brasil. Somente o Brasil importa".

A verdade: o governo Lula é indefensável. Todos esses tucanos, esses banqueiros e esses jornalistas são uns cínicos oportunistas que, no fundo, sabem que defendem o absurdo. 
Lula chegou a se gabar de que sobe favela sem colete, esquecendo que ninguém sobe o Complexo do Alemão sem autorização do Comando Vermelho. 
Filipe G. Martins comentou: "Lula só entra em favela sem colete de segurança porque sabe que tem o apoio do Comando Vermelho, do PCC e de mais de 90% dos criminosos. Não poderia ser diferente: Lula e o PT sempre protegeram os criminosos, votando contra leis mais duras e promovendo a impunidade".

Lula tentou explorar a gestão do governo na pandemia, considerada o ponto fraco de Bolsonaro, mas acabou dando um tiro no pé e teve de ouvir do adversário uma resposta fulminante sobre sua hipocrisia: “Fez discurso no caixão da esposa e está comovido com a sogra?”

Em suma, Bolsonaro foi bem, estava calmo, alfinetando o ladrão nos pontos certos. O ladrão estava mais nervoso, mente que nem sente, e foi incapaz de se defender das acusações.  
Bolsonaro foi bem melhor, nadou de braçadas, apesar dos "jornalistas" alinhados ao PT. 
Lula só não vai cancelar o debate da Globo pois sabe que, lá, conta com William Bonner para impedir qualquer constrangimento maior... [Bonner, depois de ontem, é um cão sem dentes; viram o quanto aquela jornalista, a Magalhães, estava desmilinguida.
Aliás, tudo indica, que a Globo só vai saber se teve a concessão renovada no  inicio de novembro próximo e dependendo da resposta, Bonner estará perdido.]

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES